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2.

O "eu" aconselha o seu interlocutor a viver sem ligação a bens materiais e a afetos (“Não tenhas
nada nas mãos / Nenhuma memória na alma” vv. 1-2) para ser mais fácil aceitar e encarar a morte
sem sofrimento, não se apegando à vida terrena (“Nada terás deixado / Na terra atrás de ti” vv. 5-6).
Esse conselho nada mais é do que uma tentativa racional para combater a dor e a perturbação
causadas pela passagem do tempo e a proximidade da morte.
3. As palavras representam a recusa do “eu” em fruir intensamente a vida e em comprometer-se
com ela. Os termos negativos sugerem a ideia de abdicar dos tumultos e das paixões da vida, na
linha do epicurismo.~
4. Este poema de Ricardo Reis apresenta uma filosofia de vida baseada na apologia da arte de
viver sem envolvimento emocional e na fruição do tempo (o “carpe diem” do epicurismo). A
consciência da efemeridade da vida conduz à consciência de um Destino superior ao Homem a que
ninguém foge, nem os próprios deuses. Na verdade, este poema constitui uma proposta de uma
disciplina mental (estoicismo) que, placidamente, nos levará a aceitar a morte com tranquilidade.
1. Neste poema, o sujeito poético identifica-se com o navegador Diogo Cão. O mesmo
autocaracteriza- se como um navegador com ansiedade de navegar, como demostra o verso
“E para diante naveguei”. Ao mesmo tempo, revela um sentimento de insatisfação e de
determinação “E faz a febre em mim de navegar”. Por outro lado, o sujeito evidencia
consciência do seu papel na concretização de uma obra coletiva :“E a Cruz ao alto diz que o
que há na alma”. Na verdade, o sujeito poético salienta a sua paixão pelo oceano e que tem
uma forte vontade de ultrapassar os seus próprios limites.

2. O título realça a importância do padrão no contexto do poema. Com a leitura do poema


podemos verificar várias funções atribuídas a essa pedra emblemática que sinalizava o
domínio português. Primeiramente o padrão assinalava a descoberta e testemunhava o
domínio português do oceano: “deixei / Este padrão ao pé do areal moreno”. Por outro lado,
o padrão representava o trabalho, pelo facto da ação do navegador ser um trabalho
transcendente ao serviço de Deus: “Este padrão sinala ao vento e aos céus / Que, da obra
ousada, é minha a parte feita:”. Conclui-se que o padrão é símbolo da ousadia e
determinação do povo português na exploração marítima.

3. Os versos 11 e 12 - “Que o mar com fim será grego ou romano: / O mar sem fim é
português” confrontam simbolicamente os limites do “mar grego ou romano”. Deste modo,
são enaltecidas as viagens marítimas dos portugueses e a superioridade do povo português
face à Antiguidade clássica. Enquanto os gregos e os romanos dominaram apenas o
Mediterrâneo, o mar conhecido, os portugueses desvendaram o mar desconhecido: “O mar
sem fim é português”. Conclui-se assim que estes versos atribuem para uma dimensão
épico-heroica ao povo português.

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