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Ficha de trabalho 7

1. O poema pode dividir-se em três partes lógicas, coincidindo com as três estrofes que o compõem. Na
primeira parte, o sujeito poético tece considerações gerais acerca do tema do destino e da sua aceitação.
Numa segunda parte, o Fado e a Sorte são dados como elementos determinantes da existência humana.
Numa terceira parte, o sujeito poético apela ao cumprimento do Destino e à sua ignorância, ou seja, à calma
aceitação do destino.
2. Esta primeira parte, em que se tecem considerações gerais, corresponde a um discurso estóico de
aceitação do destino. A segunda parte corresponde, logicamente, ao ato de cumprir esse destino. E se a
ideia de que temos de aceitar e agradar-nos com a existência que nos foi dada perpassa todo o poema, ela
condensa-se na última parte, em jeito de conselho epicurista, como uma proposta de fruição do momento
presente.
3.1 Cada um vive consoante o que lhe coube em sorte, há uma atitude de aceitação do destino.
3.2 O Destino apodera-se do ser humano como de um peão, dispondo dos rumos da vida de cada um de nós.
3.3 Os desígnios do Destino são os certos para nós, porque foram os que nos couberam em sorte, e não há
que questioná-lo.
4. Há aqui uma estrutura invertida, para além da anáfora de «nem», que converge para uma mesma ideia:
uma noção clara de incompatibilidade entre aquilo que se deseja e aquilo que se alcança.
5. O poema é constituído por três quadras, sendo os dois primeiros versos de cada uma decassilábicos e os dois
últimos hexassílabicos. Quanto à rima, na primeira quadra, temos rima interpolada e emparelhada, segundo o
esquema rimático ABBA; nas duas outras quadras, temos verso livre.

Ficha de trabalho 8 (p. 170)


1. Ricardo Reis professa, neste poema, um desejo de indiferença, a tão procurada ataraxia epicurista que
defende que vivamos a vida sem sobressalto. Daí a preferência pela Natureza e sua tranquilidade em
detrimento de questões políticas, como são as da pátria, revelando uma tendência neopaganista.
2. O poema pode dividir-se em quatro partes lógicas. Na primeira, que corresponde à primeira estrofe, o
sujeito poético expressa o seu desprezo pelas questões políticas, já que ele vê «glória e virtude» com essa
dedicação patriótica exacerbada que não se coaduna com a tranquilidade da Natureza. Na segunda parte, que
corresponde à segunda estrofe, expressa o tal desejo de ataraxia num sentido muito pessoal. Já na terceira
parte, que engloba a terceira, a quarta e a quinta estrofes, o sujeito poético questiona, de forma mais
abrangente, a pertinência de uma dedicação extrema seja a que assunto for, perante a grandiosidade,
circularidade e exatidão da Natureza. Finalmente, na última parte, correspondendo à última estrofe, uma
resposta às suas indagações, generalizando uma vez mais, pondo em evidência a importância da indiferença,
segredo epicurista para lidar com a extistência humana, retomando o ideal de ataraxia, e apelando a uma
confiança moderada, consciente da brevidade da vida.
3.1 O sujeito poético prefere a Natureza, cíclica, certa e tranquila, às questões políticas que implicam
sobressalto emocional.
3.2 A ideia de ataraxia professada pelo epicurismo estende-se a este conceito de deixar a vida passar por nós
sem que nenhum dos seus aspetos nos afete ao ponto de nos mudar a essência.
3.3 O sujeito poético refere-se ao que «aumenta na alma», aos nossos interesses particulares, ao que nos faz
sentir bem, gostos e inclinações, o que nos torna únicos entre tantos e, afinal, elementos de distúrbio,
segundo o pensamento epicurista.
4. Na estrofe final, o sujeito poético evidencia a necessidade de indiferença perante a maioria das questões
que a vida vai levantando e perante as quais podemos ceder a uma emoção excessiva, avessa ao pensamento
epicurista. Este é, afinal, o desejo de ataraxia que conduzia os epicuristas a uma vida sem sobressaltos, para
que a essência do ser humano se mantivesse nesta breve passagem que é a vida.
5. A noção de «confiança mole» (v. 17) pode, à partida, parecer antitética em relação à atitude disciplinada de
Ricardo Reis. Contudo, importa que pensemos que Reis aconselha que esta «confiança mole» seja depositada
na «hora fugitiva» (v. 18), ou seja, há uma noção muito clara da efemeridade da vida, e assim sendo convém,
segundo os ensinamentos epicuristas, que vivamos tranquilamente e evitando os excessos, para que
passemos pela vida de forma natural, retirando esse exemplo da Natureza, tal como os neopaganistas.

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