Universidade Federal de Mato Grosso -UFMT

Campus do Araguaia-CUA
Curso de Graduação em Direito
Profª Drª. Bruna Silveira Roncato

FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO:

Epicurismo

Barra do Garças, julho de 2019.

 FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO

Epicurismo: ética, prazer e sensação

- Epicuro de Samos
(viveu entre 342- 270 a.C.)
-pano de fundo: Grécia
decadente do século IV
DESAPONTAMENTO COM
A POLÍTICA DE SEU TEMPO
-algo comum entre as
escolas menores
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- Epicurismo: anunciar uma explicação do

mundo a partir dos elementos que o
integram. (temas: matéria, átomo,
sensações....)

- Ex: a dissolução da vida é somente a desagregação dos

átomos que a deram origem- é a privação de toda a
sensação. A MORTE é o nada. Deixa de existir a causa de
todo conhecimento, de toda dor e prazer: a sensação.
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-não há divindade, não há transcendência

nem autoridade sobre o cosmos. Ele se
autogoverna a partir de suas partículas em
que se subdivide.
(Universo é matéria organizada em átomos, unidades
diferentes entre si, eternas, existentes desde sempre e de
durabilidade infinita.)

-a FÍSICA domina a explicação, até mesmo da

ÉTICA.
 FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO

ÉTICA EPICÚREA
*O homem vive e experimenta o mundo
através das sensações (aishtésis)*
A percepção humana do mundo se dá em
função da abertura que seus sentidos lhe
conferem.
Mesmo as pré-noções, as paixões.... devem
submeter-se ao crivo dos sentidos.
A base da experiência humana provém dos
sentidos humanos.
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Todo homem que age, age sempre em função

de evitar a DOR e procurar o PRAZER.
(onde estão os sentidos, está a ética...).

Mas não é tão simples assim...

 FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO

Nem toda dor haverá de ser repelida e nem

todo prazer nos fará procurá-lo.

Significa dizer que a dor e o prazer podem ser

relativos....
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“...muitas dores são melhores do que os

prazeres quando conseguimos, após suportá-
las, um prazer ainda maior”.

Escolha mediante cálculo racional

Homem deve utilizar a maior de suas

faculdades: a prudência (phronesis)
 FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO

Certa sabedoria prática para escolher sobre

quais seriam os prazeres:

1) NECESSÁRIOS E NATURAIS – comer, beber,

dormir
2) NÃO NECESSÁRIOS E NATURAIS – desejo
sexual, desejo de extravagâncias alimentares
3) NÃO NECESSÁRIOS E NÃO NATURAIS –
desejos de poder, de ganância, etc.
 FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO

PRAZER E JUSTIÇA

Sem prazer não há felicidade.

O que é o prazer? Concepção muito

distorcida, confundida com uma filosofia
apologista dos vícios e das torpezas, sinônimo
de perdição. Mas Epicuro fez a defesa dessas
más interpretações:
“Quando dizemos que o prazer é a meta, não nos referimos aos
prazeres dos depravados e dos bêbados, como imaginam os que
desconhecem nosso pensamento ou nos combatem ou nos
compreendem mal, e sim à ausência de dor psíquica e à ataraxia
da alma. Não são, com efeito, as bebedeiras e as festas
ininterruptas, nem o prazer que proporcionam os adolescentes e
as mulheres, nem comer peixes e tudo mais que uma rica mesa
pode oferecer que constituem a fonte de uma vida feliz, mas
aquela sóbria reflexão que examina a fundo as causas de toda
escolha e de toda recusa e que rejeita as faltas opiniões,
responsáveis pelas grandes perturbações que se apoderam da
alma. Príncípio de tudo isso e bem supremo é a prudência. Por
isso, ela é ainda mais digna de estima do que a filosofia.”

(Epicuro, Carta a Menequeu. IN: Moraes, Epicuro: as luzes da ética, 1998, p.

93).
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NEM SEMPRE O PRAZER ATRAI O QUE HÁ DE MELHOR.

NEM SEMPRE A DOR ATRAI O QUE HÁ DE PIOR.

“VII- Nenhum prazer é em si um mal, mas as

coisas que nos proporcionam certos prazeres
acarretam sofrimentos às vezes maiores que
os próprios prazeres”.
(Epicuro, Máximas fundamentais. IN: Moraes, Epicuro: As
luzes da ética, 1998, p. 93-97)
 FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO

“V- Não é possível viver feliz sem ser sábio,

correto e justo (nem ser sábio, correto e
justo) sem ser feliz. Aquele que está privado
de uma dessas coisas, como, por exemplo,
da sabedoria, não pode viver feliz, mesmo se
for correto e justo”. (Epicuro, Máximas fundamentais. IN:
Moraes, Epicuro: as luzes da ética, 1998, p. 93-97).

(O homem que sofre, torna-se sensível ao

sofrimento do outro. )
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“XVII- O justo goza de uma perfeita

tranquilidade de alma; o injusto, em
compensação, está cheio da maior
perturbação”.

“XXXIII- A justiça não existe em si mesma,

mas só nas relações recíprocas e naqueles
lugares em que se concluiu um pacto para
não causar e não sofrer danos”.
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“XXVI – Em geral, a justiça é a mesma para

todos, dado que ela representa uma
vantagem para as relações sociais. Mas,
considerando cada país em particular e
outras circunstâncias determinadas, a
mesma coisa não se impõe a todos como
justa”.
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“XXXVIII- Ali onde se torna manifesto, sem que as

circunstâncias tenham mudado, que as leis
estabelecidas como justas acarretam consequências
que não são conformes à prenoção de justiça, tais
leis não são justas. E quando, em consequência de
uma mudança das circunstâncias, as leis
estabelecidas como justas não se mostram mais
úteis, elas não deixarão de ter sido justas no
momento em que ofereciam utilidade às relações
sociais entre os cidadãos da mesma comunidade.
Elas posteriormente deixaram de ser justas por não
mais serem úteis”.
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Ética epicúrea - relação dor/prazer

DOR – REPULSÃO - INJUSTIÇA

PRAZER – ATRAÇÃO - JUSTIÇA
ATARAXIA

Sensações – papel fundamental para o homem – por

elas ele deve se orientar eticamente.

Homem em suas escolhas e necessidades, distribui

seu comportamento e suas ações de conformidade
com suas escolhas de dor e prazer.