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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO


PROCESSO TRT/SP01049004020075020056

PROCESSO TRT/SP nº 01049004020075020056- 12ª TURMA


AGRAVO DE PETIÇÃO
ORIGEM: 56ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO
AGRAVANTES: JOSÉ CARLOS ZAMMAR E OUTRO
AGRAVADOS: MARCOS DIAS DA SILVA
PHATON SERVICE PRESTADORA SERVIÇOS
LTDA
SOCIEDADE ROSAS DE OURO
GILBERTO BONFIM CAVALCANTE E OUTROS

BEM DE FAMÍLIA – IMÓVEL DE VALOR ELEVADO –


IRRELEVÂNCIA - IMPENHORABILIDADE RECONHECIDA.
O objeto de proteção da lei 8009/90 é o imóvel familiar,
utilizado como moradia. Não se protege, portanto, o patrimônio,
mas a família, como base da sociedade detentora de proteção
especial (Constituição Federal, artigos 6º e 226), não se
encontrando dentre as taxativas exceções à impenhorabilidade,
qualquer referência ao valor do imóvel. Agravo provido.

Da r. decisão de fls. 457, que julgou improcedentes os


Embargos à Penhora, , AGRAVAM DE PETIÇÃO os embargantes às
fls. 459/467.

Alega tratar-se o imóvel penhorado de bem de família nos


termos da lei 8009/90, não podendo ser excluído da proteção legal em
razão de seu valor.

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006.
Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código do documento: 5585349
Data da assinatura: 04/08/2016, 02:21 PM.Assinado por: SONIA MARIA DE OLIVEIRA PRINCE RODRIGUES FRANZINI
Representação processual regular (fls. 429, verso)

Contraminuta às fls. 493/494.

É o relatório

VOTO

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

Alegam os agravantes que o imóvel penhorado constitui bem de


família nos termos da lei 8009/90, não podendo ser excluído da
proteção legal em razão de seu valor.
Com efeito, o objeto de proteção da lei 8009/90 é o imóvel
familiar, utilizado como moradia. Não se protege, portanto, o
patrimônio, mas a família, como base da sociedade, detentora de
proteção especial (Constituição Federal, artigos 6º e 226), Trata-se,
portanto, de norma de ordem pública e de aplicação cogente, com as
seguintes exceções:

Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de


transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a
impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que
guarneçam a residência e que sejam de propriedade do
locatário, observado o disposto neste artigo.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo
de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra

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natureza, salvo se movido:


I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria
residência e das respectivas contribuições previdenciárias;
(Inciso revogado pela Lei Complementar nº 150/2015 - DOU
02/06/2015)
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento
destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos
créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo
contrato;
III -- pelo credor de pensão alimentícia;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os
direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o
devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as
hipóteses em que ambos responderão pela dívida; (Inciso
alterado pela Lei nº 13.144/2015 - DOU 07/07/2015)
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e
contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para
execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,
indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato
de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 18/10/91)
Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que,
sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso
para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da
moradia antiga.
§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor,
transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior,
ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução
ou concurso, conforme a hipótese.

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§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural,
a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os
respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI,
da Constituição, à área limitada como pequena propriedade
rural.

Como se vê, não se encontra dentre as taxativas exceções à


impenhorabilidade, qualquer referência ao valor do imóvel, não se
podendo admitir a interpretação dada na Origem.

Nesse sentido a jurisprudência do C. TST:

“RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. BEM


DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE. VALOR DO
IMÓVEL. DIREITO À MORADIA, VIOLAÇÃO DO
ART. 6º DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
CARACTERIZADA. 1. A garantia de
impenhorabilidade do imóvel que serve de moradia
à família não foi mitigada considerando o valor do
bem imóvel. 2. Assim, independentemente do valor
em que foi avaliado o imóvel, no caso concreto em
R$ 800.000,00, não se pode perder de vistas que
essa variável econômica não abala a circunstância
preponderante que atrai a proteção concebida pelo
legislador: o imóvel é utilizado para habitação da
família, consoante premissa fática registrada na
decisão recorrida. (...)”
Recurso de revista conhecido e provido.

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TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
PROCESSO TRT/SP01049004020075020056

(TST – RR- 224300-51.2007.5.02.0055 – 1ª


Turma – relator: Ministro Hugo Carlos Scheuermann
– 20.11.2013)

Assim, restando inequívoco nos autos que o imóvel objeto


de penhora é o único de propriedade dos agravantes e serve de
residência do casal, merece acolhida o presente recurso para,
reconhecendo a condição de bem de família, excluir o imóvel da
constrição declarando-se insubsistente a penhora.

Isto posto, ACORDAM os Magistrados da 12ª Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 2ª Região em: CONHECER DO AGRAVO e
DAR-LHE PROVIMENTO, para reconhecendo a condição de bem de
família, excluir o imóvel da constrição, declarando insubsistente a
penhora, nos termos da fundamentação da relatora.

SONIA MARIA PRINCE FRANZINI


Desembargadora Relatora
mapl

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