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As reflexões não estão presentes em todo o momento, existindo alguns momentos ao longo dos cantos da
obra em que estas são mais evidentes.
Canto VII
A armada portuguesa encontra-se em Calecut.
Neste capítulo as reflexões dão-se em duas vertentes: crítica às nações contemporâneas de
Portugal por não seguirem o exemplo de português de espalhar a fé; e novamente, o
desinteresse generalizado dos portugueses nas suas obras e no mérito que Camões tem. Neste
quase término da viagem dos portugueses, Camões, faz uma reflexão sobre a forma como os
portugueses alcançaram grandes objetivos e expandiram a fé por todo o mundo, ao contrário
de outras potências.
Camões não escolheu um herói individual, procurou antes que a sua epopeia enunciasse a história de todo
um povo. A intenção e exaltar os portugueses levou o poeta a torná-los verdadeiros heróis que se foram
construindo, ao longo da obra, e que mereceram a mitificação.
Trata-se de um herói coletivo, que é constituído pelas "armas e barões assinalados", pelos Reis, por
"aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando" e pelos navegadores, que no seu
conjunto formam "o peito ilustre lusitano".
Mar
O que está em causa não é este elemento material, mas o que ele representa, ao nível da conquista
humana em direção ao Conhecimento. (Descobrimentos)
Ondas
As ondas ligam-se metonimicamente ao mar, mas representam, sobretudo, a passividade, a inércia, uma
vez que são arrastadas por uma força que está para além delas. É nesta perspetiva que, na obra
Mensagem, elas aparecem como projeção do inconsciente humano, que pode, igualmente, ser desperto
por uma força superior e cuja natureza ultrapassa a sua condição.
Terra
A Terra aparece como uma projeção do céu e representa o seu princípio passivo, isto é, funciona como
recetáculo da vontade de Deus
1. um (unidade)
«Nun’Álvares Pereira»: o único poema que Pessoa inseriu sob o título «A Coroa», representa a unidade, o
centro onde coexistem as forças antitéticas, de uma forma harmónica, o que lhe confere uma dimensão
sobre-humana.
2. dois (dualidade)
Na Mensagem, prende-se, essencialmente, com os princípios antagónicos passivo e ativo.
Os dois poemas que se inserem em «Os Campos»: «O dos Castelos» (Portugal aparece como um campo
pronto a ser fecundado) e «O das Quinas» (Cristo, símbolo do sofrimento e da tormenta, é o exemplo das
provações a passar, para se chegar ao princípio ativo).
3. três (santíssima da Trindade, Deus é um só Ser em três pessoas),
Número que expressa uma ordem intelectual e espiritual, uma união entre Deus, o Universo e o Homem,
representando a Perfeição, a Totalidade – Deus é uma de três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; as fases
da existência: nascimento, vida e morte.
A Mensagem liga-se, simbolicamente, ao ciclo da vida: «Brasão», «Mar Português», «O Encoberto».
12. doze (unidade, número da cidade santa, situada no Céu, a Jerusalém Celeste, que terá doze portas e
na qual terão lugar os doze apóstolos, também relacionado com a Távola Redonda do Rei Artur).
A segunda parte «Mar Português» é composta por 12 poemas: as referências míticas ao período áureo da
História nacional (que fecha um ciclo).