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Temáticas de Álvaro de Campos

A NOSTALGIA DA INFÂNCIA: Presente na fase abúlico e intimista, a nostalgia da infância, é


uma das características de Campos que mais o aproxima ao ortónimo. É um tema associado
à memória e à evocação, sendo a infância o bem irremediavelmente perdido, é o
contraponto do presente infeliz, representando um momento em que o poeta ainda não
conhecia a dúvida nem a angústia existencial.

ANGÚSTIA EXISTENCIAL: O poeta põe em causa as verdades que lhe são transmitidas e,
confrontado com a distância entre os projetos e a realidade presente, questiona o sentido
da vida.

INADAPTAÇÃO: O poeta sente-se um «doido», vivendo à margem da sociedade. Rejeita as


conceções e as teorias partilhadas pelos «outros». Sente-se incompreendido, apesar de
afirmar que detém um conhecimento profundo da natureza humana. Renuncia à sociedade
materialista, marcada por comportamentos estereotipados, cujos valores caducos o poeta
contesta, numa revolta veemente.

Aspetos onde se pode verificar a influência de Pessoa-ortónimo (Ode-Triunfal):

→ Na visão irónica da outra face da sociedade industrial (visão negativa). Ao longo do


poema, há um desfilar irónico dos escândalos da época: a desumanização, a hipocrisia,
a corrupção, a miséria, a pilhagem, os falhanços da técnica (desastres, naufrágios), a
hipócrita harmonia entre marido e mulher, etc. Nesta enumeração pode entrever-se o
substrato cético da inteligência torturada de Pessoa;

→ Na evocação da nostálgica da infância (“Na nora do quintal da minha casa...


/(...)/Pinheirais onde a minha infância era outra coisa/ Do que eu sou...”);

→ No facto de haver uma tendência para a ficção. Se se reparar bem, o entusiasmo da


civilização industrial assume, em Campos, aspetos de um certo masoquismo sádico
(“Atirem-me para dentro das fornalhas!”, que se orienta mais para a criação de
sensações novas e violentas (Sensacionismo), do que para a exaltação das máquinas.
Relativamente a este aspeto convém não esquecer que Pessoa subordinava tudo à
criação literária.

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