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PROCESSOS PSICOLÓGICOS

BÁSICOS

EMOÇÃO
Prof: Me. Adriano R. Esteves
Psicólogo CRP 06-81057
Qualquer um pode zangar-se — isso é
fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa,
na medida certa, na hora certa, pelo
motivo certo e da maneira certa — não é
fácil.
Aristóteles
EMOÇÃO

• A própria raiz da palavra emoção é do latim movere —


“mover” — acrescida do prefixo “e-”, que denota
“afastar-se”, o que indica que em qualquer emoção está
implícita uma propensão para um agir imediato.

• A tematização das emoções como questão relativa ao


conhecimento é uma perspectiva bastante arcaica na
cultura ocidental. Voltando os olhos ao mundo grego
antigo, é possível encontrar no conceito de παθos
(pathós) a ideia de paixão, entendida no âmbito da
filosofia helênica como raiz dos males e da infelicidade
do homem , devendo, pois, ser moderada e, quiçá,
dominada.
EMOÇÃO

• A complexa relação emoção–razão tornou-se mote


recorrente no pensamento de diferentes filósofos, os
quais formularam concepções, as mais variadas,
para explicar as origens e o papel das emoções na
condição humana.

• De um problema genuinamente filosófico, as


relações entre corpo e mente e entre razão e
emoção passaram a ser também investigadas no
âmbito teórico de outros saberes, como a psicologia,
a psicanálise e a biologia, a partir da segunda
metade do século XIX e princípios do século XX.
EMOÇÃO E AÇÃO

Cada tipo de emoção que vivenciamos nos predispõe


para uma ação imediata; cada uma sinaliza para uma
direção que, nos recorrentes desafios enfrentados pelo
ser humano ao longo da vida, provou ser a mais
acertada.

Como sabemos por experiência própria, quando se


trata de moldar nossas decisões e ações, a emoção
pesa tanto — e às vezes muito mais — quanto a razão.
Fomos longe demais quando enfatizamos o valor e a
importância do puramente racional — do que mede o
QI — na vida humana.
EMOÇÃO E AÇÃO
Como Freud observou em O Mal-estar na
Civilização, o aparelho social tem tentado
impor normas para conter o excesso
emocional que emerge, como ondas, de
dentro de cada um de nós.

Apesar dessas pressões sociais, as paixões


muitas vezes solapam a razão.
EMOÇÃO E SENTIMENTO
Uma emoção é um conjunto de respostas químicas e neurais
baseadas nas memórias emocionais, e surgem quando o cérebro
recebe um estímulo externo.

O sentimento, por sua vez, é uma resposta à emoção e diz respeito


a como a pessoa se sente diante daquela emoção.
TIPOS DE EMOÇÃO

Os pesquisadores continuam a discutir sobre


precisamente quais emoções podem ser
consideradas primárias — o azul, vermelho e
amarelo dos sentimentos dos quais saem as
misturas — ou mesmo se existem de fato essas
emoções primárias. Alguns teóricos propõem
famílias básicas, embora nem todos concordem
com elas.
PAUL EKMAN
A defesa da existência de umas poucas emoções
básicas depende em certa medida da descoberta
por Paul Ekman, na Universidade da Califórnia, em
São Francisco, de que as expressões faciais de
quatro delas (medo, ira, tristeza e alegria) são
reconhecidas por povos de culturas de todo o
mundo, inclusive povos pré-letrados
supostamente intocados pela exposição ao cinema
ou à televisão — o que sugere sua universalidade.
Ekman mostrou fotos que retratavam expressões
faciais de precisão técnica a pessoas em culturas
tão remotas como a Fore da Nova Guiné, uma
tribo isolada, na Idade da Pedra, das montanhas
distantes, e constatou que todos em toda parte
reconheciam as mesmas emoções básicas.
EMOÇÕES BÁSICAS
• IRA: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação,
vexame, acrimônia, animosidade, aborrecimento, irritabilidade,
hostilidade e, talvez no extremo, ódio e violência patológicos. • TRISTEZA:
sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade,
solidão, desamparo, desespero e, quando patológica, severa depressão. •
MEDO: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação,
cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como
psicopatologia, fobia e pânico. • PRAZER: felicidade, alegria, alívio,
contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, emoção,
arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no
extremo, mania. • AMOR: aceitação, amizade, confiança, afinidade,
dedicação, adoração, paixão, ágape. • SURPRESA: choque, espanto,
pasmo, maravilha. • NOJO: desprezo, desdém, antipatia, aversão,
repugnância, repulsa. • VERGONHA: culpa, vexame, mágoa, remorso,
humilhação, arrependimento, mortificação e contrição.
EMOÇÕES SECUNDÁRIAS
Diferentemente das emoções primárias, as secundárias são um pouco mais
complexas. Segundo Ekman, elas são as emoções produzidas como resultado
do nosso crescimento, da interação com os demais e da combinação de
várias das emoções primárias.

Não são tão facilmente identificáveis quanto as mais básicas. Isso quer dizer
que nem sempre as expressaremos por meio de gestos, como um sorriso ou
com o arquear de sobrancelhas, como é o caso da alegria ou do ódio. Uma
característica saliente dessas emoções secundárias é que elas são
aprendidas, são mentais e não desempenham uma função biológica
adaptativa.

CULPA, CONSTRANGIMENTO, DESPREZO, ORGULHO,


COMPLACÊNCIA, ENTUSIASMO, VERGONHA.
RAIVA

• O sangue flui para as mãos, tornando mais fácil


sacar da arma ou golpear o inimigo; os batimentos
cardíacos aceleram-se e uma onda de hormônios, a
adrenalina, entre outros, gera uma pulsação, energia
suficientemente forte para uma atuação vigorosa.
MEDO
O sangue corre para os músculos do esqueleto, como os das
pernas, facilitando a fuga; o rosto fica lívido, já que o sangue lhe é
subtraído (daí dizer-se que alguém ficou “gélido”). Ao mesmo
tempo, o corpo imobiliza-se, ainda que por um breve momento,
talvez para permitir que a pessoa considere a possibilidade de, em
vez de agir, fugir e se esconder. Circuitos existentes nos centros
emocionais do cérebro disparam a torrente de hormônios que põe
o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir. A
atenção se fixa na ameaça imediata, para melhor calcular a
resposta a ser dada.
FELICIDADE
Causa uma das principais alterações biológicas. A atividade do
centro cerebral é incrementada, o que inibe sentimentos
negativos e favorece o aumento da energia existente,
silenciando aqueles que geram pensamentos de preocupação.
Mas não ocorre nenhuma mudança particular na fisiologia, a
não ser uma tranquilidade, que faz com que o corpo se
recupere rapidamente do estímulo causado por emoções
perturbadoras. Essa configuração dá ao corpo um total
relaxamento, assim como disposição e entusiasmo para a
execução de qualquer tarefa que surja e para seguir em
direção a uma grande variedade de metas.
AMOR
Os sentimentos de afeição e a satisfação sexual
implicam estimulação parassimpática, o que se
constitui no oposto fisiológico que mobiliza para “lutar-
ou-fugir” que ocorre quando o sentimento é de medo
ou ira. O padrão parassimpático, chamado de “resposta
de relaxamento”, é um conjunto de reações que
percorre todo o corpo, provocando um estado geral de
calma e satisfação, facilitando a cooperação.
SURPRESA

Proporciona uma varredura visual mais


ampla, e também mais luz para a retina.
Isso permite que obtenhamos mais
informação sobre um acontecimento que se
deu de forma inesperada, tornando mais
fácil perceber exatamente o que está
acontecendo e conceber o melhor plano de
ação.
REPUGNÂNCIA

Alguma coisa desagradou ao gosto ou ao olfato,


real ou metaforicamente. A expressão facial de
repugnância — o lábio superior se retorcendo
para o lado e o nariz se enrugando ligeiramente,
uma tentativa de tapar as narinas para evitar um
odor nocivo ou cuspir fora uma comida
estragada.
TRISTEZA
Uma das principais funções da tristeza é a de propiciar um
ajustamento a uma grande perda, como a morte de alguém ou
uma decepção significativa. A tristeza acarreta uma perda de
energia e de entusiasmo pelas atividades da vida, em particular
por diversões e prazeres.

Esse retraimento introspectivo cria a oportunidade para que seja


lamentada uma perda ou frustração, para captar suas
consequências para a vida e para planejar um recomeço quando a
energia retorna. É possível que essa perda de energia tenha tido
como objetivo manter os seres humanos vulneráveis em estado
de tristeza para que permanecessem perto de casa, onde
estariam em maior segurança.
SISTEMA LÍMBICO
SISTEMA LÍMBICO
Para compreender as emoções, é necessário entender as
estruturas que estão relacionadas a esses fenômenos. O
conjunto de estruturas que participam dos eventos
emocionais constituem o Sistema Límbico (do latim
“limbus”: anel, em torno de) remetendo para o conceito de
margem.

O sistema límbico é constituído por uma série de estruturas


nervosas, tais estruturas são componentes do sistema
nervoso central e se localizam majoritariamente no encéfalo
(conjunto do tronco cerebral, cerebelo e cérebro), ou seja,
no interior da caixa craniana.
SISTEMA LÍMBICO
Amígdala cerebral

São grupos de neurônios que se interligam formando uma


massa cinzenta medindo cerca de três centímetros. O
cérebro dos seres humanos apresenta duas amídalas, uma
em cada hemisfério cerebral (esquerdo e direito).

Esta região, é um importante centro regulador dos


comportamentos sexuais, atuando no comportamento
agressivo. Nos seres humanos, a lesão das amídalas
cerebelosas atua, entre outras coisas, na perda do sentido
de afeto relacionado a estímulos externos. O indivíduo
reconhece quem ele vê, porém, não sabe quais sentimentos
têm acerca da pessoa que viu.
SISTEMA LÍMBICO
Hipocampo

Localizado nos lobos temporais (direito e esquerdo) são


considerados as principais sedes da memória. Com a
retirada ou destruição dos hipocampos (direito e
esquerdo), nada mais é gravado na memória, ou seja, o
armazenamento das memórias fica comprometido.
A atuação do hipocampo, quando intacto, possibilita a
condição de comparação de situações atuais com
situações similares já vividas, permitindo escolher pela
opção que aparenta ser a melhor.
SISTEMA LÍMBICO
Tálamo

É uma estrutura constituída por massa cinzenta,


localizada entre o córtex cerebral e o mesencéfalo. O
tálamo apresenta funções como a regulação da
consciência, regulação do sono e o estado de alerta.
Suas funções no sistema límbico estão mais associadas
à sua característica de comunicação entre demais
componentes desse sistema, e não a uma atividade
própria. O tálamo é responsável por ligar estruturas
corticais localizadas na área frontal com o hipotálamo,
e ainda liga o corpos mamilares ao hipotálamo e ao giro
cingulado.
SISTEMA LÍMBICO
Hipotálamo

Região encontrada logo abaixo do tálamo, considerado


o principal componente do sistema límbico. O
hipotálamo atua em funções chamadas de vegetativas,
cujo controle está relacionado ao comportamento.

Está associado a emoções como o prazer e a raiva, da


mesma maneira que está associado ao desprazer, à
aversão e ainda à tendência de riso descontrolado. É
uma das estruturas responsáveis pela ansiedade.
SISTEMA LÍMBICO
Giro do Cíngulo

Se localiza entre o sulco cingulado e o corpo caloso na


face medial do cérebro. A estrutura denominada de
Giro cingulado se caracteriza como um feixe nervoso
(estrutura formada por axônios de neurônios).

Sua porção ventral atua na percepção de odores e


visões com memórias agradáveis e emoções já vividas.
A estrutura também é responsável pela reação de
memória à dor e pelo regulamento do comportamento
agressivo.
ALEXITIMIA
Alexitimia (do grego a = prefixo que indica negação + lexis = palavra + thymus =
emoções ou sentimentos), literalmente, significa “sem palavras para (definir) os
sentimentos”. É uma característica de personalidade em que o indivíduo é
incapaz de identificar e descrever suas emoções e sentimentos. Ademais,
aqueles que sofrem de alexitimia também têm dificuldade de reconhecer e
entender as emoções dos outros.
As pessoas com a alexitimia são muitas vezes descritas por outros, incluindo
seus entes queridos, como frios e distantes. Eles são severamente carentes de
habilidades empáticas e têm grande dificuldade em entender e responder
eficazmente aos sentimentos de outras pessoas.
As principais características da alexitimia são disfunções marcadas na
consciência emocional, no apego social e nas relações interpessoais. Além disso,
os indivíduos que sofrem de alexitimia também têm dificuldade em distinguir e
apreciar as emoções dos outros, o que leva a respostas emocionais ineficazes.
Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu, caçador de mim.

Milton Nascimento
Referências
BARRETO, João Erivan Façanha; SILVA, Luciane Ponte. Sistema límbico e as emoções: uma revisão
anatômica. Rev. Neurociências. v. 18, n. 3, pp. 386-394, 2010. Disponível em:
<http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2010/RN1803/426%20revisao.pdf> Acesso em:
22 de out. 2020.

ESPERIDIAO-ANTONIO, Vanderson et al . Neurobiologia das emoções. Rev. psiquiatr. clín., São


Paulo , v. 35, n. 2, p. 55-65, 2008 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-60832008000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 de out.
2020.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: A Teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Tradução: Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

Qual a diferença de emoção e sentimento na psicologia? SBIE, 17 de mai. 2016. Disponível em:
<https://www.sbie.com.br/blog/qual-diferenca-entre-emocao-e-sentimento-na-psicologia/
#:~:text=Uma%20emo%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20um%20conjunto,se%20sente%20diante
%20daquela%20emo%C3%A7%C3%A3o.> Acesso em: 22 de out. 2020.

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