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CLASSICISMO

Transforma-se o amador na cousa amada,


Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,


Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,


Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;


[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

Luís de Camões
O que foi o Classicismo ou
Renascimento?
 Importante movimento de renovação cultural,
ocorrido na Europa durante os séculos XV e XVI.
 É considerado o marco inicial da era moderna.
 Estimulou a vida urbana e o surgimento de um novo
homem.
 Valorizou a proporção , o equilíbrio das
composições, a harmonia das formas e a idealização
da realidade.
Projeto literário do Classicismo

•Retomar os modelos da Antiguidade


Clássica;
•Adotar a razão como medida de
observação e interpretação da realidade;
•Afirmação da superioridade humana;
•Valorização do esforço individual.
Qual a visão do mundo?

 Humanismo ou Antropocentrismo:
“Homem tornou-se a medida de todas as coisas”.
 Não se tratava de opor o homem a Deus e medir
suas forças. Deus continuou sendo soberano.
Tratava-se na verdade de valorizar as pessoas
em si, encontrar nelas as qualidades e as virtudes
negadas pelo pensamento católico medieval.
Monalisa

Revela o interesse do
Renascimento pelo
homem. Reproduzida de
todas as formas
imagináveis, a magia
dessa figura “feminina”
continua intacta.
Davi

A valorização do ser
humano resultou na
criação de muitas telas e
esculturas que
valorizavam as formas
humanas ou que
retratavam corpos nus.
Pietá

A figura do Cristo morto parece


ter vida correndo nas veias. Os
olhos abaixados da Virgem, ao
contrário da tradição,emocionam
pela dor e pela resignação. Seu
manto, drapeado, arranca do
mármore uma leveza.
Contexto histórico

. Crise da Igreja.
. Expansão marítima.
. Mercantilismo.
. Absolutismo monárquico.
. Reforma protestante
. Copérnico: heliocentrismo.
. Galileu Galilei: sistema astronômico.
Em Portugal...

. Conquista do norte da África;


. Caminho marítimo para as Índias;
. Descobrimento do Brasil;
. Monopólio do Poder político e econômico do
rei;
. Dinastia de Avis: D. Afonso V, D. JoãoII,
D. Manuel, o Venturoso
Características da
literatura
1- Imitação dos autores clássicos gregos e romanos
da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, entre
outros. Princípio aristotélico da Mímese

2- Uso da mitologia: Os deuses e as musas,


inspiradoras dos clássicos gregos e latinos
aparecem também nos clássicos renascentistas: Os
Lusíadas:(Vênus) = a deusa do amor; Marte( o deus da
guerra), protegem os portugueses em suas conquistas
marítimas.
5- Idealismo: O classicismo aborda o homem ideal, liberto de suas
necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das
epopéias(grandes poemas sobre grandes feitos e heróicos) nos são
apresentados como seres superiores, verdadeiros semi-deuses, sem
defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotados de
virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro.

6- Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a idéia de Platão


de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-
físico.

7- Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica


torna-se a expressão de verdades universais, eternas e despreza o
particular, o individual,
. aquilo que é relativo.
Poesia

Principal Poeta:
Os tradicionais
Luiz Vaz de Camões –
versos redondilhos
Com ele, a tradição
Preferência pelo (5 e 7 sílabas)
poética
Soneto deram lugar aos
eleva-se a um
decassílabos
nível nunca
(10 sílabas)
alcançado
LUÍS VAZ
DE
CAMÕES
Poesia lírica e poesia épica - Camões.

Luís Vaz de Camões, poeta-filósofo: de


influência medieval e clássica, de temática variada
e abrangente (os mistérios da condição humana, a
presença do homem no mundo, os conceitos e
contradições amorosas etc.)

Substituição da "medida velha" medieval (versos


de 5 e 7 sílabas métricas - redondilha menor e
redondilha maior) pela "medida nova",
proveniente da Itália (versos decassílabos -
soneto).
Os Lusíadas
Os Lusíadas (1572)
O poema se organiza tradicionalmente em cinco partes:

1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3)


Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial
os da esquadra de Vasco da Gama e a história do povo português.

2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5)


O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na
composição da obra.

3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18)


O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé
católica e continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.

4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144)


A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heróica
portuguesa.

5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156)


Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais
atenção.
A armada de Vasco da Gama partiu do Restelo no dia 8 de Julho de 1497 e
chegou a Calecute, na Índia, no dia 20 de Maio de 1498.
O velho do Restelo
O velho do Restelo
EPISÓDIO DO VELHO DO RESTELO
A cena mostra, logo de início urna massa aflita e desesperada com a
partida de seus filhos e esposos. As mulheres, chorando, representam
toda a multidão que ficava em terra firme vendo seus queridos partirem
para o desconhecido:
      Em tão longo caminho e duvidoso,
      Por perdidos as gentes nos julgavam;
      As mulheres c’um choro piedoso,
      Mães, esposas, irmãs, que o temeroso
      Amor mais desconfia, acrescentavam
      A desesperação e frio medo
      De já nos não tornar a ver tão cedo
      Qual via dizendo: — “Ó filho, a quem eu tinha
      Só para refrigério e doce amparo
      Desta cansada já velhice minha,
      Que em choro acabará penoso e amaro
      Porque me deixas, mísera e mesquinha?
      Porque de mi te vás, á filho caro,
      A fazer funéreo enterramento
      Onde sejas de peixes mantimento?
MAR PORTUGUÊS  
Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 


Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 
Fernando Pessoa
Gigante
GIGANTE ADAMASTOR
O gigante chama os portugueses de ousados e afirma que nunca
repousam e que tem por meta a glória particular, pois chegaram aos
confins do mundo. Repare na ênfase que se dá ao fato de aquelas
águas nunca terem sido navegadas por outros: o gigante diz que
aquele mar que há tanto ele guarda nunca foi conhecido por outros.

E disse: "Ó gente ousada, mais que quantas


No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar nos longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d’estranho ou próprio lenho:
Não acabava, quando uma figura

Se nos mostra no ar, robusta e válida,

De disforme e grandíssima estatura;

O rosto carregado, a barba esquálida,

Os olhos encovados, e a postura

Medonha e má e a cor terrena e pálida;

Cheios de terra e crespos os cabelos,

A boca negra, os dentes amarelos.


No plano histórico, simboliza a superação
pelos portugueses do medo do “Mar
Tenebroso”, das superstições medievais que
povoavam o Atlântico e o Índico de monstros
e abismos. Adamastor é uma visão, um
espectro, uma alucinação que existe só nas
crendices dos portugueses. É contra seus
próprios medos que os navegadores triunfam.

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