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História da Psicologia

Licenciatura em Psicologia
1º ano – 1º semestre

Raíssa Santos (PhD)


O contributo de Bergson
Henri Bergson (1859-1941)

• Filósofo e diplomata francês, ganhou o Nobel de


Literatura em 1927;

• Procurou construir uma "metafísica positiva" e fazer da


filosofia uma ciência baseada na intuição, como um método,
cujos resultados viriam da experiência e seriam tão rigorosos
quanto as ciências baseadas na inteligência, como a
matemática;

• A sua filosofia é uma crítica às formas de determinismo e


“coisificação” do homem. Em outras palavras, a sua pesquisa
filosófica é uma afirmação da liberdade humana frente às
vertentes científicas e filosóficas que querem reduzir a
dimensão espiritual do homem a leis previsíveis e
manipuláveis, análogas às leis naturais, biológicas.
• https://www.youtube.com/watch?v=uahRgMK_iSs
O Intuicionismo

• Bergson chama "intuição" à apreensão imediata da realidade. Em outras


palavras, é a realidade sentida e compreendida absolutamente de modo
direto, sem utilizar as ferramentas lógicas do entendimento: a análise e
a tradução.

• A intuição é uma forma de conhecimento que penetra no interior do objeto


de modo imediato, isto é, sem o ato de analisar e traduzir. A análise é o
recorte da realidade, mediação entre sujeito e objeto. A tradução é a
composição de símbolos linguísticos ou numéricos que, analogamente à
primeira, também servem de mediadores. Ambas são meios falhados e
artificiais de acesso à realidade. Somente a intuição pode garantir uma
coincidência imediata com o real sem o uso de símbolos nem de
repartições analíticas.

• A intuição pode ser entendida, portanto, como uma experiência metafísica.


• “Durée” (duração) é o correr do tempo uno e interpenetrado, isto
é, os momentos temporais somados uns aos outros formando um
todo indivísivel e coeso. Oposto ao
tempo físico ou sucessão divisível que é passível de ser calculado
e analisado pela ciência, o tempo vivido é incompreensível para
a inteligência lógica por ser qualitativo, enquanto o tempo físico
é quantitativo.

• Tudo o que pertence à faculdade espacial, isto é, à


variável t das leis da física e da mecânica clássica, é suscetível
de ser repetida, decomposta e traduzida pela lógica científica,
como, por exemplo, a medição do tempo por um relógio. Esse
tempo físico, comummente confundido com o espaço, não
corresponde ao tempo real experimentado pelo espírito.
• O tempo vivido (ou duração interna ou simplesmente
consciência) é o passado vivo no presente e aberto
ao futuro no espírito que compreende o real de modo
imediato. É um tempo completamente indivisível por ser
qualitativo e não quantitativo como o fator t.

• A duração, não sendo compreendida por meio da


inteligência técnica, também não pode, por consequência,
ser entendida como sucessão linear de intervalos, pois ela é
justamente o oposto disso, é um contínuo, dado que não há
como justapor ou analisar o tempo vivido qualitativo.
• Bergson foi o expoente da linha de filosofia intuicionista, assim
chamada porque afirma constituir o verdadeiro conhecimento não
nos conceitos abstratos, do inteleto racional, mas na apreensão
imediata, na intuição, como é evidenciado pela experiência
interior.

• A própria noção de intuição, e a perda de um cariz científico no


pensamento, levou a que Bergson caísse em descrédito.

• Acusado de espiritualismo, segundo pensadores sonantes, bem


como também acusado de panteísmo pelo Vaticano (doutrina
filosófica que defende que tudo é Deus, considerando a Natureza
e o Universo divinos).
• A própria psicologia experimental desenvolveu-se como uma
ciência independente, graças ao reconhecimento de que o
estudo científico dos processos sensoriais poderia permitir
uma melhor compreensão da mente (comportamento)
humana.

• No século XIX, a Psicologia começou a separar-se da


Filosofia para se tornar uma ciência autónoma. Outras
ciências como a Astronomia, a Física, a Química, a Biologia e
a Fisiologia, já tinham conquistado autonomia à medida que
conseguiram introduzir a quantificação e a mensuração.

• Entretanto, a Física e a Fisiologia contribuíram para que a


Psicologia encontrasse gradualmente o seu caminho de
experiência, de quantificação e mensuração.
A Frenologia

• https://www.youtube.com/watch?v=pR9x3KVmE4
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A Frenologia
Franz Gall (1758-1828)

• Médico alemão, desenvolveu a ideia de que as faculdades mentais


seriam baseadas no desenvolvimento do córtex;
• Criou a frenologia (que considerou como ciência), uma doutrina que
afirma que o contorno do crânio é determinado pelo desenvolvimento
do cérebro, logo, é indicativo das capacidades mentais e do caráter
(personalidade) do indivíduo;
• Criou o mapa do cérebro considerando que as faculdades superiores
teriam correspondência em áreas corticais específicas (apalpação);
• O cérebro era o órgão do pensamento e as faculdades mentais
estavam localizadas em áreas específicas da superfície cerebral
(órgãos ou centros).
A Frenologia

Cesare Lombroso (1835-1909)

• Cirurgião e psiquiatra italiano, utilizou a frenologia na criminologia,


afirmando que o homem criminoso teria certos traços particulares que
diferiam conforme o crime;
• Fez corresponder a caraterísticas físicas caraterísticas psicológicas;
• Atavismo: os criminosos poderiam transmitir à sua descendência
essas caraterísticas;
• Defendia a hereditariedade como determinante da criminalidade,
sendo possível identificar o criminoso pelas caraterísticas físicas.
A Fisiologia

Hermann von Helmholtz (1821-1894)

• Médico e físico alemão, investigou a transmissão nervosa, a visão da


cor, a audição e a perceção espacial;
• Considerava que os processos que estavam por trás das funções
mentais eram materiais e podiam ser investigados
experimentalmente;
• Aquando do estudo da visão das cores, distinguiu sensação de
perceção, respetivamente como estímulo, o que está fora, impressão
(provocado pelos nossos orgãos sensoriais) e processo (ao nível
mental de descodificação das impressões sensoriais) - desenvolveu a
teoria da visão cromática ou Teoria Young-Helmoltz.
A Fisiologia

• Considerava que a mente tenderia a interpretar as sensações


(percecionar) por meio de tentativa e erro, que seria uma
aprendizagem.
• Considerou que todo o conhecimento é resultado da interpretação
mental da experiência sensorial.
• Dava ênfase ao tratamento mecanicista e determinista, afirmando que
os órgãos sensoriais funcionavam como máquinas - interessava-se
apenas pela medida e não pelo significado psicológico.
O Evolucionismo

Charles Darwin (1809-1882)

• Naturalista, geólogo e biólogo britânico;

• Conhecido pelos princípios da sua teoria da seleção natural:


– há na natureza uma competição pela sobrevivência que premeia
os indivíduos melhor adaptados ao ambiente em que vivem;
– carateres corporais e comportamentais adquiridos por mutações
aleatórias, e que podem ser adaptativamente vantajosos ou
desvantajosos para os seus portadores;
– são repassados por herança em prole dos indivíduos que
conseguirem crescer e procriar.
O Evolucionismo
• O seu livro de 1859, A Origem das Espécies, causou espanto na
sociedade e comunidade científica da época, mas conseguiu grande
aceitação nas décadas seguintes. Consagrada a publicação, a teoria
evolutiva darwiniana determinou drasticamente o cenário da ciências
biológicas, tornando-se a explicação dominante sobre o porquê da
diversidade natural do planeta.

• “A descendência do homem”: a diferença mental entre o homem e os


animais superiores, por maior que seja, certamente é de grau, e não
de tipo”, e que as mais altas emoções e faculdades humanas podem
ser encontradas em forma incipiente em animais inferiores.

• A partir deste princípio, a mente passou a ser encarada como uma


função adaptativa que se distribui num contínuo, que vai do
supostamente menos complexo nos animais ao supostamente mais
complexo nos humanos.
Exercício

Leitura do texto 1 e resposta às seguintes questões que se encontram no


final

• 4
• 6
• 9
• 12
• 14

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