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RESPOSTA:
Importa acentuar que a impenhorabilidade do bem de família não é absoluta, neste
processo, observamos um bem de valor notável, o título executado corresponde somente
a 4% (quatro per cento) do valor total do imóvel. O magistrado Ademir Modesto, ao ser
relator em caso semelhante nos autos nº 2075933-13.2021.8.26.0000, aduziu sobre a
impenhorabilidade de bens de alto valor que: “fere o princípio da igualdade, porque
coloca devedores ricos e pobres em posições assimétricas, pois, enquanto os primeiros
podem concentrar toda sua fortuna num único imóvel para blindá-lo contra a penhora,
os segundo ficam sujeitos à constrição se, necessitando adquirir um segundo imóvel,
igualmente simples como aquele onde reside, visando complementar sua renda, não tem
a proteção da Lei nº 8.009/90 em relação à parte de seu patrimônio”. Ora, segundo este
entendimento, compreendemos a necessidade de relativizar a legislação, impor a
hermenêutica jurídica, dado que nessa excepcionalidade não podemos executar a lei de
maneira fria. Portanto, resta óbvio que proceder com a penhora do referido bem não
descaracterizará a importância de preservar os bens de família, pois com o restante do
valor da penhora, o executado terá liquidez o suficiente para garantir uma moradia
descente para seus dependentes, extinguindo a possibilidade de ferir a Suprema Carta
Magna e seus princípios.
A seguir, professora, a compreensão jurisprudencial do TJSP:
Caso 02. Maria celebrou um contrato de locação de um imóvel residencial com João.
Catarina, sua melhor amiga, figurou como fiadora da relação contratual. Passados
alguns meses Maria deixou de efetuar o pagamento dos aluguéis, dando azo a
propositura de ação de despejo e cobrança. Como João não localizou nenhum
patrimônio em nome de Maria, requereu a penhora de um imóvel de Catarina.
Catarina se opôs ao pedido, alegando que o imóvel é o apartamento em que ela reside
e se trata de seu único bem imóvel, configurando assim bem de família e que, portanto,
não poderia ser penhorado.
RESPOSTA:
Cumpre salientar que a responsabilidade do fiador é subsidiária, portanto, uma vez
que não foi encontrado bens pertencentes a Maria, correta a sentença que trouxe
Catarina a execução. Ao que concerne a penhora do seu bem de família, esta deve
proceder favorável em face do Exequente, dado que, há expressa exceção de
impenhorabilidade na Lei 8.0009/90:
Caso 04. Ana propôs ação de execução de título extrajudicial em face de Pedro, no
valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Em razão de Pedro não efetuar o
pagamento do débito no prazo legal, Ana requereu a penhora de valores existentes em
nome de Pedro junto a instituições financeiras. Por meio do sistema Bacenjud foi
realizada a penhora de R$ 23.000,00 (vinte e três mil reais) que estavam depositados
em conta corrente de titularidade de Pedro. Pedro alegou a impenhorabilidade dos
valores, afirmado se tratar de salário. Considerando a situação hipotética, com
fundamento da legislação e entendimento dos Tribunais, responda se é possível a
penhora de salário:
RESPOSTA:
Segundo artigo 833 do Código de Processo Civil, inc. IV, são impenhoráveis os
salários, pois prejudicaria o executado em suas necessidades básicas, ferindo, portanto,
bases constitucionais sobre a dignidade humana. No entanto, recentemente os tribunais
têm buscado meios para contornar esse entendimento, como em alguns casos,
permitindo a penhora de pequena percentagem salarial, quando observado que o
referido montante não cause real prejuízo diante sua ausência. Vislumbre, professora, a
flexibilização da lei:
Acórdão 1326665, 07483276520208070000, Relator: ALFEU
MACHADO, Sexta Turma Cível, data de julgamento:
10/3/2021, publicado no DJE: 26/3/2021.