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Processo: 500/09.7TBSRT.1.C1
Nº Convencional: JTRC
Relator: MARIA JOÃO AREIAS
Descritores: CUSTAS DE PARTE
BENEFÍCIO DO APOIO JUDICIÁRIO AO VENCIDO
HONORÁRIOS DO AGENTE DE EXECUÇÃO
Data do Acordão: 17/11/2020
Votação: UNANIMIDADE
Tribunal Recurso: TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE CASTELO BRANCO - JUÍZO DE COMPETÊNCIA GENÉRICA DA SERTÃ.
Texto Integral: S
Meio Processual: APELAÇÃO
Decisão: PARCIALMENTE REVOGADA
Legislação Nacional: ARTºS 533º E 721º, NºS 1 E 2 DO NCPC.
Sumário: 1. Na ação declarativa, se o réu/vencido na ação gozar do benefício de apoio judiciário, o vencedor não poderá reclamar do
Réu o reembolso de custas de parte a que teria direito por via do artigo 533º do CPC, seja pela via da apresentação da sua
Nota Discriminativa de Custas de Parte na ação declarativa (no prazo de 10 dias a contar do transito da decisão final), seja
mediante a instauração de execução por custas de parte: as taxas de justiça por si pagas ser-lhe-ão devolvidas pelo IGFEJ e
quando aos restantes encargos e despesas não tem como cobrá-los, a não ser no caso vir a ocorrer a revogação da decisão que
concedeu o apoio judiciário.
2. Na execução, os honorários devidos e as despesas efetuadas pelo agente de execução são suportados pelo exequente sob pena
de não prosseguimento da execução, saindo precípuos do produto dos bens penhorados ou, caso tal não seja possível, pedindo
o seu reembolso ao executado (artigo 721º, ns.1 e 2, CPC).
3. O executado a quem foi concedido o apoio judiciário na modalidade de dispensa de pagamento de taxa de justiça e dos
encargos do processo não terá de pagar custas, não lhe podendo ser cobradas as quantias devidas a título de honorários e
despesas com o agente de execução – seja pela via do seu pagamento prioritário pelo produto dos bens penhorados (art. 541º
CPC), seja por reclamação do exequente a título de custas de parte art. 721º) –, não devendo ser incluídas na liquidação da
responsabilidade do executado no caso de pagamento voluntário da quantia exequenda (artigo 847º).
Decisão Texto Integral:
1. Na ação declarativa, se o réu/vencido na ação gozar do benefício de apoio judiciário, o vencedor não poderá
reclamar do Réu o reembolso de custas de parte a que teria direito por via do artigo 533º do CPC, seja pela via da
apresentação da sua Nota Discriminativa de Custas de Parte na ação declarativa (no prazo de 10 dias a contar do
transito da decisão final), seja mediante a instauração de execução por custas de parte: as taxas de justiça por si pagas
ser-lhe-ão devolvidas pelo IGFEJ e quando aos restantes encargos e despesas não tem como cobrá-los, a não ser no
caso vir a ocorrer a revogação da decisão que concedeu o apoio judiciário.
2. Na execução os honorários devidos e as despesas efetuadas pelo agente de execução são suportados pelo exequente
sob pena de não prosseguimento da execução, saindo precípuos do produto dos bens penhorados ou, caso tal não seja
possível, pedindo o seu reembolso ao executado (artigo 721º, ns.1 e 2, CPC).
3. O executado a quem foi concedido o apoio judiciário na modalidade de dispensa de pagamento de taxa de justiça e
dos encargos do processo não terá de pagar custas, não lhe podendo ser cobradas as quantias devidas a título de
honorários e despesas com o agente de execução – seja pela via do seu pagamento prioritário pelo produto dos bens
penhorados (art. 541º CPC), seja por reclamação do exequente a título de custas de parte art. 721º) –, não devendo ser
incluídas na liquidação da responsabilidade do executado no caso de pagamento voluntário da quantia exequenda
(artigo 847º).
***
[1] Que aqui se reproduzem por súmula, face ao incumprimento do dever de sintetizar os fundamentos do recurso, em violação da
obrigação prevista no nº1 do artigo 639º CPC.
[2] Segundo o qual “A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente
protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos.”
[3] Cfr. Acórdão do Tribunal Constitucional nº 2/2015, relatado por José da Cunha Barbosa
[4] Jorge Miranda e Rui Medeiros, “Constituição Portuguesa Anotada”, Tomo I, Coimbra Editora, 2005, p.180.
[5] Havendo quem entenda, como é o caso de Salvador da Costa e que vem sendo seguido por alguma jurisprudência, que o vencido
que seja beneficiário do apoio judiciário não deve ser condenado no pagamento das custas da sua responsabilidade e que tal
condenação só devera ocorrer na ação intentada para tal efeito pelo Ministério Público em caso de revogação do apoio judiciário por
insuficiência de bens – “O Apoio Judiciário”, 5ª ed., Almedina, pp. 95-97.
[6] Salvador da Costa sustenta que, para além do Ministério Público, é interessado na ação de cobrança de quantias de cujo
pagamento foi dispensado no quadro da proteção jurídica, para efeito de legitimidade ad causam, a parte vencedora que litigou no
confronto de contraparte com o benefício da proteção jurídica e que tem interesse e realizar o seu direito de crédito concernente a
custas de parte – “O Apoio Judiciário”, 5ª ed., Almedina, p.89.
[7] José Lebre de Freitas e Isabel Alexandre, “Código de Processo Civil Anotado”, Vol. 2, 3ª ed., Almedina, pp. 453-455.
[8] António Abrantes Geraldes, Paulo Pimenta e Luís Filipe Pires de Sousa, “Código de Processo Civil Anotado”, Vol. I, Almedina,
p. 585.
[9] Neste sentido, cfr., Ac. TRG de 17-11-2016, relatado por Heitor Gonçalves, Ac. TRL de 18-02-2016, relatado por Maria Teresa
Pardal, Ac. TRL de 07-02-2019, relatado por Isoleta Almeida Costa, Ac. TRG de 10-07-2019, relatado por Eugénia Cunha, Ac. Do
TRP de 10-02-2010, relatado por Carlos Querido, e Ac. TRP de 11-05-2020, relatado por Manuel Domingos Fernandes, todos
disponíveis in www.dgs.pt.; em sentido contrário, encontrámos unicamente o Ac. Do TRG de 02-06-2016, relatado por Isabel Silva,
também ele disponível in www.dgsi.pt.
[10] Acórdão do TRP de 10-02-2020, relatado por Carlos Querido, onde se dá como ex. da primeira situação – atribuição da
responsabilidade ao IGFEJ –, os Acórdãos do TRL de 07-02-2019, relatado por Isoleta Almeida Costa, e de 18-02-2016, relatado por
Maria Teresa Pardal, e em sentido contrário – responsabilidade do exequente – Acórdãos do TRG de 10-07-2019, relatado por
Eugénia Cunha, e 17-11-2016, relatado por Heitor Gonçalves, e Ac. TRC de 23.10.2018, relatado por Carlos Moreira.
[11] E não no valor de 3.219,72 €, como erroneamente refere a Apelante nas suas alegações de recurso, valor este que corresponde ao
saldo final da Liquidação, a pagar pela executada.
[12] Responsabilidade relativamente à qual o Tribunal Constitucional já se pronunciou no sentido da não inconstitucionalidade do nº6
do art. 26º do RCJ, no Acórdão nº 2/2015, relatado por José da Cinha Barbosa, disponível in www.dgsi.pt.