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Escolas Helenistas

Disciplina: Filosofia
1º Trimestre
“É preciso também saber se recolher em si mesmo: frequentar
pessoas diversas perturba o equilíbrio interior, desperta as paixões,
agrava as fraquezas e os males não curados. É preciso saber
alternar a solidão e o estar com os outros. A primeira nos fará
sentir o desejo de estar com os outros, o segundo, o desejo de estar
conosco. E uma servirá de remédio para o outro: a solidão nos
curará do desagrado pela multidão, o estar com os outros, do da
tédio da solidão.”

(SÊNECA, A tranquilidade da alma. In: NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das origens
à Idade Moderna. Tradução: Maria Margherita de Luca. São Paulo: Globo- 2005, p 116).
CONTEXTO HISTÓRICO- CULTURAL

• O helenismo foi o processo de fusão entre a


cultura grega e a cultura oriental, no século III
a.C.
• Resultou da expansão do Império Macedônico e da
conquista Romana.
O homem grego = animal político

Preocupações: participar da vida pública, desenvolver as virtudes e


habilidades compatíveis com vida pública.
Passagem do...

• Homem da pólis (Cidades-Estado


gregas) para o
• Homem cosmopolita (cidadão do
mundo).
• Em 146 a.C. a Grécia perde totalmente a liberdade,
tonando-se uma província Romana.
• Fim da pólis Grega e com isso do ideal de cidadão
político grego.
TEMOS TAMBÉM
• O desmoronamento dos preconceitos sobre a diferença natural entre gregos
e bárbaros. Incentivo de Alexandre Magno (356-323 a. C).
• Preconceito de escravidão contestado:
• Epicuro (341-270 a.C) não só trataria familiarmente os escravos como
também os desejaria como participantes do seu ensinamento.
• Os estoicos ensinaram que a verdadeira escravidão é a da ignorância e
que a liberdade do saber podem salvar tanto o escravo quando o seu
senhor.
• Assim o homem cada vez mais
distante da participação
política e pública se descobre
como INDIVÍDUO.

O INDIVÍDUO ESTÁ
LIVRE DIANTE DE SI
MESMO
COMO ALCANÇAR A ATARAXIA:

IMPERTURBABILIDADE,
AUSÊNCIA DE INQUIETAÇÃO,
TRANQUILIDADE..
Ideal de vida comum a todas as
Escolas helenistas.
ATARAXIA
Indica um modo de resolver o problema da felicidade
pela via negativa: a única felicidade possível está na
ausência do seu contrário, a dor.

Cinismo: renúncia a
Epicuristas: prazer estável qualquer tipo de
necessidade

Ceticismo: com epoché, suspensão do


Estoicismo: indiferença juízo, deve-se praticar a afasia (silêncio)
acerca das paixões e porque não se PODE conhecer a
domínio das emoções. natureza daquilo que se deseja ou se
teme.
CINISMO
Diógenes de Sinope ( 413-323 a. C)
Apelidado como Sócrates Louco
Vivia como um cão.

- Desprezo por qualquer tipo de prazer;


- Domínio do corpo;
- Supressão das paixões e de vínculo
social;
- Contrário a qualquer forma de
erudição;
- Preferia exprimir-se por meio de
ações em vez de escritos.
Cinismo
Entende a sabedoria como a recusa
da vida comum.

Pregava o retorno à vida natural e


abandono a qualquer atividade
individual, bem como o orgulho da
pobreza.

Diógenes comia, dormia, e


satisfazia as suas funções corporais
em qualquer lugar e diante de
todos.
Princípios:

- Anulação de qualquer desejo;


- Independência das necessidades.
- Autarquia: cada indivíduo cuida de
si mesmo;
- Renúncia à vida social;
- Prioridade da ação sobre o
pensamento;
- Escolha da absoluta pobreza.
- Resistência física como valor ético.
CETICISMO Ceticismo: afirma a impossibilidade
A palavra Cético vêm do latim do conhecimento.
scepticus, do grego skeptikos,
literalmente “aquele que reflete,
que indaga”. Fundador: Pirro de Élis ((360-270 a.C)

Princípios:
ACATALEPSIA
Impossibilidade de conhecer a verdade
ou compreender alguma coisa.

EPOCHÉ
Suspensão do juízo
Não há como saber onde está a verdade!

Exemplo:
Exemplo: As leis e a justiça podem
O que é prazeroso para uma Exemplo: variar de sociedade para
pessoa, pode não ser para Há quem prefere se dedicar sociedade. Isso sugere a
outra. à medicina, outros ao inexistência de valores
esporte, outros à universais.
matemática, ou seja, o útil é
subjetivo.

Como não há como saber onde está a verdade o melhor a fazer é


SILENCIAR (afasia), NEM REJEITAR, NEM ACEITAR, NEM
AFIRMAR, NEM NEGAR!
É impossível decidir sobre a verdade ou a falsidade de uma
afirmação qualquer!

Todas as terias são equivalentes, não há como decidir


Consequência: é melhor
SUSPENDER O JUÍZO
ou seja
NÃO JULGAR, SILENCIAR!

BUSCA Conflito entre Suspensão Paz de


Equivalência
PELA teorias do juízo espírito
VERDADE das teorias
excludentes (Epoché) ATARAXIA
Resumindo:

Se as coisas são indiferentes, incomensuráveis


e indiscerníveis e se, em consequência, os
sentidos e a razão não podem dizer nem o
verdadeiro, nem o falso, a única atitude concreta
que o ser humano deve pode ter é a de não
nenhuma fé, nem nos sentidos nem na razão,
mas permanecer “sem opinião”, ou seja, abrir
mão de julgar e, em consequência, permanecer
“sem nenhuma inclinação” (não se inclinar mais
em direção a uma coisa do que em direção a
outra) permanecer “sem agitação”, ou seja, não
se deixar comover por algo, isto é, “permanecer
indiferente”.
EPICURISMO

Comparava sua filosofia à medicina:


queria ser o terapeuta do espírito o
médico da alma.

Três patologias da psíquicas:


Epicuro de Samos Medo dos deuses, da morte e da
341-270 a.C dor.
JARDINS DE EPICURO NOS
ARREDORES DE ATENAS

Ali o filósofo acolhia a todos, sem


distinção: mulheres, escravos,
prostitutas em crise.

Epicuro de Samos
341-270 a.C
HEDONISMO

Doutrina que afirma que o PRAZER É


O FIM E O PRINCÍPIO DE UMA
VIDA FELIZ 
É o objetivo em direção ao qual todo o
indivíduo orienta a própria ação.
Diferença:
PRAZER EFÊMERO
(felicidade alegria)
Então para alcançarmos
a ataxia devemos buscar
PRAZER ESTÁVEL: ausência
ter prazer sempre?
de dor.
Não!
Devemos buscar
somente o prazer
ATARAXIA É ALCANÇADA
estável.
POR MEIO DO PRAZER
ESTÁVEL
PRECISAMOS CALCULAR OS
SACRIFÍCIOS E O PRAZER
DECORRENTES DE UM
COMPORTAMENTO.
COMO SABEMOS QUAL
PRAZER DEVEMOS
O CÁLCULO NÃO DEVE CONSIDERAR
SATISFAZER?
SÓ AS CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS,
MAS TAMBÉM AS DE LONGO PRAZO.
POR MEIO DE UM
CÁLCULO!
POIS AS VEZES, SATISFAZER UM
DESEJO PROVOCA UMA FELICIDADE
IMEDIATA, MAS UM DANO FUTURO.
DISTINÇÃO ENTRE OS PRAZERES:

• 1) Prazeres naturais e necessários.


• 2) Prazeres naturais mas não necessários.
• 3) Prazeres não naturais e não necessários.
1) Prazeres naturais e necessários
Devemos buscar esses prazeres.
• São prazeres que estão ligados à conservação da vida, a sobrevivência.
São válidos porque diminuem a dor do corpo.
• Exemplo: comer quando se tem fome, beber quando se tem sede,
descansar quando está cansado.
2) Prazeres naturais, mas não necessários.
Devem ser limitados.
• Prazeres que são variações supérfluas dos prazeres necessários.
• Exemplo: comer bem, beber bebidas refinadas, vestir-se com
roupas caras.
3) Prazeres não naturais e não necessários.
Devem ser evitados!
• Nascidos das “vãs opiniões dos homens”.
• Exemplo: riqueza, poder, honras.
“ A riqueza está inteira no pão, na
água e num abrigo qualquer para o
corpo, a riqueza supérflua traz
para alma desejos ilimitados.
Diminuamos nossos desejos e
teremos reduzindo-os aos
essenciais e necessários e
teremos riqueza e felicidade.”
(EPICURO)
Para Epicuro...
• O verdadeiro prazer vem a ser a ausência de
dor no corpo (aponia) e a falta de perturbação
da alma (ataraxia).

• A quietude, que é (estado de ausência de dor ou


prazer) deve ser desejada.
O que devemos fazer quando somos vítimas de
males físicos?
• Se o mal é leve, é suportável, não
diminui a alegria da alma.
E os males da alma?
• Se é forte, passa logo. São apenas frutos das
• Se é fortíssimo, conduz logo à morte, opiniões e dos erros
a qual é em todo caso um estado de da mente
insensibilidade.
E A MORTE?

“Assim o mais terrível dos males,


• Não é pavorosa em si mesma a morte, não é nada para nós,
porque com sua vinda não porque quando nós existimos não
existe a morte, quando existe a
sentimos mais nada, nem pelo
morte, não existimos mais. Não é
seu “depois”, exatamente nada, portanto, nem para os vivos
porque não resta nada de nós, nem para os mortos, porque para
dissolve-se nossa alma assim os vivos não existe, os mortos
como nosso corpo. não existem mais.” (EPICURO)
Sendo assim...

• A regra da vida boa não é o prazer como tal, mas


a razão que julga e discrimina, ou seja a
sabedoria que, entre os prazeres escolhe aqueles
que não comportam em si dor nem perturbação,
descartando aqueles que trazem prazeres
momentâneos, mas trazem posteriormente dores
e perturbações.
Estoicismo

ESTÓA-Fundação: Atenas- fim do século


IV a.C.
Fundador- Zenão de Cítio (333-332-262
a.C)
Critica a ideia epicurista que identifica
o bem do ser humano com o prazer.
O estoicismo foi uma filosofia que adentrou o Império
Romano por meio dos pensadores romanos, Marco
Aurélio, Cícero e Sêneca

“A tua atenção é desviada para preocupações


exteriores? Então, concede-te um espaço de
sossego dentro do qual possas aumentar o
conhecimento do bem e aprender a refrear a tua
inquietação. Defende-te também de outro tipo de
erro: a loucura daqueles que passam os seus dias
com muita ocupação mas carecem de um qualquer
objetivo em que concentrem todo o seu esforço,
melhor, todo o seu pensamento.” (Marco Aurélio,
Marco Aurélio (121 d.C-
Meditações) 180 d.C)
Imperador romano e
filósofo estoicista.
CAMINHOS Para os estóicos, assim como para
PARA os epicuristas, o objetivo da vida
ALCANÇAR A é alcançar a felicidade. 
ATARAXIA...

A felicidade se persegue vivendo


“segundo a natureza”.
O que é viver segundo a natureza?

O ser humano não é só ser vivente,


mas também ser racional , viver
segundo a natureza, é viver segundo a
Razão.

Para os estóicos há uma Razão divina


(logos) que rege o mundo e todas as
coisas no mundo, segundo uma ordem
O ser humano é uma semente dessa
necessária e perfeita.
razão divina, é um modelo no
microcosmo em concordância com
o macrocosmo.
O ser humano deve entrar em
harmonia com o cosmos

-Não é preciso se desesperar


diante da dor, pois a dor é parte
integrante do ser humano e do
universo.

Não faz sentido sofrer pela dor


e pela morte.
A razão divina que organiza o mundo,
portanto, cabe ao o ser humano saber o que
ele pode mudar o que deve aceitar.
O que podemos controlar? Somente nós
mesmos!

Cabe ao ser humano se dedicar ao que está


dentro do seu controle, ou seja sua própria
virtude.

O que é a virtude? É a capacidade de ESTOICISMO: prega uma ética do


compreender que universo possui suas controle emocional, apatia e
coragem perante acontecimentos
próprias leis e de viver integrado com essas que não podemos controlar.
leis.
E AS EMOÇÕES?

As emoções são doenças do


espírito, perturbam o
indivíduo.

O sábio é indiferente, a
ESTOICISMO: prega uma ética
apatia é a finalidade de sua do controle emocional, apatia e
existência. coragem perante acontecimentos
que não podemos controlar.
REFERÊNCIAS

• NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das


origens à Idade Moderna. Tradução: Maria Margherita de
Luca. São Paulo: Globo- 2005.

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