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Momentos de Reflexão do Poeta

As reflexões não estão presentes em todo o momento, existindo alguns momentos ao longo dos cantos da
obra em que estas são mais evidentes.

Fragilidade da vida humana - Canto I


Chegada da armada portuguesa a Mombaça, após algumas peripécias e confrontos em Moçambique,
comandadas pelo Deus Baco.
Aqui, Camões reflete sobre a forma como a vida humana é algo tão efémero e tão passageiro, de uma
forma inevitável o destino que todos assombra é a morte. Esta reflexão vem do simples facto de os
portugueses passarem imensos perigos que aparecem de forma inesperada.

O amor domina - Canto III


Durante a narração da História de Portugal aquando do episódio de Inês de Castro e da paixão
entre D. Fernando e Leonor Teles.
Camões é fiel a si mesmo neste momento de reflexão: o amor tudo domina. Durante a narração
destes episódios românticos e trágicos, o autor relembra o poder do amor (reforçando o que
escreve em outros poemas) como um sentimento que é transversal a todo o ser humano e torna
qualquer um capaz de tudo. O amor é capaz de dominar e de trazer imensas felicidades, mas
também as maiores angústias.

Ambição humana e a insensata procura por poder e fama - Canto IV


Na partida da armada portuguesa das praias portuguesas para a sua viagem – As Despedidas de
Belém.
Tal como o nome do episódio indica, aqui fazem-se despedidas entre familiares, amigos, amados… A
ambição humana e a insensata procura por poder e fama levam os mais gananciosos a causar imensas
amarguras em quem os ama e fica para trás sem saber se alguma vez irão voltar a ver quem mais amam.

Desprezo dos portugueses pelas artes - Canto V


Final da narração da História de Portugal ao Rei de Melinde por parte de Vasco da Gama.
Neste contexto existe talvez das mais importantes reflexões da obra: o desprezo da arte pelos seus
contemporâneos. Aqui o sujeito poético faz uma enorme crítica à sociedade portuguesa em geral por
menosprezar a importância dos poetas e artistas das mais variadas áreas para a preservação da cultura e
transmissão de valores entre gerações, por exemplo os valores gloriosos do povo português.

Canto VII
A armada portuguesa encontra-se em Calecut.
Neste capítulo as reflexões dão-se em duas vertentes: crítica às nações contemporâneas de
Portugal por não seguirem o exemplo de português de espalhar a fé; e novamente, o
desinteresse generalizado dos portugueses nas suas obras e no mérito que Camões tem. Neste
quase término da viagem dos portugueses, Camões, faz uma reflexão sobre a forma como os
portugueses alcançaram grandes objetivos e expandiram a fé por todo o mundo, ao contrário
de outras potências.

Vil poder do ouro, fonte de corrupção e perjúrio - Canto VIII


Sequestro de Vasco da Gama na cidade de Calecut por traidores.
Esta é das reflexões mais intemporais que são apresentadas na obra, Camões reflete sobre a corrupção do
ser humano. Após ser sequestrado, bastou simplesmente um pagamento monetário para devolver a
liberdade de Vasco da Gama, evidenciando a forma como o ouro/dinheiro corrompe facilmente todos
os Homens e ainda a forma como o dinheiro chega para comprar uma alma.
Verdadeiras formas de alcançar a fama e o heroísmo - Canto IX
Episódio mitológico na Ilha dos Amores, onde Tétis explica a Vasco da Gama o significado da ilha. Existe
neste episódio, quase uma enumeração dos requisitos para alcançar a fama e glória. Luís de Camões utiliza
os navegadores portugueses como exemplo para todos aqueles que desejam alcançar a glória eterna, os
aspetos a dominar são: controlo do ódio, abstenção da ambição e da ganância, busca constante pela
igualdade entre seres de uma forma justa e luta contra os sarracenos.

Desprezo pela arte - Canto X


Chegada a Portugal da Armada de Vasco da Gama no regresso a casa.
Camões reforça a mensagem que pretende mudar a mentalidade dos portugueses, a falta de
reconhecimento pátrio. O autor vai até mais longe e dirige-se ao monarca, pedindo um incentivo e
exemplo. Por fim, lamenta num tom desinspirado pela decadência moral iminente da sua nação.

A mitificação do herói n’ Os Lusíadas

Camões não escolheu um herói individual, procurou antes que a sua epopeia enunciasse a história de todo
um povo. A intenção e exaltar os portugueses levou o poeta a torná-los verdadeiros heróis que se foram
construindo, ao longo da obra, e que mereceram a mitificação.
Trata-se de um herói coletivo, que é constituído pelas "armas e barões assinalados", pelos Reis, por
"aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando" e pelos navegadores, que no seu
conjunto formam "o peito ilustre lusitano".

Simbologia presentes na Mensagem

Mar
O que está em causa não é este elemento material, mas o que ele representa, ao nível da conquista
humana em direção ao Conhecimento. (Descobrimentos)

Ondas
As ondas ligam-se metonimicamente ao mar, mas representam, sobretudo, a passividade, a inércia, uma
vez que são arrastadas por uma força que está para além delas. É nesta perspetiva que, na obra
Mensagem, elas aparecem como projeção do inconsciente humano, que pode, igualmente, ser desperto
por uma força superior e cuja natureza ultrapassa a sua condição.

Terra
A Terra aparece como uma projeção do céu e representa o seu princípio passivo, isto é, funciona como
recetáculo da vontade de Deus

Números e o que cada um representa

1. um (unidade)
«Nun’Álvares Pereira»: o único poema que Pessoa inseriu sob o título «A Coroa», representa a unidade, o
centro onde coexistem as forças antitéticas, de uma forma harmónica, o que lhe confere uma dimensão
sobre-humana.

2. dois (dualidade)
Na Mensagem, prende-se, essencialmente, com os princípios antagónicos passivo e ativo.
Os dois poemas que se inserem em «Os Campos»: «O dos Castelos» (Portugal aparece como um campo
pronto a ser fecundado) e «O das Quinas» (Cristo, símbolo do sofrimento e da tormenta, é o exemplo das
provações a passar, para se chegar ao princípio ativo).
3. três (santíssima da Trindade, Deus é um só Ser em três pessoas),
Número que expressa uma ordem intelectual e espiritual, uma união entre Deus, o Universo e o Homem,
representando a Perfeição, a Totalidade – Deus é uma de três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; as fases
da existência: nascimento, vida e morte.
A Mensagem liga-se, simbolicamente, ao ciclo da vida: «Brasão», «Mar Português», «O Encoberto».

5. cinco (as cinco chagas de Cristo),


Número do Centro, da Harmonia, do Equilíbrio, do Homem e também da Perfeição: o corpo humano
disposto em cruz (pernas, braços e cabeça, com o coração no centro); os cinco sentidos
Na Mensagem, surge em três conjuntos de poemas: «As Quinas» (as cinco chagas de Cristo – o sofrimento
para a salvação da Humanidade), «Os Símbolos» (os valores simbólicos unificantes), «Os Tempos» (o fim
de um ciclo e incitamento ao início de outro: um tempo de harmonia, em que o Homem conhecerá a sua
dimensão divina, num reino espiritual).

7. sete (período temporal unificante, associado ao Poder e ao acto da Criação)


Na Mensagem, está representado em «Os Castelos», a fundação e a defesa da nacionalidade.

12. doze (unidade, número da cidade santa, situada no Céu, a Jerusalém Celeste, que terá doze portas e
na qual terão lugar os doze apóstolos, também relacionado com a Távola Redonda do Rei Artur).
A segunda parte «Mar Português» é composta por 12 poemas: as referências míticas ao período áureo da
História nacional (que fecha um ciclo).

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