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CESSÃO DE HERANÇA

Professora Edenilza Gobbo


Terminologia

• Cessão de herança
• Renúncia translativa
• Desistência da herança
Quando o herdeiro aceita a herança e transfere para terceiro – pode ser outro herdeiro.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. DECISUM QUE DETERMINA
O RECOLHIMENTO DO ITBI. CESSÃO GRATUITA DE DIREITOS
HEREDITÁRIOS. OPERAÇÃO NÃO ONEROSA. TRANSMISSÃO CAUSA
MORTIS E ULTERIOR DOAÇÃO. SUBSUNÇÃO DUPLA AO ITCMD. NÃO
INCIDÊNCIA DO ITBI. DECISÃO REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
A cessão gratuita de direitos hereditários (ou "renúncia
translativa") implica aceitação e subsequente doação do quinhão a
terceiros, atraindo a dupla incidência do ITCMD: primeiro pela
transmissão causa mortis e, posteriormente, pela cessão gratuita
inter vivos - cuja ausência de onerosidade afasta a subsunção ao
ITBI. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 4029440-37.2017.8.24.0000,
de Forquilhinha, rel. André Carvalho, Sexta Câmara de Direito
Civil, j. 27-11-2018).
MODALIDADES

• GRATUITA: corresponde a doação de herança – ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e


Doação - Estadual) – 1%, 3%,5%,7% ou 8%

• ONEROSA: equivalente ao contrato de compra e venda – ITBI (Imposto de Transmissão de Bens


Imóveis – Municipal) – geralmente 2% sobre o valor do imóvel
REQUISITOS

• Aceitação da herança
• Capacidade civil
• Outorga conjugal
• Forma:
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que
disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
DIREITO CIVIL. SUCESSÕES. ATO JUDICIAL. ANULAÇÃO. ARROLAMENTO DE
BENS. QUINHÕES HEREDITÁRIOS. DESISTÊNCIA MANIFESTADA PELOS FILHOS
DO DE CUJUS EM FAVOR DA MÃE. RENÚNCIA TRANSLATIVA OU CESSÃO DE
HERANÇA. DIVERGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS QUE, NO ENTANTO, NÃO TÊM O
CONDÃO DE ALTERAR O RESULTADO DA DEMANDA. ATO SUBSCRITO POR
ADVOGADA CONSTITUÍDA. PROCURAÇÃO PARTICULAR. VÍCIO DE FORMA.
EXIGÊNCIA DE INSTRUMENTO PÚBLICO. HOMOLOGAÇÃO. NULIDADE
RECONHECIDA. RECURSO DE APELAÇÃO PROVIDA.
Em se tratando de renúncia translativa de herança subscrita por procurador
constituído pelos herdeiros renunciantes, é da substância do ato a outorga
de poderes por instrumento público, pena de nulidade absoluta. Ainda que
se adote a corrente doutrinária segundo a qual a renúncia translativa é, em
verdade, cessão de herança, deve o termo ser firmado por escritura pública,
conforme exige o art. 1.793 do Código Civil vigente. (TJSC, Apelação Cível
n. 2011.103275-8, de Tubarão, rel. Trindade dos Santos, Segunda Câmara de
Direito Civil, j. 27-09-2012).
EFEITOS

• Não atinge direitos futuros (1.793, §1º)


§ 1 o Os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de
acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.
EFEITOS

• § 2 o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre


qualquer bem da herança considerado singularmente.
• § 3 o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão,
por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente
a indivisibilidade.
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO
JURÍDICO - PROCESSO JULGADO SEM ANÁLISE DO MÉRITO -
ILEGITIMIDADE ATIVA - CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS - BEM
INDIVIDUALIZADO - ART. 1.793, § 2º, DO CC - INEFICÁCIA CONDICIONAL
- DESTINAÇÃO DO IMÓVEL NA NOVA PARTILHA NÃO DEMONSTRADA -
DIREITO DOS AUTORES SOBRE O TERRENO - NÃO COMPROVAÇÃO
Segundo se constata da interpretação teleológica do art. 1.793, §2º,
do Código Civil, a produção de efeitos da cessão de direito
hereditário, por coerdeiro, sobre bem da herança considerado
individualizadamente está sujeita ao implemento de condição, qual
seja, ser o imóvel negociado destinado ao cedente na partilha.
Assim, por não ter comprovado qualquer direito sobre o imóvel, não é
o cessionário legítimo para ingressar com demanda anulatória de
negócio jurídico referente ao bem em questão, se não comprovou ter
sido este reservado ao cedente na partilha, visto que ineficaz a cessão
de direitos. (TJSC, Apelação Cível n. 2013.044416-1, de Lages, rel.
Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 14-03-2016).
DIREITO DE PREFERÊNCIA ENTRE HERDEIROS

Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a


pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por
tanto.
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão,
poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se
o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência,
entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das
respectivas quotas hereditárias.
DIREITO CIVIL. CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS. CONDOMÍNIO.
INDIVISIBILIDADE. DIREITO DE PREFERÊNCIA DOS CO-HERDEIROS. ART. 1139 DO CÓDIGO
CIVIL DE 1916 (ART. 504 DO CC EM VIGOR).
1. "Os co-herdeiros, antes de ultimada a partilha, exercem a com propriedade sobre os
bens que integram o acervo hereditário 'pro-indiviso', sendo exigível, daquele que
pretenda ceder ou alhear seu(s) quinhão(ões), conferir aos demais oportunidade para o
exercício de preferência na aquisição, nos moldes do que preceitua o art. 1139, CC" (REsp
n. 50.226/BA).
2. O art. 1.139 do Código Civil de 1916 (art. 504 do CC em vigor) não faz nenhuma
distinção entre indivisibilidade real e jurídica para efeito de assegurar o direito de
preferência ali especificado.
Interpretação em sintonia com a norma do art. 633 do mesmo diploma legal, segundo a
qual "nenhum condômino pode, sem prévio consenso dos outros, dar posse, uso, ou gozo
da propriedade a estranhos" (art. 633).
3. Ao prescrever, do modo taxativo, a indivisibilidade da herança, assim o fez o legislador
por divisar a necessidade de proteção de interesses específicos da universalidade ali
estabelecida, certamente não menos relevantes do que os aspectos de ordem meramente
prática que poderiam inviabilizar a divisão física do patrimônio.
4. Recurso especial provido.
(REsp 550.940/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em
20/08/2009, DJe 08/09/2009)
IMPLICAÇÕES TRIBUTÁRIAS

• Lei 13.136, de 25 de novembro de 2004


Alíquotas

Art. 9º As alíquotas para a cobrança do imposto são:

I - um por cento sobre a parcela da base de cálculo igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais);

II - três por cento sobre a parcela da base de cálculo que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e for igual ou inferior a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais);

III - cinco por cento sobre a parcela da base de cálculo que exceder a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) e for igual ou inferior a R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);

IV - sete por cento sobre a parcela da base de cálculo que exceder a R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); e

V - oito por cento sobre a base de cálculo, quando:

a) o sucessor for:

1) parente colateral; ou

2) herdeiro testamentário ou legatário, que não tiver relação de parentesco com o de cujus.
Exemplificando: caso um imóvel possua valor de R$170.000,00 e seja
transmitido ao filho do doador, a alíquota não será 7% sobre o valor
total, mas passará por todas as alíquotas anteriores, dentro de suas
faixas, até completar o valor total da base de cálculo de
R$170.000,00.

Até R$20mil: 1% = R$200,00

De R$20mil a R$50mil (existem R$30.000,00 aqui): 3% = R$900,00

De R$50mil a R$150mil (existem R$100.000,00 aqui): 5% = R$5.000,00

Acima de R$150mil até o R$170mil do bem (existem R$20.000,00


aqui): 7% = R$1.400,00

Imposto total: R$7.500,00.


ATENÇÃO

A base de cálculo será reduzida à metade quando:

– houver meação dos bens nos inventários;

– for doação com reserva de usufruto (transmissão da nua propriedade)

– for instituição de direito real de forma gratuita (usufruto, servidão, uso,


habitação, etc).
ART. 155 CF:

§ 1º O imposto previsto no inciso I (ITCMD):

I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou


ao Distrito Federal

II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o


inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;

ENTÃO

ITCM imóveis → localização do bem

ITCM móveis → local do inventário ou arrolamento

ITCD imóveis → localização do bem

ITCD móveis → domicílio do doador


FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase

Maria Silva, que, durante sua vida, foi domiciliada no Distrito Federal, faleceu
deixando um apartamento no Rio de Janeiro e um automóvel que, embora
registrado no DETRAN do Amazonas, atualmente está em uso por um de seus
herdeiros no Ceará. O inventário está em curso no Distrito Federal. Quanto ao
Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCMD devido, assinale a
afirmativa correta.

A) O ITCMD referente ao apartamento compete ao Distrito Federal, local onde


o inventário está sendo processado.
B) O ITCMD referente ao automóvel compete ao Ceará, local onde o bem está
sendo usado.
C) O ITCMD referente ao automóvel compete ao Distrito Federal, local onde o
inventário está sendo processado.
D) O ITCMD referente ao automóvel compete ao Amazonas, local onde o bem
está registrado.
https://www.sef.sc.gov.br/servicos/servico/51/Iniciar_ou_Retificar_Declara%C3%A7%C3%A3o_do_ITCMD

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