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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 1ª VARA

DO TRABALHO DE BELÉM/PA

Embargante: EDUARDO MACEDO

Embargado: HELENA NUNES

Processo nº xxxxxxxxxxxxx

EDUARDO MACEDO, já qualificada nos autos do processo acima descrito, por


seu advogado que esta subscreve na Reclamação trabalhista proposta por
HELENA NUNES, inconformado com a sentença de fls. Xx vem tempestiva e
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, interpor EMBARGOS À
EXECUÇÃO, com fulcro no Art. 884 da CLT.

BREVE SINTESE DOS FATOS

Em procedimento anterior fora interposto agravo de instrumento por parte do


embargante, em razão de ter sido negado seguimento ao seu recurso ordinário
em virtude de suposta irregularidade no depósito recursal.

Para fins didáticos, informamos que o agravo de instrumento foi conhecido e


provido, destrancando o Recurso Ordinário. O Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho da 8ª Região, então, julgou o apelo de Eduardo, negando-lhe
provimento, isto é, mantendo as condenações impostas na sentença.

O recurso ordinário de Helena também não foi acolhido, o que conduz à


conclusão de que a decisão de primeiro grau prevaleceu, haja vista que
nenhuma das partes interpôs recurso de revista.

Uma vez transitado em julgado, iniciou-se a fase de liquidação de sentença,


com a apresentação de cálculos pela exequente Helena e pelo executado
Eduardo, nos termos do disposto no art. 879, da CLT. Diante da divergência
dos valores encontrados foi nomeado perito oficial que apresentou conta no
valor bruto de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Os cálculos foram homologados e Eduardo Macedo foi intimado para pagar o


valor no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de penhora, nos termos
do art. 880, da CLT.

Eduardo não tinha o valor para fins de pagamento, vez que se encontra em
precária situação financeira, razão pela qual não realizou o depósito no prazo
legal. Tentou-se, então, penhora de dinheiro na sua conta bancária, via sistema
eletrônico de bloqueio de valores, conhecimento como “BACENJUD”. Todavia,
nada foi encontrado nas contas bancárias do executado.

A exequente, então, requereu a penhora do imóvel onde trabalhava, localizado


na Avenida das Docas, nº 3.000, bairro Curuzu, Belém-PA, CEP 500520-020, o
que foi deferido pela 1ª Vara do Trabalho de Belém-PA.

O oficial de justiça esteve no imóvel em questão, lavrando o auto de avaliação


e penhora do apartamento. O valor atribuído a ele foi de R$ 200.000,00
(duzentos mil reais). O documento foi assinado pelo executado em 04/07/2022.

Pois bem, dado todo resumo fático,

NESTE CASO A REFERIDA DECISÃO NÃO DEVE PROSPERAR, MOTIVO


PELO QUAL DEVE SER A SENTENÇA REFORMADA, MEDIANTE OS
FUNDAMENTOS QUE A SEGUIR SERÃO EXPOSTOS:

REQUISITOS ESPECIFICOS

Informa a embargante estar presente dos os requisitos específicos


preenchidos, restando, portanto, tempestiva presente peça.

Com previsão nos arts. 879, 880 e 884 todos da Consolidação da Lei de
Trabalho

DA TEMPESTIVIDADE

 O embargante demonstra a tempestividade. A teor do art. 884, caput da CLT,


salienta que garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 05
dias para apresentar os embargos.
  O documento foi assinado pelo executado em 04/07/2022. Portanto,
tempestiva a presente peça.

DO MÉRITO

DA IMPENHORABILIDADE DOS BENS

A penhora é o ato processual de constrição de bens, que tem por objetivo


garantir o pagamento de uma dívida.

O Direito Processual do Trabalho não esgota as questões relativas à penhora,


razão pela qual é necessária a análise do Código de Processo Civil e da
legislação extravagante. Prova disso, é que o art. 882, da CLT, determina que
seja observada a ordem legal de penhora prevista no art. 835, do CPC, que se
inicia pela penhora de dinheiro em espécie ou depositado em instituição
financeira.

O CPC também se aplica subsidiariamente do Direito Processual do Trabalho


quando se trata de bens que não são passíveis de penhora, que são os
elencados no art. 883, do CPC.

Nota-se que a exequente, requereu a penhora do imóvel onde trabalhava,


localizado na Avenida das Docas, nº 3.000, bairro Curuzu, Belém-PA, CEP
500520-020, o que foi deferido pela 1ª Vara do Trabalho de Belém-PA.

O oficial de justiça esteve no imóvel em questão, lavrando o auto de avaliação


e penhora do apartamento. O valor atribuído a ele foi de R$ 200.000,00
(duzentos mil reais). O documento foi assinado pelo executado em 04/07/2022.

Ocorre que o embargante informa que reside no apartamento há anos, não


tendo para onde ir caso seja arrematado em leilão.

Ele afirma que está em situação financeira dificultosa, não tendo mais seu
veículo, sendo o apartamento seu único bem. Eduardo lhe entrega certidões de
todos os cartórios de imóveis de Belém-PA, que provam que o apartamento
penhorado é o único imóvel em seu nome.

Esse fato também fica provado pelas declarações de Imposto de Renda que
Eduardo Macedo lhe envia. Por fim, ele deixa com você cópias de conta de
energia, condomínio, telefonia e de cartão de crédito para demonstrar que
reside naquele apartamento.

Nesse sentido, salienta-se que o bem é impenhorável nos termos dos art. 1º e
5º, da Lei nº 8.009/90:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei,


considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela
entidade familiar para moradia permanente.

A análise do artigo 6º, da Constituição da República Federativa do Brasil de


1988 também é necessária neste caso:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

Como acima já exposto os bens penhorados são bens de família sustento da


embargante, e ante a isso o art. 833, do CPC, prevê favoravelmente ao pedido:

“São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;

Ainda nesse sentido a jurisprudência é solida, cito os seguintes julgados:

"AGRAVO CONTRA DECISÃO DE PRESIDENTE DE TURMA QUE NEGA


SEGUIMENTO A RECURSO DE EMBARGOS. EXECUÇÃO. BEM DE
FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. Cinge-
se a controvérsia sobre a regra prevista no artigo 896, § 2º, da CLT em
caso que foi reconhecida a violação direta do artigo 6º da Constituição
Federal, porquanto o Tribunal Regional, não obstante tenha enquadrado o
imóvel como bem de família, determinou a penhora em razão do seu
elevado valor de mercado. Na esteira de precedentes desta Subseção, a
decisão de penhora de bem de família baseada exclusivamente no elevado
valor do imóvel, de fato, implica violação direta do artigo 6º, caput, da
Constituição Federal a autorizar o conhecimento do recurso de revista em
fase de execução, em total observância à diretriz firmada na Súmula 266
do TST, na medida em que está atrelada diretamente à proteção
constitucional aos bens jurídicos da família, especialmente o direito à vida,
dignidade humana, propriedade e moradia, este último previsto
expressamente entre os direitos sociais do artigo 6º da Carta Magna.
Assim, inviável é o conhecimento do recurso de embargos a partir de tese
superada pela jurisprudência iterativa e atual desta Corte, nos termos do
artigo 894, § 2º, da CLT, sendo certo que a função uniformizadora deste
Colegiado já foi cumprida. Decisão recorrida que se mantém. Agravo
conhecido e não provido." (Ag-E-ED-RR-96200-72.2006.5.09.0652,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro
Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 04/05/2018.)
Portanto sendo que imóvel penhorado é bem de família, ou seja, torna-se
impenhorável. Fato que o embargante comprovou que lá reside e que se trata
de seu único imóvel. Requer seja desconstituída a penhora em questão.

DA INOBSERVÂNCIA À ORDEM DO BENS PENHORADOS

Ainda em despeito a mérito de penhora, observa-se que a ordem dos bens


penhorados não foi, data vênia, observada pelo douto magistrado, se não
vejamos o que prevê o art. 835 do CPC/2015:

“A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com
cotação
em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de
alienação
fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses,
alterar
a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança
bancária
e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito
constante
da inicial, acrescido de trinta por cento.
§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa
dada
em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será
intimado
da penhora.

Este dispositivo acima exposto, que se coaduna com a seara TRABALHISTA


EM QUESTÃO, no seu art. 882 da CLT, vejamos:

“O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a


execução mediante depósito da quantia correspondente, atualizada e
acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia judicial
ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida
no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo
Civil.”

Portanto, ante todos os fundamentos expostos, resta claro que não merece
prosperar a forma como foram penhorados os bens da embargante.

PEDIDOS

Por todo exposto, o embargante requer:

Sejam os embargos à execução conhecidos e providos, a fim de considerar


impenhorável o bem sobre o qual recaiu a penhora, nos termos acima
declinados, determinando este MM. Juízo o cancelamento da penhora imposta
sobre o bem imóvel.

Nesses termos;
Pede deferimento.

Local e data.
Nome e assinatura do advogado
OAB/UF

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