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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Psicologia

Anna Cunha de Oliveira - RGM: 24850756

Jéssica Daniela da Silva Vargas - RGM: 23539062

Melryan Evany Carvalho dos Santos - RGM: 23798793

Sthephany Layara Gomes Almeida Silva - RGM: 23424800

UMA ANÁLISE DO FILME "O PREÇO DO AMANHÃ" PELA


PSICOLOGIA EXISTENCIAL-FENOMENOLÓGICA.

São Paulo

2023
Anna Cunha de Oliveira - RGM: 24850756

Jéssica Daniela da Silva Vargas - RGM: 23539062

Melryan Evany Carvalho dos Santos - RGM: 23798793

Sthephany Layara Gomes Almeida Silva - RGM: 23424800

UMA ANÁLISE DO FILME "O PREÇO DO AMANHÃ" PELA


PSICOLOGIA EXISTENCIAL-FENOMENOLÓGICA.

Trabalho acadêmico apresentado ao curso de


Psicologia no Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde da Universidade Cruzeiro do Sul como
exigência para a disciplina Psicoterapias Abordagem
Fenomenológica, ministrado pelo Prof. Daniel
Franção Stanchi.

São Paulo

2023
1.INTRODUÇÃO

O enfoque de pensar no tempo para que se chegasse a uma verdade absolutista


sobre seu significado trouxe milênios de discussão e dificuldade nessa ação. Na
filosofia, o tempo já foi definido desde ser apenas uma medida de movimento
como algo eterno, contrário a sua própria natureza explicativa (ALVIM &
DUARTE, PEREIRA, s.d)

No final do século XIX, foi voltada uma concentração de esforços para essa
vertente a fim de compreender o tempo, e mais ainda no século XX. Entre os mais
relevantes filósofos, esteve o alemão Martin Heidegger (ALVIM & DUARTE,
PEREIRA, s.d)

O tempo agora, quando olho para o relógio: O que é este


agora? Agora quando o faço; agora, quando aqui a luz se
apaga. O que é o agora? Disponho do agora? Sou eu o
agora? Cada uma das outras pessoas é o agora? Então o
tempo seria eu mesmo, e todo outro ser seria o tempo
(HEIDEGGER,1924)

Martin Heidegger critica o modelo tradicional da ideia de tempo ocidental,


fortemente definido por Aristóteles, que pela sua perspectiva, o tempo era
concebido somente como medida do movimento. Essa explicação submete o
tempo ao espaço, pois movimento é um elemento espacial. (ALVIM & DUARTE,
PEREIRA, s.d)

A medida do tempo torna-se subjetiva quando cada um à pode


compreender de forma diferente, de acordo com as situações. O Homem, por conta
de seu estado mortal, é acometido pelo tempo de uma maneira diferente da do
espaço. Este é irreversível, o que pode despertar angústia pelo fim inevitável.
(INNOCÊNCIO, GABRIELA & CHIAPETTI, THIAGO, 2020)

O tempo, de acordo o filósofo, é a passagem que cria o existir do próprio


homem, não o espaço pelo qual as coisas acontecem. Ao pensar o tempo a partir
dele mesmo, Heidegger afirma que ele é a nossa própria passagem no decorrer da
nossa existência da vida humana, onde se entende que o ser e o tempo estão
indissociáveis. Heidegger entende que o tempo é ordenado pelo ser humano e que
lidar com a finitude da vida é o fator fomentador da angústia, que é capaz de
conduzir o ser humano no caminho entre a impessoalidade e o tornar-se si mesmo.
(INNOCÊNCIO, GABRIELA & CHIAPETTI, THIAGO, 2020)
2. ANÁLISE DO FILME

O filme "o preço do amanhã" retrata uma sociedade em que todos param de
envelhecer quando atingem 25 anos, e a partir desse momento recebem um relógio
no braço esquerdo mostrando quanto tempo lhes restam. No momento em que
recebem o relógio, ganham um ano de vida, e a partir disso tem que trabalhar para
conseguir mais tempo. Nesse contexto, o tempo é a moeda utilizada para tudo,
podendo lhes custar segundos, minutos, horas e até anos de sua vida, para tudo que
precisarem comprar, ou seja, tempo é dinheiro.

Enquanto os mais ricos têm séculos para gastar, os mais pobres lutam dia
após dia para sobreviver, e é comum ver pessoas morrendo diariamente nas zonas
de tempo mais pobres. Cada zona de tempo serve para separar as pessoas que têm
mais ou menos tempo, ou seja, uma divisão de classes, em que só pode passar para
outra zona se tiver tempo o suficiente.

O protagonista do filme, Will Salas, vive em uma constante luta para


conseguir tempo o suficiente para o próximo dia, até que conhece um milionário.
Este milionário, ao conversar com ele, diz sobre como o tempo que tem lhe
fornece imortalidade, mas que a vida deixou de ter sentido. Isto remete a teoria de
Heidegger, em que somos seres-para-a-morte, e o que dá sentido a vida é a finitude
dela. Enquanto o protagonista dormia, o milionário lhe deu o século que ele
possuía, se dirigindo a uma ponte para aguardar pela sua morte, enquanto o tempo
restante se esgotava.

Mesmo possuindo tanto tempo, Will Salas se depara com a morte de sua
mãe, que teve seu tempo esgotado e morre em seus braços, incapaz de tê-la
ajudado a tempo. A partir deste momento, Will avança às zonas de tempo e
conhece Sylvia Weis, com quem irá lutar para que todos da periferia tenham tempo
o suficiente, já que os ricos tem tanto que nem sabem o que fazer, se tornando
incapaz de viver. Há um paradoxo com relação à vida daqueles que possuem
tempo demais, pois a angústia, algo inerente do ser e o que nos faz viver dia após
dia, não está presente de forma usual. A angústia da vida nos dá esperança de que
a cada dia nós tenhamos novas oportunidades de mudança, e devemos fazer tudo
que está ao nosso alcance sabendo que o que nos espera é a morte. Com a morte
fora de perspectiva, pelo que se deve lutar ou viver é a grande questão.

Este filme possibilita a análise a partir da filosofia de Heidegger, pensando


no conceito de Dasein, o ser-aí, e também a angústia sobre a vida e a finitude.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O filósofo alemão Martin Heidegger é um dos pensadores mais influentes do


século XX, com obras que trouxeram reflexão sobre a existência do ser. Uma de suas
obras mais importantes é Ser e Tempo, em que traz a reflexão sobre o sentido e a
visão ontológica do ser. Ele traz um conceito conhecido como Dasein, que apesar das
complexidades da linguagem alemã, é traduzido literalmente como “ser-aí”.
Analisando a razão do ser e não da sua existência, Heidegger coloca que somos
"seres-no-mundo”, onde precisamos do mundo para ser, e é necessária uma disposição
do ser para fazer parte do mundo.

Heidegger busca o sentido do ser, utilizando do termo Dasein para se referir ao


único ente que tem a possibilidade de questionar o ser, que é o homem (Werle, 2003).
O homem, como ser-ai, está para o mundo, afetando e se deixando ser afetado, em
todas as suas tarefas e obrigações do cotidiano.

Sendo assim, quando o homem entende que a morte é a sua própria


transcendência, aquilo que confirma sua existência no mundo, é também
compreendido o ser-para-a-morte. Para Heiddegger, o fator positivo de enxergar a
morte não está na presença constante dela e sim na possibilidade de se colocar diante
do seu próprio ser.

Quando concretizada essa consciência, o ser se coloca em posição de


reconhecimento individual no próprio tempo, tanto passado, presente quanto futuro,
pois aí se enxerga a angústia inundada pela própria existência.

A angústia enfrentada naquele que vê a morte como algo que no momento que
surge já não se torna mais um problema, mesmo que durante toda a existência tenha
sido angustiante não saber o sobre a morte ou sobre os arrependimentos que ela pode
trazer.

A partir do momento em que se pode aceitar a morte como experiência


individual e transcendental, o ser que sente a angústia da morte está automaticamente
sentir angústia pelo pode-ser (Werle, 2003).

4. CONCLUSÃO

A compreensão do tempo não é um questionamento realista quando imposto


de forma global. A compreensão do tempo é individual e teórica.

Quando colocamos uma teoria sobre o tempo tão complexa quanto a do


Heidegger, sob um filme onde há uma crítica diretamente ligada à existência do ser
integrado ao tempo, fica mais fácil a compreensão do que o autor descreveu no
contexto filosófico sobre suas principais ideias.

Usando o início da conexão entre filosofia e arte no filme, podemos citar a


cena em que o milionário cede todos seus anos de vida ao protagonista que tinha
minutos de sobrevivência, pois é nesse momento que enxergamos o conceito de
ser, tempo e finitude.

A maior reflexão Heideggeriana estampada no filme é a angústia da morte, a


angústia do destino inevitável sobre o fim. Quando a maior parte da população
precisa correr contra o tempo para sobreviver apenas até o dia seguinte, a
possibilidade de ser infinito se torna improvável visto que para isso a morte de
outros seriam necessárias para a sua existência imortal.

No entanto, a angústia da morte está presente tanto entre aqueles que a tem
bem próxima como para aqueles que têm séculos de vida, pois a partir do
momento em que você teme a morte você também carrega o sentimento de
arrependimento daquilo que se fez ou poderia ter sido feito.

Sendo assim, o sentimento de angústia é a mola existência que move o ser,


pois só ele pode trazer a valorização da vida de forma clara e individual, como
sendo ser e tempo dois lados indissociáveis.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HEIDEGGER, M. Ser e tempo (1927), Partes I e II, tradução de


Marcia Sá Cavalcante Schuback, Petrópolis: Vozes, 2002. [Sein und
Zeit, Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1977.]

INNOCÊNCIO, GABRIELA & CHIAPETTI, THIAGO. (2020). A


temporalidade à luz da psicologia existencial de Heidegger no filme O
Preço do Amanhã.

WERLE, S MARCO AURÉLIO. A angústia, o nada e a morte em


Heidegger. SciELO - Scientific Electronic Library Online, Marília
- SP, 09 Nov 2007. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0101-31732003000100004 Acesso em:
22/04/2023

PEREIRA, SOFIA FRANT, ALVIM & ANDRADE, PEDRO


DUARTE. O conceito de tempo nos primeiros escritos de Martin
Heidegger. Departamento de filosofia
PUC. S.d. Disponível em:
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uc-rio.br/ensinopesq/ccpg/pibic/relatorio_resumo2017/relatorios_pdf/
ctch/FIL/FIL-Sofia%20Frant%20Pereira%20e%20Alvim.pdf

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