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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CÍVEL

DA COMARCA DE LONDRINA DO ESTADO DO PARANÁ

Autos nº

FULANO DE TAL, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrita no


CPFnº, residente e domiciliada no endereço, CEP:, cidade de Londrina/PR., vem
tempestivamente, por meio de seu advogado, que o representa conforme o documento
em anexo, vem à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído, com
fulcro no art. 914 do CPC, propor,

EMBARGOS À EXECUÇÃO C/C EFEITO SUSPENSIVO

Em MARIA SILVA, nacionalidade, estado civil profissão, inscrito no CPF sob o nº,
residente e domiciliado no endereço, na cidade de Londrina/ PR, pelos fatos e
fundamento a seguir expostos:

I – DOS FATOS

A Embargante recebeu o mandado de citação e penhora, referindo-se a execução de


título extrajudicial ajuizada pelo Embargado, onde alega possuir instrumento particular de
confissão de dívida, assinado pela Embargante e duas testemunhas.

Ocorre que a Embargante manteve relacionamento amoroso com o Embargado, no qual o


mesmo insistiu para que a Embargante assinasse alguns papéis, informando se tratar de
documentos necessários para que pudesse receber um beneficio previdenciário.

A Embargante, pessoa sem muito estudo, podendo ser caracterizada como


semianalfabeta, foi induzida a assinar um documento do qual foi descrito para ela como
apenas uma declaração, a Embargante, sem saber ler e acreditando em sua vizinha e seu
ex compaheiro acabou assinando o documento.

A Embargante possui conta poupança, no qual utiliza para a subsistência de sua família,
pois sua mãe esta submetida a um tratamento médico e uma casa que reside e a conta
da qual foi citada é a que ela recebe seu salário.

Diante os fatos narrados e a vulnerabilidade da Embargante e do ato ilícito direcionados


aos consumidores pela falha na prestação de serviço da companhia aérea, não houve
alternativa senão a propositura desta ação, pelos motivos já elucidados que serão
devidamente fundamentados a seguir.
Induzimento ao Erro – Anulação do Negocio Jurídico Impenhorabilidade - Efeito
Suspensivo -

1.
A Embargante assinou documento particular de confissão de divida acreditando ser
apenas declaração para obtenção de beneficio previdenciário, sendo assim o negocio
jurídico encontra-se viciado por dolo, tendo em vista que a Embargante foi induzida em
erro.

Tendo sido vitima de artifício para a celebração de negocio jurídico que, se ciente da
realidade dos fatos, não realizaria, sendo assim a Embargante faz jus à anulação do
negocio jurídico e, conseqüentemente, à desconstituição do titulo executivo em que se
baseia o processo, conforme artigo 145 do Código Civil:

“Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.”

O Embargado se aproveitou da falta de conhecimento da Embargante para lhe fazer


documentos que lhe seria prejudiciais, visto que ela não tinha conhecimento do
documento e nm mesmo foi consultada sobre a veracidade da assinatura e da suposta
aquisição.

Foi indicado pelo Embargado à penhora três contas bancárias, um carro e o imóvel em
que a Embargante reside com sua família, ocorre que o artigo 833, X, do Código de
Processo Civil, estabelece que são impenhoráveis a quantia depositada em caderneta de
poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos.

Além disso, é impenhorável o bem onde mora com sua família, tratando-se este de bem
de família, com base no artigo 1º da Lei 8.009/90 e Súmula 364 do STJ. Sendo assim o
titulo executivo é inexigível, conforme os requisitos previstos no artigo 783 do Código
Civil.

Vale ressaltar também que conforme os documentos em anexo as contas citadas são as
que a Embagante utiliza para recebimento de salario e para depositos eito por seu
familiares para ajuda no tratamento para a mae.

2.
Como já citado anteriormente a celebração de qualquer negocio juridico deve conter a
presença da Compradora, e a ciencia dos termos que estão presentes no contrato
devendo ele ser explicado por um funcionário que está representando a empresa.

Conforme expresso no CF/88 no art. 5º, inc. XIV todos tem direito a informação, também
no CDC no art. 9 também deixa clara que o fornecedor deverá explicar e informar o
consumidor sobre o produto que esta consumindo.
Visto isso não pode ser validado uma confissão de divida sendo que a Embargante a
suposta devedora, não sabia do que se tratava e nem mesmo foi informada
adequadamente sobre o que estava assinando.

3.

Como exposto, os bens descritos pelo Embargado não pode ser objeto de penhora, visto
que as contas demostradas nos autos são de finalidade para recebimento de salário e de
ajuda que recebe de seus familiares.

Sobre o veiculo citado é o único que a Embargante tem para uso profissional, considerado
assim como ferramenta e trabalho e para levar sua mae ao médico, já que faz tratamento
cotidiano.

A embargante reside em um local do qual foi dado de herança ou seja ela não tem
condições de pagar aluguel e nem mesmo pode se mudar do local, pois tem filhos
pequenos e uma dependente. Rodolf Madeleno dispoe que:

O bem de família instituído pela Lei n. 8.009/1990 isenta o imóvel destinado a servir de
domicílio da família do devedor, de execução por dívidas de índole civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de qualquer natureza, salvo as exceções previstas na
relação aos débitos descritos no seu art. 3º, sendo finalidade do instituto proteger o direito
de propriedade que serve de abrigo para a família, não no propósito de asilar o mal
pagador, e sim no sentido de equilibrar o processo executivo

Nesse sentido o Superior Tribunal de Justiça entende que:

DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE DA


EMPRESA INDIVIDUAL PARA POSTULAR A DESCONSTITUIÇÃO DA PENHORA
REALIZADA SOBRE O BEM DE FAMÍLIA PERTENCENTE AO EMPRESÁRIO.
CONFUSÃO DO PATRIMÔNIO DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL COM O DA
RESPECTIVA PESSOA FÍSICA. PRECEDENTES. PROVAS NOS AUTOS QUE
CORROBORAM A ALEGAÇÃO DE QUE O IMÓVEL PENHORADO É UTILIZADO
COMO RESIDÊNCIA FAMILIAR PELO EXECUTADO E SUA ESPOSA.
IMPENHORABILIDADE. DESCONSTITUIÇÃO DO GRAVAME QUE SE IMPÕE.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA VERIFICADA NOS AUTOS DOS EMBARGOS DO
DEVEDOR. ÔNUS CORRETAMENTE RATEADOS EM PROPORÇÕES IGUAIS ENTRE
OS LITIGANTES. RECURSO DESPROVIDO

Também o Tribunal de Justiça do Paraná também entende que:

DECISÃO MONOCRÁTICA – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E MATERIAIS – RELISIÇÃO DE CONTRATO DE LOCAÇÃO –
OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INTEMPESTIVOS – NÃO
INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL – INOBSERVÂNCIA DOS PRAZOS
PREVISTOS NO ART. 1003, §5º, CPC – RECURSO DE APELAÇÃO INTEMPESTIVO –
MANIFESTA INADMISSIBILIDADE – NÃO CONHECIMENTO – ART. 932, III, CPC –
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ ALEGADA EM CONTRARRAZÕES – INOCORRÊNCIA – NÃO
DEMONSTRADAS QUAISQUER CIRCUNSTÂNCIAS DO ART. 80, CPC. RECURSO DE
APELAÇÃO NÃO CONHECIDO. (TJPR - 8ª C.Cível - 0032859-26.2015.8.16.0001 -
Curitiba - Rel.: Juiz Alexandre Barbosa Fabiani - J. 22.04.2020).

TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. EXECUÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.


PENHORA DE IMÓVEL. ALEGAÇÃO DE BEM DE FAMÍLIA.1. REVELIA DO
EMBARGADO. PROVA TESTEMUNHAL PRODUZIDA PELOS EMBARGANTES QUE
CONFIRMOU A MORADIA NO IMÓVEL. IMPENHORABILIDADE RECONHECIDA PELA
SENTENÇA. DECISÃO MANTIDA.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONDENAÇÃO
DO EMBARGADO MANTIDA. OPOSIÇÃO DE RESISTÊNCIA AO RECONHECIMENTO
DA IMPENHORABILIDADE ALEGADA NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO, QUE É
INCLUSIVE OBJETO DO RECURSO.3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE
CÁLCULO. VALOR DA CAUSA. APLICAÇÃO DO TERCEIRO CRITÉRIO FIXADO PELO
§ 2º DO ARTIGO 85 DO CPC. INAPLICABILIDADE DA EQUIDADE. AUSÊNCIA DE
CONDENAÇÃO VULTOSA.4. FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS RECURSAIS EM RAZÃO
DO DESPROVIMENTO DO RECURSO.RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 16ª C.Cível -
0000358-33.2017.8.16.0103 - Lapa - Rel.: Desembargador Lauro Laertes de Oliveira - J.
20.04.2020)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DECISÃO


AGRAVADA QUE REJEITOU A ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DO BEM
IMÓVEL DADO EM GARANTIA HIPOTECÁRIA EM CÉDULA DE CRÉDITO RURAL.
INSURGÊNCIA DOS EXECUTADOS. NÃO ACOLHIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 3º,
INCISO V, DA LEI Nº 8.009/2009. EXCEÇÃO EM RELAÇÃO À IMPENHORABILIDADE
NO CASO DE DÍVIDA GARANTIDA POR HIPOTECA CONSTITUÍDA SOBRE O BEM DE
FAMÍLIA. ENTENDIMENTO DO STJ E DESTE TRIBUNAL. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE QUE OS RECURSOS AUFERIDOS NÃO SE REVERTERAM EM
FAVOR DA ENTIDADE FAMILIAR. PENHORABILIDADE MANTIDA. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido.
(TJPR - 14ª C.Cível - 0061924-30.2019.8.16.0000 - Umuarama - Rel.: Desembargadora
Themis de Almeida Furquim - J. 20.04.2020).

Conforme as decisões do Tribunal não tem porquê haver a penhora dos bens familiares
da Embargante, solicito que a Vossa Excelência de a decisão com base nas decisões do
Tribunal expostas.

4.

A Embargante requer que seja atribuído o efeito suspensivo, tendo em vista presente os
requisitos, conforme artigo 919, § 1º e 300 do Código de Processo Civil. Sendo
demonstrado o perigo de dano caso seja feita a penhora dos valores em sua conta, uma
vez que a Embargante custeia tratamento médico para sua mãe, bem como, fica
demonstrado à reversibilidade.

Diante os fatos e fundamentos expostos não há motivos de efetuar o bloqueio dos bens
citados pelo Embargado, já que os bens citados preenche os requisitos da
impenhorabilidade prevista no CDC. Portanto roga-se pela suspensão da penhora,
solicitada nos autos

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto querer a Vossa Excelência:

A) O recebimento do presente Embargo com atribuição do efeito suspensivo, a fim de


evitar danos irreparáveis;
B) A procedência dos pedidos da Embargante, para desconstituir o titulo executivo
extrajudicial, bem como a anulação da confissão de divida e a anulação do processo
executivo, com julgamento do mérito;
C) A juntada de cópias relevantes, conforme artigo 914, § 1º do Código de Processo Civil;
D) A intimação do Embargado;
E) A produção de prova testemunhal (vizinha);
F) A junta de comprovante de recolhimento de custas processuais;
G) A condenação do Embargado no pagamento de custas e honorários advocatícios;
H) Por fim, que as intimações sejam encaminhadas para os endereços físicos e/ou
eletrônicos no rodapé.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Local/Data

ADVOGADO

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