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COMPREENDENDO A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO

SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO ACADEMICA

Nilzete de Oliveira 1
Ludimila Pereira Roque 2

RESUMO

Este artigo visa trazer reflexão crítica sobre os desafios impostos à


profissão do Serviço Social com o propósito de objetivar uma prática
consciente e eficiente que proporcionará uma formação qualificada. Neste
seguimento efetuaremos um estudo acerca da supervisão acadêmica de
estágio, e sua real contribuição para a formação profissional do estagiário
e a necessidade da interlocução entre os três sujeitos envolvidos neste
processo: aluno/estagiário, supervisor de campo, supervisor acadêmico.
Este estudo é de caráter bibliográfico, sendo realizado a partir de consultas
a autores que abordam essa temática e a experiência de campo no
período compreendido entre os anos de 2015/2016.

Palavras-chave: Serviço Social; Formação Profissional; Estágio


supervisionado; Supervisão Acadêmica.

SUMMARY

This article aims to bring a critical reflection on the new challenges to the
profession of social work in order to objectify a conscious and efficient
practice that will provide qualified training. In this follow-up will be a study
on the academic supervision, and their actual contribution to the training of
the trainee and the need for dialogue between the three subjects involved
in this process: student / trainee, field supervisor, academic supervisor.
This study is a bibliographical character, being held from consultations
authors who address this subject and field experience in the period
between the years 2015/2016.

Keywords: Social Work; Professional qualification; Supervised internship;


Academic supervision.

1 – INTRODUÇÃO
1
Nilzete de Oliveira – Aluna da Universidade Veiga de Almeida – Curso Serviço Social – mat. 20121101131 – E-
mail: tianilzete@yahoo.com.br

2
Ludmila Pereira Roque é assistente social da Secretaria da Mulher Adjunta da Secretaria de Assistência Social
de Cabo Frio, Mestre em Serviço Social e Especialista no atendimento a vítimas de Violência Doméstica, ambos
pela PUC/RJ. E-mail: ludproque@gmail.com
O presente artigo discute o tema estágio supervisionado na formação profissional
do/a Assistente Social, entendendo que o Estágio é um dos principais elementos da
formação profissional do discente e futuro profissional, nem sempre tratado com a devida
importância pelos profissionais em questão. Entendendo que a concepção e participação
que o/a estudante vivencia através da dimensão investigativa e interventiva da profissão
quando realiza essa atividade, evidenciando a importância da supervisão de campo e
acadêmica nesse processo para assim levar a reflexão, e análise crítica das condições
objetivas e subjetivas que permeiam o trabalho profissional.
Este trabalho está fundamentado nos históricos da profissão do Serviço Social
enfatizando o processo de formação profissional na contemporaneidade, para tanto
devemos conhecer as leis, resoluções entre outros que regem a profissão do Serviço Social
e o estágio supervisionado tendo como referência a Lei 8.662/1993, que regulamenta a
profissão; o Código de Ética Profissional de 1993, com seus onze princípios indicam o rumo
ético-político a ser seguido pela categoria profissional, assim como os conhecimentos a
serem buscados; a Resolução CFESS/CRESS nº 533/2008, que regulamenta a Supervisão
Direta de Estágio em Serviço Social e a PNE – Política Nacional de Estágio instituída pela
ABEPSS no ano de 2010. Para o alcance do objetivo desse artigo, utilizou-se a pesquisa
bibliográfica e de estágio supervisionado, o qual estive no período de 2015 a 2016 nas
instituições,, CEAM – Centro Especializado no Atendimento a Mulher e CREAS - Centro de
Referência Especializado de Assistência Social, no Município de Cabo Frio/RJ.
O profissional de Serviço Social tem sua gênese profissional na atuação direta com
a realidade da sociedade capitalista contemporâneas, para atender as demandas das
expressões da questão social, que surge na vida do trabalhador assalariado, então estes
profissionais atenuam as desigualdades sociais, através de mediações, em busca do bem
comum aos cidadãos, conforme está previsto nos Princípios Fundamentais do Código de
Ética do/a Assistente Social, conforme o elucidado nos capítulos V e X do CFESS 2012: V.
Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de
acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua
gestão democrática. X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população
e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; (CFESS,
2012, págs. 23-24).
Em estágio pode ser observado que o profissional tem como formação um conjunto
de experiências que incluem a transmissão de conhecimentos pela Universidade, e a
possibilidade de oferecer ao/a aluno/a, quando então estes poderão ter contato direto com a
prática profissional, bem como questionar sobre seus conhecimentos, habilidades, valores,
pesquisas, debates, etc., nos levando a elaborar críticas criativas na área profissional, que é
essencial para a formação do aluno/a de Serviço Social, proporcionando um caráter
dinâmico e criativo, que virá a possibilitar a incorporação de novos conhecimentos, conforme
2
Buriolla diz sobre os profissionais: “eles devem se dar no decorrer da formação profissional
do aluno e de forma integrada ao conteúdo programático do curso, onde a aprendizagem
que propicia deve ser resultante da vivência cumulativa e refletida da prática, levando a
recriá-la, a dar continuidade ao desenvolvimento da profissão, atendendo às necessidades
de hoje” (BURIOLLA, 2003, p. 16).
A realidade contemporânea nos leva a entender que o estágio supervisionado é o
foco de uma prática profissional de qualidade e necessário, e para se alcançar essa práxis é
preciso ter uma aproximação com as demandas que surgem no cotidiano da vida do
trabalhador assalariado, sendo assim contempla-se a importância do estagio supervisionado
em instituições como CEAM – Centro Especializado no Atendimento a Mulher e CREAS -
Centro de Referência Especializado de Assistência Social, que abrem campo para a
atuação do profissional de serviço social através de uma equipe interdisciplinar (assistente
social, psicóloga e advogada), visando acolher, atender, apoiar e orientar os/as usuários/as.
O objetivo central do CEAM é prestar atendimento psicossocial e jurídico a
mulheres em situação de violência e discriminação de gênero, criando ações junto a elas às
mulheres, para a superação da situação de violência vivenciada e o resgate de seus direitos
de cidadania, fomentando a discussão sobre as relações de gênero e a questão da violência
doméstica contra a mulher. Sendo que o mesmo se caracteriza como núcleo de estágio
privilegiado para a formação profissional de novas gerações de assistentes sociais, através
de pesquisas e produções acadêmicas, devido a primordial importância que é dada ao
estágio para a formação do/a assistente social pelas profissionais que lá estão inseridas.
Neste contexto o/a aluno/a pode contemplar a capacidade que as experiências
práticas vividas no campo de estágio podem ser úteis em sua formação, sendo este
intensificado pelo específico diferencial, que envolve temáticas voltadas aos direitos
humanos das mulheres e relações de gênero, patriarcalismo, violência domestica e violência
contra a mulher, este diferencial têm a acrescentar um vasto conhecimento na estrutura do
conhecimento teórico/pratico aluno/a acadêmico/a.

1.1- Desestruturação do CEAM/2015 e sua reestruturação/2016

A instituição CREAS por um breve período no primeiro do semestre de 2016


absorveu e reestruturou seus atendimentos de forma a acondicionar o executado pelo
CEAM, e este fato só aconteceu devido à extinção de várias secretarias municipais na
cidade de Cabo Frio/RJ, o trabalho executado pelo CEAM que antes funcionava na
Secretaria Municipal da Mulher, passando a ser Secretaria Adjunta a Secretaria de
Assistência no final de 2015.
Em Dezembro de 2015 tanto a Secretaria da Mulher quanto o CEAM ficaram
fechados no período compreendido entre dezembro e fevereiro de 2015, sendo transferido
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no final de fevereiro a abril de 2016 para o CREAS - Centro de Referência Especializado de
Assistência Social, que segue as normas do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
neste período várias capacitações foi realizado com a temática da violência contra a mulher,
para que a equipe multidisciplinar fosse capacitada dentro da conformidade do CEAM,
possibilitando dar continuidade ao atendimento.
Em Maio de 2016 o CEAM volta para as instalações da Secretaria Municipal de
Assistência Social de Cabo Frio, reaberto em maio de 2016, todo este acontecimento em
campo de estágio, levou as estagiárias a vivenciar as situações que perpassam as políticas
públicas e os/as profissionais do Serviço Social. Este vivenciamento que passamos
fortaleceu o entendimento da necessidade de o acadêmico atuar no campo de estágio, para
que possa acontecer o amadurecimento e acumulação de conhecimentos não só na
questão da violência contra a mulher, mas nas problemáticas que perpassa na vida dos/as
assistentes sociais.
Neste seguimento pode ser compreendido que as atribuições profissionais são
apresentadas através da concepção e participação que o estudante vivencia na dimensão
investigativa e interventiva da profissão ao realizar a atividade do estágio, evidenciando a
importância da supervisão de campo e acadêmica nesse processo, para que desta forma
possa levar a reflexão, e análise crítica das condições que estão presentes no trabalho
profissional, para compreensão da temática iniciamos este estudo a partir de 1952 quando
surge a supervisão acadêmica, conforme Yolanda Guerra (2002) nos elucida que:

A supervisão em Serviço Social aparece como uma atribuição profissional desde a primeira
versão da lei de regulamentação da profissão, que data de 1952, sendo aprovada em 1957.
Não obstante, tem sido frequente na categoria profissional a observação da ausência do
tema supervisão no debate e na produção bibliográfica, especialmente, a partir dos anos de
1980, década na qual Iamamoto reconhece como a maioridade intelectual do Serviço Social
brasileiro. (Yolanda Guerra, 2002, p. 2).

No decorrer do estagio é observado que, o profissional do Serviço Social se depara


com vários desafios, uma vez que há um grande número de pessoas que sofrem por
problemas sociais trazidos em consequência da realidade social capitalista contemporânea,
os/as assistentes sociais tem na sua gênese profissional a atuação direta com esta
realidade.
Martinelli nos esclarece que: “a origem do Serviço Social como profissão tem, pois,
a marca profunda do capitalismo e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes,
alienações, contradição, antagonismo, pois foi nesse vasto caudal que ele foi engendrado e
desenvolvido”. (MARTINELLI, 2009, p. 66), cabe ao estagiário à compreensão de todo o
processo de formação e instituição da profissão, devendo desenvolver avaliação crítica da
realidade profissional que o assistente social está inserido, buscando conhecimentos e
possibilidades viáveis para atender as demandas que irão se apresentar em seu futuro
profissional, deve sempre buscar identificar meios para uma atuação qualificada e
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comprometida com a realidade social, através do estágio supervisionado para além dos
conteúdos dados em sala de aula da academia, de forma que a aproximação com a prática
numa dada realidade se faz eminente, rompendo com a teoria conservadora de que “na
prática é uma coisa e na teoria é outra”.

2 – DESENVOLVIMENTO DA PROFISSÃO E ESTÁGIO NO BRASIL

2.1. Inicio do estágio no Brasil

Voltando um pouco na história por volta da década de 1965, vemos que as práticas
e a metodologia dos cursos de Serviço Social, foram alvo de críticas e recusa, envolvendo
toda a categoria profissional composta por profissionais em exercício, inativos, profissionais
recém-formados, discentes, docentes, coordenação, que reivindicavam respostas pelo fato
respaldarem as conflituosas expressões da questão social emergentes da conjuntura
ditatorial instaurada no país naquele momento. Já na década de 1970 o objetivo era de
aproximar o discente da realidade profissional, possibilitando a aplicação dos
conhecimentos teóricos das disciplinas do currículo e, ao mesmo tempo permitir que as
instituições avaliassem seus métodos de ensino, se eram apropriados com a realidade da
época.
Ainda nesta década de 1970, o Serviço Social no Brasil tem uma aproximação com
as ideias marxistas, focadas no desenvolvimento do processo de renovação da profissão,
tendo como elemento principal o Método BH, que ocorreu por intermédio da Escola de
Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Segundo afirmativa de Lewgoy (2010), diferentemente do currículo mínimo de 1970,
que pouco demonstrou e pronunciou sobre a necessidade e pertinência da integração do
processo de estágio na formação acadêmica, o documento revisado datado de 1982 supera
essa debilidade ao atribuir “às instituições de ensino o compromisso, a tarefa de se
pronunciarem, respaldadas no que fora instituído pelo Decreto – Lei 87.497, que dispõe
sobre o estágio de estudantes de ensino superior” (Lewgoy, 2010, P.100).
Adentrando na década de 80, aconteceram vários debates e seminários realizados
por entidades representativas da categoria, como o CFESS, CRESS, ABEPSS e ENESSO
após estes eventos uma nova proposta curricular foi elaborada e sugerida para os cursos de
Serviço Social, resultando em revisão do currículo mínimo no ano de 1982, onde a tríade
metodológica Serviço Social de caso, grupo e comunidade foi substituída pela disciplina
fundamentos teóricos e metodológicos do Serviço Social, sendo assim a disciplina “estágio”
passou a ser considerada uma disciplina vinculada a prática profissional, acontecendo então
alterações significativas no âmbito da formação profissional e um desmonte das estruturas,

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passando o estágio a ser pensado e visualizado numa perspectiva de totalidade, envolvendo
a reflexão sobre a teoria e a prática.
Já na década de 90, ocorrem mudanças nos diversos campos da vida social, entre
os quais a educação, que exigiram mudanças na formação do campo educacional. Foi
elaborada uma nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação de nº 9394 de 1996, no
sentido de se adequar às exigências contemporâneas. Com isso, também em 1996, a
ABEPSS viu a necessidade de fazer uma revisão do Currículo Mínimo para o curso de
Serviço Social, com vistas às mudanças capitalistas da sociedade, que recaíram sobre a
profissão. Sendo assim, o estágio, a partir das Diretrizes Curriculares de 1996, passou a ser
parte integrante e obrigatória do processo de formação profissional, sendo este
regulamentado através da Resolução nº 533/2008 do CEFSS:
Que a atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social constitui momento ímpar
no processo ensino-aprendizagem, pois se configura como elemento síntese na relação
teoria-prática, na articulação entre pesquisa e intervenção profissional e que se
consubstancia como exercício teórico-prático, mediante a inserção do aluno nos diferentes
espaços ocupacionais das esferas públicas e privadas, com vistas à formação profissional,
conhecimento da realidade institucional, problematização teórico-metodológica. (CFESS,
2008, p. 02).

A PNE – Política Nacional de Estágio, em 2010 pela ABEPSS – Associação


Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, foi uma conquista importante para o
Serviço Social, cujo objetivo é fundamentar, direcionar e qualificar o processo de formação
do assistente social, bem como vincular e fortalecer o projeto profissional a um projeto
societário, visando a ampliação e garantia dos direitos, justiça e equidade, uma excelente
conquista da categoria, uma vez que a mesma vem materializar o espaço de estágio com
grande avanço.

2.2 clarificando o Estágio Supervisionado e seus atores.

Na década de 90 ocorreram importantes mudanças, no âmbito político, econômico


e social, e desafios e conquistas que foram trazidas para o Serviço Social. Em 1993 foi
aprovado o Código de Ética do Assistente Social, baseado no Código de 1986 que tem
como um dos seus princípios a liberdade como valor ético central e a defesa intransigente
dos Direitos Humanos. Ainda no ano de 1993 é sancionada a LOAS – Lei Orgânica da
Assistência Social, que caracteriza a assistência social como direito do cidadão e dever do
Estado, e este mesmo ano ficou marcado pelo acontecimento das grandes transformações
no contexto social e econômico, que ocasionaram mudanças no mundo trabalho e com isto
aconteceram também alterações no exercício profissional do assistente social.
Em estágio pude comprovar que os desafios na formação do assistente social nos
tempos atuais para que dê um “salto de qualidade”, conforme aponta (IAMAMOTO, 1998,
p.169), é uma barreira que devemos transpor todos os dias, devido os desmonte das
Políticas Sociais, fazendo ocorrer um processo de dês-responsabilização do Estado, onde

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os direitos sociais são minimizados e fragmentados, para tanto devemos ter um olhar crítico,
com um posicionamento que vise dar respostas às demandas sociais impostas decorrentes
da pressão neoliberal e do capitalismo operante. O estágio supervisionado como campo de
atuação abriu o nosso entendimento, quanto à realidade que iremos enfrentar, após nos
formarmos como assistentes sociais e fomos fortalecidas com as experiências vividas na
pratica, correlacionadas à teoria adquirida academicamente.
Ao ler Buriolla (2001) pode ser entendida a importância do professor acadêmico,
supervisor de campo e supervisor acadêmico, que contribuem para “direcionar” o novo
profissional “O estágio é o lócus onde a identidade profissional do aluno é gerada,
construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e
crítica e, por isso, deve ser planejado gradativamente e sistematicamente”. (BURRIOLLA,
2001, p.13). Sendo assim estes novos profissionais devem ter uma postura ética e
compromissada com o desenvolvimento, buscando a emancipação dos mesmos,
trabalhando de forma que possam trazer o resgate de sua cidadania enquanto sujeitos de
direito, rompendo com a visão do assistente social burocrático, conservador e
assistencialista.
Ao realizar a pesquisa em estágio foi possível observar que é essencial na
formação do acadêmico, são momentos importantes, específicos de aprendizagem e fica
marcada a experiência absorvida, desenvolvendo uma reflexão sobre a ação profissional,
sendo possível desenvolver uma visão crítica da dinâmica das relações existentes na
instituição, sempre contando com o apoio da supervisão como processo dinâmico e criativo.
Em momentos de frustração, desmotivação e de decepção no primeiro contato
acadêmico com a realidade da prática profissional, que a presença da supervisora de campo
foi de primordial importância, pois guiou-nos com a sua experiência e conhecimento, usando
os instrumentos que dispunha para a realização das ações técnicas que se faziam
necessárias no momento, de forma que nos levou a não desistir da carreira e sim seguir em
frente com capacitação necessária a dar seguimento à profissão do Serviço Social como
assistente social, preparando-nos para uma formação profissional com base nos princípios
éticos da profissão, estimulando-nos a sermos críticos, com autonomia e competência para
exerceremos a profissão como mediadores sociais.

2.3 Sujeitos envolvidos no processo de estágio

O processo de estágio supervisionado constitui-se pelos sujeitos: aluno/a


estagiário/a; supervisor /a de campo (assistente social); professor/a (supervisor/a
acadêmico/a); instituições de ensino, instituições de campo e demais profissionais

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envolvidos na realização do estágio supervisionado, sendo assim à inserção e
encaminhamento do aluno/a ao campo de estágio, é de responsabilidade das instituições de
ensino e seus respectivos representantes, conforme estabelece a Resolução 533/2008 em
seu artigo 1º: As Unidades de Ensino, por meio dos coordenadores de curso, coordenadores
de estágio, obrigatório e não obrigatório, em conformidade com a exigência determinada
pelo artigo 14 da Lei 8662/1993, terá prazo de 30 (trinta) dias, a partir do início de cada
semestre letivo, para encaminhar aos Conselhos Regionais de Serviço Social de sua
jurisdição, comunicação formal e escrita, indicando conforme (CFESS, 2008, Art. 1º):

I- Campos credenciados, bem como seus respectivos endereços e contatos;


II- Nome e número de registro no CRESS dos profissionais responsáveis pela supervisão
acadêmica e de campo;
III- Nome do estagiário e semestre em que está matriculado.

Quanto à supervisão dos/as estagiários/as a instituição de ensino é responsável


pela indicação de um/a profissional capacitado/a e habilitado/a na área específica de estudo
do/a aluno/a. Devendo haver um termo de compromisso entre as instituições de ensino, e
o/a estagiário/a que se responsabilizará no cumprimento do mesmo, devendo ainda, ser
contratado/a e acrescido ao documento um seguro de proteção de acidentes individuais,
cujos valores estejam compatíveis com os valores atuais do mercado.
A Resolução nº 533/2008 ressalta também a importância das instituições de campo
assegurar, condições mínimas para o desenvolvimento do estágio como: espaço adequado,
sigilo profissional, equipamentos necessários dentre outros (CFESS, 2008).
É de fundamental importância compreender a relação dos conhecimentos e
aprendizados individuais e singulares de cada estagiário/a, devendo os mesmos ser
compartilhados, para que haja entre os/as estagiários/as, o trocar de experiências, reflexões
e debates que facilitarão as construções e buscas de compreensão acerca da realidade
social, devendo valorizar e estar ciente da importância da disciplina de estágio
supervisionado na sua formação profissional, e a partir das vivências, presenciando e
acompanhando cada atitude profissional que trará a formação de sua identidade do futuro
como profissional, deverá ser compromissado com a qualidade dos serviços prestados e a
consolidação dos direitos dos cidadãos, respeitando o código de ética profissional.
A PNE elucida as principais atribuições dos estagiários:

1)- Observar e zelar pelo cumprimento dos preceitos ético-legais da profissão easnormas
da instituição campo de estágio;

2)- Informar ao supervisor acadêmico, ao supervisor de campo e/ou ao coordenador


deestágios, conforme o caso, qualquer atitude individual, exigência ou
atividadedesenvolvida no estágio, que infrinja os princípios e preceitos da profissão,
alicerçadosno projeto ético-político, no projeto pedagógico do curso e/ ou nas
normasinstitucionais do campo de estágio;

3)- Apresentar sugestões, proposições e pedido de recursos que venham a contribuirpara a


qualidade de sua formação profissional ou, especificamente, o melhor desenvolvimento de
suas atividades;

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4)- Agir com competência técnica e política nas atividades desenvolvidas no processo
derealização do estágio supervisionado, requisitando apoio aos supervisores, de campoe
acadêmico, frente a um processo decisório ou atuação que transcenda suaspossibilidades;
e outras. (ABEPSS, 2010, p. 23-24).

Além das atribuições devem cumprir a jornada de atividades de estágio, conforme


os horários e datas que forem estipulados entre eles/as, as instituições acadêmicas e as
instituições concedentes do estágio.
Ao ingressar no campo de estágio, precisamos conhecer a instituição e todos os
atores com os quais iremos interagir, conforme o explicado por Lewgoy (2010), “é
importante que os alunos conheçam a instituição na qual irá realizar o seu trabalho, os
usuários demandantes dos serviços prestados, conhecer a realidade e entender como
funciona o trabalho no local” (Lewgoy 2010, p. 100), já à supervisão de campo, por ser uma
atribuição privativa do/a assistente social, é necessário que o/a profissional esteja
devidamente inscrito/ano CRESS de sua região. Cabe ao supervisor/a acadêmico/a e ao
supervisor/a de campo averiguar se o campo de estágio está em conformidade com o
Serviço Social, e se as atividades desenvolvidas no campo de estágio correspondem às
atribuições e competências específicas previstas nos artigos 4 º e 5 ºda Lei 8662/1993.
(CFESS, 2008, Art. 5º).
Funções e atribuições do segundo sujeito supervisor/a de campo:

1)-Comunicar à coordenação de estágio da UFA o número de vagas por semestre definir,


em consonância com o calendário acadêmico e conjuntamente com a coordenação de
estágio, o início das atividades de estágio do respectivo período, a inserção do estudante
no campo de estágio e o número de estagiários por supervisorde campo, em conformidade
com a legislação vigente;

2)-Elaborar e encaminhar à coordenação de estágios do Curso de Serviço Social da UFA o


Plano de trabalho do Serviço Social com sua proposta de supervisão e o respectivo
cronograma de realização desta atividade;

3)- Certificar se o campo de estágio está na área do Serviço Social, em conformidade às


competências e atribuições específicas, previstas nos artigos 4º e 5º da Lei
8.662/1993,objetivando a garantia das condições necessárias para o que exercício
profissional seja desempenhado com qualidade e competência técnica e ética, requisitos
fundamentais ao processo de formação do estagiário;

4)- Oportunizar condições institucionais para o desenvolvimento das competências e


habilidades do/a estagiário/a, assumindo a responsabilidade direta das ações
desenvolvidas pelo Serviço Social na instituição conveniada;

5)- Disponibilizar ao/a estagiário/a á documentação institucional e de temáticas específicas


referentes ao campo de estagio;

6)- Participar efetivamente na elaboração do plano de estágio dos supervisionados, de


acordo com o projeto pedagógico do curso, em parceria com o/a supervisor/a acadêmico/a,
e manter cópia do referido documento no local de estágio; dentre outros.

Atribuições do terceiro sujeito o/a supervisor/a acadêmico/a, conforme a PNE:

1)- Orientar os(as) supervisores(as) de campo e estagiários(as) sobre a política de estágio


da UFA, inserindo o debate atual do estágio supervisionado e seus desdobramentos no
processo de formação profissional;

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2)- Orientar os(as) estagiários(as) na elaboração do Plano de Estágio, conjuntamente com
os(as) supervisores de campo, de acordo com os objetivos acadêmicos, em consonância
com o projeto pedagógico e com as demandas específicas do campo deestágio;

3)- Supervisionar as atividades desenvolvidas pelos estagiários na UFA por meio de


encontros sistemáticos, com horários previamente estabelecidos, e no local de
desenvolvimento do estágio, quando da realização das visitas sistemáticas aos campos de
estágio, contribuindo na efetivação da supervisão direta e de qualidade,juntamente com o
supervisor de campo;

4)- Auxiliar o(a) estagiário(a) no processo de sistematização do conhecimento,orientando e


revisando suas produções teóricas, como também contribuindo no processo pedagógico de
análise do trabalho profissional;

5)- Receber, ler, manter sigilo e observar criticamente as sínteses profissionais construídas
pelos(as) estagiários(as), conduzindo a supervisão embasada em pressupostos teóricos,
ético, políticos, técnico-operativos que contribuam com a formação integral;

6)- Organizar e participar de reuniões, encontros, seminários e outras atividades que se


fizerem necessárias, com os supervisores de campo na UFA para atualizações acerca de
demandas à profissão, qualificação do processo de formação e exercício profissional e o
aprofundamento teórico sobre temáticas pertinentes à efetivação da supervisão direta;e
outras.

No decorrer dos períodos vimos que o estágio é instrumento de fundamental


relevância para a formação do/a profissional, e que deve de forma propositiva e investigativa
apreender elementos concretos que constituam a realidade social capitalista e suas
contradições, mediatizando a questão social e suas multiplicidades que permeiam a
profissão do Serviço Social.
Tal qual a relevância do estágio supervisionado é a importância dos espaços que
abrem suas portas para que seja ali proporcionado o estágio, e neste propósito está o
CEAM e o CREAS enquanto campo de estágio que oferecem espaço para exercício
acadêmico na área de Serviço Social, em oportunidade de aprendizagem prática quanto a
temática voltada para as relações de gênero e de violência contra a mulher. Estas temáticas
são reconhecidas atualmente como categoria de grande importância, enquanto elo de
reflexão e formulação de novos paradigmas ligados aos conceitos dos papéis sociais entre
homens e mulheres, e a influência destes paradigmas nas relações de gênero.

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender o campo de estágio como a extensão da faculdade, é entender


realmente qual o papel a que essa técnica se destina, e não crer que o estágio seja apenas
um apêndice da grade curricular acadêmica. Os/as alunos/as devem se conscientizar, a
cerca da importância de obter experiências, através de atividades designadas e
supervisionadas por aqueles/as que já estão no campo de atuação, é imprescindível para
aumentar o interesse em estagiar não apenas por obrigação, mas sim, por ser parte
importante, indispensável e somatória a graduação, que levará a formação de um/a
profissional capaz, teórico, crítico e consciente do trabalho que executará junto às
realidades apresentadas no interior de seu espaço de trabalho, seja público ou privado.

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Nesta pesquisa bibliográfica e vivenciada em campo de estágio, foi possível
identificar as principais contribuições que o estágio supervisionado traz para os alunos/as,
bem como qualificar a formação profissional, em parceira com os/as supervisores/as
acadêmicos/as e de campo, quando o horizonte está voltado para a prática social, no
sentido de superação das condições de desigualdade e injustiça social, tão presentes na
nossa matéria prima a questão social, vindo a defender intransigentemente os direitos
humanos. Busca-se verificar se o estágio supervisionado contribui de forma positiva, para
que o/a acadêmico/a possa estabelecer a relação teórica com a atuação prática,
possibilitando uma real interlocução à discussão e elaboração de conceitos no processo da
formação profissional.
O estágio supervisionado é um campo de treinamento e vivência prática onde a
parte teórica e colocada em prática no campo de estágio, sendo um espaço de aprendizado
não somente para o/a estagiário/a, como também para o/a supervisor/a acadêmico/a, devido
às disciplinas que vão se atualizando, e já que a supervisão do estagio pode ser entendido
como um processo de ensino aprendizagem, onde leques de atividades e de aprendizagem
profissional se manifestam, para o/a estagiário/a e para o/a supervisor/a de campo.
Compreendemos que a “História do Serviço Social” vai sendo criada a partir do
compartilhamento profissional, da dependência e a conexão e amizade constituída entre o
relacionamento supervisor/a de campo, o/a supervisionado/a e supervisor/a acadêmico/a, o
crescimento acontece a cada dia com a influência mutua em aprendizado, pois o/a
supervisor/a tem a prática adquirida ao longo dos anos para passar ao/a supervisionado/a,
por outro lado o/a estagiário/a traz em seu arcabouço teórico, novos dados, conceitos que
irão enriquecer o conhecimento do/a supervisor/a, com a troca de informações.
Os/as profissionais e os estagiários/as dividem os acertos, as dificuldades,
contradições, criam dependência, surge o autoritarismo, a competição, e cria-se um vinculo
de amizade, permitindo ao/a supervisor/a acumular contextos novos enriquecendo seu
saber, ao executar sua função, reunindo características em uma relação de debate que na
visão de Toledo vem clarificar uma relação onde às idéias podem ser discutidas e expostas,
as posições diferentes e até mesmo contrárias são admitidas, onde acontece a troca de
experiência, já na “relação do saber” se faz necessário que o supervisor tenha um maior
conhecimento teórico metodológico que abranja a cultura geral, bem como experiências
acumuladas em sua trajetória profissional, um saber que deve ser agrupado, explorado e
trocado, no processo da supervisão.
Enfim, a “relação do debate” e a “relação do saber” devem possuir estratégias
construtivas e educacionais, que o/a supervisor/a e supervisionado/a poderão usar como
instrumentos no momento de atuação no seu ambiente de trabalho e supervisão, incluindo a
reflexão, a crítica e a própria ação dos/as profissionais, porém as diferenças podem surgir

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no individual ou profissional, mas a amizade, o respeito, o diálogo e a cooperação entre eles
devem permanecer para o crescimento da profissão e do profissional.

REFERÊNCIAS

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2010.

BURIOLLA, Marta Alice Feiten. Supervisão em serviço social: o supervisor, sua relação e seuspapéis. 3.
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Todas as pesquisas bibliográficas e de campo foram compreendidas entre os meses de Abril a Junho de 2016.

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