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À ECOTEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma) e Doutorando em Teologia pela
Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. E-mail: claudiodelfino72@yahoo.com.br
vida? É possível afirmar a existência de uma ecologia integral? O que
significaria isto? A qualidade de vida humana estaria ligada à qualidade de vida
do ecossistema? Como se encontra a qualidade da vida do meio ambiente que
a pessoa vive? Nesta interface entre Bioética, Teologia e Filosofia seria
possível contribuir na construção da Ecoteologia contemporânea?
De tudo que foi tratado acerca da substância, de acordo com Aristóteles, segue
que o seu interesse é de tratar a mesma, de maneira a partir sempre da
realidade concreta, isto é, deste ou daquele homem como sujeito existente
realmente, desta ou daquela árvore como sujeito existente realmente. Esta é a
substância primeira. Já a combinação das palavras entre si, ao originar a
proposição (cf. ARISTÓTELES, Categorias, 2011, p. 26), consistirá na
representação desta, no pensamento humano, através da abstração, de forma
a gerar a substância segunda. A veracidade ou a falsidade das proposições
consistirão na adequação ou não das mesmas, no intelecto, com as coisas, às
quais referem-se. Portanto, é de interesse primordial desta investigação
salientar a importância da substância primeira, que se conforma com o sujeito
existente concreto, ainda que, paradoxalmente, tenha-se que recorrer à
substância segunda para sua compreensão.
Ora, ao inferir corretamente o que foi dito sobre a substância, esta é a condição
imprescindível para que uma qualidade seja, também concretamente, isto é,
uma determinada coisa para ser, deve, necessariamente, ter como fundamento
uma substância determinada. Assim, por exemplo, pode-se postular, que João
é forte e ruivo. O ser forte e ruivo (qualidades do sujeito) em João, somente se
tornam possíveis, porque, antes de tudo, João é João (substância
determinada). Desta maneira, a substância (João) antecede as qualidades que
lhe são predicadas (forte e ruivo). Estas (qualidades) se apoiam naquela
(substância). É impossível que exista um forte e ruivo que não se refiram a um
sujeito determinado. E tal sujeito na realidade pode ser chamado de substância
primeira e na proposição/mente do sujeito pensante, de substância segunda. A
veracidade ou falsidade de tal proposição se encontra na adequação da
mesma com a realidade à qual ela refere-se. Assim, a proposição, João é forte
e ruivo, será verdadeira se na realidade concreta se encontrar um sujeito que
possua tais características. O inverso será falso. Tal ilustração, pode-se aplicar
univocamente a todas as pessoas que possuam estas qualidades ou outras
semelhantes ou analogamente a outros sujeitos, como por exemplo, a uma
árvore ou a um cachorro, dado que a substância se exprime de muitos modos.
O corpo embrionário não pode ser reduzido ao conjunto das suas células,
porque ele se desenvolve gradativamente conforme um “programa” bem
definido, e com um fim intrínseco próprio, que se manifesta, especialmente no
nascimento de cada criança. Faz-se mister ressaltar o critério ético
fundamental, que já foi expresso na Instrução Donum vitae para avaliar todas
as questões morais relativas às intervenções sobre o embrião humano e que
se apresenta, novamente na Dignitas Personae:
À luz destes dados da fé, ainda mais se acentua e se reforça o respeito pelo
indivíduo humano, que a razão exige. Por essa razão, não há contradição entre
a afirmação da dignidade e a da sacralidade da vida humana. As diversas
maneiras como, na história, Deus cuida do mundo e do homem, não só não se
excluem entre si, mas, pelo contrário, apoiam-se e compenetram-se
mutuamente. Todas elas derivam e terminam no sábio e amoroso desígnio
eterno com que Deus predestina os homens “a serem conformes à imagem do
Seu Filho” (Rm 8, 29) (DP, 2008, n. 7).
O ser humano é pessoa, porque é o único ser em que a vida se torna capaz de
reflexão sobre si, de autodeterminação; é o único ser vivo que, na visão de
Sgreccia (2002, p. 79), tem a capacidade de captar e descobrir o sentido das
coisas, e de dar sentido às suas expressões e à sua linguagem consciente.
Aliás, o fato de conceber o ser humano individual como pessoa implica
reconhecer a sua dignidade. Assim, Vale (2019, p. 90) considera “[...] que a
pessoa humana, como na tradição cristã, é imagem da própria Trindade, essa
ênfase acabou sendo o pressuposto central, não só no cristianismo, mas em
toda cultura ocidental para que é denominado de dignidade humana”. Nesse
caso, a dignidade é uma decorrência da ontologia de pessoa, visto que é a
“imago Dei”, imagem e semelhança de Deus, conforme a revelação bíblica. De
acordo com Vale (2019, p. 91), a “dignidade ontológica, como algo inerente ao
ser não pode ser negada a nenhum homem, uma qualidade intrínseca da
pessoa humana, irrenunciável, inalienável, haja vista tratar-se de algo que
qualifica o ser humano como tal”.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ABSTRACT
This article aims to analyse the close integration between the quality of human
life and the quality of life of all human nature. The methodology of this research
involves a dialogue with Philosophy, Bioethic and Ecology to extract clues to
ecoteological thought. In this sense, at first, na Aristotelian philosophical
analysis about substance and quality is sought to provide a supporting sustrate
for the conception of the human person. Thus, in a second step, the concepto f
the perso and his dignity is presented from the studies of Bioethics, in order to
underline the inviolable value of the person and, even, of human dignity from
the reflection Dignitas Personae. The third aspect to be worked on is related to
the articulation that Pope Francis makes in the concept of Integral Ecology in
which Laudato Si’ presents an Ecology of everyday life baed on the principle of
the common good related to respect for the human person as such. Finally, in a
fourth step, the possibility of a link between the quality of human life and the
quality of life of the entire ecosystem is highlighted. For this, na teological
analysis is developed to affirm that all quality of life is based on and carried out
on the substance, in other words, it is necessary to take into account the
concrete person. Therefore, when about the quality of human life, one can
perceive its relationship with the entire ecosystem, since everything is
interconnected and the whole of Creation comes from the hans of God.
ARISTÓTELES. Metafísica. Volume II: texto grego com tradução ao lado, sob
os cuidados de Giovanni Reale. São Paulo: Loyola, 2002.
JOÃO PAULO II, Papa. Fides et Ratio (FR). Carta Encíclica sobre as relações
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