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2ºTeste
Os Heterónimos – Alberto Caeiro
Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, destaca-se não apenas pela espontaneidade e
simplicidade ao nível da escrita, mas também pela valorização da utilização das sensações
como autêntica forma de aceder à realidade e pela renúncia do recurso à razão. Poeta do
olhar, bucólico e sensacionista, escreve e pensa versos de forma concomitante (combinada),
relacionando realidades contrastantes, traços estes que formam a base da originalidade e do
ineditismo da sua poética.
O poeta exprime nos seus poemas o desejo de abolição da consciência, elemento que limita a
ação das sensações em reduzir o abstrato ao concreto e verdadeiro. Pensar, é, segundo o
sujeito poético, estar doente dos olhos. Para o mesmo, ser feliz é ser guiado pelas sensações
do momento e o pensar provoca tristeza e desconforto.
Os pensamentos de Caeiro reduzem-se àquilo que é concreto, àquilo que ele perceciona
através dos sentidos. Por esta razão, o eu poético é sensacionista e a sua vida é, deste modo,
comandada pelo primado das sensações, procurando estabelecer uma relação de comunhão e
de harmonia com a natureza, anda constantemente sem destino, observando o que o rodeia.
Integração, comunhão e harmonia com os elementos naturais e afastamento social.
Apesar de se consciencializar do facto de ser poeta, para o sujeito lírico tal nunca foi uma
ambição, mas, sim, algo que resultou da urgência da expressão dos seus sentidos, constitui a
sua forma de estar sozinho com as suas ideias, num estado contemplativo e de autorreflexão.
Estilo, Linguagem
Como é característico da escrita de Alberto Caeiro, conseguimos verificar a utilização de um
léxico simples e espontâneo integrado em estruturas frásicas e sintáticas também sem grande
complexidade. Relativamente à análise formal do poema, podemos afirmar que há uma certa
irregularidade quanto à estrutura estrófica e versificatória, sendo a métrica também variável.
Desta forma, os seus poemas apresentam-se num tom meramente discursivo e de ritmo
moderado em que se faz perpetuar a descrição do ato de sentir.
Presença de frases predominantemente coordenadas; repetições de expressões longas; uso de
comparações simples; pouca adjetivação, predomínio de substantivos concretos, uso de
verbos no presente do indicativo (ações ocasionais) ou no gerúndio.
Relativamente à forma, o sujeito poético recorre ao verso solto, o que concorre para uma
maior simplicidade e naturalidade no poema. De referir ainda o vocabulário e sintaxe
simples, sem grande elaboração e o estilo coloquial, que se compaginam com a instrução que
Caeiro recebeu. Nesta composição poética verifica-se a presença de dois campos lexicais
dominantes: a natureza e os sentidos, valores sempre presentes na poesia deste heterónimo de
Fernando Pessoa. É de destacar ainda o ritmo prosaico patente, ritmo moderado como um
deslizar vagaroso e contínuo, que faz com que os versos deslizem tranquilos perante o nosso
olhar interior, sem paragens, sem interrupções.
Recursos Expressivos
Através de alguns recursos expressivos, o sujeito poético vai revelando a sua mundividência.
A nível estilístico, presenciamos o uso de personificações e comparações, recursos que
evidenciam a relação íntima e intensa que o eu poético estabelece com a natureza e o desejo
de a sentir na sua totalidade.
Utiliza, maioritariamente, comparações, metáforas, anáforas e repetições.
Recursos expressivos
Coordenadas:
- disjuntivas - ou
- adversativas - mas