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a
ARTE
SÉRIE
ENSINO
MÉDIO
ALUNO - 2137581
ARTE
Arte na Pré-História
e na Antiguidade
Graça Proença
ENSINO
MÉDIO
Gerência editorial
Mônica Vendramin Sumário
Edição
Aparecida Mazão (coordenação),
Bárbara Muneratti de Souza
Arte na Pré-História e na Antiguidade
Assistência editorial
Solange A. de Almeida Francisco
1 A arte na História, 3
Colaboração
Fabiana Manna da Silva
O ser humano reinventa seu meio, 4
Revisão Onde começa a arte?, 4
Hélia de Jesus Gonsaga (gerente), Kátia Scaff
Marques (coordenação), Patrícia Travanca,
Rosângela Muricy
2 A arte na Pré-História, 8
A arte no Paleolítico: o naturalismo, 9
Pesquisa iconográfica
Sílvio Kligin (coordenação), Caio Mazzilli, A arte no Neolítico: começa um novo estilo, 10
Josiane Camacho Laurentino A arte na Idade dos Metais, 11
Programação visual (miolo)
Kraft Design
A arte na Pré-História brasileira, 12
Edição de arte
Margarete Gomes (supervisão), Rosimeire Tada,
3 A arte no Egito, 17
Amilton Ishikawa, Magali Prado A importância da religião, 18
Editoração eletrônica Uma arte dedicada à vida após a morte, 18
AGA Estúdio / lab 212
A imponência do poder religioso e político, 18
Capa
lab 212
Uma arte de convenções, 20
Imagens de capa O apogeu do poder e da arte, 22
Golden Sikorka / Sentavio / TarikVision / Shutterstock
Colaboraram para esta Edição 4 A arte na civilização egeia, 26
Cristiane Queiroz, Juliana Setem, Raquel Sanches, A arte cretense, 27
Rosiane Botelho, Sergio Amstalden, Simone Savarego,
Talita Perazzo, Thiago Brentano, Valdete Reis e lab 212. A arte micênica, 28
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Proença, Graça
Sistema de ensino ser : artes : 1º ano :
aluno / Graça Proença. -- 3. ed. -- São Paulo :
Ática, 2017.
16-08225 CDD-700
3ª- edição
1ª- impressão
2016
Impressão e acabamento
Uma publicação
1
e habilidades desenvolvidas neste capítulo.
Capítulo
A arte na História
Arte
Conhecer a história da arte é entrar em contato com um dos aspectos
mais significativos da produção humana em todos os tempos. É
também experimentar o encantamento e as emoções despertadas
pelas obras de grandes artistas. A familiaridade com as artes visuais
favorece a compreensão das obras literárias. É também fonte de
referência para o entendimento do processo histórico e um meio
agradável de construir uma visão mais ampla do processo cultural.
Compreender obras de arte e saber apreciá-las depende sobretudo
da soma de experiências estéticas pessoais. É necessário
aproximar-se das obras, aprender a vê-las, a compará-las,
Objetivos: acostumar-se a fazer as próprias considerações e também a criar.
Além disso, é preciso habituar-se a ouvir a opinião do outro, pois a
Reconhecer a arte como meio
produção artística propicia a diversidade de pontos de vista.
de expressão de sentimentos
humanos.
HENRY YU
Inferir que observar obras
de arte é um meio de
compreender aspectos da
cultura de um povo.
Arte
A marcha da humanidade (1966), mural de resinas sintéti-
cas sobre cimento de David Alfaro Siqueiros. Cuernavaca, Martírio de São Mateus, de Caravaggio. Dimensões: 315 cm x
México. 315 cm. Igreja de São Luís dos Franceses, Roma.
<WWW.FJEXPEDITIONS.COM/FRAMESET/WUVE.HTML>
6
6 Ensino Médio
Com seus múltiplos significados, a arte não está, 2 (Enem)
Arte
portanto, isolada das demais atividades humanas.
Ela está presente nos inúmeros artefatos que fazem Quatro olhos, quatro mãos e duas cabeças for-
parte do nosso dia a dia. Muitos objetos que hoje mam a dupla de grafiteiros “Osgemeos”. Eles cresceram
vemos nos museus, em outras épocas fizeram parte pintando muros do bairro Cambuci, em São Paulo, e
do cotidiano de um grupo humano. Da mesma agora têm suas obras na conceituada Deitch Gallery,
forma, muitas construções hoje tombadas como em Nova York, prova de que o grafite no Brasil é apre-
patrimônio histórico foram antes moradias: nelas, ciado por outras culturas. Muitos lugares abandonados
famílias compartilharam momentos diversos. e sem manutenção pelas prefeituras da cidade tornam-
Assim, os objetos que nos cercam hoje poderão -se mais agradáveis e humanos com os grafites pintados
no futuro ser expostos em museus, como testemu- nos muros. Atualmente, instituições públicas educativas
nho de nossos hábitos, valores e modo de vida. recorrem ao grafite como forma de expressão artística, o
que propicia a inclusão social de adolescentes carentes,
Para construir demonstrando que o grafite é considerado uma catego-
ria de arte aceita e reconhecida pelo campo da cultura
1 Por que e para que o ser humano cria objetos? e pela sociedade local e internacional.
O ser humano cria objetos não apenas para se servir Disponível em: <www.flickr.com>. Acesso em: 10 set. 2008. Adaptado.
2
habilidades desenvolvidas neste capítulo.
Capítulo A arte na
Pré-História
A criação artística, pela qual o ser humano expressa seus sentimentos
e sua visão do mundo e de si mesmo, está presente desde o início da
história da humanidade.
A Pré-História é um dos períodos mais fascinantes da história
humana. Em razão de sua longa duração, os historiadores a dividiram
em períodos: Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (do surgimento
do ser humano até cerca de 12 mil anos atrás), Neolítico ou Idade da
Pedra Polida (de 12 mil até 6 mil anos atrás) e Idade dos Metais
Objetivos: (de 6 mil anos atrás até o surgimento da escrita).
Por ser anterior ao surgimento da escrita, tudo que sabemos sobre a
Identificar as primeiras
manifestações artísticas.
Pré-História e os seres humanos que viveram nesse tempo é resultado
da pesquisa de antropólogos e historiadores. Eles reconstituíram a
Caracterizar os desenhos cultura humana pré-histórica com base em objetos encontrados em
pré-históricos, as pinturas várias partes do mundo e em pinturas achadas no interior de cavernas
rupestres. na Europa, no norte da África, na Ásia e no continente americano.
TIME LIFE
transformações do período
Neolítico na produção artística.
Descrever as técnicas de
produção das primeiras
esculturas em metal.
8 Ensino Médio
■ A arte no Paleolítico: o
Arte
AKG-IMAGES
naturalismo
O período Paleolítico também é conhecido como
“Idade da Pedra Lascada”, porque as armas e os ins-
trumentos de pedra produzidos pelos grupos huma-
nos eram “lascados” para adquirir bordas cortantes.
São desse período as primeiras manifestações
artísticas de que se tem registro, como as pinturas
encontradas nas cavernas de Chauvet e Lascaux,
na França, e de Altamira, na Espanha.
As primeiras expressões da arte eram muito
simples. Consistiam em traços feitos nas paredes das Pintura rupestre de um bisonte, encontrada numa das grutas
cavernas ou mãos em negativo. Para fazer pinturas de Altamira, na Espanha.
desse tipo, o artista obtinha um pó colorido a partir
da trituração de rochas. Depois, por um canudo,
soprava esse pó sobre a mão encostada na parede da Visite o site
caverna: a área em volta da mão ficava colorida, a ■ Cavernas de Lascaux
parte coberta, não. Assim, era obtida uma silhueta da www.culture.gouv.fr/culture/arcnat/lascaux/es/(em
mão, como no negativo de uma fotografia. espanhol). Acesso em: 28 ago. 2009.
HUBERT STADLER/CORBIS/LATINSTOCK
CHRISTIE’S IMAGES/CORBIS
Arte
Além de desenhos e pinturas, o artista do
Neolítico produziu uma cerâmica que revela sua
preocupação com a beleza e não apenas com a uti-
lidade do objeto. Um exemplo é o vaso da cultura
Yangshao, China.
AKG - IMAGES/ELECTA
As esculturas em metal representando guer-
reiros e mulheres são ricas em detalhes, consti-
tuindo um precioso documento sobre os costumes
do período. Essas esculturas foram encontradas
sobretudo na Escandinávia e na Sardenha.
Pouco a pouco o homem começou a abando-
nar as cavernas e a construir moradias. Os nura-
gues, edificações em pedra, sem nenhuma arga-
massa e em forma de cone truncado, são exemplos
dessas construções. Outro tipo de edificação eram
os dolmens, que consistem em duas ou mais pedras
grandes fincadas verticalmente no chão, como se
fossem paredes, e em uma grande pedra colocada
horizontalmente sobre elas, parecendo um teto.
MUSEO PREISTORICO ED ETNOGRAFICO PIGORINI, ROMA, ITÁLIA
Acesse o Material Complementar disponível no Portal *Sítio arqueológico: local onde se encontram vestígios de
e aprofunde-se no assunto. ocupação humana de nossos ancestrais pré-históricos.
12
12 Ensino Médio
to – provavelmente caçadores-coletores, nômades
Arte
FABIO COLOMBINI
e seminômades – se abrigaram ocasionalmente nas
grutas da região, a hipótese mais aceita é a de que
teriam sido eles os autores das pinturas e gravações
aí encontradas.
Os pesquisadores classificaram essas pin-
turas e gravuras em dois grandes grupos: obras
com motivos* naturalistas e obras com motivos
geométricos.
Entre as pinturas com motivos naturalistas,
predomina a figura humana, ora isolada, ora em
grupo, em movimentos de cena de caça, guerra Pintura rupestre com motivo geométrico localizada no Parque
e trabalhos coletivos. Ainda nesse grupo, encon- Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato,
tram-se figuras de animais, como veados, onças, no Piauí.
pássaros, peixes e insetos.
As figuras com motivos geométricos são muito
tação de figuras antropomorfas e zoomorfas (com
variadas: apresentam linhas paralelas, grupos de
corpo totalmente preenchido e os membros dese-
pontos, círculos, círculos concêntricos, cruzes,
nhados com traços) e a abundância de representa-
espirais e triângulos.
ções animais e humanas de perfil. Nota-se também
a frequente presença de cenas em que participam
*Motivo: ornamento ou tema que aparece isolado ou repe- numerosas personagens, com temas variados e que
tido na decoração de alguma obra. expressam grande dinamismo”1.
EDITHE PEREIRA/MPEG,BELÉM
As pesquisas científicas sobre as antigas cul-
turas que existiram no Brasil abrem um novo
panorama tanto para a historiografia como para
a arte brasileiras. Por meio delas, podemos ver
com mais clareza nossa história inserida em um
contexto maior, na história humana. Além disso,
podemos constatar que nossas origens antecedem
em muito os séculos XV e XVI, período em que se
deu o início oficial da “história do Brasil”.
EDITHE PEREIRA/MPEG,BELÉM
■ O patrimônio arqueológico
brasileiro
Os sítios arqueológicos brasileiros são
protegidos pela Lei nº- 3 924/61 e considera-
dos bens patrimoniais da União. Segundo
sua importância científica ou ambiental, po-
rém, podem ainda vir a ser tombados, o que
reforça as ações de preservação quanto à in-
tervenção humana.
Até 2006, o Iphan já havia identificado
cerca de 10 mil sítios arqueológicos, dos quais
apenas sete se encontram tombados: Sambaqui
do Pindaí, em São Luís (MA); Parque Nacio-
nal da Serra da Capivara, em São Raimundo
Pinturas rupestres com figuras antropomorfas na forma com-
Nonato (PI); Inscrições Pré-históricas do Rio
pleta, pintadas no paredão da encosta da Serra da Lua, em Ingá, em Ingá (PB); Sambaqui da Barra do Rio
Monte Alegre, no Pará. Itapitangui, em Cananeia (SP); Lapa da Cerca
Grande, em Matozinhos (MG); Quilombo do
Acesse o Portal e visite a galeria virtual sobre arte Ambrosio: remanescentes, em Ibiá (MG); e Ilha
Portal
SESI EDUCAÇÃO
rupestre. do Campeche, em Florianópolis (SC).
www.sesieducacao.com.br
14
14 Ensino Médio
Para construir 2 A chamada Revolução Neolítica representou um
Arte
série de mudanças que em vários aspectos trans-
1 Leia o texto a seguir: formaram o período sucessivo. Compare os dois
primeiros períodos da Pré-História: o Paleolítico e o
As figuras de animais e homens pré-históricos Neolítico. Considere o modo de vida e o estilo da arte:
pintadas nas cavernas há dezenas de milhares de os diferentes tipos de figuras, traços e técnicas.
anos são vistas como traços de narrativas antigas ou Depois que os alunos tiverem listado comparativamente as
rituais místicos. O paleontólogo americano Russel principais características dos dois períodos, sugira que façam
Dale Guthrie discorda dessa tese. Para ele, grande um cartaz sobre o tema.
parte da arte reproduzida por nossos ancestrais do
No Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, os homens eram
tempo das cavernas foi feita por jovens, por pura
nômades e viviam da caça e do extrativismo. As expressões
diversão.
Época, 27 nov. de 2006. p. 76-8.
artísticas consistiam em traços feitos nas paredes das
cavernas ou nas mãos em negativo. A principal característica
Escreva sobre a motivação da arte no período da pintura era o naturalismo: os seres eram representados
Paleolítico, comparando a ideia de Guthrie à hipó- como os artistas os viam. As imagens são carregadas e os
tese apresentada no texto do capítulo. traços fortes. Os materiais empregados eram óxidos
Peça aos alunos que, antes de escrever, exponham oralmente minerais, ossos carbonizados, carvão, vegetais, sangue e
sua opinião, promovendo um debate em sala de aula. O texto gordura dos animais. Usavam os dedos e, posteriormente,
do capítulo apresenta, como uma das possíveis hipóteses pincéis de penas e pelos.
para a autoria de pinturas de animais, a ação de homens Na Idade da Pedra Polida, deu-se a Revolução Neolítica. Com
caçadores como parte de rituais de magia. Dessa forma, a o início da agricultura e da domesticação de animais, os
representação de imagens em locais de difícil acesso, como grupos humanos passam a se fixar em um lugar, aumentam a
as cavernas, seria um modo de aprisionar os animais e população, desenvolvem-se os núcleos familiares e surge a
mantê-los sob poder. Já o paleontólogo americano citado no divisão de trabalho. Criam-se técnicas de tecelagem e
texto acima considera que as pinturas seriam uma forma de cerâmica, constroem-se as primeiras casas. O estilo
lazer. De acordo com ele, as figuras estariam em cavernas naturalista é substituído por um estilo mais geométrico, que
devido ao espírito aventureiro de jovens. não busca imitar a natureza. As figuras possuem poucos
traços e cores e as formas são apenas sugeridas. Esse tipo de
figura seria o primeiro passo para a escrita pictográfica.
lei, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental b) Anote as informações que você obteve. Organize os
para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou dados e redija um texto com cuidado. Coloque intertítu-
descaracterizados. los para dividir o assunto e facilitar a leitura.
c) Se possível, enriqueça seu trabalho com imagens.
Todas devem ter legendas objetivas.
d) Inclua também uma lista de referências bibliográfi-
cas, ou seja, de todos os livros, revistas e sites que você
consultou durante a pesquisa.
■ Para praticar: 1 e 4 Aproveite essa atividade para fazer um trabalho conjunto com os
■ Para aprimorar: 1 e 3 professores de Língua Portuguesa e História.
3 O Brasil tem vários sítios arqueológicos, nos
quais são pesquisados vestígios deixados pelos
Para praticar antigos habitantes do território. Em sua região
existe algum sítio arqueológico? Se existir, organi-
1 Uma das primeiras manifestações artísticas da ze uma visita com seu grupo, para conhecer o tra-
humanidade foram as chamadas mãos em negati- balho dos pesquisadores. Depois, faça um relatório
vo. Explique em que consistia essa técnica. sintetizando as informações que obtiver, como:
nome do sítio e sua localização; que profissionais
2 A principal característica da arte paleolítica era o realizam as pesquisas; tipo de pesquisa realizada;
naturalismo. Explique como isso mudou no perío- datação do sítio; exemplos de material coletado;
do Neolítico. importância da pesquisa em andamento.
16
16 Ensino Médio
3
Capítulo
A arte no
Arte
Veja, no Guia do Professor, quadro
de competências e habilidades
Egito
desenvolvidas neste capítulo.
Caracterizar a pintura e os
baixos-relevos egípcios.
18
18 Ensino Médio
YANN ARTHUS-BERTRAND/CORBIS
Arte
RITA WILLAERT/FLICKR.COM
Arte
arte que: e
1 A religião tem papel de destaque na cultura da a) definiu os valores passageiros e transitórios como
civilização egípcia. De que forma esse aspecto se forma de representação privilegiada.
manifestava na vida cotidiana e na arte do Egito b) concebeu as imagens como modelo de conduta,
antigo? utilizando-as em rituais profanos.
Espera-se que os alunos comentem os rituais, a organização c) adornou os palácios como forma de representação
social e política e a crença na vida após a morte. Pode-se pública do poder político.
pedir a alguns alunos que exponham suas conclusões, d) valorizou a originalidade na criação artística como
ilustrando-as com exemplos diversos.
possibilidade de experimentação de novos estilos.
e) elegeu os valores eternos, presentes nos monumen-
As pinturas e os objetos deixados junto aos mortos, a
tos funerários, como objeto de representação.
construção de tumbas e pirâmides são exemplos de obras de
arte que retratam essa crença. As convenções impostas às
4 Explique o que era o princípio da frontalidade apli-
técnicas artísticas também manifestam a importância da
cado na pintura e nos baixos-relevos, comentando a
religião, que deveria ser difundida dessa maneira. diferença entre um reprodução natural e uma repre-
sentação.
A lei da frontalidade determinava que o tronco fosse sempre
representado de frente, enquanto a cabeça, as pernas e os
pés, de perfil. A justificativa para essa representação é a de
que a arte não deveria apresentar reproduções naturalistas,
que tentassem imitar a realidade. Era preciso ficar evidente
que se tratava de uma representação.
2 Dê exemplos de manifestações artísticas e arqui-
tetônicas de tempos mais recentes que também são
motivadas pela religião.
Podem ser mencionadas como exemplos: as igrejas dos
diferentes credos, estátuas e pinturas com motivos religiosos.
Arte
SANDRO VANNINI/CORBIS
SANDRO VANNINI/CORBIS
Trono de Tutancâmon
(século XIV a.C.), feito em
madeira esculpida, reco-
berto com uma lâmina de
Templo de Abu-Simbell (século XII a.C.), na Baixa Núbia,
ouro e ornamentado com
a mais grandiosa obra de Ramsés II. As quatro figuras que
incrustações multicolori-
representam o faraó têm mais de 20 m de altura. Se não
das em vidro, cerâmica
fosse uma campanha internacional em defesa do templo, a
esmaltada, prata e pedras.
barragem de Assuã o teria deixado submerso nas águas do
É uma das peças mais
Sarcófago de Tutancâ- Nilo. Em 1968, a parte do templo escavada na rocha foi corta-
esplêndidas do tesouro
mon com incrustações da em grandes blocos e transportada para outro local.
de Tutancâmon. Museu
Egípcio, Cairo. preciosas.
NICK LEONARD / FLICKR.COM
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24 Ensino Médio
7 Que obras arquitetônicas egípcias atestam a Para aprimorar
Arte
grandiosidade e a imponência do poder do faraó?
Faça um comentário sobre elas. 1 Leia o texto e observe a imagem abaixo:
As pirâmides, sobretudo as de Quéops, Quéfren e Miquerinos,
■ Para praticar: 3 e 4
■ Para aprimorar: 1 e 2
Obra descoberta por F. Petrie
no palácio real em 1891.
Para praticar
Na história do Egito antigo, não há casal mais
1 Pesquise sobre a importância do rio Nilo para a sedutor do que o rei Akenaton e sua esposa Nefertiti,
civilização egípcia. Use livros de História, Geografia no século XIV a.C. Por mais excêntricas que fossem
e a internet. Acrescente à sua pesquisa mapas e ima- suas representações, a sedução não se limita aos seus
gens. Depois, exponha seu trabalho para a classe. aspectos físicos. Ambos tornaram-se personagens
simbólicos da civilização egípcia por terem sido a
2 Álbum: a religião egípcia origem do único cisma profundo conhecido pelo
a) Encontre figuras que reproduzam divindades ou ceri- Egito no decorrer de seus três mil anos de história.
mônias religiosas dos antigos egípcios. Destituindo o poderoso clero de Amon para impor
b) Organize um álbum com essas imagens. um deus único, representado pelo disco solar Aton,
c) Escreva uma legenda identificando cada imagem. Akenaton abria pela primeira vez na história da
Atenção: a legenda deve conter, além da simples identifi- humanidade um caminho rumo ao monoteísmo.
cação, uma informação sucinta sobre o assunto da figura. Claudine Le Tourneur d’Ison, egiptóloga graduada pela Escola do Louvre.
d) No final da legenda, identifique a fonte de onde foi In: História Viva, no 2 dez de 2003. Duetto.
obtida a imagem. Se for uma obra de arte, informe onde
ela se encontra (museu, templo, etc.). O baixo-relevo representa personagens e um fato
relatado no texto. Interprete o significado dessa
3 (UFPE) Em relação à arte do Egito antigo, assinale imagem.
a alternativa correta.
a) Visava à valorização individual do artista. 2 Os egípcios desenvolveram uma das primeiras for-
b) Manifestava as ideias estéticas com representações da mas de escrita, os hieróglifos, constituída de figuras
natureza, evitando a representação da figura humana. estilizadas de homens, animais, plantas, etc. Criaram
c) Estava destinada à glorificação do faraó e à represen- ainda duas outras escritas: a hierática e a demótica.
tação da vida de além-túmulo. a)Procure figuras desses três tipos de escrita e escreva
d) Aproveitava os hieróglifos como ornamentação. um pequeno texto sobre cada uma delas; procure explicar
e) Era uma arte abstrata de difícil interpretação. especialmente como funcionava cada um dos códigos.
b) Em 1820, o historiador francês Jean-François Cham-
4 Akenaton é outro nome do soberano Amenófis pollion decifrou a escrita hieroglífica, a partir das
IV, mencionado na página 22. Descreva as inova- inscrições da Pedra de Rosetta. Faça uma pesquisa
ções políticas promovidas por ele e as decorrentes sobre a Pedra de Rosetta e descubra a forma pela qual
mudanças nas criações artísticas. Champollion fez sua importante descoberta.
Arte na Pré-História e na Antiguidade 25
4
A arte na
Veja, no Guia do Professor, quadro
Capítulo de competências e habilidades
desenvolvidas neste capítulo.
civilização egeia
Não são muitos os vestígios dos povos que floresceram nas ilhas do
mar Egeu há cerca de 4 mil anos. Praticamente tudo o que sabemos
dessa civilização também chamada de minoica provém do estudo e
da cuidadosa observação de suas manifestações artísticas. Indícios de
alguns de seus personagens e acontecimentos estão nas narrativas dos
poemas homéricos Ilíada e Odisseia.
Objetivos:
Identificar algumas das
PAGINAZERO
Caracterizar as diferenças
e semelhanças entre as
diversas expressões artísticas
cretomicênicas.
26 Ensino Médio
■ A arte cretense resolver problemas de posicionamento de escadas,
Arte
A descoberta dos povos que habitavam as ilhas de colunas e de iluminação. Tudo isso revela uma
do mar Egeu antes do desenvolvimento da civiliza- arquitetura avançada para a época.
ção grega é relativamente recente: ocorreu em 1870, É na pintura, porém, que se revela com mais
quando o pesquisador alemão Heinrich Schliemann clareza o espírito dinâmico do povo cretense. Ela
(1822-1890) descobriu vestígios de antigas cidades. mostra menos rigidez e imobilidade que a pintura
Mais tarde, em 1900, o arqueólogo inglês Sir Arthur egípcia. Supõe-se, entretanto, que não só a mobi-
Evans (1851-1941) localizaria o que ainda restava lidade tenha sido alvo de preocupação do artista
do Palácio de Cnossos, na Ilha de Creta. cretense, mas também o efeito causado pela com-
Com essas descobertas arqueológicas, tornou-se binação de cores, que eram vivas e contrastantes:
claro que a cultura egeia teve origem na ilha, pois a tons de vermelho, azul e branco, bem como de
arte desenvolvida em muitas regiões do mar Egeu e marrom, amarelo e verde.
mesmo no continente era nitidamente influenciada Na ourivesaria, os artistas cretenses também
pela arte cretense. revelaram um grande domínio técnico, como
O estudo das ruínas do Palácio de Cnossos pode ser constatado nos Copos de Vafió, assim
revelou que a edificação data do segundo milênio chamados por causa do nome da cidade onde
antes de Cristo (1700 a 1500 a.C.). Sua planta foram encontrados. São duas peças muito deli-
arquitetônica é bastante evoluída: em torno de um cadas, com representações em baixo-relevo de
pátio central estão dispostas muitas salas, algumas touros e elementos da natureza.
agrupadas de tal forma que uma conduz à outra, Já no que se refere à escultura somente peque-
segundo uma ordem bem planejada. A construção nas peças foram encontradas, como a série deno-
tinha ao menos dois andares, mas é possível que minada Deusas com as serpentes – feita de marfim,
tivesse até três ou quatro – detalhe muito impor- com ouro nos mamilos, nas serpentes e nos deta-
tante, uma vez que os construtores precisaram lhes da saia.
EDSON ROSA
■ A arte micênica
Da arte desenvolvida na cidade de Micenas
merece destaque a arquitetura, que apresentou
traços próprios. Um exemplo é a Tumba dos
Átridas.
O nome dessa construção está ligado à família
mais célebre entre os aqueus. Feita no interior de
uma colina, ela exibe uma imponência severa. Um
corredor conduz a uma sala circular coberta por
uma grande cúpula de 14 metros de diâmetro e
13 metros de altura. A sala comunica-se com o
compartimento retangular onde ficavam os restos
mortais dos príncipes micênicos. Tumba dos Átridas, em Micenas (século XIV a.C.).
O aspecto mais interessante da construção é,
sem dúvida, a sua cúpula, uma vez que, para sus-
tentá-la, não foram usados arcos. As pedras foram
dispostas horizontalmente, ficando cada bloco Pensamento Crítico
um pouco desalinhado em relação ao anterior, de Acesse o Material Complementar disponível no Portal
modo a provocar um afunilamento até o encontro e aprofunde-se no assunto.
total das fileiras concêntricas de pedra.
28
28 Ensino Médio
Arte
TOM ELLIOTT/<WWW.STOA.ORG>
REPRODUÇÃO
1 Como se apresentavam as construções micêni- Associando o texto anterior aos conhecimentos sobre
cas? O que as diferenciava da arquitetura creten- o legado cultural da Antiguidade, é possível afirmar:
se? I. Os mitos gregos refletem a organização e os valores
da sociedade na qual se inserem, incorporando, possi-
2 A tumba dos Átridas era uma construção de pedras velmente, situações, episódios e até pessoas reais.
feita no interior de uma colina. Qual o aspecto mais II. O poder do Minotauro, expresso no mito de Teseu,
interessante dessa edificação? possivelmente simboliza o domínio e a tirania de Creta
sobre o território grego.
3 Alguns personagens da mitologia grega têm III. O confronto entre Teseu e o Minotauro enquadra a
por referência os centros da civilização egeia. É mitologia grega no conjunto de crenças que manifestam
o caso de personagens da guerra de Troia e dos uma concepção maniqueísta do Universo, tal como ocor-
mitos relacionados a Minos, lendário rei de Creta (o re com os antigos egípcios, mesopotâmicos e persas.
Labirinto de Cnossos, o Minotauro, Teseu, Ariadne, IV. O mito de Teseu também se inspira na antiga religião
Ícaro e Dédalo). Não são criações da própria civi- dos hebreus, na medida em que reafirma ideias messiâ-
lização egeia, mas de obras da cultura grega, bem nicas, salvacionistas e sugere práticas monoteístas.
mais tardia (a Ilíada e a Odisseia foram escritas no V. A vitória de Teseu possivelmente simboliza a vitó-
século IX ou VIII a.C.). Mas é interessante conhecê- ria de Atenas e a conquista da hegemonia marítima e
-los. Reúna-se com alguns colegas para: comercial mediterrânica.
a) Pesquisar a guerra de Troia, narrada por Homero. Julgue os itens numerados de I a V e assinale a
Escrevam um pequeno texto sobre as origens míticas alternativa correta utilizando a chave de respostas
desse conflito e descrevam sinteticamente seus princi- a seguir:
pais personagens. a) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
b) Organizar um mural com figuras de personagens b) Apenas as afirmativas I, II e V são corretas.
mitológicos relacionados com a guerra de Troia e com c) Apenas as afirmativas I, IV e V são corretas.
Minos, lendário rei de Creta. Escrevam legendas sobre d) Apenas as afirmativas II, III, IV e V são corretas.
cada personagem. e) Todas as afirmativas são corretas.
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30 Ensino Médio
Referências bibliográficas
Arte
■ ARTE nos séculos. São Paulo: Abril, 1969. 7 v. ■ HAUSER, A. História social da literatura e da arte. São
■ BURNS, Edward McNall. História da civilização ociden- Paulo: Mestre Jou, 1972. v. 1.
tal. Porto Alegre: Globo, 1971. v. 2. ■ HISTÓRIA da arte. São Paulo: Salvat, 1978. 10 v.
■ CABANNE, Pierre. Dictionnaire des arts. Paris: Bordas, ■ HISTÓRIA das civilizações. São Paulo: Abril, 1975. v. 1.
1979. ■ JANSON, H. W. Histoire de l’art. Paris: Cercle d’Art,
■ CAVALCANTI, Carlos. História das artes. Rio de 1970.
Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. v. 2. ■ PISCHEL, Gina. História universal da arte. São Paulo:
■ GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de Melhoramentos, 1966. v. 1-2.
Janeiro: LTC.
Gabarito
Capítulo 1 – A arte na História ■Para aprimorar, página 16
■ Para praticar, página 7 1. Resposta pessoal.
1. Resposta pessoal. 2. Resposta pessoal.
2. d 3. Resposta pessoal.
■ Para aprimorar, página 7
Capítulo 3 – A arte no Egito
Resposta pessoal.
■ Para praticar, página 25
ARTE
Arte na Grécia e em Roma
Graça Proença
ENSINO
MÉDIO
Gerência editorial
Mônica Vendramin Sumário
Edição
Aparecida Mazão (coordenação),
Bárbara Muneratti de Souza Arte na Grécia e em Roma
Assistência editorial
Solange A. de Almeida Francisco 1 A arte na Grécia, 3
Colaboração A arte nos períodos arcaico e clássico, 4
Fabiana Manna da Silva
O período helenístico, 10
Revisão
Hélia de Jesus Gonsaga (gerente), Kátia Scaff
Marques (coordenação), Patrícia Travanca, 2 A arte em Roma, 16
Rosângela Muricy
A arquitetura, 17
Pesquisa iconográfica
Sílvio Kligin (coordenação), Caio Mazzilli,
A pintura e o mosaico, 24
Josiane Camacho Laurentino A escultura, 25
Programação visual (miolo)
Kraft Design 3 A arte cristã primitiva, 28
Edição de arte A arte das catacumbas, 29
Margarete Gomes (supervisão), Rosimeire Tada,
Amilton Ishikawa,Magali Prado A arte do cristianismo oficial, 30
Editoração eletrônica
AGA Estúdio / lab 212
Capa
lab 212
Imagens de capa
Golden Sikorka / Sentavio / TarikVision / Shutterstock
Colaboraram para esta Edição
Cristiane Queiroz, Juliana Setem, Raquel Sanches,
Rosiane Botelho, Sergio Amstalden, Simone Savarego,
Talita Perazzo, Thiago Brentano, Valdete Reis e lab 212.
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Proença, Graça
Sistema de ensino ser : artes : 1º ano :
aluno / Graça Proença. -- 3. ed. -- São Paulo :
Ática, 2017.
16-08225 CDD-700
3ª- edição
1ª- impressão
2016
Impressão e acabamento
Uma publicação
1
habilidades desenvolvidas neste capítulo.
Capítulo
A arte na Grécia
Arte
Dos povos da Antiguidade, os que apresentaram produção cultural
mais livre foram os gregos. Se inicialmente eles imitavam a produção
artística de egípcios e de povos do Oriente, com o tempo criaram
arquitetura, escultura e pintura próprias, movidos por concepções
diferentes. Convictos de que o ser humano ocupa lugar especial no
Universo, eles não se submeteram a imposições de reis e sacerdotes.
Para eles, o conhecimento, expresso pela razão, estava acima da crença
Objetivos: em qualquer divindade.
Do ponto de vista de sua produção artística, são relevantes os seguin-
Identificar manifestações tes períodos históricos da Grécia antiga:
artísticas da Grécia antiga. ■ Período arcaico: da formação das cidades-Estado, em meados do século
Descrever a evolução da
VALDEMIR CUNHA/EDITORA ABRIL
escultura grega.
Identificar os estilos
arquitetônicos jônico e dórico.
Relacionar a transformação
da arquitetura dos teatros
gregos às mudanças sociais e
políticas.
4
4 Ensino Médio
MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL, ATENAS
Arte
Zeus de Artemísio (cerca de 470 a.C.). Altura: 2,09 m. Museu
Arqueológico Nacional, Atenas.
cornija cornija
friso entablamento
friso métopa tríglifo arquitrave
capitel ábaco
arquitrave entablamento
opistódomo
voluta
capitel
ábaco
naos
pronau
estilóbata base
estilóbata
Planta de um templo
grego típico. Esquema da ordem dórica. Esquema da ordem jônica. Capitel coríntio.
6
6 Ensino Médio
WWW.PEOPLE.AUCKLAND.AC.NZ
Arte
Frontão do templo de Zeus, em Olímpia (465-457 a.C.).
ROFFLE, EDITED BY ULRICH TICHY
SOPRINTENDENZA ARCHEOLOGICA,
POTENZA/AKG/LATINSTOCK
A princípio, além de servir para rituais religio-
sos, esses vasos eram usados para armazenar, entre
outras coisas, água, vinho, azeite e mantimentos.
À medida que passaram a revelar uma forma equi-
librada e uma pintura harmoniosa, tornaram-se Vaso grego com figuras em
fundo negro (cerca de 410
também objetos artísticos. a.C.). Altura: 52 cm. Museu
As pinturas dos vasos representavam pes- Britânico, Londres.
soas em suas atividades diárias e cenas da mito-
logia grega. Inicialmente o artista pintava, em
negro, a silhueta das figuras. A seguir, gravava O maior pintor de figuras negras foi Exéquias.
o contorno e as marcas interiores dos corpos Uma de suas pinturas mais famosas mostra
com um instrumento pontiagudo, que retira- Aquiles e Ajax jogando damas. Nesse trabalho,
va a tinta preta, deixando linhas nítidas. Esse além da riqueza dos detalhes dos mantos e escu-
trabalho pode ser observado no vaso François, dos dos heróis, coincidem, de forma harmoniosa,
pintado por Clítias. a curvatura do vaso com a inclinação das costas
dos dois personagens. As lanças desempenham
também uma função plástica, pois sua disposição
MUSEU ARQUEOLÓGICO, FLORENÇA/AKG/LATINSTOCK
8
8 Ensino Médio
Para construir 2 Compare as colunas e entablamentos dos tem-
Arte
plos segundo os modelos da ordem dórica e da
1 A arte no Egito antigo foi totalmente orientada ordem jônica. Esboce um esquema de cada um dos
pela religião. Já os gregos consideravam que o ser tipos de coluna, ilustrando as diferenças.
humano tinha uma posição especial no universo Colunas da ordem dórica: simples e maciças com fustes
e valorizavam o conhecimento advindo da razão. grossos que se firmavam diretamente no estilóbata. Capitéis
Explique de que forma essa diferença se manifesta simples, arquitrave lisa e friso dividido em tríglifos (retângulos
na escultura e na arquitetura da Grécia antiga. com sulcos verticais) e métopas (retângulos lisos, pintados
Exponha suas ideias para os colegas. ou esculpidos em relevo). Colunas da ordem jônica: mais
A arte grega era mais livre de regras e orientada pelo sentido leves e ornamentadas. Fustes mais delgados que se firmavam
estético. As esculturas representavam figuras humanas, devendo sobre uma base decorada. Capitéis ornamentados, arquitrave
assemelhar-se aos seus modelos. Na arquitetura, destacam-se dividida em três faixas horizontais. Friso dividido em partes
os templos, que não tinham como finalidade o culto religioso, ou decorado por uma faixa esculpida em relevo. Cornija mais
mas abrigar do sol e da chuva as esculturas das divindades. ornamentada, às vezes apresentando esculturas.
■ Para praticar: 1
AKG-IMAGES/NIMATALLAH/MUSEU DO VATICANO
No final do século V a.C. Felipe II, rei da
Macedônia, dominou as cidades-Estado da Grécia.
Foi sucedido por seu filho, Alexandre, que cons-
truiu um gigantesco império. Quando ele morreu,
o império fragmentou-se em vários reinos.
Os historiadores modernos deram o nome
de helenística à cultura iniciada sob o poder de
Alexandre e seguida até o domínio da Grécia pelos
romanos. Todas as transformações históricas do
período, sobretudo o fim da independência da
pólis grega, dando lugar à formação de reinos
imensos, interferiram na arte grega.
Cópia romana de
A escultura Afrodite de Cnido, de
Praxíteles. O original
A escultura do século IV a.C. apresentava traços grego data de aproxi-
bem característicos. Um deles era a representação, madamente 370 a.C.
sob a forma humana, de conceitos e sentimentos, Altura: 2,04 m. Museu
do Vaticano.
como a paz, o amor, a liberdade, a vitória, etc.
Outra marca foi o surgimento do nu feminino, já
que nos períodos arcaico e clássico representava-se a
R.M.N./ARNAUDET – J. SCHORMANS
MUSEU NACIONAL DE NÁPOLES
Arte
Vitória de Samotrácia
(cerca de 190 a.C.). Cópia romana de O soldado gálata e sua mulher. O original
Altura: 2,75 m. Museu grego data da primeira metade do século III a.C. Altura: 2,11 m.
do Louvre, Paris. Museo Nacional Romano.
Teatro de Epidauro (século IV a.C.). Composto de 55 degraus divididos em duas ordens e calculados de acordo com uma inclinação
perfeita, chegava a acomodar cerca de 14 mil espectadores e tornou-se famoso por sua acústica.
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12
12 Ensino Médio
Arte
■ Enquanto isso...
Dois tesouros da Antiguidade chinesa
A história da China se iniciou em tempos quilômetros, com alguns trechos bastante íngremes
muito longínquos: dela já foram encontradas pe- e inclinados. A altura média dos paredões é de cer-
ças de cerâmica pertencentes a culturas neolíti- ca de 7 metros, e sua largura varia de 4 a 9 metros.
cas, que existiram por volta de 8000 a 2000 a.C. Desde 1987, a Muralha da China é considerada
Duas impressionantes obras da cultura chinesa um bem do patrimônio cultural da humanidade.
produzidas em um tempo já próximo do perío- Descobertos em 1974 por camponeses que
do helenístico grego são a Muralha da China e escavavam um poço de água, os Guerreiros de
os Guerreiros de Xi’an. Ambas relacionadas ao Xi’an formam um conjunto escultórico que im-
reinado do imperador Qin Shi Huangdi, da di- pressiona o observador. Trata-se de um exército
nastia Qin (221 a 207 a.C.). composto de quase 7 mil estátuas, esculpidas em
A construção da Muralha da China iniciou-se terracota, que representam guerreiros em tama-
por volta de 220 a.C., sob ordem do imperador Qin nho natural com seus uniformes e armas, cavalos
Shi Huangdi, e estendeu-se por muitos séculos. Foi e carruagens. Cada guerreiro tem traços fisionô-
concluída durante a dinastia Ming (1368-1644), micos individualizados, além dos detalhes das
que dominou a China em um período simultâneo vestes que indicam seu posto na hierarquia mi-
ao Renascimento, vivido pelo Ocidente. litar. Esse gigantesco exército foi encomendado
Nessa obra, destinada à defesa militar da re- pelo imperador Qin Shi Huangdi – o mesmo que
gião, foram superadas muitas dificuldades de en- deu início à construção da Muralha da China –
genharia, uma vez que ela se estende por muitos para guardar seu túmulo.
FOTOS: DENISE ANDRADE
■ Para praticar: 2
■ Para aprimorar: 1 e 2
14
14 Ensino Médio
Para praticar 2 (Vunesp, adaptado) Observe e compare os monu-
Arte
mentos:
1 São famosos os mitos gregos repletos de deu-
PHOTOLIBRARY / LATINSTOCK
b) Outros grupos podem procurar dados sobre a con-
tribuição ao pensamento racional trazida por filósofos
como Tales, Demócrito, Heráclito, Pitágoras, Sócrates,
Platão e Aristóteles.
c) Cada grupo deve redigir sínteses de seus estudos e
afixá-las no mural da classe para que as informações
circulem entre todos.
Partenon, templo da acrópole de Atenas, construído no século
2 Fotos, desenhos, maquetes: a arquitetura grega V a.C., na Grécia.
a) Faça um painel fotográfico dos templos gregos que
ANA ARAUJO/EDITORA ABRIL
Para aprimorar
1 (Fuvest-SP, adaptado) Leia: Palácio do Planalto, construído no século XX, em Brasília.
2
habilidades desenvolvidas neste capítulo.
Capítulo
A arte em Roma
Identificar as manifestações
artísticas da Roma antiga.
CHARLES E. ROTKIN/CORBIS
Reconhecer a concepção
arquitetônica do teatro e do
aqueduto romanos.
16 Ensino Médio
■ A arquitetura
Arte
Um dos legados culturais mais importantes dei- ■ Veja que interessante!
xados pelos etruscos aos romanos foi o uso do arco “Todos os caminhos levam a Roma”
e da abóbada* nas construções. Esse dois elementos Hoje em dia, os caminhos terrestres, aéreos
arquitetônicos permitiram aos romanos criar amplos ou marítimos levam viajantes a qualquer lugar.
espaços internos, livres do excesso de colunas. Porém, quando queremos dizer que todas as al-
Antes da invenção do arco, o vão entre uma ternativas têm a mesma solução, dizemos que
coluna e outra era limitado pelo tamanho do enta- “todos os caminhos levam a Roma”. A tradição
blamento horizontal. Esse tamanho não podia ser vem, é claro, dos tempos da antiga Roma, quan-
muito grande, pois, quanto maior a viga, maior a do a cidade dos césares era o umbigo do mundo.
tensão sobre ela, e a pedra – material mais resis- “No século I, quando o Império ia da Bretanha
tente usado nas construções da época – não supor- (na atual Inglaterra) à Pérsia (no atual Irã),
ta grandes tensões. Daí os templos gregos serem Roma chegou a ter 80 mil quilômetros de estra-
repletos de colunas, o que acarretava a redução do das”, diz a historiadora Maria Luiza Corassin,
espaço de circulação. da Universidade de São Paulo.
O arco foi uma conquista que permitiu ampliar Mas as vias romanas não eram como as
o vão entre uma coluna e outra. Nele o centro não atuais, nem seus propósitos eram os mesmos.
sofre maior sobrecarga que as extremidades, e, “Elas não se destinavam ao transporte de pes-
assim, as tensões são distribuídas de forma mais soas e cargas. Chamadas de cursus publicus,
homogênea. Além disso, como o arco é construí- eram muito mais um meio de comunicação,
do por blocos de pedra, a tensão comprime esses por onde mensageiros levavam ordens de um
blocos e lhes dá maior estabilidade. canto a outro do Império”, afirma Maria Lui-
No final do século I, Roma já havia superado za. Segundo ela, esse correio era tão eficiente
as influências grega e etrusca e estava pronta para que podia percorrer 270 quilômetros em um
desenvolver criações artísticas independentes e dia, marca que não foi superada na Europa
originais. até o século XIX.
As estradas romanas eram verdadeiros
*Abóbada: cobertura arqueada, côncava internamente, em prodígios para a engenharia da época. Eles usa-
geral construída com pedras ou tijolos apoiados uns nos ou- vam pedras e cimento acomodados sobre leitos
tros de modo a suportar o próprio peso e os pesos externos. aplainados e aterrados. As vias eram traçadas
Pode apoiar-se sobre colunas, paredes ou pilares. sempre em linha reta e passavam por cima de
lagos, pântanos e montanhas. As pedras para o
calçamento tinham superfícies curvas para faci-
MIKE SOUTHERN; EYE UBIQUITOUS/CORBIS
peristilo
átrio
implúvio
18
18 Ensino Médio
HENRI SIVONEN
Arte
Maison Carrée (16 a.C.). Nîmes, França.
■ Panteão de Agripa
Vista interior do Pan-
teão (século II). As
Depois de 500 anos de existência, expan-
cavidades quadra- são territorial galopante e progresso nas mais
das que compõem diversas áreas, o Império Romano deixou
a cúpula vão dimi-
nuindo à medida que apenas um monumento em perfeito estado de
se aproximam do conservação. É o Panteão de Agripa, um tem-
centro. Esse recurso plo dedicado a todos os deuses romanos.
aumenta a sensação
de perspectiva e ter- O nome do edifício é uma homenagem ao
mina numa abertura cônsul Marco Vispânio Agripa (63-12 a.C.),
de 9 m de diâmetro,
permitindo a entrada
que mandou realizar a obra em 27 a.C. No ano
da luz natural que tor- 80, a construção foi praticamente destruída
na o ambiente interno por um incêndio. Quatro décadas depois, o im-
claro e leve, apesar
da monumentalidade
perador Adriano (76-138) mandou reerguê-la.
da construção. “Há indícios de que o próprio Adriano foi o ar-
quiteto. Ele queria abrigar os deuses romanos e
os dos povos conquistados”, afirma o historia-
43,20 dor Manuel Rolph, da Universidade Federal
Fluminense.
Ironicamente, foi graças à Igreja católica
que a edificação pagã sobreviveu ao tempo e ao
0
21
,6 vandalismo. Em 608, após o fim do Império, o
rei bizantino Flávio Focas entregou o Panteão
ao papa Bonifácio IV (550-615), que o consa-
43,20
[...]
Chama acesa
Na Roma antiga, um templo era, literal-
Secção vertical do Panteão. mente, a casa dos deuses. Cada um deles era
zelado por uma sociedade sacerdotal, que pre-
zava pela manutenção e pela segurança da es-
tátua e se responsabilizava por manter tochas
acesas em sua homenagem.
Para poucos
O lugar era imponente, mas o acesso per-
43,20
manecia restrito às autoridades políticas e re-
ligiosas. Não eram realizados rituais públicos,
e mesmo os senadores só entravam no local
para acompanhar o imperador.
Adriano, juiz sagrado
A partir do primeiro século de nossa era,
a noção de que o imperador era a própria di-
Pórtico
helenístico
vindade ganhou força. Adriano era associado
a Hélios, o deus sol, e como tal podia usar o
templo. Ele fez do Panteão um tribunal, onde
Planta do Panteão. realizou diversos julgamentos.
20
20 Ensino Médio
O anfiteatro, diferentemente, caracteriza-se por
Arte
Fachada grega um espaço central elíptico, onde se dá a apresenta-
A obra segue a influência helenísti- ção. Circundando esse espaço há um auditório, com-
ca, como se percebe na fachada com co- posto de um grande número de filas de assentos que
lunas gregas. Sobre elas, está a inscrição forma uma arquibancada. Um exemplo é o Coliseu
“M.AGRIPPA.L.F.COS.TERTIUM.FECIT”, (ver imagem na página 16), certamente o mais belo
que significa: “Construído por Marco Agripa, dos anfiteatros romanos, cuja construção começou
filho de Lúcio, pela terceira vez cônsul”. no reinado de Vespasiano, em 72 d.C., e terminou
Entidades sobrepostas em 82 d.C. pelo imperador Domiciano. Esse anfitea-
tro de enormes proporções chegava a acomodar 40
Apesar de ser dedicado aos deuses em
mil pessoas sentadas e mais de 5 mil em pé.
geral, o local não abrigava estátuas de todos.
Externamente, o edifício era ornamentado por
Por dois motivos: em primeiro lugar, o pró-
esculturas, que ficavam dentro dos arcos, e por três
prio formato circular do edifício já indicava
ordens de colunas gregas. Essas colunas, na verdade,
seu caráter ecumênico. Além disso, cada deus
eram meias colunas, pois ficavam presas à estrutura
representava outros. Vênus, por exemplo, cor-
das arcadas. Não tinham, assim, a função de susten-
respondia à Afrodite grega e à Isis egípcia.
tar a construção, mas apenas de ornamentá-la.
DUARTE, Maria Dolores. Panteão de Agripa.
In: Aventuras na História. São Paulo: Abril. 1 jan. 2009. p. 16-7.
■ Os bastidores do Coliseu
A concepção arquitetônica do teatro Numa das cenas mais espetaculares do fil-
Graças ao uso de arcos e abóbadas, que me Gladiador, tigres saltam para fora de alça-
herdaram dos etruscos, os romanos construí- pões que se abrem no piso do Coliseu. Sabe-se
ram edifícios – sobretudo anfiteatros* – bastante por meio de textos antigos que o aparecimento
amplos. Destinados a abrigar muitas pessoas, os súbito de feras na arena era um recurso cêni-
anfiteatros alteraram significativamente a planta co bastante usado nas lutas de gladiadores na
do teatro grego. Assim, usando ordens de arcos Roma imperial. Mas não se sabia como isso era
sobrepostas, os construtores romanos obtiveram feito — pelo menos até agora. Um grupo de ar-
apoio para construir o local destinado ao público queólogos alemães [...] conseguiu identificar nas
– o auditório. ruínas da construção do século I a maquinaria
Com essa solução arquitetônica, não era responsável pela movimentação de gladiadores,
mais necessário assentar a obra nas encostas de animais e cenários. O maior anfiteatro da Ro-
colinas, como faziam os gregos. A primeira con- ma antiga, com capacidade para 55 000 espec-
sequência disso foi a possibilidade de construir tadores, dispunha de 28 elevadores com jaulas
tais edifícios em qualquer lugar, sem depender para animais e vinte plataformas móveis para
da topografia. o transporte de cenários e cargas pesadas.
O povo romano apreciava as lutas de gladia- Tais recursos permitiam aos romanos co-
dores. A maior liberdade adquirida para a cons- locar na arena leões, tigres ou ursos (os ani-
trução favorecia esse espetáculo, que podia ser mais prediletos dos jogos), montar florestas
visto de qualquer ângulo. Esse foi outro motivo artificiais, paisagens e palácios cenográficos
que levou os romanos a abandonar as construções para servir de pano de fundo à carnificina dos
com um palco de frente para um auditório dispos- duelos. Em algumas superproduções, parte do
to em semicírculo. piso da arena era retirada, expondo corredores
inundados no subsolo. Batalhas navais eram
*Anfiteatro: do grego amphí (dois) e téathron (tea- encenadas nessas piscinas artificiais, com 1,5
tro). Significa “teatro com acentos dos dois lados do metro de profundidade.
palco”. Na Roma antiga, era o espaço oval ou circular Os porões do Coliseu são um labirinto
destinado a espetáculos públicos, combates de feras ovalado, com 76 metros de comprimento e 44
ou de gladiadores, jogos e representações teatrais. de largura. Os corredores mais profundos esta-
Projeto de Pesquisa
22
22 Ensino Médio
Para construir 4 Esta maquete, exposta no Museu da Civilização
Arte
Romana (Roma, Itália), retrata a cidade antiga de
1 Explique, comparando, o tipo de influência das Roma.
artes grega e etrusca na arte de Roma.
2 Explique a importância dos arcos e abóbadas Revista História Viva, ano I, nº- 2. Duetto Editorial.
para a arquitetura romana, em especial na constru-
ção de anfiteatros. Você viu no texto do capítulo alguns dos monu-
Os arcos e as abóbadas possibilitavam construções com mentos representados na imagem. Descreva as
maiores vãos livres, evitando o uso excessivo de colunas.
características arquitetônicas dessas edificações.
Há construções compostas de arcos, como o Coliseu. Com a
estrutura em arcos, os teatros não precisam mais se apoiar
em encostas de montanhas. Também é possível observar a
influência da arquitetura grega pela forma dos edifícios,
telhados e colunatas.
■ Para praticar: 1 e 2
Arte
Embora grandes admiradores da arte grega, bastante realistas pode ser observada não só nas
os romanos, por temperamento, eram muito dife- estátuas de imperadores, mas também nos relevos
rentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, esculpidos nos monumentos erguidos para celebrar
suas esculturas são, em geral, uma representação algum feito importante do Império Romano. Entre
fiel das pessoas, e não a de um ideal. esses monumentos comemorativos destacam-se a
Ao entrar em contato com os gregos, os Coluna de Trajano e a Coluna de Marco Aurélio.
escultores romanos sofreram forte influência das A Coluna de Trajano, construída no século I da
concepções helenísticas da arte, ainda que não era cristã, narra as lutas do imperador e dos exérci-
abdicando de um interesse muito próprio: repre- tos romanos na Dácia. O imenso número de figuras
sentar os traços característicos do retratado. O esculpidas em relevo faz da obra um importante
resultado desse contato foi uma acomodação entre documento histórico em pedra. Pela expressivi-
a concepção artística romana e a grega. dade das figuras e das cenas, ela adquire também
É possível compreender melhor isso ao observar grande valor artístico.
a estátua do primeiro imperador romano, Augusto, Erguida menos de um século depois, a Coluna
feita por volta de 19 a.C. de Marco Aurélio celebra o êxito dos romanos
O escultor usou o Doríforo, do grego Policleto, contra um dos povos bárbaros. Como seu trabalho
como referência (veja imagem na página 5), mas em relevo é mais profundo que o da Coluna de
com algumas alterações, adaptando a obra ao gosto Trajano, é possível observar melhor as figuras que
romano. Assim, procurou captar as feições reais de representam os romanos e os barbáros.
Augusto e vestiu o modelo com uma couraça e uma
AKG-IMAGES/PETER CONNOLLY
Arte
persas e egípcios.
1 (UFPE) Assinale verdadeiro (V) ou falso (F). Na b) à colonização grega, semelhante à realizada na Sicília
Antiguidade, a busca pela superação das dificulda- e Magna Grécia.
des naturais acontecia ao mesmo tempo que eram c) à expansão comercial egípcia no Mediterrâneo
criadas manifestações culturais que visavam sim- Oriental.
bolizar o conteúdo dessa luta. Nas manifestações d) à dominação persa na Grécia durante o reinado de
artísticas dessa época, pode-se constatar: Dario.
( ) a predominância de obras arquitetônicas reli- e) ao helenismo, resultante das conquistas de Alexandre.
giosas, marcadas pela grandiosidade.
( ) de uma maneira geral, a inexistência de tra- 3 (Unicamp-SP 2005, adaptado) Leia:
balhos de pintura, destacando-se apenas algumas
obras religiosas no Egito. Se Roma existe, é por seus homens e seus
( ) a expressiva presença das construções da hábitos. Sem nossas instituições antigas, sem nossas
arquitetura grega, que buscavam a harmonia e o tradições venerandas, sem nossos singulares heróis,
equilíbrio. teria sido impossível aos mais ilustres cidadãos
( ) a originalidade da arte romana, expressa em fundar e manter, durante tão longo tempo, a nossa
suas esculturas majestosas e seus palácios monu- República.
mentais. Adaptado de: Cícero. Da República. In: Os pensadores, v. 5.
( ) a ausência de construções relacionadas com São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 184.
3
habilidades desenvolvidas neste capítulo.
Capítulo
A arte cristã
primitiva
A arte cristã primitiva, de início rude e simples nas catacumbas e
depois mais rica e amadurecida nas basílicas, prenuncia as mudanças
que marcaram uma nova época na história da humanidade. A arte
cristã que surge nas catacumbas em Roma não é feita pelos grandes
artistas romanos, mas por simples artesãos. Essas pinturas indicam a
relação entre arte e doutrina cristã, desenvolvida e firmada na Idade
Média.
Objetivos:
AKG-IMAGES/PIROZZI
Identificar as primeiras
pinturas cristãs.
28 Ensino Médio
■ A arte das catacumbas mais tarde, começaram a aparecer cenas do Antigo
Arte
Após a morte de Jesus Cristo, seus discí- e do Novo Testamento. Mas o tema predileto
pulos passaram a divulgar seus ensinamentos. dos artistas cristãos era a figura de Jesus Cristo, o
Inicialmente, essa divulgação restringiu-se à Judeia, Redentor, representado como o Bom Pastor.
província romana onde Jesus viveu e morreu, mas, É importante notar que essa arte cristã primiti-
depois, a comunidade cristã começou a dispersar-se va não era executada por grandes artistas, mas por
por várias regiões do Império Romano. A primeira homens do povo, convertidos à nova religião. Daí
grande perseguição aos cristãos aconteceu no ano sua forma rude, às vezes grosseira, e, sobretudo,
de 64, durante o governo do imperador Nero. Num muito simples.
espaço de 249 anos, houve mais nove perseguições;
AKG-IMAGES/PIROZZI
a última e mais violenta ocorreu entre 303 e 305,
sob o governo de Diocleciano.
Por causa dessas perseguições, os primeiros
cristãos de Roma enterravam seus mortos em gale-
rias subterrâneas, denominadas catacumbas. Dentro
dessas galerias, o espaço destinado a receber o corpo
das pessoas era pequeno. Os mártires, porém, eram
sepultados em locais maiores, que passaram a rece-
ber em seu teto e em suas paredes laterais as primei-
ras manifestações da pintura cristã.
ARCHIVO ICONOGRÁFICO,S.A./CORBIS
Para aprimorar
Arte
■ ARTE nos séculos. São Paulo: Abril, 1969. 7 v. ■ HAUSER, A. História social da literatura e da arte. São
■ BRONOWSKI, J. A escalada do homem. São Paulo: Paulo: Mestre Jou, 1972. v. 1.
Martins Fontes; Brasília: Ed. UnB, 1983. ■ HISTÓRIA da arte. São Paulo: Salvat, 1978. 10 v.
■ BURNS, Edward McNall. História da civilização ociden- ■ HISTÓRIA das civilizações. São Paulo: Abril, 1975.
tal. Porto Alegre: Globo, 1971. v. 2. v. 1.
■ CABANNE, Pierre. Dictionnaire des arts. Paris: Bordas, 1979. ■ JANSON, H. W. Histoire de l’art. Paris: Cercle d’Art,
■ CAVALCANTI, Carlos. História das artes. Rio de 1970.
Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. v. 2. ■ PISCHEL, Gina. História universal da arte. São Paulo:
■ CLARK, Kenneth. Civilisation. Paris: Hermann et Vera Melhoramentos, 1966. v. 1-2.
Lounsbery, 1974. ■ WOODFORD, Susan. Grécia e Roma. Rio de Janeiro:
■ ENCICLOPÉDIA dos Museus. São Paulo: Melhora- Zahar, 1983. (Col. Introdução à História da Arte da
mentos, 1968. 14 v. Universidade de Cambridge)
■ GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: ■ ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo: Martins
LTC, 2000. Fontes, 1978.
Gabarito
Capítulo 1 – A arte na Grécia 3. O helenismo se caracterizava, basicamente, pela fu-
■ Para praticar, página 15 são de elementos gregos e orientais. Sua importância
1. Resposta pessoal. em Roma se encontra em elementos religiosos, arqui-
2. Resposta pessoal. tetônicos e na busca por um ideal de beleza expresso
■ Para aprimorar, página 15 pela união entre a concepção grega e a romana (na
a) Alexandre, filho e sucessor de Felipe II, foi rei da escultura, por exemplo).
Macedônia. Durante seu governo, através de conquis- Capítulo 3 – A arte cristã primitiva
tas territoriais, construiu um gigantesco império. ■ Para praticar, página 30
b) O termo helenismo é usado para designar a cultura 1. Os cristãos eram perseguidos e se escondiam nas
que se desenvolveu nos territórios conquistados por catacumbas. Não dispunham de material para produ-
Alexandre. Ela se caracterizava, basicamente, pela fu- zir uma arte como a que era feita pelos grandes artis-
são de elementos gregos e orientais. tas romanos. Os artistas de catacumbas eram simples
2. d artesãos. Por isso, sua arte não tem as mesmas quali-
Capítulo 2 – A arte em Roma dades estéticas da arte pagã. A arte cristã amadureceu
■ Para praticar, página 26 com o tempo a partir das construções das primeiras
1. Resposta pessoal. basílicas.
2. Atividade de pesquisa. Resposta pessoal.
■ Para aprimorar, página 27 ■ Para aprimorar, página 30
1. 1. V, F, V, F, F. 1. V, F, V, F, F.
2. e 2. Resposta pessoal.
Arte na Grécia e em Roma 31
ALUNO - 2137581
ARTE
Arte bizantina e românica
Graça Proença
ENSINO
MÉDIO
Gerência editorial
Mônica Vendramin Sumário
Edição
Aparecida Mazão (coordenação),
Bárbara Muneratti de Souza
Arte bizantina e românica
Assistência editorial
Solange A. de Almeida Francisco
1 A arte bizantina, 3
Colaboração
Fabiana Manna da Silva
Império Romano do Oriente, 4
Revisão Arte que expressa riqueza e poder, 4
Hélia de Jesus Gonsaga (gerente), Kátia Scaff A arte bizantina em Ravena, 9
Marques (coordenação), Patrícia Travanca,
Rosângela Muricy Os ícones bizantinos, 10
Pesquisa iconográfica
Sílvio Kligin (coordenação), Caio Mazzilli, 2 A arte românica, 13
Josiane Camacho Laurentino A arte no Império Carolíngio, 14
Programação visual (miolo)
Kraft Design
O estilo românico na arquitetura, 15
Edição de arte
O estilo românico na pintura, 19
Margarete Gomes (supervisão), Rosimeire Tada,
Amilton Ishikawa, Magali Prado
Editoração eletrônica
AGA Estúdio / lab 212
Capa
lab 212
Imagens de capa
Golden Sikorka / Sentavio / TarikVision / Shutterstock
Colaboraram para esta Edição
Cristiane Queiroz, Juliana Setem, Raquel Sanches,
Rosiane Botelho, Sergio Amstalden, Simone Savarego,
Talita Perazzo, Thiago Brentano, Valdete Reis e lab 212.
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Proença, Graça
Sistema de ensino ser : artes : 1º ano :
aluno / Graça Proença. -- 3. ed. -- São Paulo :
Ática, 2017.
16-08225 CDD-700
3ª- edição
1ª- impressão
2016
Impressão e acabamento
Uma publicação
2
1
Veja, no Guia do
Professor, quadro
Capítulo
A arte bizantina de competências
Arte
e habilidades
desenvolvidas
neste capítulo.
Conceituar e caracterizar a
arte bizantina.
Identificar as convenções
estabelecidas na arte de
Bizâncio.
Caracterizar a pintura,
os mosaicos e os ícones
bizantinos.
Arte
Procissão dos mártires, mosaico na parede interna da basílica de San Apollinare Nuovo, em Ravena (500-526).
Vista aérea da basílica de Santa Sofia, em Istambul, Turquia. O edifício foi reconstruído em sua forma atual em 532-537, sob a supervisão
do imperador Justiniano.
6 Ensino Médio
Arte
■ Veja que interessante!
Um pouco de Santa Sofia em São Paulo
Entre os anos 1934 e 1939 foi construída, na tral com semicúpulas, que dão amplitude ao espa-
cidade de São Paulo, uma réplica da basílica de ço interno, e o iconostásio — painel com ícones —,
Santa Sofia. Essa igreja é a sede do arcebispado considerado o mais belo da América Latina.
da Igreja Ortodoxa do Brasil. Se você mora em São Paulo, procure visitar
Entre os vários aspectos arquitetônicos e pic- esse templo. Observe as imagens, os adornos e os
tóricos que chamam a atenção do observador para objetos artísticos que fazem parte dele. Perceba as
essa edificação, destacam-se a grande cúpula cen- características da arte bizantina.
JUCA MARTINS/OLHAR IMAGENS
Interior da catedral
Metropolitana Ortodoxa,
em São Paulo.
1 Observe as duas imagens a seguir: Com a riqueza de seu passado, a antiga Cons-
tantinopla permanece como o centro cultural da
ARALDO DE LUCA/CORBIS
8 Ensino Médio
■ A arte bizantina em Ravena contato com a cultura bizantina. É desse período
Arte
No século VI, Justiniano tentou reunificar o o monumento mais conhecido e significativo de
Império Romano, dando início às guerras de con- sua arquitetura: o mausoléu da imperatriz Gala
quista no Ocidente. Placídia.
Nesse contexto, a cidade de Ravena, impor- Externamente, trata-se de um edifício sim-
tante ponto estratégico dominado há muito pelos ples, revestido de tijolos cozidos. Sua planta segue
ostrogodos, tornou-se um dos alvos mais visados o desenho de uma cruz e a característica essencial
pelo imperador para a conquista da península da construção é um cubo colocado por cima da
Itálica. Após várias tentativas, a cidade foi final- pequena cúpula central.
mente reconquistada em 540 e passou a ser o cen- A simplicidade externa contrasta fortemente
tro do domínio bizantino na Itália. com a riqueza dos trabalhos artísticos do interior,
Na primeira metade do século V — portanto recoberto com belíssimos mosaicos de motivos
antes da época de Justiniano —, Ravena já tivera florais, nos quais predomina a cor azul.
As igrejas de Ravena que revelam uma arte
JAMES MACDONALD
Arte
de grandiosidade. 565, aumentaram as dificuldades políticas em
Os ícones, em geral, eram venerados nas igre- manter o Oriente e o Ocidente unidos. O Império
jas, mas não raro eram encontrados nos oratórios Bizantino sofreu períodos de declínio cultural e
familiares, uma vez que se tornaram populares
político, mas conseguiu sobreviver até o fim da
entre muitos povos, como os balcânicos, eslavos
e asiáticos, mantendo-se por muito tempo como Idade Média, quando, em 1453, Constantinopla
expressão artística e religiosa. foi invadida pelos turcos.
Os ícones russos tornaram-se famosos, par-
Pensamento Crítico
Mãe de Deus Odiguítria de Jerusalém, ícone russo de Novgorod
do início do século XVI. Acesse o Material Complementar disponível no Portal
e aprofunde-se no assunto.
6 Que características fazem as igrejas da época de Justiniano, especialmente a de São Vital, mais maduras
artisticamente?
A planta octogonal da igreja de São Vital, por exemplo, faz com que seu espaço interno apresente possibilidades de ocupação
diferentes das de outras igrejas. Além disso, a combinação de arcos, colunas e capitéis fornece os elementos de uma
arquitetura adequada para apoiar mármores e mosaicos.
Arte
quadro de
competências
e habilidades
desenvolvidas
Durante a Idade Média, iniciada no século V, a vida social neste capítulo.
e econômica concentrou-se no campo. A evolução cultural
nesse período manteve-se praticamente nula. No século VII, as
únicas fontes de preservação da cultura greco-romana eram as
escolas ligadas às catedrais para a formação do clero. Somente a
Igreja continuou a contratar artistas, construtores, carpinteiros,
marceneiros, vitralistas, decoradores, escultores e pintores, pois as
igrejas eram os únicos edifícios públicos que ainda eram construídos.
Em 800, quando Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente,
um intenso movimento cultural teve início. O poder real uniu-se ao
Objetivos: poder papal e Carlos Magno tornou-se protetor da cristandade.
Conceituar o termo
“românico”.
Caracterizar a arquitetura
românica.
■ A arte bárbara
Durante o período que se estende entre a do- tação da figura humana. Enquanto gregos e roma-
minação de Roma pelos povos bárbaros, em 476, e nos apresentam uma grande produção de escultu-
a coroação de Carlos Magno como imperador do ras de seus deuses, de seus líderes políticos e chefes
Ocidente, a cultura greco-romana quase desapare- militares, as manifestações artísticas dos bárbaros
ceu na Europa ocidental. Os valores culturais dos revelam apenas uma preocupação decorativa.
invasores e suas expressões artísticas eram radical- Pode-se dizer que esse caráter decorativo é uma
mente diferentes daqueles dos gregos e romanos. consequência do nomadismo de tais povos, uma vez
Quando comparamos a arte bárbara à do mundo que deveriam produzir objetos pequenos, fáceis de
greco-romano, uma das primeiras coisas a nos cha- serem transportados. O destaque de sua expressão
mar a atenção é a ausência quase total da represen- artística fica por conta da ourivesaria, ou seja, a
produção de joias, como brincos, pulseiras, fivelas,
MONZA, CATHEDRAL/PHOTO SCALA, FLORENÇA
fechos, etc.
MONZA, CATHEDRAL/PHOTO SCALA, FLORENÇA
14 Ensino Médio
■ O estilo românico na arquitetura obtinha-se maior leveza e iluminação interna.
Arte
O nome românico foi criado para designar as Como esse tipo de abóbada exige um plano qua-
realizações arquitetônicas dos séculos XI e XII, na drado de apoio, a nave central ficou dividida em
Europa, cuja estrutura assemelhava-se à das cons- setores quadrados, correspondendo às respecti-
truções dos antigos romanos. Seus aspectos mais vas abóbadas. Esse aspecto se refletiu na forma
significativos são a utilização da abóbada, dos pila- compacta da planta de muitas igrejas românicas.
res maciços que a sustentam e das paredes espessas Embora diferentes, esses dois tipos de abó-
com aberturas estreitas usadas como janelas. bada causam o mesmo efeito sobre o observador:
As igrejas românicas são grandes e sólidas sensação de solidez e repouso, dada pelas linhas
— daí serem chamadas “fortalezas de Deus”. Elas semicirculares e pelos grossos pilares que anulam
podiam ser construídas com abóbadas de dois qualquer impressão de esforço e tensão.
tipos: de berço e de arestas.
A abóbada de berço era simples: consistia num As igrejas românicas na rota dos peregrinos
semicírculo — o arco pleno — ampliado lateralmen- Durante a Idade Média — como ainda hoje —,
te pelas paredes. Apresentava duas desvantagens: o
realizavam-se longas peregrinações a lugares con-
excesso de peso do teto de alvenaria, que podia
provocar desabamentos, e a reduzida luminosidade siderados santos. Muitas das aldeias que ficavam
interna, resultante das janelas estreitas. A abertura na rota desses lugares construíram igrejas para
de grandes vãos era impraticável, por enfraquecer acolher os peregrinos.
as paredes e aumentar o risco de desabamento. Entre os lugares mais procurados, estavam
Desenvolvida para superar as limitações da Jerusalém, onde Jesus Cristo morrera; Roma,
abóbada de berço, a abóbada de arestas consistia onde fica a sede da Igreja católica; e Santiago de
na intersecção, em ângulo reto, de duas abóba- Compostela, na Espanha, onde se acredita estar
das de berço apoiadas sobre pilares. Com isso, enterrado o apóstolo Tiago.
REPRODUÇÃO
GIAN BERTO VANNI/CORBIS
Abóbada de berço.
REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO
A basílica de Saint-Sernin, na cidade de 114 m
Entrada princi-
pal da basílica
de Saint-Sernin,
em Toulouse, na
França (cerca de
1080-1120).
Arte
tal das igrejas românicas, o tímpano — parede Apocalipse.
semicircular que fica logo abaixo dos arcos que Devido ao grande tamanho do tímpano, os
arrematam o vão superior da porta — era a área construtores fizeram, ainda, na abadia, uma pilas-
mais ocupada pelas esculturas. tra central, chamada tremó, dividindo a abertura
Um dos mais bonitos portais românicos está da porta em duas partes iguais. Essa pilastra tam-
em Saint-Pierre. O grande tímpano do mosteiro, bém é decorada com esculturas representando
com um diâmetro de 5,68 metros, exibe um con- animais e uma pessoa descalça, identificada como
junto de figuras representando Cristo em majestade, o profeta Jeremias.
Saint-Pierre, em Moissac,
na França. No detalhe,
capitéis das colunas do
claustro.
A
JOSÉ ANTONIO DOS SANTOS
B
Portal de entrada da igre-
ja de Saint-Pierre, em
Moissac. A Tímpano.
Cristo, coroado e sen-
tado num trono, segura
com sua mão esquerda o
livro da palavra de Deus
e com a direita faz o
gesto de abençoar. Ao
redor dele estão os 24
anciãos descritos por
São João Evangelista no
Apocalipse. B Detalhe
do tremó.
18 Ensino Médio
Arte
MARKUS BASSLER
ACHIM BEDNORZ
ANNE E HENRI STIERLING
Cúpula central da Gran Mesquita de Córdoba. Cúpula da capela de Villaviciosa, na Gran Mesquita de Córdoba.
Projeto de Pesquisa
Para construir
1 De que forma a coroação de Carlos Magno
influenciou a arte da Idade Média?
Com a coroação de Carlos Magno, o poder real uniu-se
ao poder papal. O imperador passou a ser o protetor da
cristandade. A integração da Igreja com o Império favoreceu
Cristo em majestade, afresco da abside da igreja de San
Clemente de Tahull, Catalunha (cerca de 1123). o desenvolvimento cultural e artístico.
20 Ensino Médio
2 O que se entende por estilo românico? Descreva Estão corretas apenas as afirmativas: d
Arte
suas principais características. a) I e II.
O termo românico designa as obras arquitetônicas b) I e III.
dos séculos XI e XII na Europa que tinham estrutura e c) III e IV.
características parecidas com as construções dos antigos d) I, II e IV.
romanos. Entre essas características estão os pilares e) II, III e IV.
maciços sustentando abóbadas e paredes espessas com
aberturas estreitas usadas como janelas. 5 De que forma e por que razão a arte românica da
península Itálica se diferencia do mesmo estilo do
restante da Europa?
A arquitetura românica da península Itálica apresenta formas
mais leves e menos rígidas. Isso se deve à proximidade de
templos da arquitetura grega e romana, de aspecto mais sutil
e delicado e com frontões e colunas.
1 (Fuvest-SP) Segundo o historiador Robert S. a) era muito usado na construção de igrejas, desta-
Lopez (A Revolução Comercial da Idade Média 950- cando-se suas linhas curvas e sua forte ligação com
-1350), “o estatuto dos construtores das catedrais mudanças urbanas que aconteciam no sul da Europa
medievais representava um grande progresso do século XI.
relativamente à condição miserável dos escravos
b) estava relacionado com mudanças no estilo arqui-
que erigiram as pirâmides e dos forçados que
tetônico francês rural, que revelava o enfraquecimento
construíram os aquedutos romanos”. As catedrais
das tendências próprias das construções do sistema
medievais foram construídas por:
feudal do século XI.
a) artesãos livres e remunerados.
b) citadinos voluntários trabalhando em mutirão. c) era usado nas construções religiosas católicas, numa
época em que ainda se destacava a simplicidade da vida
c) camponeses que prestavam trabalho gratuito.
rural medieval.
d) mão de obra especializada e estrangeira.
e) servos rurais recompensados com a liberdade. d) simbolizou o crescimento do comércio medieval no
sul da França, com destaque para seus arcos e suas
2 Conforme você estudou, a Torre de Pisa foi se janelas pequenas, de vitrais bem desenhados.
inclinando com o decorrer do tempo. Nas últimas e) marcou a arquitetura católica medieval, mas foi
décadas foram feitas obras para diminuir essa usado apenas na construção de mosteiros próximos aos
inclinação e preservar a famosa construção. Pesquise castelos dos senhores feudais mais ricos.
Visite os sites
■ Basílica de Saint-Sernin ■ Igreja de La Madeleine (Vézelay)
http://pmaude.free.fr/Sernin/presentation.htm (em http://vezelay.cef.fr/fr/decou_archi/decou_
francês). Acesso em: 6 nov. 2009. index.php (em francês). Acesso em: 6 nov. 2009.
■ Igreja Saint-Pierre (Moissac) ■ Torre de Pisa
http://architecture.relig.free.fr/moissac.htm (em http://torre.duomo.pisa.it/ (em italiano). Acesso em: 6
francês). Acesso em: 6 nov. 2009. nov. 2009.
22 Ensino Médio
Referências bibliográficas
Arte
■ BRONOWSKI, J. A escalada do homem. São Paulo: ■ HACKEL, A. A. Les icones. Fribourg-en-Brisgau: Herder,
Martins Fontes; Brasília: Ed. UnB, 1983. 1952.
■ BURNS, E. M. História da civilização ocidental. Porto ■ HAUSER, A. História social da literatura e da arte. São
Alegre: Globo, 1971. 2 v. Paulo: Mestre Jou, 1972. v. 1
■ CABANNE, P. Dictionnaire des arts. Paris: Bordas, 1979. ■ HERTLING, L. Historia de la Iglesia. Barcelona: Herder,
■ CAVALCANTI, C. História das artes. Rio de Janeiro: 1961.
Civilização Brasileira, 1970. v. 2.
■ JANSON, H. W. Histoire de l’art. Paris: Cercle d’Art,
■ CETTO, A. M. Miniatures du moyen âge. Suisse: Payot
1970.
Lausanne, 1950. (“Orbis Pictus”, 8.)
■ LOYN, H. R. (Org.). Dicionário da Idade Média. Rio de
■ CLARK, K. Civilisation. Paris: Hermann et Vera
Janeiro: Zahar, 1991.
Lounsbery, 1974.
■ CROSBY, S. M. L’abbaye royale de Saint-Denis. Paris: ■ PAOLUCCI, A. Ravena. Ravena: Solera, 1976.
Paul Hartmann, 1953. ■ PISCHEL, G. História universal da arte. São Paulo:
■ ENCICLOPÉDIA dos Museus. São Paulo: Melhora- Melhoramentos, 1966. v. 1-2.
mentos, 1968. ■ SHAVER-CRANDELL, A. A Idade Média. Rio de Janei-
■ GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de ro: Zahar, 1984. (Introdução à História da Arte da Uni-
Janeiro: LTC, [s.d.]. versidade de Cambridge.)
Gabarito
Capítulo 1 – A arte bizantina Capítulo 2 – A arte românica
■ Para praticar, página 12 ■ Para praticar, página 22
1. O mosaico é uma técnica que consiste na colo- 1. A abóbada de berço apresentava excesso de peso no
cação, lado a lado, de pequenos pedaços de pedras teto de alvenaria, o que provocava muitas vezes seu de-
de cores diferentes sobre uma superfície de gesso ou sabamento. Além disso, as paredes laterais fechadas não
argamassa. Essas pedrinhas são dispostas de acordo permitiam a entrada de luz, tornando os ambientes escu-
com um desenho previamente elaborado. Em segui- ros. A abóbada de arestas é bem mais leve, tanto em ter-
da, a superfície recebe uma solução de cal, areia e mos estruturais quanto no aspecto visual. O teto se apoia
óleo que preenche os espaços vazios, aderindo me- sobre quatro colunas, deixando aberto o vão entre elas.
lhor os pedacinhos de pedra. 2. Resposta de acordo com a pesquisa.
3. Pela deformação, em vez de respeitar as proporções
2. A técnica de têmpera consistia na preparação da
reais, o artista desenhava em maiores dimensões as figu-
tinta para a utilização nos ícones bizantinos com
ras mais importantes. O colorismo consiste no emprego de
base na mistura de pigmentos a uma goma orgânica
cores chapadas e uniformes, sem nuances e meios-tons.
— em geral clara de ovo — para facilitar a fixação ■ Para aprimorar, página 22
das cores à superfície do objeto pintado. O resultado 1. a
é uma pintura brilhante e luminosa. Por sua vez, a 2. Uma equipe internacional trabalhou por onze anos e
técnica da encáustica, utilizada desde a Antiguida- conseguiu diminuir significativamente a inclinação da
de, implicava a diluição de pigmentos de tinta em torre. Foi-se retirando, aos poucos, areia por baixo da
cera derretida e aquecida no momento da aplicação. edificação, sob sua face norte — uma vez que a torre in-
A pintura em encáustica, ao contrário da têmpera, é clina-se para o sul. Dessa forma, considerando uma linha
semifosca. horizontal no topo da torre, o resultado obtido foi uma
■ Para aprimorar, página 12 redução de 43,5 cm nessa linha, quase meio metro.
1. Resposta de acordo com a pesquisa. 3. c
Arte bizantina e românica 23
ALUNO - 2137581
ARTE
Arte gótica
Graça Proença
ENSINO
MÉDIO
Gerência editorial
Mônica Vendramin Sumário
Edição
Aparecida Mazão (coordenação),
Bárbara Muneratti de Souza
Arte gótica
Assistência editorial
Solange A. de Almeida Francisco
A arte gótica, 3
Colaboração
Fabiana Manna da Silva
A arquitetura, 4
Revisão A escultura, 13
Hélia de Jesus Gonsaga (gerente), Kátia Scaff Os manuscritos ilustrados, 15
Marques (coordenação), Patrícia Travanca,
Rosângela Muricy A pintura, 17
Pesquisa iconográfica
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Imagens de capa
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Colaboraram para esta Edição
Cristiane Queiroz, Juliana Setem, Raquel Sanches,
Rosiane Botelho, Sergio Amstalden, Simone Savarego,
Talita Perazzo, Thiago Brentano, Valdete Reis e lab 212.
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Capítulo
A arte gótica
Arte
Vimos que nos primórdios da Idade Média o centro da vida social
estava no campo e o desenvolvimento intelectual e artístico ficava
Objetivos: restrito aos mosteiros. No século XII tem início uma economia
Caracterizar a arquitetura fundamentada no comércio. Como consequência, o centro da vida
gótica e identificar as social se desloca para a cidade e surge uma nova classe social: a
principais construções burguesia urbana. Novamente, a cidade é o centro de renovação dos
desse estilo. conhecimentos, da arte e da própria organização social. No começo do
século XII, a arte românica ainda era predominante, mas mudanças
Identificar os principais que conduziriam a uma profunda revolução na arquitetura, na arte de
elementos da arquitetura projetar e construir já começavam a aparecer.
gótica, como os vitrais.
STEWART LEWAKABESSY
Caracterizar a escultura
gótica.
Interpretar pintura de
Cimabue, Giotto e
Jan van Eyck.
Arte gótica 3
■ A arquitetura
ETIENNE BOUCHER
A arquitetura no século XII
No começo do século XII, uma nova arquite-
tura foi ganhando espaço. No século XVI, os estu-
diosos começaram a chamá-la, desdenhosamente,
de gótica. De acordo com eles, sua aparência era
tão “bárbara” que poderia ter sido criada pelos
godos, povo que invadira o Império Romano e
teria destruído muitas de suas obras. Mais tarde,
o nome gótico perdeu seu caráter depreciativo e
ficou definitivamente ligado à arquitetura caracte-
rizada pelos arcos ogivais*.
Essa maneira inovadora de construir apareceu
pela primeira vez na França, por volta de 1140, na
edificação da abadia de Saint-Denis. A primeira dife-
rença notória entre uma igreja gótica e uma românica
é a fachada (veja o boxe “Olho vivo!” na página 11).
Enquanto, em geral, a igreja românica apresenta um
único portal, a igreja gótica tem três portais, os quais,
por sua vez, dão acesso às três naves do interior da
igreja: a nave central e as duas naves laterais.
Na fachada da abadia de Saint-Denis, os por-
tais laterais são continuados por altas torres. O
portal central tem, acima dos frisos que emoldu-
ram o tímpano, uma grande janela, sobre a qual há
outra, redonda, chamada rosácea*. A rosácea é um
elemento arquitetônico típico do estilo gótico e
está presente em quase todas as igrejas construídas Abadia de Saint-Denis, Paris (cerca de 1140).
entre os séculos XII e XIV.
O aspecto mais importante da arquitetura
gótica, porém, é a abóbada de nervuras, que difere dispensaram paredes grossas para sustentar a estru-
muito da abóbada de arestas da arquitetura româ- tura. Em Saint-Denis, essa técnica foi usada na
nica, porque deixa visíveis os arcos ogivais que cabeceira da igreja (chevet, em francês).
formam sua estrutura. A consequência estética mais importante desse
A construção desse novo tipo de abóbada foi novo ponto de apoio da construção foi a substi-
possível devido ao arco ogival, diferente do arco tuição das sólidas paredes com janelas estreitas,
semicircular do estilo românico. O emprego desse do estilo românico, pela combinação de pequenas
arco permitiu a construção de igrejas mais altas. áreas de parede com grandes áreas preenchidas por
Além disso, o desenho das ogivas, que se alonga e vidros coloridos e trabalhados, chamados vitrais.
aponta para o alto, acentua a impressão de altura Há também muitos aspectos interessantes a
e verticalidade. serem observados na catedral de Notre-Dame de
Os pilares, chamados tecnicamente de “supor- Chartres, construída entre os séculos XII e XVI, na
tes de apoio”, foram outro recurso arquitetônico França. O portal principal, conhecido como Portal
do estilo gótico. Dispostos em espaços regulares, Régio, é considerado pelos historiadores da arte
como um dos mais belos conjuntos escultóricos
*Arco ogival: cruzamento de dois arcos iguais que se do mundo.
cortam superiormente. Como as demais construções góticas, o Portal
*Rosácea: vitral característico do estilo gótico cuja for- Régio é formado por três portais: um central e dois
ma se assemelha a uma flor. laterais. Diferentemente dos de Saint-Denis, os
três dão acesso à nave central da igreja.
4
4 Ensino Médio
Arte
ROBERT HOLMES/CORBIS
AKG-LATINSTOCK/RODEMANN
AKG-LATINSTOCK/JOSEPH MARTIN
Cada um desses portais apresenta um tímpano representações de reis e rainhas do Antigo Testa-
inteiramente preenchido por trabalhos de escultura, mento, requintadamente trabalhadas nos traços
que narram momentos diferentes da vida de Cristo. fisionômicos e nos drapeados das roupas.
O tímpano central apresenta um Cristo em majes- Se Chartres nos encanta pelo conjunto escultó-
tade cercado pelos símbolos que representam os rico do portal principal, a catedral de Notre-Dame
quatro evangelistas. O tímpano da esquerda mostra de Laon, construída entre 1155 e o final do século
a ascensão de Cristo ao céu após a ressurreição. No XII, impressiona-nos pela altura: são 22 metros do
da direita está Maria com o menino Jesus no colo. chão até o topo da abóbada.
As delicadas colunas que ladeiam cada porta O interior da catedral está dividido em qua-
atraem a atenção do visitante. Nelas observam-se tro níveis: a arcada principal, que separa a nave
Arte gótica 5
principal das naves laterais; a galeria; o trifório, Em 1160, iniciou-se a construção da catedral
estreito corredor com arcadas junto às paredes e de Notre-Dame de Paris, uma das maiores igre-
geralmente com três arcos em cada vão; e o cle- jas góticas do mundo, que introduziu um novo
restório. A claridade interna foi conseguida pelo recurso técnico: o arcobotante. A edificação possui
grande número de janelas colocadas em todos os 150,20 metros e suas principais abóbadas estão a
níveis, com exceção do trifório. 32,50 metros do chão.
MICHEL DUIJVESTIJN
DAVID SAILORS/CORBIS
DALE MUSSELMAN
CORALIE MERCIER
6
6 Ensino Médio
JOSÉ ANTONIO DOS SANTOS
Arte
Interior da catedral de Saint-
-Etienne de Bourges, na França:
coluna, arcos e vitrais. Na foto
menor, detalhe do vitral da
catedral.
STE.VOLAIR.FR/CENTRECHARTRAN
A Sainte-Chapelle
O gótico francês da segunda metade do século
XIII recebeu o nome rayonnant (radiante), por
causa do rendilhado das grandes rosáceas e das del-
gadas e delicadas colunas combinadas com amplas
áreas de vitrais.
O mais belo exemplo do estilo radiante é a
Sainte-Chapelle, construída entre 1243 e 1246, no
palácio real da corte de Luís IX, em Paris. O traba-
lho dos vitrais e a harmonia das colunas revestidas
de dourado conferem à arquitetura de Sainte-
-Chapelle semelhança aos trabalhos filigranados*
em metal e ao esmalte dos relicários* medievais.
8
8 Ensino Médio
Arte
■ Vitrais: a luz multicolorida das catedrais góticas
O s vitrais estão para as catedrais góticas bolha de vidro de forma cilíndrica. A seguir, cor-
assim como os mosaicos estão para as basílicas tava suas duas extremidades, como se tirasse uma
bizantinas. Porém, enquanto os mosaicos criam tampa de cada lado, obtendo assim um cilindro
um ambiente austero e solene, os vitrais, permi- oco. Depois cortava esse cilindro ainda quente em
tindo que a luz passe através de pequenos peda- sentido longitudinal e o achatava, até obter uma
ços de vidro de cores diversas, criam um ambien- placa. Cada placa, após resfriada, era recortada
te sereno e multicolorido. com uma ponta de diamante, segundo o desenho
A produção de um vitral era feita em várias previamente determinado para o vitral.
etapas. Primeiramente, derretia-se o vidro na for- Na etapa seguinte, o artesão pintava com
nalha e acrescentavam-se a ele produtos químicos tinta opaca preta os detalhes de uma figura – os
que o tornavam colorido e translúcido. Depois, fa- traços fisionômicos, por exemplo. Por fim, todas
ziam-se as placas de vidro, em geral, pelo método essas pequenas placas eram encaixadas umas
que produzia o chamado vidro antique: o artesão às outras por uma moldura metálica, chamada
acumulava uma pequena quantidade de vidro perfil de chumbo, e juntas formavam grandes
fundido na extremidade de um tubo e imediata- composições – os vitrais – que eram colocadas
mente começava a soprar por ele, até formar uma nas aberturas das paredes das catedrais.
JAMES L. AMOS/CORBIS
Trabalho de restauro
de vitral em Hoboken,
New Jersey, Estados
Unidos.
perfil
de chumbo
Arte gótica 9
■ Veja que interessante!
Catedral da Sé: ecos do estilo gótico
O estilo gótico das grandes catedrais medie-
PEDRO PRATS
As últimas manifestações da arquitetura gótica
No século XV, o estilo gótico deixou de ser
exclusivo dos edifícios religiosos e chegou às
residências, como o palácio conhecido como Ca’
d’Oro, construído por Matteo Reverti, entre 1422
e 1440, em Veneza, Itália.
O nome Ca’ d’oro significa “Casa de ouro”.
Trata-se de uma referência ao rico revestimento
dourado que ornamentava a fachada de pedra
branca no tempo de sua construção. Erguida sobre
o Grande Canal, cujas águas refletem as linhas da
fachada, a residência é considerada o mais belo
edifício gótico de Veneza.
Fachada do palácio Ca’ d’oro em Veneza (1422-1440).
10
10 Ensino Médio
Arte
■ Olho vivo!
Compare a seguir as ilustrações esquemáticas de uma catedral gótica e de uma catedral românica.
BANCO DE IMAGENS/ARQUIVO DA EDITORA
forro
pegão
arcobotante
rosácea pináculo
trifório
com
janela
contraforte
capela
lateral
tímpano
portal arco ogival
deambulatório capela
coro ou radiante capela
Esboço de catedral gótica. abside axial
BANCO DE IMAGENS/ARQUIVO DA EDITORA
abóbada de berço
fecho de pequena
torre
abóbada abside
capela
pilar do cruzamento
da nave principal
e do transepto
abóbada em meio berço
arcada
fachada
nave lateral
arquivolta portal escada
Arte gótica 11
Para construir a) A necessidade de luminosidade levou ao desenvol-
vimento de técnicas cada vez mais apuradas de sus-
1 (UFRN, adaptado) A catedral de Chartres, repro- tentação de grandes candelabros nas altas abóbadas, a
duzida na figura a seguir, é representativa da arquite- fim de garantir, com velas de cera, a luz no interior da
tura gótica, que predominou na Baixa Idade Média. construção, visto que a luz natural é escassa na maior
parte do ano nas regiões setentrionais da Europa.
VALDEMIR CUNHA/EDITORA ABRIL
AKG-LATINSTOCK/ERIK BOHR
Arte
igrejas?
Os arcos ogivais permitiram a construção de igrejas mais
altas. O desenho da ogiva, que se alonga e aponta para o alto,
acentua a sensação de altura e verticalidade.
■ Para praticar: 1 e 2
■ Para aprimorar: 1 a 3
■ A escultura
De modo geral, a escultura gótica estava asso-
ciada à arquitetura. Nos tímpanos dos portais,
nos umbrais ou no interior das grandes igrejas, os
trabalhos de escultura enriqueciam as construções
e documentavam, na pedra, os aspectos da vida
humana mais valorizados na época.
É interessante destacar, como exemplo, duas
esculturas que ornamentam igrejas alemãs: Cava-
leiro, que data de aproximadamente 1235 e está na Nobre Uta, catedral de Naumburg, Alemanha (esculpida
catedral de Bamberg, e Nobre Uta, esculpida após depois de 1249).
1249 e que está na catedral de Naumburg.
Arte gótica 13
Plasticamente, Cavaleiro revela vigor e equi- está em pé e segura o menino com o braço esquer-
líbrio na composição do volume do corpo do do, de modo a ter a mão direita livre, revelando
cavalo e do cavaleiro medieval. Do ponto de vista um aspecto de sugestiva naturalidade.
temático, a escultura revela a cultura da cavalaria
medieval, organização que estabeleceu uma nova
14
14 Ensino Médio
■ Os manuscritos ilustrados As cenas que ilustram o Saltério de Ingeborg
Arte
Do século XII até o século XV, a arte desen- representam ações como O massacre dos inocentes e
volveu-se também nos objetos preciosos – feitos a Fuga para o Egito. Nelas, o artista ilustrador revela
de marfim, ouro, prata e decorados com esmalte suas qualidades em vários aspectos: no drapeado
– e nos ricos manuscritos ilustrados. das vestimentas, no desenho da anatomia do corpo
Um exemplo de manuscrito medieval ilustrado humano e, sobretudo, na combinação do dourado e
é o Saltério de Ingeborg, que data de, aproximada- cores fortes, como o vermelho e o azul-escuro.
mente, 1195. Seu nome está relacionado a seu conte- Foi comum também nessa época a produção
údo – uma coletânea de salmos – e ao nome da prin- da chamada Bíblia moralizada, diferente das demais
cesa Ingeborg, da Dinamarca, para quem foi feito. por apresentar apenas passagens dos textos sagrados
Os manuscritos eram feitos em várias etapas e – e não o texto integral – acompanhadas de muitas
dependiam do trabalho de muitas pessoas. Primeiro, ilustrações. A Bíblia de Toledo é um exemplo. Em
era necessário curtir de modo especial a pele de geral, suas páginas estão divididas em quatro colu-
cordeiros ou vitelas. Essa pele curtida chamava-se nas, duas de texto e duas de ilustrações. Cada coluna
velino e tinha a mesma função que o papel tem hoje. de texto contém quatro parágrafos, sendo que a cada
Nas oficinas dos mosteiros ou nos ateliês de artistas um deles corresponde uma ilustração, limitada por
leigos, os trabalhadores cortavam as folhas de velino um círculo que lhe serve de moldura.
no tamanho em que seria o livro. A seguir, os copis- A observação dos manuscritos ilustrados per-
tas transcreviam textos sobre as páginas já cortadas. mite-nos chegar a duas conclusões: a primeira é a
Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços que seriam compreensão do caráter individualista que a arte da
preenchidos pelas ilustrações, cabeçalhos, títulos e ilustração ganhava, uma vez que era destinada aos
capitulares – letras maiúsculas com que se iniciava o poucos possuidores das obras copiadas; a segunda
texto – feitos por um artista. Esse trabalho decorati- é que os artistas ilustradores do período gótico
vo ficou conhecido com o nome de iluminura. tornaram-se tão habilidosos na representação do
espaço tridimensional e na composição de uma
cena que seus trabalhos acabaram influenciando as
MUSÉE CONDÉ, CHANTILLY, FRANCE/GIRAUDON/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY
Arte gótica 15
■ Enquanto isso...
Os manuscritos ilustrados no mundo árabe
A arte dos manuscritos ilustrados desenvol-
16
16 Ensino Médio
Para construir
Arte
MUSEU DO LOUVRE, PARIS
6 Destaque semelhanças e diferenças entre a
escultura greco-romana do período clássico e a
escultura gótica.
Tanto a escultura greco-romana quanto a escultura gótica
buscam a perfeição na representação do ser humano.
Uma das diferenças está em procurar retratar cenas com
naturalidade nas esculturas góticas e menos posadas, como
nas esculturas greco-romanas.
Outro pintor importante do período é Giotto os outros e abertos durante as celebrações reli-
di Bondone, conhecido como Giotto (c. 1266- giosas. De acordo com o número de painéis, o
-1337). Conta-se que nasceu e morreu em Florença, retábulo recebe um nome especial: com dois pai-
tendo passado a infância entre os campos e as ove- néis, chama-se díptico; com três, tríptico; quatro
lhas do pai. Ainda menino teria tido seus desenhos ou mais, políptico.
apreciados por Cimabue. Um políptico famoso é o Retábulo do cordeiro
A maior parte das obras de Giotto foi de místico, feito entre 1426 e 1432 pelos irmãos Van
afrescos que decoraram igrejas. Entre eles, A pré- Eyck, pintores flamengos, para a igreja de São
dica diante de Honório III, para a igreja de São Bavão, em Gand, na Bélgica. Nesse retábulo é pos-
Francisco, em Assis, e O juízo final, para a capela sível observar a influência da arte da ilustração dos
manuscritos: é evidente a intenção detalhista, por
dos Scrovegni, em Pádua.
exemplo, nas roupas das figuras, nos adornos das
A principal característica da pintura de Giotto
cabeças ou dos elementos da natureza. Ao mesmo
foi a representação da figura dos santos com a
tempo, nota-se também a superação do espírito da
aparência de pessoas comuns. Esses santos eram
miniatura. Os artistas abrem o universo da pintura
os elementos mais importantes das cenas pintadas para o mundo exterior e revelam os efeitos que as
e ocupavam sempre posição de destaque. Assim, diferentes distâncias e a própria atmosfera causam
em obras como o Retiro de São Joaquim entre os na percepção visual dos seres representados.
pastores ou Lamento ante Cristo morto, as figuras As conquistas realizadas por Jan van Eyck
humanas são maiores do que as árvores e quase se (c. 1390-1441) e seu irmão Hubert van Eyck (c. 1366-
igualam, em altura, às montanhas que compõem -1426) permitem afirmar que suas obras inaugura-
a paisagem. ram a fase renascentista da pintura flamenga.
Além dos grandes murais de Giotto, que Além do Retábulo do cordeiro místico, que
recobriam as paredes das igrejas, a pintura gótica começou a pintar com seu irmão, Jan van Eyck
foi expressa em quadros menores e nos retábulos. produziu obras célebres por causa do realismo e
Um retábulo consiste em dois, três, quatro ou da riqueza de detalhes. Entre elas estão O casal
mais painéis que podem ser fechados uns sobre Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.
18
18 Ensino Médio
IGREJA DE SÃO BAVÃO, GAND / AKG / LATINSTOCK
Arte
Quadro central do políptico Retábulo do cordeiro místico (1426-1432), dos irmãos Van Eyck. Dimensões: 135 cm x 236 cm. Catedral
de São Bavão, Gand (Bélgica).
NATIONAL GALLERY, LONDRES
Arte gótica 19
Realizado segundo os princípios de um evi-
Para construir
■ O divino e o humano
segundo Giotto 8 Descreva algumas características da pintura
Para compreender a concepção de Giotto gótica que podem ser observadas nas obras de
em relação aos santos, é preciso levar em conta Cimabue, Giotto e Van Eyck.
o cenário cultural do século XIII. Com o cresci- De modo geral, a busca do realismo na representação das
mento do comércio, deu-se o desenvolvimento figuras. Cimabue procura transmitir a sensação de movimento
das cidades. A sociedade tornou-se mais dinâ- pela postura dos corpos e do drapeado das vestes.
mica, ou seja, com relações mais complexas e Giotto aproxima a figura dos santos à de pessoas comuns,
menos rígidas que as existentes entre campo- representando-os de forma semelhante. Além disso, obtém
neses miseráveis e um senhor feudal detentor o efeito de profundidade pelo uso de planos distintos e pelas
do poder. Começava a surgir uma nova classe proporções da figuras. A pintura de Van Eyck é extremamente
social – a burguesia –, que acabou assumindo detalhista e já apresenta o trabalho de perspectiva.
o poder econômico e político das cidades.
Essa nova classe era composta de pessoas
do povo que foram acumulando fortunas 9 O período que se seguiu à Idade Média, o
com atividades ligadas ao comércio. Nesse Renascimento, seria marcado por uma nova visão
contexto, o homem passou a sentir-se mais de mundo: o Humanismo. Em sua obra, Giotto já
forte, capaz de grandes conquistas, e já não anuncia essa mudança. Explique como.
se identificava com as figuras dos santos das Isso se manifesta nas obras de Giotto pela representação dos
artes bizantina e românica, tão espirituali-
santos com características humanizadas e, ao mesmo tempo,
zados e de postura estática e rígida.
em posição de destaque em relação à natureza.
A pintura de Giotto vem, assim, ao en-
contro de uma visão que adquiria cada vez
mais força e que chegaria ao auge com o Re-
nascimento: a visão humanista do mundo.
20
20 Ensino Médio
10 Além dos grandes murais, a pintura gótica foi – a cama coberta de vermelho, símbolo da paixão;
Arte
feita também nos retábulos. O que é um retábulo? – o espelho que reflete toda a cena, os adornos (rosário
Um retábulo é formado por dois, três, quatro ou mais painéis pendurado, pequenas imagens, o vitral);
que podem ser fechados uns sobre os outros e abertos – o cãozinho, que quebra o formalismo e a solenidade
durante as celebrações religiosas. O nome varia de acordo da cena;
com o número de painéis: díptico, tríptico e políptico. – os sapatos (os dela, perto da cama; os dele, perto do
mundo fora de casa);
– o tapete oriental, cuidadosamente reproduzido.
Visite os sites
■ Abadia de Saint-Denis
Os esforços exigidos são tais que só sociedades http://architecture.relig.free.fr/denis.htm
em plena expansão econômica e politicamente (em francês). Acesso em: 6 nov. 2009.
estabilizadas puderam erguer, a partir de meados ■ Catedral de Chartres
do século XII, a floresta de catedrais góticas, com http://cathedrale.chartres.free.fr/
a consciência nova de que a humanidade do (em francês). Acesso em: 6 nov. 2009.
Ocidente tinha entrado numa época de progresso
■ Catedral de Notre-Dame de Paris
irreversível [...].
KURMANN, P. Catedrais. In: DUBY, G. (Coord.).
www.cathedraledeparis.com/FR/0.asp
História artística da Europa. A Idade Média. (em francês). Acesso em: 6 nov. 2009.
Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1998. p. 223.
■ O casal Arnolfini, de Jan van Eyck
a) Aponte as características e as causas da expansão http://paineis.org/Arnolfini.htm (em português)
econômica que impulsionaram o florescimento das e www.nationalgallery.org.uk/cgi-bin/
catedrais góticas. WebObjects.dll/CollectionPublisher.woa/wa/
b) Relacione os principais aspectos arquitetônicos das work?workNumber=NG186 (em inglês).
Acesso em: 6 nov. 2009.
catedrais góticas à religiosidade do período.
22
22 Ensino Médio
Referências bibliográficas
Arte
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Martins Fontes; Brasília: Ed. UnB, 1983. 1952.
■ BURNS, E. M. História da civilização ocidental. Porto ■ HAUSER, A. História social da literatura e da arte. São
Alegre: Globo, 1971. 2 v. Paulo: Mestre Jou, 1972. v. 1.
■ CABANNE, P. Dictionnaire des arts. Paris: Bordas, ■ HERTLING, L. Historia de la Iglesia. Barcelona: Herder,
1979. 1961.
■ CAVALCANTI, C. História das artes. Rio de Janeiro: ■ JANSON, H. W. Histoire de l’art. Paris: Cercle d’Art, 1970.
Civilização Brasileira, 1970. v. 2. ■ LOYN, H. R. (Org.). Dicionário da Idade Média. Rio de
■ CETTO, A. M. Miniatures du moyen âge. Suisse: Payot Janeiro: Zahar, 1991.
Lausanne, 1950. (“Orbis Pictus”, 8.) ■ PISCHEL, G. História universal da arte. São Paulo:
■ CLARK, K. Civilisation. Paris: Hermann et Vera Melhoramentos, 1966. v. 1-2.
Lounsbery, 1974. ■ SHAVER-CRANDELL, A. A Idade Média. Rio de
■ CROSBY, S. M. L’abbaye royale de Saint-Denis. Paris: Janeiro: Zahar, 1984. (Introdução à História da Arte da
Paul Hartmann, 1953. Universidade de Cambridge.)
■ ENCICLOPÉDIA dos Museus. São Paulo: Melhoramen- ■ TEIXEIRA, L. M. Dicionário ilustrado de belas artes.
tos, 1968. Lisboa: Presença, 1985.
■ GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de ■ VENTURI, L. Para compreender a pintura — de Giotto
Janeiro: LTC, [s.d.] a Chagal. Lisboa: Estúdios Cor, 1972.
Gabarito
A arte gótica
■ Para praticar, página 21 2. a) As catedrais góticas foram expressão de trans-
1. e formações e mudanças sociais e econômicas, tais
2. O século XII marcou o início de uma economia fo- como: ampliação das terras cultiváveis, inovações
cada no comércio. A cidade volta a ser o centro da técnicas, crescimento demográfico, estabelecimento
vida social e surge uma nova classe: a burguesia. A de uma economia mercantil e o desenvolvimento das
intensificação do comércio fortalece a Igreja e, poste- cidades.
riormente, os reis. Assim, a arte se desenvolve e aos b) A verticalidade e a monumentalidade desse tipo
poucos surgem mudanças que transformam comple- de edificação procuravam reforçar a submissão
tamente a arquitetura romana. dos fiéis a Deus e ao poder religioso. A leveza e o
3. Iluminura era a arte de decorar ou ornar um ma- jogo de luz interior, obtidos entre outros recursos
nuscrito, uma página ou letra capitular com desenhos, com o uso de vitrais, visavam a estimular a con-
arabescos, miniaturas e grafismos diversos. centração e a postura contemplativa dos fiéis. As
4. Atividade de observação. esculturas e adornos possuíam função pedagógica
5. Atividade de observação. para um conjunto de fiéis que, em sua maioria, não
sabia ler.
■Para aprimorar, página 21 3. Atividade de pesquisa.
1. Soma: 04 + 08 = 12 4. d
Arte gótica 23
ALUNO - 2137581
ARTE
O Renascimento
Graça Proença
ENSINO
MÉDIO
Gerência editorial
Mônica Vendramin Sumário
Edição
Aparecida Mazão (coordenação),
Bárbara Muneratti de Souza
O Renascimento
Assistência editorial
Solange A. de Almeida Francisco
1 O Renascimento na península Itálica, 3
Colaboração
Fabiana Manna da Silva
A arquitetura, 4
Revisão A pintura, 8
Hélia de Jesus Gonsaga (gerente), Kátia Scaff A pintura (continuação), 13
Marques (coordenação), Patrícia Travanca,
Rosângela Muricy A escultura, 17
Pesquisa iconográfica
Sílvio Kligin (coordenação), Caio Mazzilli, 2 O Renascimento fora da península Itálica, 23
Josiane Camacho Laurentino Dürer: a arte e a realidade, 24
Programação visual (miolo)
Kraft Design
Hans Holbein: a valorização do Humanismo, 24
Edição de arte
Bosch: a força da fantasia, 25
Margarete Gomes (supervisão), Rosimeire Tada, Bruegel: um retrato das pequenas aldeias do século XVI, 26
Amilton Ishikawa, Magali Prado
Editoração eletrônica
AGA Estúdio / lab 212
Capa
lab 212
Imagens de capa
Golden Sikorka / Sentavio / TarikVision / Shutterstock
Colaboraram para esta Edição
Cristiane Queiroz, Juliana Setem, Raquel Sanches,
Rosiane Botelho, Sergio Amstalden, Simone Savarego,
Talita Perazzo, Thiago Brentano, Valdete Reis e lab 212.
Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Proença, Graça
Sistema de ensino ser : artes : 1º ano :
aluno / Graça Proença. -- 3. ed. -- São Paulo :
Ática, 2017.
16-08225 CDD-700
3ª- edição
1ª- impressão
2016
Impressão e acabamento
Uma publicação
2 Ensino Médio
Veja, no Guia do Professor, quadro de competências e
1
habilidades desenvolvidas neste capítulo.
Capítulo
O Renascimento
Arte
na península Itálica
Chama-se Renascimento o movimento cultural desenvolvido na
Europa entre 1300 e 1650. Mais do que o simples reviver da cultura
clássica greco-romana, nesse período, ocorreram, no campo das
artes plásticas, da literatura e das ciências inúmeras realizações que
superaram essa herança. O ideal do Humanismo foi o móvel de tais
conquistas e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Num
sentido amplo, significou a valorização do ser humano e da natureza
em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam
Objetivos: tomado a cultura da Idade Média. O artista do Renascimento buscou
Caracterizar o Renascimento. expressar a racionalidade e a dignidade do ser humano.
Identificar as ideias
GALLERIE DELL’ ACCADEMIA, VENEZIA
norteadoras da arquitetura,
da escultura e da pintura
renascentistas.
Descobrir os principais
artistas do Renascimento
na península Itálica.
Reconhecer pontos em
comum entre os artistas
italianos renascentistas.
Estudo das proporções humanas feito por Leonardo da Vinci para o livro De
Architectura, de Marco Vitruvio Pollioni, 1492.
O Renascimento 3
■ A arquitetura de qualquer ponto em que se coloque.
Para compreender melhor as ideias que
orientaram as construções renascentistas, reto- Projeto de Pesquisa
memos rapidamente a linha evolutiva da arqui-
tetura religiosa. Acesse o Material Complementar disponível no Portal
No início, a basílica cristã imitava um templo e aprofunde-se no assunto.
grego e constituía-se apenas de um salão retan-
gular. Mais tarde, no período bizantino, a planta
Filippo Brunelleschi
das igrejas complicou-se num intrincado dese-
nho octogonal. A época românica, por sua vez, Filippo Brunelleschi (1375-1444) foi um dos
produziu templos com espaços mais organizados, arquitetos que primeiro projetaram edifícios que
ainda que bastante fechados. Já a arquitetura traduzem esse ideal renascentista. Exemplo de artis-
gótica buscou a verticalidade exagerada e criou ta completo do Renascimento, ele foi pintor, escul-
espaços imensos, com limites pouco claros para tor e arquiteto, além de dominar conhecimentos de
quem estivesse dentro deles. Matemática e geometria e ser grande conhecedor
No Renascimento, a preocupação dos cons- da poesia de Dante. Foi como construtor, porém,
trutores foi diferente. Era preciso criar espaços que realizou seus mais importantes trabalhos, entre
compreensíveis de todos os ângulos visuais, que eles a cúpula da catedral de Florença – conhecida
fossem resultantes de uma justa proporção entre também por igreja de Santa Maria del Fiore –, o
todas as partes do edifício. Hospital dos Inocentes e a capela Pazzi.
A principal característica da arquitetura do A construção da catedral iniciou-se em 1296,
Renascimento, portanto, foi a busca de uma ordem com Arnolfo di Cambio. Mais tarde, Giotto tam-
e de uma disciplina que superasse o ideal de infini- bém participou das obras. Em 1369, a catedral
tude do espaço das catedrais góticas. Na arquitetura estava concluída, mas o espaço que deveria ser
renascentista, o espaço ocupado pelo edifício baseia- ocupado por uma cúpula continuava aberto.
-se em relações matemáticas estabelecidas de modo Coube a Brunelleschi, em 1420, a tarefa de proje-
que o observador compreenda a lei que o organiza, tar a abóbada sobre esse espaço.
MCGILL UNIVERSITY
Catedral de Santa Maria del Fiore (1296-1436) e vista parcial da cidade de Florença. A construção da cúpula, projetada por
Brunelleschi, começou em 1420 e levou 14 anos para ser concluída.
4 Ensino Médio
BANCO DE IMAGENS/ARQUIVO DA EDITORA
MCGILL UNIVERSITY
Arte
Planta da catedral de Santa Maria del Fiore, Florença.
O Renascimento 5
MARY ANN SULLIVAN, SULLIVAN@BLUFFTON.EDU
AKG-LATINSTOCK/HENER HENE
Arte
1 O espírito humanista marcou o Renascimento. A capela proporciona uma clara percepção
Explique o que se entende por esse ideal e de que do espaço contido dentro de suas paredes [...].
forma ele influenciou a cultura do final da Idade A famosa fachada da capela Pazzi, que repousa,
Média e do início da Idade Moderna. esbelta e ágil, sobre seis colunas coríntias, é um
Contrapondo a valorização do sagrado e do sobrenatural modelo de elegância, de comedimento decora-
predominante na Idade Média, o ideal humanista privilegia o tivo e de sutil manipulação de espaços. Também
ser humano e a natureza. exemplifica o apreço, tão comum nos primeiros
tempos do Renascimento, pela clareza e pela sim-
plicidade, pela ordem e pela medida, na mente
e no corpo. O artista dividiu a fachada numa
série de quadrados relacionados entre si por
suas proporções geométricas. [...] Os quadrados
inferiores dessa área também são subdivididos
em quatro painéis. A lateral desses painéis é o
chamado número de ouro do edifício, ou seja, a
2 Que valores os artistas do Renascimento procu- unidade de medida em que se divide exatamente
raram expressar? qualquer outra parte dele [...].
Os renascentistas, incentivados pelo Humanismo, que buscava LETTS, Rosa Maria. O Renascimento.
Rio de Janeiro: Zahar, 1982. p. 48-9.
a valorização do ser humano e da natureza em oposição ao
divino e ao sobrenatural, procuraram expressar em suas obras
a racionalidade – ou seja, o rigor científico, experimentação e Com base na descrição da capela Pazzi, obra
observação da natureza –, e a dignidade do ser humano. arquitetônica de Filippo Brunelleschi, e nos conhe-
cimentos sobre o tema, considere as afirmativas
a seguir. a
I.Os elementos utilizados na descrição da capela
Pazzi (equilíbrio, harmonia e clareza) compõem as
representações culturais típicas da Europa renas-
centista.
II. A capela Pazzi, em Florença, é um exemplo típi-
co da arquitetura gótica, cuja forma era envolvida
3 Comente a principal característica da arquitetura por uma dimensão mais mítica do que racional.
religiosa do Renascimento, fazendo uma compara- III. Na arquitetura renascentista, o edifício ocupa
ção com a arquitetura gótica. o espaço baseando-se em relações matemáticas
A arquitetura gótica buscou uma verticalidade exagerada, estabelecidas de tal forma que o observador possa
criando espaços imensos, cujos limites não são claramente
compreender a lei que o organiza, de qualquer
ponto que se coloque.
visíveis. No Renascimento, era preciso criar espaços
IV. A harmonia renascentista na arquitetura, repre-
compreensíveis de todos os ângulos visuais, resultantes
sentada pela complexidade e rebuscamento das
de uma justa proporção entre todas as partes do edifício.
formas, objetivava suscitar emoções que fortale-
A principal característica da arquitetura renascentista,
cessem a religiosidade medieval.
portanto, foi a busca de uma ordem e disciplina que
Estão corretas apenas as afirmativas:
superassem o ideal de infinitude do espaço das catedrais
a) I e III. d) I, II e III.
góticas. b) II e IV. e) I, II e IV.
c) III e IV.
■ Para praticar: 1 a 3
■ Para aprimorar: 1
O Renascimento 7
■ A pintura e a atitude convincentemente humana das figuras
No final da Idade Média e no Renascimento, retratadas, leva-nos à constatação de que o ser
predomina a tendência a uma interpretação cientí- humano do século XV muda a concepção que pos-
fica do mundo. O resultado disso nas artes plásticas, sui de si próprio, do mundo e de Deus.
e, sobretudo, na pintura, são os estudos da perspec- O artista do Renascimento não vê mais o ser
tiva segundo princípios matemáticos e geométricos. humano como simples observador do mundo que
O uso da perspectiva conduziu a outro recurso, o expressa a grandeza de Deus, mas como a expres-
claro-escuro, que consiste em pintar algumas áreas são mais grandiosa do próprio Deus. O mundo é
iluminadas e outras na sombra. Esse jogo de con- pensado como uma realidade a ser compreendida
trastes reforça a sugestão de volume dos corpos. A cientificamente, e não apenas admirada.
combinação da perspectiva e do claro-escuro con-
tribuiu para conferir maior realismo às pinturas.
CAPPELLA BRANCACCI, SANTA MARIA DEL CARMINE, FLORENCE / THE BRIDGEMAN ART LIBRARY
Assim, a pintura do Renascimento confirma
três conquistas que os artistas do último período
gótico já haviam alcançado: a perspectiva, o uso do
claro-escuro e o realismo.
Outra característica da arte do Renascimen-
to, em especial da pintura, foi o surgimento de
um estilo pessoal. Durante a Idade Média, a pro-
dução artística era anônima, pois toda a arte era
resultado de ideias anteriormente estabelecidas
— seja pelo poder real, seja pelo poder eclesiástico
— às quais o artista deveria se submeter. Com o
Renascimento esse contexto se altera e confirma-
-se a existência do artista como o conceituamos
hoje: um criador individual e autônomo, que
expressa em suas obras seus sentimentos e ideias,
que cria de acordo com suas concepções.
Em decorrência disso, são muitos os nomes de
artistas que se fizeram conhecidos no Renascimento,
cada um com suas particularidades, como veremos
a seguir.
Arte
Anunciação (cerca de
1437), de Fra Angelico.
Dimensões: 323 cm x
233 cm. Museu de São
Marcos, Florença.
Battista Sforza (cerca de 1472), de Piero della Fran- Federico de Montefeltro (cerca de 1472), de Piero
cesca. Dimensões: 47 cm x 33 cm. Galeria Uffizi, della Francesca. Dimensões: 47 cm x 33 cm. Galeria
Florença. Uffizi, Florença.
10 Ensino Médio
Como pudemos ver por esses exemplos, em da casa de um dos membros da família Médici, de
Piero della Francesca a pintura não se destina a Florença, que podemos compreender melhor as
Arte
transmitir emoções, como alegria, tristeza, sensua- características de Botticelli.
lidade. Para ele, a pintura resulta da combinação A pintura representa aspectos do mundo pagão.
de figuras e do uso de áreas de luz e sombra. Seu Ao centro está a deusa Vênus e, acima dela, Cupido.
universo é representado de uma forma geométrica À esquerda de Vênus estão Zéfiro, o vento oeste na
e estática, o que pode ser observado também mitologia grega, e a ninfa Clóris – uma jovem com
em outras obras, como Batismo de Jesus e Nossa um ramo de flor na boca –, transformada em Flora,
Senhora com o menino e santos. Primavera. À direita de Vênus estão as Três Graças
e Mercúrio, o mensageiro dos deuses. Embora apa-
Botticelli: a linha que sugere ritmo e graça rentemente as figuras não tenham muita relação
Sandro Botticelli (1445-1510) é considerado entre si, o observador as percebe como um con-
o artista que melhor expressou, por meio do dese- junto. O que as une é o ritmo suave e a sugestiva
nho, um ritmo suave e gracioso nas figuras pinta- paisagem em tons escuros, que acentua a impressão
das. Os temas de seus quadros – inspirados tanto de relevo das figuras claras em primeiro plano.
na Antiguidade grega quanto na tradição cristã –
eram escolhidos segundo o potencial de expressar Acesse o Portal e o leia artigo sobre o esplendor da
Portal
pintura no Renascimento.
seu ideal de beleza. SESI EDUCAÇÃO
www.sesieducacao.com.br
Para Botticelli, a beleza estava associada ao
ideal cristão da graça divina. As figuras humanas de Para suas anotações:
seus quadros são belas porque manifestam a graça
divina e, ao mesmo tempo, melancólicas, porque
supõem que perderam esse dom.
Sua criação mais famosa, Nascimento de Vênus,
recupera um tema da Antiguidade pagã. Mas é na
obra A Primavera, feita para decorar uma parede
GALLERIA DEGLI UFFIZI, FLORENÇA
A Primavera (cerca de 1478), de Sandro Botticelli. Dimensões: 203 cm x 314 cm. Galeria Uffizi, Florença.
O Renascimento 11
Para construir 7 Releia o texto da página 8 e explique de que
forma o realismo se manifesta na pintura Madona
5 O que caracteriza a pintura renascentista? com o menino, de Masaccio.
A utilização da perspectiva, segundo os princípios
matemáticos e geométricos, e o uso do claro-escuro
Arte
Leonardo da Vinci: a busca do conhecimento
Uccello, na página 9 antes de responder às questões.
científico e da beleza artística
Leonardo da Vinci (1452-1519) nasceu na
Paolo di Dono era seu nome verdadeiro. Uccello cidade de Vinci, próximo a Florença. Era dotado
(‘pássaro’ em italiano) era devido ao seu amor pelos de um espírito versátil, que o tornou capaz de pes-
animais, que ele desenhava sem cessar. Na década quisar e trabalhar em diversos campos do conhe-
de 1430 ficou fascinado pela perspectiva e concen- cimento humano.
trou suas energias nesta disciplina que começava Aos 17 anos esteve em Florença e foi apren-
a surgir. Recebeu muitas encomendas de prestígio, diz no estúdio de Verrocchio (que também será
mas a obsessão pela perspectiva o levou a uma estudado neste capítulo), escultor e pintor já con-
velhice solitária e excêntrica. sagrado. Em 1482 foi para Milão, onde se interes-
CUMMING, Robert. Para entender a arte. Tradução: Isa Mara Lando. São
Paulo: Ática, 1996. p. 21. sou por questões de urbanismo, e fez um projeto
para a cidade: uma rede de canais e um sistema de
abastecimento de água e de esgotos; previu ruas
a) Comente os aspectos que mais lhe chamaram a alinhadas, praças e jardins públicos.
atenção. Por volta de 1500, dedicou-se aos estudos de
Resposta pessoal. É interessante que os alunos respondam perspectiva, óptica, proporções e anatomia. Nessa
a questão individualmente e por escrito. Em momento época produziu inúmeros desenhos acompanha-
posterior, comentem o que observaram. dos de anotações e os mais diversos estudos sobre
proporções de animais, movimentos, plantas de
edifícios e engenhos mecânicos.
Da Vinci manifestou grande interesse pela
anatomia humana e procurou reproduzir com
realismo o corpo humano. Ao vermos represen-
tações como Criança no útero, precisamos levar
b) Explique de que forma o pintor obtém o efeito da em conta os conhecimentos científicos da época.
perspectiva.
SHEILA TERRY / SCIENCE PHOTO LIBRARY
O Renascimento 13
Em relação à pintura, o artista produziu pouco:
Mona Lisa
Também conhecida como Gioconda, esta é
a mais famosa pintura de Da Vinci e também
a obra mais visitada do Museu do Louvre, em
Paris. Alguns visitantes, porém, se decepcio-
nam ao constatar que ela mede apenas 77 cm
de altura por 53 cm de largura. O que mais
chama a atenção é o sorriso misterioso da figura
feminina. Muitos se perguntam: ela está mesmo
sorrindo? Talvez Da Vinci quisesse provocar
essa dúvida. Mais do que isso, note o efeito
de profundidade e luminosidade obtido pelo
artista. Observe a impressão de profundidade
dada pelos contornos cada vez menos nítidos
das montanhas, à medida que se distanciam do
primeiro plano. A água também se torna menos
nítida, conforme se afasta do primeiro plano.
A paisagem de fundo, com traços e cores pouco
precisos, contrasta com a figura em primeiro
plano. Observe a fisionomia com traços bem
definidos, as mãos e o colo. Veja como a pele Mona Lisa (Gioconda), óleo sobre tela de Leonardo da Vinci.
reflete luminosidade em contraste às roupas
escuras. Todos esses aspectos mostram a capa- claridade na parte direita da cena em oposição à
cidade de Da Vinci como pintor. Ainda assim, o parte esquerda. Sua intenção com tais recursos foi
que intriga o observador é que, embora os traços integrar perfeitamente o mural ao refeitório, como
da figura sejam nítidos, os sentimentos expres- se a sala representada na pintura fosse uma con-
sos em seu rosto são imprecisos. tinuidade da sala real e a luz que ilumina a parte
direita da pintura viesse das janelas que havia à
Última ceia esquerda, no refeitório.
Feito para o refeitório do mosteiro de Santa
Maria delle Grazie, em Milão, esse afresco mural A Virgem dos rochedos
representa a última refeição de Jesus com os doze Da Vinci dominou com sabedoria e expres-
discípulos, no momento em que ele anuncia que sividade o jogo de luz e sombra, criando atmos-
será traído por um deles. Da Vinci mostra, por feras que partem da realidade, mas estimulam
meio do rosto e dos gestos, principalmente das a imaginação do observador. Exemplo disso é
mãos, a reação de cada apóstolo. Observe, na o quadro A Virgem dos rochedos, no qual um
página 15, a impressão de movimento da cena: é conjunto de rochas escuras faz fundo para o
como se todos se interrogassem, tivessem suspei- grupo formado por Maria, São João Batista,
tos ou quisessem afastar de si qualquer suspeita. Jesus e um anjo.
Compare o contraste entre a inquietação dos As figuras estão dispostas de maneira a for-
discípulos e a imobilidade de Jesus. Note ainda, mar uma pirâmide, cujo vértice é Maria. A dispo-
dois outros aspectos: primeiro, a impressão de sição geométrica das personagens, somada à luz
profundidade criada pelos detalhes no forro da que incide sobre o rosto de Maria em contraste às
sala e pelas janelas abertas ao fundo; segundo, a rochas escuras, faz dela o centro da obra.
14 Ensino Médio
HTTP://IMAGES.FBRTECH.COM
Arte
Última ceia, afresco mural de Leonardo da Vinci.
Da Vinci, porém, utilizou recursos que fazem atitude de adoração de São João, a mão de Maria
com que nossa atenção se volte para o menino Jesus, estendida sobre a cabeça do menino, a atitude pro-
o qual se torna a figura principal da composição: tetora do anjo, que o apoia. A sensação de profundi-
o envolvimento do corpo do menino na luz, pela dade do quadro é proporcionada pela luz que brilha
muito além da escuridão da superfície das pedras.
MUSEU DO LOUVRE,PARIS
Arte
Renascimento italiano (coluna A) com as caracte- destacam pela produção de obras que testemunham
rísticas gerais de suas obras (coluna B). a crença na dignidade do homem: Michelangelo
Coluna A e Verrocchio.
1. Sandro Boticcelli 3. Giovanni Boccaccio Inicialmente, Andrea del Verrocchio (1435-
2. Leonardo da Vinci 4. Michelangelo -1488) trabalhou em ourivesaria, o que acabou
Coluna B influenciando sua escultura. Observando algumas
( ) Escultor e pintor que realizou as obras Pietá de suas obras, encontramos detalhes decorados
e Davi, inspirando-se na escultura greco-romana. que lembram o preciosismo do trabalho de um
( ) Escritor que produziu Decameron em dialeto ourives. São exemplos os arreios do cavalo, no
italiano, obra na qual, com humor, faz uma crítica Monumento equestre a Colleoni, em Veneza, e os
ao clero e aos costumes da época. detalhes da túnica de Davi, em Florença.
( ) Pintor que, além de ter produzido o retrato Verrocchio foi, ainda, artista seguro na cria-
mais famoso da história da arte, notabilizou-se ção de volumes, considerado, na escultura, um
como gênio inventivo. precursor do jogo de luz e sombra, tão próprio da
( ) Pintor que, influenciado pela mitologia clás- pintura de seu discípulo Leonardo da Vinci.
sica, concebeu Nascimento de Vênus e Alegoria da Quando alguém observa atentamente a escultura
Primavera. que Verrocchio fez para o personagem bíblico Davi,
A numeração correta na coluna B, de cima para inevitavelmente a compara ao Davi de Michelangelo.
baixo, é: É interessante notar que as figuras humanas concebi-
a) 1 – 3 – 2 – 4. d) 4 – 3 – 1 – 2. das por Michelangelo e por Verrocchio para represen-
b) 2 – 4 – 3 – 1. e) 4 – 3 – 2 – 1. tar o jovem que, segundo a narração bíblica, derrota o
c) 3 – 1 – 2 – 4. Apesar de os alunos não terem estudado as gigante Golias, são extremamente diferentes.
obras de Giovanni Boccaccio diretamente, é possível chegar à
resposta por inferência e eliminação de alternativas. A escultura de Verrocchio é feita em bronze
11 (UFPE) Leonardo da Vinci (1452-1519) é um e retrata um adolescente ágil e elegante, em uma
representante do homem moderno renascentista. túnica enfeitada, reveladora do preciosismo de um
Empenhou-se em conhecer leis que regem a nature- ourives. A figura também transmite ao observador
za e em transformar conhecimento em técnica. Foi uma sensação de fragilidade.
um cientista e um artista. Sobre a arte renascentista, Já a escultura de mármore, de Michelangelo,
é correto afirmar que: apresenta-se como um desafio para quem a con-
1) a utilização da técnica de aquarela, na pintura, templa. Não se trata de um adolescente, e sim de
foi dominante em toda a Itália e proporcionou uma “um jovem adulto, com o corpo tenso e cheio de
melhor compreensão do mundo. energias controladas. Não é frágil como o Davi
2) foi valorizada pela burguesia; entretanto, não de Verrocchio, nem perfeito e elegante como o
adquiriu prestígio social. Antinuos* grego. A mão é colossal, mesmo na pro-
3) foram experimentados novos materiais, como porção da estátua. É a mão de um homem do povo,
a tinta a óleo, e a pintura sobre telas, em subs-
forte e acostumado ao trabalho. Já a cabeça exibe os
tituição à pintura mural, e a utilização de novas
traços mais reveladores. O Davi de Michelangelo
técnicas, como a perspectiva.
tem uma expressão desconhecida na escultura até
4) teve suas primeiras manifestações no norte da
então. Contém uma espécie de força interior que
Itália, com Giotto.
não aparece no humanismo idealizado dos gregos.
5) abordou temas como a dignidade, a individuali-
O Davi de Michelangelo é heroico. Possui um tipo
dade e a racionalidade do homem.
de consciência que surge com o Renascimento
Estão corretas apenas: d
em sua plenitude: a capacidade de enfrentar os
a) 1, 2 e 4. d) 3, 4 e 5.
b) 2, 3 e 5. e) 2, 3 e 4.
desafios da existência. Não é apenas contra Golias
c) 1, 4 e 5. *Antinuos: jovem grego que viveu no século II, notá-
■ Para praticar: 5 e 6 vel por sua beleza e representação em inúmeras es-
■ Para aprimorar: 3 culturas.
O Renascimento 17
ARTE IMMAGINI SRL/CORBIS
MUSEO NAZIONALE DEL BARGELLO, FIRENZE / AKG-LATINSTOCK
Davi (cerca de 1476), de Verrocchio. Altura: 126 cm. Bargello, Davi (1501-1504), de Michelangelo. Altura: 410 cm.
Florença. Museu da Academia, Florença.
18 Ensino Médio
Para construir
Arte
12 (UFSM-RS) Davi, de Michelangelo, é expres-
são do(a): a
a) junção da tradição bíblica com a herança greco-
-romana.
b) repúdio renascentista em relação às figuras da Bíblia.
c) visão teocêntrica dos humanistas racionalistas.
d) crise da cultura antropocêntrica e naturalista.
e) desconhecimento da arte clássica.
O Renascimento 19
Para praticar
Arte
O ‘Davi’ de Miche- (01) Na inspiração artística da Renascença, os motivos reli-
langelo tem uma expres- giosos constituíram uma exceção. No conjunto das obras
são desconhecida na do período, este foi o caso de Velázquez e Rembrandt.
escultura até então. [...] (02) A arte renascentista preocupou-se com o homem
O ‘Davi’ de Michelangelo e, tecnicamente, com o jogo de cores, luzes e sombras,
é heroico. Possui um tipo perspectiva e movimento.
de consciência que surge (04) Os princípios do racionalismo e do humanismo
com o Renascimento [...]: tiveram origem na teologia medieval, que defendia a
a capacidade de enfrentar os desafios da existência. independência da razão frente ao mundo espiritual.
ARAÚJO, Olívio. In: GRAÇA PROENÇA. História da Arte.
São Paulo: Ática, 2001. p. 91. (08) O homem do Renascimento considerava-se inseri-
do em um “tempo novo”, que expressava a concepção
A consciência expressa pelo Davi de Michelangelo de mundo de uma sociedade marcada pelo desenvolvi-
relaciona-se com: mento da economia mercantil.
a) a expansão europeia pela América, África e Ásia e a (16) O Renascimento artístico optou pelo gradual aban-
implantação do sistema de livre comércio. dono dos valores e formas da Antiguidade Clássica que
b) a crise da Igreja de Roma devido à imoralidade do haviam sido resgatados durante a Idade Média.
clero e à afirmação da dimensão sagrada do homem. (32) As Grandes Navegações, ao abrirem novos mun-
c) os novos valores referentes à afirmação da excelên- dos à exploração dos europeus, contribuíram para o
cia humana, bem como com as realizações materiais da questionamento de valores filosóficos e culturais na
nascente burguesia comercial. Época Moderna.
d) a crise do Estado Absolutista e com o surgimento do Soma:
Estado Liberal e a preocupação deste com a felicidade
humana. 3 (ESPM-SP) Leia:
e) as novas descobertas e invenções científicas e tec-
nológicas, assim como com o final de disputas bélicas Algumas cidades reinventam-se continuamente
entre os Estados europeus. com o passar dos séculos, alterando seu estilo arquite-
tônico, seu governo, religião e às vezes até mesmo
o próprio nome. Outras cidades permanecem eter-
Para aprimorar namente enraizadas na própria história, cultura e
crenças de uma única era. Nenhuma cidade é fiel a
1 (Fuvest-SP) Já se observou que, enquanto a arqui- um ponto da história com tanta tenacidade quanto
tetura medieval prega a humildade cristã, a arquite- Florença, localizada nos montes toscanos da penínsu-
tura clássica e a do Renascimento proclamam a la Itálica. Florença permanece eternamente a cidade
dignidade do homem. Sobre esse contraste pode-se da Renascença, a cidade de Bernini e Michelangelo.
afirmar que: No auge, quando era cidade de atividade bancária
a) corresponde, em termos de visão de mundo, ao que em 1422, cerca de setenta e dois bancos internacio-
se conhece como teocentrismo e antropocentrismo. nais operavam em Florença. Entre as famílias que
b) aparece no conjunto das artes plásticas, mas não nas concediam empréstimos por lá, nenhuma adquiriu
demais atividades culturais e religiosas decorrentes do uma reputação tão suprema como uma que, além do
humanismo. dinheiro ganho em operações bancárias, obteve poder
c) surge também em todas as demais atividades artísti- na política e glória por seu patronato nas artes.
cas, exprimindo as mudanças culturais promovidas pela WEATHERFORD, Jack. A história do dinheiro.
Rio de Janeiro: Campus, 2005.
escolástica.
d) corresponde a uma mudança de estilo na arquitetura,
sem que a arte medieval como um todo tenha sido aban- O patronato nas artes, em Florença, citado no texto
donada no Renascimento. deve ser relacionado com a família:
e) foi insuficiente para quebrar a continuidade existente a) Sforza. c) Médici. e) Gonzaga.
entre a arquitetura medieval e a renascentista. b) Visconti. d) Bórgia.
O Renascimento 21
4 (UEG-GO) Os padrões estéticos, longe de serem II. A figura 2 representa um padrão estético femi-
absolutos, são determinados por circunstâncias nino da sociedade capitalista contemporânea, onde
históricas específicas. Compare os padrões estéti- o corpo esbelto é continuamente exposto na mídia,
cos femininos das figuras apresentadas e julgue a tornando-se um modelo de beleza e um critério de
validade das proposições a seguir. aceitação social.
III. No Renascimento, as representações do corpo
LEONARDO DA VINCI/GALLERIA DEGLI UFFIZI, FLORENÇA
Vasari comenta:
2
e habilidades desenvolvidas neste capítulo.
Capítulo
O Renascimento
Arte
fora da península
Itálica
Com o tempo, as concepções estéticas de valorização da cultura
greco-romana ultrapassaram as fronteiras da península Itálica e
chegaram a outras regiões da Europa. Foi comum nesses locais o
conflito entre as formas artísticas nacionais e as novas tendências,
vindas de fora. Mas esse conflito acabou se resolvendo com a
Objetivos: nacionalização dessas novas ideias.
Caracterizar o Renascimento
que se manifestou fora da
GRAPHISCHE SAMMULUNG ALBERTINA, VIENA
península Itálica.
Identificar as ideias
norteadoras da pintura
renascentista dos alemães e
dos flamengos.
Descobrir os principais
artistas do Renascimento
da Alemanha e dos Países
Baixos.
O Renascimento 23
Entre as artes plásticas, foi a pintura que, Dürer tornou-se famoso pelos vários retratos
fora da península Itálica, melhor refletiu a nacio- que fez de si mesmo, do pai e de personalidades
nalização do espírito humanista próprio do da época. Diferentemente de outros artistas – que
Renascimento. No século XV, ainda eram con- admiravam a geometria e utilizaram as figuras
servadas, na pintura germânica e da dos Países geométricas como suporte para o desenho da
Baixos, por exemplo, as características do estilo figura humana –, buscou também os traços psico-
gótico. Mas alguns artistas, como Dürer, Hans lógicos do retratado, o que deu certa inquietação
Holbein, Bosch e Bruegel, fizeram uma espécie de a sua arte.
conciliação entre o gótico e a nova pintura italia- O artista valorizou, ainda, a observação da
na, que resultava de uma interpretação científica natureza e a reproduziu fielmente em muitos de
da realidade. seus trabalhos. Para reproduzir a figura de um ani-
mal como Dürer o fez, é necessário tanto dominar
a arte do desenho e da pintura como ser dotado de
■ Dürer: a arte e a realidade grande capacidade de observação.
Albrecht Dürer (1471-1528) foi o primeiro
artista germânico a conceber a arte como uma
Arte
cia tranquila e procurando expressar um dos ideais lo inconfundível. Sua pintura é rica em símbolos da
renascentistas de beleza: a dignidade humana. astrologia, da alquimia e da magia conhecidas no
final da Idade Média. Nem todos os elementos de
MUSEU DO LOUVRE, PARIS
O jardim das delícias (cerca de 1500), de Hieronymus Bosch. O painel da esquerda é denominado Paraíso terrestre, o do centro,
Jardim das delícias, e o da direita, O inferno musical.
O Renascimento 25
No painel da esquerda, chamado Paraíso ■ Bruegel: um retrato das pequenas
terrestre, o artista retrata a criação de Adão e aldeias do século XVI
Eva, tendo como cenário uma paisagem exóti- Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569), viveu nas
ca e nada parecida com a imagem do paraíso grandes cidades da próspera Flandres (localizada
descrita na Bíblia. O painel central é o próprio na região da atual Bélgica), já sob a influência dos
Jardim das delícias, no qual estranhos persona- ideais renascentistas. Apesar disso, ele retratou em
gens, frutos e aves, peixes e outros animais pare- suas obras a realidade das pequenas aldeias que
cem realizar um movimento delirante. No pai- ainda conservavam a cultura medieval. São exemplos
nel da direita, O inferno musical, Bosch cria um dessa temática: Caçadores da neve, Banquete nupcial,
clima complexo e terrível. Misturando formas Dança campestre e Jogos infantis.
humanas, animais, vegetais e minerais, em meio Jogos infantis, reproduzida a seguir, representa 84
a tons sombrios e soturnos, procura descrever o brincadeiras de crianças. Dois fatos destacam-se nessa
pesadelo daqueles que viviam aterrorizados pelo obra. Em primeiro lugar, a composição com grande
medo do inferno. número de figuras, técnica que o artista dominava
com segurança. Em segundo, a atitude das crianças:
elas não parecem estar brincando por prazer, mas sim
MUSEU DO PRADO, MADRI.
Projeto de Pesquisa
Jogos infantis (1560), óleo sobre tela de Pieter Bruegel. Dimensões: 118 cm x 161 cm.
26 Ensino Médio
■ Enquanto isso...
Arte
O Renascimento encontra a cultura árabe
Durante o reinado de Carlos de Habsburgo
O Renascimento 27
■ Veja que interessante!
Escher, século XX – Alhambra, século XIV
Ao olhar as cerâmicas que revestem muitas sentações, aparentemente infinitas, de poucas
paredes dos palácios de Alhambra, com imagens figuras ou até de uma única figura.
que se repetem ou obedecem a uma gradação de Para melhor entender o trabalho do artista,
tamanho, o observador pode descobrir novas e é interessante ler esse trecho de uma carta que
surpreendentes formas e figuras. ele enviou ao sobrinho Rudolf Escher, em 1944:
A cerâmica de Alhambra que aqui aparece “Em primeiro lugar, minha obra está estreita-
pode ser vista como uma das fontes dos estudos mente relacionada à divisão regular do plano.
e obras de um dos mais famosos artistas gráfi- Todas as imagens dos últimos anos provêm dis-
cos do século XX, o holandês Maurits Cornelis so, do princípio das figuras congruentes, que,
Escher (1898-1972). Escher explorou as possibi- sem deixar nenhum ‘espaço aberto’, preenchem
lidades de transformação de uma forma em ou- sem fim o plano, ou, ao menos, fazem isso de
tra, tornando-se muito popular por suas repre- maneira ilimitada”.
WULF FORRESTER-BARKER
28 Ensino Médio
Para construir é infinito’. Com este quadro, Bruegel teve a intenção
de entreter e instruir. Fez isso com admirável sucesso,
Arte
1 Existiu um conflito entre a arte nacional dos paí- criando uma janela para o mundo, tanto no sentido
ses europeus de fora da península Itálica e as ten- visual quanto moral. A obra de Bruegel resistiu ao
dências de valorização da cultura greco-romana na tempo porque cada geração tem a sensação de que
península Itálica. Como esse conflito se resolveu? ela se refere às questões do seu próprio tempo.
CUMMING, Robert. Para entender a arte.
As tendências da valorização da cultura greco-romana Tradução: Isa Mara Lando. São Paulo: Ática, 1996.
acabaram influenciando toda a Europa, além dos limites da
península Itálica. Assim, os países assimilaram essas novas
Observe o detalhe da pintura Provérbios flamengos
concepções estéticas, mas integrando-as à arte nacional.
(1559), Pieter Bruegel. Repare no alto, à esquerda,
no casal se beijando sob a figura de uma vassoura.
Naquela época, morar junto sem estar oficialmente
casado era um estado de pecado. Dizia-se que o
casal “vivia debaixo da vassoura”.
Arte
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Gabarito
Capítulo 1 – O Renascimento na península itálica 6. Resposta de acordo com a pesquisa.
■ Para praticar, página 20
7. c
1. d ■ Para aprimorar, página 21
2. Tanto o interior quanto o exterior da capela apresen- 1. a
tam formas geométricas harmônicas e simétricas. 2. Soma: 02 + 08 + 32 = 42
3. e 3. c
4. a) O período se chama Renascimento ou Renas- 4. c
cença. 5. A resposta é pessoal, mas o texto deve conter os
b) A iluminura, arte característica da Idade Média, não seguintes pontos: a passagem da Idade Média para
adota os princípios de perspectiva, profundidade e a Moderna, os valores renascentistas de racionalis-
tridimensionalidade presentes na pintura do Renasci- mo, experimentação, observação, individualismo e
mento, em razão da ausência da valorização da ciên- valorização do homem. Além disso, deve-se discorrer
cia na cultura medieval marcada pelo teocentrismo. sobre o conceito de antropocentrismo, as caracterís-
5. Brunelleschi e Leonardo da Vinci tinham em co- ticas da arte renascentista e relacionar as mudanças
mum o fato de serem artistas de múltiplos interesses. renascentistas ao desenvolvimento da burguesia.
O primeiro foi pintor, escultor e arquiteto, e dominou
conhecimentos de matemática e geometria. Da Vinci
foi escultor, pintor, urbanista e dedicou-se a estudos Capítulo 2 – O Renascimento fora da península
de anatomia, óptica, mecânica, etc. Tais característi- itálica
cas expressam a valorização do conhecimento cientí- ■ Para praticar, página 30