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UNIVERSJDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


FACULDADE DE DIREITO

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Pt:>c;v Svc~sc.. ;i. o SUCESSÃO LEGÍTIMA


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1. Disposições gerais ~ d.;. w. h h>1LW .


A. Morte Sur.;iro Anvo .,: 1>t. GUíú:. -: AVm~ M HEXAM<'
5v.r<:>ro ~'"º = 6u~<iµ
A::sUl~cs~ ão legítima.inicia com a morte. No sistema jurídico, tem-se dois tipos de morte: ausência
cor:10 presunção de morte que faz abrir a sucessão provisória e a morte declarada. O atestado de
óbito Ot.i a sentença que declara a ausência são os únicos documentos indispensáveis à abertura da
sucessão.

O sujeito deixa seu patrimônio (ativo e passivo) e este fica de propriedade de quem? Ficticiamente
foi criado o espóJio : um ente coletivo, (equiparado a uma pessoa jurídica) qu abrang todo o
patrimônio do falecid o. Esse espólio (também às vezes denominado de sucessão) adquire o nome
do próprio falecido para sua identificação . Outra fo1ma de se referir ao falecido é por meio da
expressão de cujus.

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f\D d..c.. m.,,..k. J,t. ô

J.c, ~ cL&1., ~~ ~ ~ d-o ~-


B. Saisine A~ 4M.L ~ va.. ~ ,k ~,,.-,a. vn~ ~ ·
Na Idade Média, criou-se no âmbito do direito francês o princípio da saisine, através do qual o
patrimônio do falecido transfere a propriedade e a posse imediatamente aos herdeiros (um
segundo após o falecimento). Trata-se de urna ficção na medida em que a fomrnl ização da
transferência da titularidade se dá apenas com a partilha. Essa confusão se dá na medida em que
é aplicado o direito alemão quanto às obrigações (necessidade de registro da transferência para
que ocorra tal transferência) e o direito francês quanto às sucessões (com a utilização do princípio
da saisine). rJ~ eco-vv ,.Vnkt1u'lµ..pcq.ô elo. ~ ~
~do,~ # ~ d...o~o
Por força desse princípio, embora não haja a transferência, os herdeiros são os legítimos
proprietários e possuidores. Na prática, a relevância encontra-se na defesa dcs..ses ben . após a
morte do proprietário, na contagem dos prazos de prescrição aquisitiva. L/
Importante mencionar que, quando da partilha, a declaração da propriedade retroagirá à data da
morte.
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-f-nifN ct&, ~ .

C. Legislação aplicada

A forma de divisão da herança varia confonne as leis aplicáveis. A lei aplicável para definir quais
são os herdeiros e quanto cada um receberá é a lei vigenb o dia da morte, haja vista a incidência
do princípio da saisine.

Se falecido em 1990 e o inventário está sendo feito hoje, serão aplicadas as disposições do
CC/l 916. HE:F/ll'l<f' ->, ·~
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Contudo, em 2017 /1, o STF considerou inconstitucional o art. !. 790, do CC/2002. Atualmente,
está se discutindo a partir de que momento não se aplicam as regras de tal artigo . Por enquanto,
na 7ª Câmara Cível resta decidido que a partir declaração de inconstitucionalidade não seriam
aplicadas as disposições do art. 1.790.

D. Testamento

A partir dos 16 ano s já se tem capacidade plena para fazer testamento . Em testamento, podemos
dispor cláusulas de cunho extrapatrimonial e patrimonial. As de cunho extrapatrimonial, cm total
liberdade (reconhecimento de filho , fonna ou local de enterro, etc.); no âmbito patrimonial , é
preciso questionar se tenho ou não herdeiros necessários: se tiver herdeiros necessários. só
poderes dispor de metade de meu patrimônio em testamento . Se não tiver herdeiros necessários,
poderei dispor da totalidade de bens em meu testamento .

São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e cônjuge. Mesmo com a declaração


de inconstitucionalidade do art. 1.790, do CC, o companheiro não se tomou herdeiro necessário
na medida em que tal discussão não estava no âmbito da declaração do STF.

Se eu for casado em algum regime de comunhão de bens e ti ver a fo1111ação de patrimônio comum,
metade desse patrimônio comum será meu, de modo que poderei dispor de metade dessa metade
(metade da meaçào, portanto). ~A ~ ~ 13 pt>ck, etr ~,,. " , ~
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E. Limitação da herança
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Tal princípio é aplicável em todos os sistemas jurídicos do mundo. Por ele, garante-se que nenhum
~d Por tanto, as dí vidas do falecido
deverão ser pagas com o espólio do falecido ; se o espólio não conseguir pagar tudo . os credores
simplesmente não receberão. Na pior das hipóteses. um herdeiro não receberá nada a título de
herança (hipótese de espólio negativo).

Ainda, para fazer o inventário, todas as despesas de inventário e paitilha saem do espólio (os
herdeiros não precisam pagar nada do próprio bolso para realizar o inventário) . Não há despesa
dentro do inventário a serem pagas pelo herdeiro ; na prática, contudo, como os herdeiros querem
receber a herança inteira, eles tiram dinheiro do próprio bolso para pagarem as despesas e depoi s
recebem a integralidade da herança, sem ter que vender bens do espólio para pagar as despesas .

F. Avaliação - ITCD

Para fins de partilha, todos os bens devem ser transfo1111ados em dinheiro e avaliados para que
possam ser partilhados. Essa avaliação se faz pela Secretaria da Fazenda Estadual , que procede à
estimativa dos bens mediante DIT (declaração de ITCD ). Se a parte concordar com as avaliações,
esses passam a ser os valores oficiais dos bens, ou seja, valores que serão utili zados para partilha .
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Se não concordar, pode se proceder à impugnação administrativa e, após, judicial da avaliação.


Mesmo depois das impugnações, algum valor oficial deve ser atribuído aos bens.

A maioria pretende avaliações baixas para que sejam pagas poucas custas e pouco imposto.

O imposto incidente sobre a transmissão da herança é o ITCD : imposto de transmissão causa


mortis/doação . Esse imposto variou por muitas alíquotas: atualmente, varia de acordo com os
bens, de 6% a 8%.

A esse imposto també ' aplicado o princípio da saisine: - o fato gerador é a transmissão da
herança. deve se verificar qual a alíquota de lTCD que incidia no dia a morte. A base de cálculo.
ue é a avaliação do ben~, sobre a qual incidirá a al íquota, por sua vez, será a uai (do dia ti
a11ill~

A alíquota do JTCD é pelo estado em que está o bem, embora o processo de inventário esteja
sendo feito em outro estado.

Da avaliação apresentada em juízo as partes tem um prazo de 1O dias para impugnar a avaliação
fazendária (isso além da possibilidade de impugnação administrativa) .

--'> I C>./1J.HV fu..J,u..ru.~, pa '" ~tl\,.


G. Partilha --J:> ~ Pv.J.h.."-" · a..&.1-<J.:cacó.•

Consiste na divisão da herança. Quando se tem um único herdei ro , usa-se o termo adj udicação,
que gera uma carta de adjudicação.

O fonnal de partilha é o documento oficial da transmissão da herança.

A partilha pode ser judicial ou extrajudicial.

A ex rajuaicial é feita em tabelionato e é regida pela Lej_U.44 lL2001 ; para essa partilha ser
possível, é preciso que todos os herdeiros sejam plenamente capazes, que o falecido não tenha
deixado testamento e que a divisão da herança seja previamente acordada entre todos os herdeiros
(consenso/acordo prévio entre todos os herdeiros), uma vez que a partilha já é levada pronta para
o tabelionato. Preenchendo esses três requisitos, pode ser realizada essa partilha extrajudicial,
mais rápida e mais barata.

A partilha judicial é feita dentro d ação d inventário; nela , qualquer tipo de partilha pode ser
realizada.
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II. Aceitação e renúncia


A. Prazo

Todo herdeiro é presumidamente aceitante da herança ; seu silêncio presume aceitação e a ele serei
reservado seu quinhão hereditário. Ele pode aceitar de modo expresso; se isso acontecer. ele não
poderá mais renunciar a ela, pois a aceitação expressa de herança é inevogável. Enquanto ele não
manifestar expressamente a aceitação, poderá renunciar.

A renúncia, por sua vez, só existe de modo expresso . Deve ser feita por doc umento autêntico
(declaração reconhecida em cartório. etc.) ou por tcm10 nos autos, os quais serão analisados e
homologados pelo juiz (se houver herdeiros incapazes , a renúncia de\·e contar com homologação
judicial , após manifestação do Ministério Público) lgualmente, a renúncia · irrevogáve l.
Importante mencionar que a renúncia é em relação a toda a herança que consta no in ventário ; se
surgem bens posteriormente (os quais não tinham anteriormente declaração de propriedade do
falecido) a renúncia não vale em relação a esses bens supervenientes.

Só posso aceitar ou renunciar a uma herança após a morte do de cujus . É nula qualquer renúncia
anterior à mo11e; a renúncia anterior à morte se equipara aos pactos sucessórios (pa cw co n i11a) .
1

ou seja, contratos que têm por objeto herança de pessoa viva - esses contratos não são admitidos
por nosso sistema.

Após a morte, mesmo sem ter sido aberto o inventário , é possível uma renúncia ou aceitação
expressa da herança.

Se um herdeiro morre antes de dizer se aceita ou não a herança, os herdeiros podem renunciar em
nome dele, desde que aceitem a herança de seu genitor (os herdeiros podem..renuneoiilr · hera1wa
d a pBra isso devem acei tar a h e ra n ç~ do pai).

O prazo para ac-dtaçao ou renúncia vai a a entença d partilha ; realizada a partilha através de
sentença, deixa de existir espólio, deixa de existir direito hereditário e os herdeiros se tornam
proprietários de seus respectivos quinhões hereditários.

Nos regimes ·ae comunhão d ben , a outorga do cônjuge é obri atóna ó não -é obri:gatória na
separação de beri'§J tanto para a renúncia quanto para a ace.itação .

B. Forma

A renúncia, por sua vez, só existe de modo expresso . Deve ser feita por documento autêntico
(declaração reconhecida em cartório, etc.) ou por termo nos auto s, os quais serão analisados e
homologados pelo juiz (se houver herdeiros incapazes, a renúncia deve contar com homologação
judicial, após manifestação do Ministério Público). Igualmente, a renúncia é irre vogável.
Importante mencionar que a renúncia é em relação a toda a herança que consta no inventário ; se
surgem bens posteriormente (os quais não tinham anteriormente declaração de propriedade do
falecido) a renúncia não vale em relação a esses bens supervenientes.
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C. Parcial, condição, termo

Não é possível aceitar ou renunciar parcialmente.

Não é possível impor condições para aceitação ou renúncia.

Não é possível impor uma data inicial para aceitação ou renúncia.

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D. Destino do quinhão
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Numa sucessão , temos os herdeiros legítimos e os herdeiros testamentários, além dos legatários.
Os legatários também são pessoas beneficiadas em testamento, do mesmo modo que os herdeiros
testamentários. A diferença é que os legatários são beneficiados com um bem (ou parte de um
bem) individualizado. Quando eu nomeio uma pessoa de modo genérico, nomeio um herdeiro ;
por outro lado, quando nomeio uma pessoa com um bem específico, trata-se de um legatário (este
sempre terá seu quinhão identificado em testamento).

Uma mesma pessoa poderá ser, simultaneamente, no mesmo inventário, herdeira legítima,
herdeira testamentária e legatária. Exemplo: tenho um filho (que é herdeiro legítimo), faço um
testamento deixando a ele 10% da herança (herdeiro testamentário) e meu carro (legatário). Nesse
caso, para efeitos de aceifuçao e renúncia, ele é considerado pessoa diferente em cada um desses
tasos 1• Consequentemente, poderá aceitar a herança legítima e renunciar o legado ou herança
testamentária. Nesse caso, não se trata de aceitação parcial, uma vez que ele é considerado como
uma pessoa diferente em cada uma das hipóteses .

Encargos e ônus podem ser estipulados, até mesmo na hipótese de herança legítima.

E. Representação

Se eu renunciar, qual o destino do quinhão 9

A morreu e tem três filhos: 8, C e D. A herança de A será partilhada, cabendo 1/3 a cada um
deles. B, que tem dois filhos (E e F) , renuncia. O quinhão que pertencia a 8 não vai a seus
herdeiros, pois ainda existem, na linha de sucessão de 8, herdeiros vivos aceitantes.
Consequentemente, a herança de A (que foi renunciada por 8) não vai para E e F, mas sim para
C e D. A renúncia de 8 prejudicará também seus herdeiros, uma vez que não existe representação
de herdeiro renunciante. Os herdeiros de B não poderão representa-lo. A herança de A, assim,
caberá Y2 a C e a D.

Se C também renunciar, a renúncia de C não poderá ser representada por seu filho (G). D, então ,
ficará com 100% da herança (pois na linha do renunciante ainda existe um filho que quer a
herança).

1
Se for deixado mais de um legado (um carro e um apartamento) , ele de verá aceitar to dos os legad os ou
nenhum, sob pena de haver aceitação parcial, o que não é viáve l.
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Na hipótese de D também renunciar, todos os filhos do falecido (B, C e D) não querem a herança.
Os descendentes seguintes serão os netos (E, F, G, H, 1 e J), os quais não representarão os
renunciantes, pois não existe representação de herdeiro renunciante. Consequentemente, cada um
deles representará por cabeça, em partes iguais, de modo que caberá a cada um deles 1/6 da
herança, por direito próprio ou por cabeça .

.+ O direito da sucessão abcJ1o ·é dassificado como um bem imó l; onscqucntcmente,


qua lquer to cie djsp.osi.ção 11ccas:s.ita d outorg conjuga l. O direito hereditário é sempre
do parente; o cônjuge casado cm comunhão de bens só terá direito à mcação caso a
herança entre no patrimônio do cônjuge.

F. Credores

A renúncia de herança para prejudicar credores é considerada fraude e, em razão disso, pennite-
se aos credores a habilitação no processo de inventário para receberem o quinhão do renunciante.
Mesmo que tenham sobrado créditos, a renúncia (ainda que fraudulenta) beneficiará os demai s
herdeiros.
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Prof'. Jamil Baimura

Ili. Cessão
A. Prazo

A cessão de direitos hereditários presume aceitação: só-po.sso ceder aquilo que~aceitei. A herança
já..entrou no.meu patrimônio jurídico e agora estou cedendo esse patrimônio a um terceiro .

Diferença entre cessão gratuita e doação ; diferença entre cessão onerosa e compra e ve nda .

O direito é um bem i11corpóreo e será objeto d cessão gratuit a ou onerosa . Quando o bem é
corpóreo, tem-se doação ou compra e venda.

O prazo é o mesmo da aceitação ou renúncia. depoi da morte e até a sentença d partilha. Antes
da morte, não pode haver contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva. Dep·ois da partilha,
o direifü.hereditário vira então ó posso doar o Yender meus beJ1s.

B. Forma

A cessão se faz por escritur pública ou por termo nos autus . Por escritura pública, em função da
classificação do bem hereditário como bem imóvel (art. 80, li, do CC).

C. Gratuita

transmissão), dando origem à incidência de imposto.

A ce_s:são gratuit:a pode ser feit-a em favor d herde·iro ou terceiro estranho ao in entário.

D. Onerosa

Gessão onerosa somente. pode ser feita se (or gan;rntido aos det1rnis herdeiros o direito de
preferência (mesmas eondiÇ<ões1. por prazo de-30 djas). Se nenhum deles quiser comprar os direitos
hereditários, poderá ocorrer a venda nas mesmas condições a terceiro estranho ao in ventário.

Se dois ou mais coerdeiros quiserem comprar aquele direito hereditário , todo s terão direito de
comprar prnporcionalmente ªº
quinhã originário.

Se eu não oferecer aos demais coerdeiros e fizer urna cessão onerosa dos direitos hereditários a
um terceiro sem garantir o direito de preferência, os demais coerdeiros, no momento em que
tiverem ciência do negócio, terão 180 dias para depositar o valor em juízo e haverem para si o
direito hereditário cedido (anu lação da cessão onerosa) .
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A motTeu e seus herdeiros são C, D e E, cabendo 113 a cada. Na primeira hipótese, os únicos
filhos (C, D e E) renunciam. Os filhos renunciando e não havendo outros descendentes ou
ascendentes, toda a herança irá para B (cônjuge). Oconeu apenas um fato gerador na medida cm
que houve renúncia, haverá incidência de um ITCD .

Na segunda hipótese, todos os herdeiros cederam os direitos hereditários gratuitamente em favor


de 8 . Os herdeiros receberam a herança (primeiro fato gerador) e depois transmitiram a herança
(segundo fato gerador); desse modo , incidem 2x ITCD . Se fosse cessão onerosa, incidiria ITBI ,
de competência municipal.

Aparentemente, a primeira hipótese é melhor na medida em que há a incidência de apenas um


tributo. Contudo, não se trata da hipótese mais segura, pois eventualmente poderá surgir um
herdeiro desconhecido de A, F. Assim, na prática, no primeiro caso receberá 100% da herança
(pois Fé filho em toda a linha daqueles que renunciaram). o segundo caso, F ficará com V., pois
os outros 31. já foram cedidos para B.

F terá prazo de dez anos a partir da morte de A para ingressar como herdeiro (apesar de não ter
qualquer prazo para ser reconhecido corno filho) , mediante ação de petição de herança. Prazo
decadencial.

TotltA. a. ~ V<U. pcvm. o ~~ó. A e.,~~)~"' 'B·


f rd.i:iJ..u .ITCl> .d..x d'rv:.úJ.;. :r;CD ~.
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IV. Direito de representação

O sistema sucessório é organizado com base nas relações familiares de parentesco e é assim em
todos os países do mundo.

Os herdeiros legítimos são os parentes do falecido. A ordem e a forma de divisão é que muda de
país para país.

No sistema brasileiro, as linhas de parentesco ascendente, descendente e colateral são todas


utilizadas, mas há uma ordem de preferência que é determinada pela proximidade do grau de
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parentesco. Quanto mais próximo o grau, os mais distantes não irão receber. Se o de cujus tem
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filhos, os netos não vão receber; se o de cujus tem netos, os bisnetos não vão receber; etc. ~~ ..)'..,<~...

Essa ordem de exclusão representada pela ideia de que o grau mais próximo exclui o mais
remoto encontra uma exceção: é o direito de representação. O direito de representação é a

JY f hipótese que a lei chama a suceder pessoa de grau mais distante daquele em que está sendo
resolvida a sucessão. A sucessão, por exemplo, está sendo resolvida na linha dos irmãos e chama-
.\ ,,,~ J-i- se também o sobrinho para herdar. Se uma pessoa morrer e não deixar filhos, só netos, não haverá
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· ~f!'- representação. A representação se dá quando a sucessão for na linha dos netos e se chamar
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" um bisneto para suceder.

Quando uma pessoa herda porque participa daquela linha sucessória diretamente, diz-se que essa
pessoa herda por cabeça ou direito próprio . Em outras palavras, quando uma pessoa herda e
está participando no grau de parentesco em que a sucessão está sendo resolvida (na linha dos
filhos e ela é um filho), herda por cabeça ou direito próprio.

Quando não se está no grau sucessório que está sendo resolvida a sucessão, diz-se que a pessoa
está recebendo a herança por estirpe ou representação .

A representação só se dá em casos de indignidade e pré-morte. Indignidade, basicamente, é


quando um filho mata o pai e fica de fora da sucessão, mas os netos (filhos do assassino) podem
representá-lo na sucessão. Então, é possível representar indigno. Também é possível representar
pré-morto, que é um herdeiro que morreu antes do autor da sucessão. Pelo princípio da saisine,
quando morre o de cujus, se o filho do de cujus já tinha morrido, a herança não pode ser
transmitida ao falecido, mas sim aos filhos do falecido por representação. Quando o filho do de
cujus morre depois do de cujus (pós-morte), pelo princípio da saisine, aquele filho recebe a
herança no dia em que o pai morreu, independentemente de ter sido feito inventário e partilha ou
não, e, depois quando ele morre, abre-se uma segunda sucessão. Essa é a diferença entre o pré-
morto (já estava morto quando o de cujus morreu) e o pós-morto (estava vivo quando o de cujus
morreu, logo, herdou). Se a herança do pós-morto foi o único patrimônio por ele, pode se dar o
inventário no mesmo processo do inventário do pai (de cujus).

Na prática., o direito de representação é muito mais fácil e 16gico.


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A. Linha descendente

HIPÓTESE 01

Se A morrer (em 2017), deixará três filhos e cinco netos : a herança parte da regra de que os mais
próximos excluem os mais remotos; consequentemente, os filhos (parentes na linha descendente
em primeiro grau), excluem os netos (parentes em linha descendente em segundo grau). A
herança, portanto, será dividida apenas entre os filhos (1/3 para cada), de modo que os netos
nada receberão.

HIPÓTESE02

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Contudo, se um dos filhos (D, por exemplo), for premorto (falecido em 2016), aplica-se a regra
do direito de representação (uma vez que o direito de representação se aplica para o indigno e pré-
morto). Consequentemente, o premorto (D), será representado por seus filhos (E e F). Estes, E e
F, dividem o que caberia a D, se D herdasse. Assim, E e F não participam por cabeça: a herança
continua sendo dividida por três ( l /3 para B, 1/3 para C e l /3 para D), de modo que a parte de D
será dividida por dois. B e C participam da sucessão por cabeça ou direito próprio; E e F
participam da sucessão por estirpe ou representação.
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HJPÓTESE03

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Na indignidade e na pré-morte, haverá direito de representação; na renúncia, porém, nunca haverá


direito de representação. Não há direito de representação do renunciante; consequentemente,
se C renuncia, ele não receberá nada e sua estirpe igualmente nada receberá (G será prejudicado
pela renúncia de C, de modo que o filho de C nada irá receber). No caso de renúncia de C e pré-
morte de D, B receberia metade da herança (por cabeça ou direito próprio), E e F receberão 1/.i da
herança cada (por estirpe ou representação.

HIPÓTESE04

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Se B renunciar, C renunciar e D for pré-morto, a solução mudará completamente: agora, não


temos mais nenhum filho que possa herdar (A não tem mais nenhum filho vivo aceitante; a
sucessão buscará a linha de parentesco seguinte: passa-se à linha reta descendente de segundo
grau. Nela, serão encontrados cinco netos, cabendo a cada um deles 1/5 da herança, por cabeça.
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H1PÓTESE05

1 "f'h!"'"

A representação poderia se dar na linha dos netos também (hipótese em que l é pai de L e Fé pai
de J e K). Se I fosse indigno, L receberia a parte de I por representação; se F fosse pré-morto, J e
K dividiriam a parte que caberia a F, por representação.

H1PÓTESE06

A é pai de B e C; C é pai de D, que é pai de E, que é pai de F. Se A morrer, bem como C, D e E,


B receberá metade da herança por cabeça e F receberá por representação.

A representação ocorre nas hipóteses em que a lei chama a herdar herdeiros mais distantes; isso
ocorre nos casos de indignidade e pré-morte. Quando há renúncia, não há direito de representação.
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B. Linha ascendente

Na linha ascendente, nunca haverá representação (art. 1.852).

Art 1. 852, CC. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas
nunca na ascendente.

HIPÓTESE 01

l 'o

A não tem descendentes e tem B e C como pais; D e E como avós paternos; F e G como avós
matemos. C (mãe) morreu em 2016, e A em 2017. Nesse caso, a herança de A ficará toda com o
pai (B). A sucessão se resolve, nesse caso, na linha ascendente, de modo que não haverá
representação.

Na linha ascendente, a sucessão sempre se dará por cabeça ou direito próprio.

C. Linha colateral

Na linha colateral, existe representação, mas em uma única hipótese: a representação, na linha
colateral se dá em favor do irmão pré-morto quando tiver filhos. Ou seja, o filho do irmão pré-
morto poderá representa-lo na sucessão (interpretação literal, de modo que um neto ou bisneto do
irmão pré-morto não poderá representa-lo).

HIPÓTESE OI

1
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Pais (A e B), tem quatro filhos: C, D, E e F; F tem dois filhos, G e H. A e B são pré-mortos, bem
como F. C faleceu e não tem descendentes nem ascendentes. Não tem cônjuge ou companheiro.
Seus colaterais mais próximos são os irmãos: D e E, vivos; F, pré-morto. No primeiro exemplo,
o irmão pré-morto possuem filhos (G e H), de modo que estes representarão o pré-morto. D
receberá 1/3 da herança por cabeça ou direito próprio; E receberá 1/3 da herança por cabeça, G
receberá 1/6 da herança por representação ou estirpe e H receberá 1/6 da herança por
representação.
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HlPÓTESE02

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Na segllllda hipótese, o irmão (F) é pré-morto, bem como seu filho (G). Nesse caso, D ficará com
/i da herança por cabeça e E ficará com Yi da herança por cabeça.
1

D. Renunciante

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V. Indignidade

A base da indignidade é não permitir que o assassino herde. Há projeto de lei que pretende atribuir
à sentença penal condenatória de crime doloso contra a vida o efeito de indignidade sucessória.

A. Causas- art. 1.814, CC

Art. 1.814, CC/2002. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:


I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso,
ou tentativa deste, oontra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge.
companheiro. ascendente ou descendente;

II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou


incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou oompanheiro;

IIl - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor


da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
HIPÓTESE DE INIERFElIBNCIA INDEVIDA EM TESTAMENTO.

A indignidade exclui o sujeito de receber a herança, mas não exclui a meação, ou seja se um
cônjuge mata o outro, será declarado indigno e não receberá herança, contudo, receberá sua
meação.
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B. Ação judicial - 04 anos

Para que a indignidade seja declarada, é necessária ação judicial, cujo prazo para ajuizamento é
decadencial de quatro anos (a contar do falecimento).

A ação de indignidade é sempre proposta pelos demais herdeiros; se o autor da herança buscar
excluir alguém da herança, basta deserda-lo (não é necessário promover urna ação de indignidade
em vida).

Qualquer um dos herdeiros pode ingressar com a ação judicial de indignidade, inclusive o
Ministério Público na hipótese de o herdeiro ser menor de idade.

C. Representação

O indigno é sempre representado.

D. Frutos

O indigno terá de devolver os frutos havidos da herança.

E. Perdão

possível perdoar o indigno; somente a vítima pode fazê-lo. Esse perdão pode se dar por qualquer
to autêntico (declaração por escritura pública ou testamento perdoando a prática do ato), devendo
er expresso. Ninguém pode se opor ao perdão.

F. Testamento

e a vítima, sabendo que a pessoa praticou ato contra ele, mas sem desejar perdoar expressamente,
eixar algo em testamento para aquela pessoa, o indivíduo poderá ser declarado indigno e somente
ceberá aquilo que foi deixado em testamento. Beneficiar o sujeito em testamento não significa
erdoá-lo; o perdão só existe se for expresso.

possível, também, deixar condicionado no testamento: se o sujeito for declarado indigno, ao


enos deverá receber tal coisa.
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VI. Ordem de vocação hereditária vi, 'ºL'


A. Pessoas ', ) ' r

Os herdeiros legítimos são sempre pessoas físicas ; pessoas jurídicas e físicas podem herdar por
meio de testamento.

A pessoa deve estar viva no momento da morte do de cujus.

Um embrião excedentário (embrião congelado), não é pessoa. Logo, se urna pessoa morre e tem
embriões congelados, esses embriões não são herdeiros. Contudo, isso não impede que sejam
deixados bens, em testamento, para esses futuros filhos que vierem a ser concebidos até dois
anos após a morte do de cujus (herança destinada à prole eventual).

A inseminação artificial homóloga possibilita a gestação pós-morte, a qual será beneficiada por
herança testamentária (e não herança legítima). O único requisito que haja gestação até dois anos
após a morte do de cujus.

Se forem gestadas após dois anos, serão reconhecidas como filhos, mas não terão direito à
herança.

Para os filhos já em gestação no momento da morte do sujeito é garantido direito de herança,


desde que nasçam com vida.

Se o sujeito falecer durante a gravidez da mulher e já tiver outros filhos, poderá ser aberto
inventário, mas deverá ser reservada quota-parte destinada ao filho em gestação.

O nascimento dessa criança será o ponto crucial: se nascer com vida, receberá a herança, mesmo
que vier a morrer minutos depois do nascimento. Se ela já nascer morta, é como se nunca tivesse
existido, de modo que não herdará nada e a quota que estava separada será dividida entre os
demais filhos, por meio da chamada sobreparlilha. Por outro lado, se ela nascer com vida (mesmo
que morrer segwidos depois), esse bebê irá herdar, pela saisine, e abrirá uma nova sucessão com
a sua morte (como não tem descendentes e tiver ascendente [mãe], a mãe herdará).

B. Grau mais próximo e concorrência

O sistema sucessório brasileiro se baseia no grau mais próximo e no princípio da concorrência


sucessória. O grau mais próximo se utiliza nas três linhas de parentesco (descendente, ascendente
e colateral - o grau mais próximo exclui o mais remoto, salvo direito de representação).

Junto com o grau mais próximo, é utilizado o princípio da concorrência sucessória entre cônjuge
e companheiro: cônjuge e companheiro concorrem/dividem a herança com descendentes e
ascendentes, mas não concorrem com os colaterais (mas excluem os colaterais, ou seja, se uma
pessoa morre, tem cônjuge/companheiro e irmãos, estes não receberão nada).

Até 201711, havia tratamento diferenciado entre cônjuge e companheiro, de modo que o cônjuge
era privilegiado pelo direito sucessório. O direito sucessório do companheiro estava previsto no
art. 1. 790, do CC. O STF, em regime de repercussão geral, considerou inconstitucional o art.
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1.790, em acórdão publicado aos 11 /09/2017 . Cônjuge e companheiro têm, atualmente, quase os
mesmos direitos sucessórios. A sucessão do companheiro, agora, deve ser avaliada pelo art. 1829,
doCC.

C. Cônjuge e companheiro
a. Separação

O cônjuge/companheiro não terão direito de herança se estiver divorciado ou estiver desfeita a


união estável.

Porém, ao cônjuge, a simples separação de fato não lhe retira o direito sucessório (o cônjuge não
perde o direito de herança se não estiver divorciado, ainda que não estiver mais morando com o
outro), se esta separação se deu a menos de dois anos contados retroativamente da morte ou se há
mais de dois anos essa separação de fato não tiver ocorrido por culpa do sobrevivente.

Um companheiro separado de fato teve sua união estável dissolvida. Consequentemente, não
existe mais união estável nem direito sucessório.

Se os cônjuges estiverem separados de fato até dois anos, ainda mantêm o direito sucessório; se
houve a separação de fato há mais de dois anos, o cônjuge sobrevivente ainda assim poderá
requerer o direito sucessório se comprovar que a separação de fato não se deu por culpa sua (o
problema está na aferição da culpa).

b. Direito real de habitação

O cônjuge/companheiro terá, independentemente do direito de heranca, sempre direito real de


habitação nos casos em que há apenas um imóvel a partilhar e esse imóvel era usado como
moradia do casal. O cônjuge/companheiro poderá residir ali para sempre, ainda que seja dividido
entre os demais herdeiros.

Questão da fidelidade vidual no CC/16; no CC/2002, não é necessário que não se estabeleça nova
relação entre o cônjuge sobrevivente e terceiro para que o cônjuge sobrevivente mantenha o
direito real de habitação.

D. Descendentes

A linha sucessória se dá por exclusão (mais próximos excluem os mais remotos). Mas a linha
sucessória também se dá entre linhas: se tiver descendentes, serão excluídos os ascendentes e
colaterais,

Se não tiver nenhum descendente, serão buscados os ascendentes (excluídos os colaterais).

~ Entretanto, quando tenho cônjuge ou companheiro, estes concorrem com os descendentes e


~ ascendentes, mas excluem os colaterais.
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A concorrência do cônjuge ou companheiro com os descendentes depende do regime de bens:

Se o falecido deixou descendentes e cônjuge/companheiro, o cônjuge/co mpan heiro herd ará?


Depende do regime d e bens (ver art. 1.829, CC):

SIM NAO

Comunhão universal X

Separação legal ou obrigatória X

Separação total pactuada2 X

Participação final nos aquestos X

Regimes mistos 3 X

Comunhão parcial4 Quando Quando


existirem houver
bens apenas
exclusivos* patrimônio
comum

* Quando houver bens exclusivos, o direito de herança do companheiro/cônjuge incidirá sobre o


quê? Todos os bens, apenas os bens comuns ou apenas os bens exclusivos? Atualmente, tem-se o
entendimento de que a participação do cônjuge/companheiro na comunhão parcial só se dará
sobre os bens exclusivos; portanto, não herdará sobre o patrimônio comum (sobre o patrimônio
comum, retirará apenas sua meação, não herdando sobre a meação do falecido) . Enquanto isso,
os descendentes herdarão sobre a parte comum (meação) e sobre o patrimônio exclusivo do
falecido.

Nos demais regimes, o direito de herança se dará sobre todos os bens.

2
Incoerência legal: se a intenção dos cônjuges/companheiros era de que não houvesse patrimônio comum,
mesmo assim, haverá direito de herança ao cônjuge/companheiro sobrevivente. Incoerência entre a
autonomia de vontade do casal e o direito de herança. Há um parecer da Prof Judith Martins-Costa
sustentando que não deveria haver direito de herança quando o regime for da separação total pactuada de
bens.
3
O art. 1.829, do CC, é excludente: sempre haverá direito de herança, salvo se casados nos regin1es da
comunhão universal, separação legal ou obrigatória e comunhão parcial. Nas demais hipóteses (inclusive
regimes mistos), haverá direito de herança.
4
A existência de direito de herança ao cônjuge/companheiro depende da existência ou não de bens
exclusivos do falecido. Isso porque nesse regime se comunicam os bens adquiridos na constância do
casamento; não se comunicam os bens anteriores ao casamento, bens recebidos por herança, por doação,
etc. Consequentemente, se o falecido tiver deixado bens exclusivos, haverá sim direito de herança. Mas se
o falecido não tiver deixado bens exclusivos (tendo deixado apenas bens comuns), não haverá direito de
herança.
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Mas quanto o cônjuge/companheiro receberá?

Quando o cônjuge/companheiro concorrer com descendentes comuns (descendentes do falecido


e do cônjuge/companheiro sobrevivente), herdará quota igual aos que receberem por cabeça,
sendo de no mínimo l/i da herança.

Se o casal tivesse quatro filhos : 114 para o cônjuge/companheiro sobrevivente; os % restantes


divididos entre os quatro filhos, ou seja, 3/16 para cada um.

Quando o cônjuge/companheiro sobrevivente concorrer com descendentes exclusivos do falecido,


ele terá direito a quota igual aos que sucederem por cabeça, mas não terá garantia mínima.

Se o cônjuge/companheiro sobrevivente concorrer com descendentes comuns e descendentes


exclusivos do falecido, tem-se hipótese de descendência/filiação híbrida, não havendo previsão
legal . Alguns entendem que deve ser preservada a garantia mínima; outros que não deve ser
garantida; outros estabeleceram fómrnlas matemáticas para se chegar ao valor que deveria ser
assegurada. Solução: quando há filiação híbrida, não há garantia mínima.

O descendente herda por cabeça (quando for o mais próximo do falecido) ou por representação
(quando estiver em outra linha e o herdeiro da linha inicial for pré-morto ou indigno).

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A é casado com B no regime de comunhão parcial e tem três filhos : C, D e E. E tem F e G como
filhos . E é pré-morto a A A falece. Resolva a sucessão de A, que tinha patrimônio comum de 300
e patrimônio exclusivo de 400.

Tinha descendente? Sim. Tinha cônjuge? Sim . O direito do cônjuge dependerá do regime de bens.
Depois de verificar o regime de bens, devo separar a meação (pois meação não é herança).
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A é casado com B no regime de comunhão parcial e tem ~ilhos: C, D, E e H. E tem F e G
como filhos. E é pré-morto a A A falece. Resolva a sucessão de A, que tinha patrimônio comum
de 300 e patrimônio exclusivo de 400.

Solução

B: 150M + 1OOH (pois os herdeiros são comuns e o cônjuge tem direito a V4 do patrimônio
exclusivo)
C : 114 de 150 + V4 de 300 - por direito próprio
D : 114 de 150 + V4 de 300 - por direito próprio
H: 114 de 150 + 1/.i de 300 - por direito próprio
F: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por estirpe
G: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por estirpe
Nessa hipótese apenas houve a modificação da garantia mínima de Y<i.

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HIPÓTESE03
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Solução
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B: 150M + 100 (1 /4 de 400-patrimônio exclusivo)


J,
L: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por cabeça/direito próprio
M: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por cabeça/direito próprio
N : 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por cabeça/direito próprio
J: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por cabeça/direito próprio
K: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 -por cabeça/direito próprio
F: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 -por cabeça/direito próprio
G: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por cabeça/direito próprio
1: 1/8 de 150 + 1/8 de 300 - por cabeça/direito próprio
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E. Cônjuge ou companheiro x Descendente

O cônjuge/companheiro concorre com descendentes dependendo do regime de bens (a regra é que


sempre concone, salvo na comunhão universal, comunhão parcial sem bens exclusivos e
separação legal/obrigatória).

F. Cônjuge ou companheiro x Ascendente

O cônjuge/companheiro sempre concone CQ!Jl ascendentes independentemente do regime de


bens, independentemente da natureza do patrimônio (concone sempre, sobre tudo) .

Há duas regras:

(1) Se o cônjuge/companheiro estiver conconendo com pai e mãe (ou pai e pai, ou mãe e
mãe, ou seja, ambos os genitores), o cônjuge/companheiro receberá 1/3 e cada um dos genitores
receberá 1/3.
(2) Se o falecido tiver mais do que dois genitores (hipótese de pluriparentalidade), ao
cônjuge/companheiro é garantido 1/3, os outros 2/3 serão divididos igualmente entre 08!-*~
genitores.
(3) Se o cônjuge/companheiro estiver concoITendo com apenas um genitor ou outros
ascendentes, o cônjuge/companheiro receberá Y2 da herança, e a outra metade será destinada aos
ascendentes.

Como é feita a divisão aos ascendentes?

(l) Vale a regra geral de que os mais próximos excluem os mais remotos (os parentes ascendentes
em grau mais próximo do falecido excluirão os em grau mais distante - a existência de pais
exclui avós, por exemplo).
(2) Não existe direito de representação na linha ascendente. Portanto, se tenho pai vivo, uma mãe
pré-morta e avós matemos, esses avós matemos não vão receber por representação da mãe
pré-moita: toda a herança irá para o pai.
(3) Na linha ascendente, verificarei as linhas materna e paterna (as linhas de cada genitor). Ao
verificar isso, se eu encontrar igualdade de graus de parentesco, mas diversidade de linhas,
eu vou dividir a herança meio a meio: metade para a linha de um genitor e metade para a linha
de outro (ainda que de um lado eu tenha dois avós paternos e de outro apenas o avô matemo
- nesse caso, a herança será dividida meio a meio, pois há igualdade das linhas). Para que eu
faça essa divisão em linhas, preciso ter dos dois lados parentes no mesmo grau de parentesco:
se eu tiver avós paternos e bisavós maternos vivos, eu não tenho igualdade de graus; nesse
caso, aplica-se a primeira regra: os mais próximos excluem os mais remotos, de modo que os
avós paternos excluirão da sucessão os bisavós maternos.
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HIPÓTESE 01

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Não é necessário referir que estão recebendo por direito próprio/por cabeça, pois na linha
ascendente não há representação.

HIPÓTESE 02

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HIPÓTESE03

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HIPÓTESE 04

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Mesmo que não exista cônjuge ou companheiro, as regras atinentes à linha ascendente se aplicam.
Se tem dois pais, metade para cada um; se tem só pai, ele fica com tudo; se tem avós dos dois
lados, divide a herança à metade para cada linha.
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G. Cônjuge ou Companheiro

Não existindo ascendentes, o cônjuge ou companheiro ficará com a totalidade da herança,


independentemente do regime de bens e independentemente da natureza da herança. Se o sujeito
tiver mais do que uma família (famílias paralelas), iremos dividir o patrimônio da seguinte forma:
meação confonne cada constituição familiar e herança aos dois sobreviventes igualmente.
1.

HIPÓTESE 01

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A J,-::<.....ô ~
O direito de herança do cônjuge é sobre todo o patrimônio, por isso a herança de A é dividida
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igualmente entre B e C.
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HIPÓTESE02

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O cônjuge separado de fato tem direito a herança se a separação de fato ocorreu a menos de dois
e 3WM.-.~ 5c,0:..1
anos antes da morte ou se, ocorrida a mais de dois anos, demonstrar que a separação de fato não
se deu por culpa sua.

A meação, por sua vez, deixa de existir com a separação de fato (o que eu comprar com recursos
novos após a separação de fato não se comunica com o cônjuge). Assim, a separação de fato entre
A e B suspende os efeitos decorrentes do regime de bens, de modo que aquilo que foi adquirido
entre A e C não será submetido à meação com B (uma vez que a separação de fato detennina a
suspensão do regime de bens).

Para efeitos de meaçào o regime de bens interfere; para efeitos de herança, o cônjuge/companheiro
tem direito a herança independentemente do regime de bens.
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A culpa deco1Teria do descumprimento de um dos deveres do casamento (lembrar que as


consequências da culpa recaíam apenas sobre a mulher).
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HIPÓTESE 03
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O regime de bens interferirá apenas no cálculo da meação, não da herança. No caso, B não tem
direito de meação, pois o patrimônio de 500 é exclusivo de A.

No regime entre A e C, comunhão parcial de bens, o patrimônio anterior não se comunica com C.

H. Colaterais

Se a pessoa não tem descendentes, ascendentes ou cônjuge/companheiro, a herança será destinada


aos colaterais. Os colaterais vão até o quarto grau: 2º grau: im1ãos; 3º grau: tios e sobrinhos; 4°
grau: primos, sobrinhos netos e tios avós. Regras aplicáveis:

(1) O grau mais próximo exclui o mais remoto . Contudo, há duas exceções:
• O direito de representação atribuído ao filho do irmão pré-morto . Nesse caso, o
sobrinho do falecido participaria da sucessão concorrendo com os innãos do
falecido, mas representando o innão morto.
• O terceiro grau da linha colateral é composto por sobrinhos e tios ; porém, a lei dá
preferência aos sobrinhos, antes dos tios (utilizando uma regra antiga do direito
romano: princípio do sangue mais novo).
(2) Na linha de segundo grau , a lei diferencia irmãos unilaterais dos irmãos bilaterais,
atribuindo aos bilaterais (gennanos) o dobro do que receberia um irmão unilateral.
(3) Na linha de terceiro grau, há duas regras:
• Os sobrinhos preferem aos tios: estes só receberão algo se não houver sobrinhos.
• Os sobrinhos, filhos de irmãos bilaterais, vão receber o dobro dos sobrinhos filhos de
irmãos unilaterais.
• Não existindo sobrinhos, s tios recebem a herança em igualdade.
(4) Na linha de quarto grau, temos sobrinhos netos, tios avós e primos. Nesse grau, não há
diferença entre eles nem preferência.
Lembrando de que não existe representação na linha colateral além da hipótese do filho do irmão
pré-morto.
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HIPÓTESE OI

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Regra de que os bilaterais recebem o dobro dos unilaterais. Atribui -se cota em dobro aos bilaterais
(E e F). Somam-se as cotas para chegar ao denominador.

O parentesco por afinidade (madrasta - C) não dá ensejo a direito sucessório; finalidade única de
evitar o casamento.

HIPÓTESE 02 fl0w.'f(,ô. cÁ"- D í<.~ ~4 t 5-l .J, :; ~

A'ff' -t' C * g(fln{; F .I /&; -rn:.JY~ Alwl- ~ °'"'


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Colaterais não são herdeiros necessários; logo, se eu tivesse colaterais, poderia fazer testamento
deixando toda minha herança a terceiros. Possibilidade inclusão de cláusula de exclusão em
relação aos herdeiros que não são necessários (não há necessidade de deserdação, porque não
seriam herdeiros necessários).

HIPÓTESE 03
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sobrinhos, tenho seis sobrinhos: sobrinhos de irmãos bilaterais concoJTem com sobrinhos de d..lri
ümãos unilaterais.

Assim, aos sobrinhos de im1ãos bilaterais, atribui-se cota 02; aos de im1ãos unilaterais, cota 01.
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Se G estivesse vivo, a sucessão se daria na linha dos irmãos e teríamos que analisar quais seriam
representados ou não. Como não há nenhum innão vivo aceitante, toda a sucessão se resolve na
linha dos sob1inhos.

Se D tivesse tios, a solução não mudaria: os tios são afastados da sucessão quando existem
sobrinhos (os sobrinhos excluem os tios).

HIPÓTESE 06

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HIPÓTESE 07

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OUTROS EXEMPLOS

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CASO 02
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CASO 03 ~
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VIL Colações

7.1. Descendente e cônjuge

A colação parte do pressuposto que é normal os pais ajudarem os filhos durante a vida. A natureza
do instituto da colação parte desse raciocínio lógico. Não é justo, porém, que depois da morte
aquele que já recebeu doação em vida receba uma quantidade maior de herança que os demais
(somando com o que já havia recebido). Assim, a lei considera qualquer doação feita em vida em
favor dos descendentes como adiantamento de herança.

Ao filho para quem foi doado um apartamento de R$300.000,00 está tudo certo. Não precisa de
concordância dos demais para doar para descendente (essa concordância só é necessária para
vender a descendente). Quando os pais morrem, deve ser repartida a herança já considerando a
doação do apartamento. Será feita a compensação. Colacionar é sinônimo de devolver e de colar.

As doações em vida consideram-se antecipação de herança- essa é uma presunção (se nada disser
o doador, toda doação feita a descendente será considerada antecipação de herança). Essa regra
vale para descendentes e cônjuge. O problema dos cônjuges é que a jurisprudência não admite na
maioria dos regimes de bens a doação entre cônjuges, pois pode representar fraude à meação.

Art . 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa


adiantamento do que lhes cabe por herança.
Uma regra que causa bastante confusão são as doações inoficiosas. Tais doações não dizem
respeito ao direito sucessório. A sucessão só é aplicável quando a doação for para herdeiros. A
pessoa pode vender todo o seu patrimônio em vida, mas não pode doar todo o patrimônio em vida
se tiver herdeiros necessários. Havendo herdeiros necessários, só pode doar metade do
patrimônio. Se doou toda a metade do patrimônio e tem herdeiros necessários, essa pessoa não
poderá deixar nada em testamento. Se a pessoa doar mais de 50% do seu patrimônio em vida, os
herdeiros necessários poderão anular essa '*1.da.
~
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no
momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Então, as doações feitas a terceiros não herdeiros podem ser anuladas se excederem os 50%
disponíveis. Isso não é regra de colação. Considera-se o patrimônio da pessoa no momento em
que a pessoa morreu.

Quem não colaciona quando há obrigação, é sonegação e a pessoa perde o direito sucessório sobre
o bem sonegado. A ação contra isso é conhecida como ação de sonegados - veremos na próxima
aula.

7.2. Benfeitorias e frutos

Se o herdeiro beneficiário pela doação ainda for proprietário do bem quando da morte do
ascendente, vai trazer à colação o próprio bem e ele será avaliado pela data atual. Não serão
consideradas as benfeitorias, frutos, lucros, etc. Quaisquer acréscimos não serão considerados. Se
a casa doada em vida era de 80 m 2 e agora tem 120 m 2 , esse acréscimo não será colacionado.
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Se o herdeiro não tiver mais o bem, irá colacionar o valor atribwdo no momento da doação ou no
momento da venda, devidamente corrigido. Há uma discussão jurisprudencial para estabelecer se
é o momento da doação ou momento da venda, pois os diplomas legislativos se contrariam.

Exemplo: A tem os filhos B e C. O patrimônio está avaliado em R$1.000,00 e ele doa em vida
R$300,00 para B . Assim, A morre com patrimônio de R$700,00. Como se resolve a sucessão de
A? C vai receber 500 e B vai receber 200 (porque recebeu 300 em vida).

7.3. Não aumentam a parte disponível

Esse mesmo A que fez a doação de 300 para B, fez um testamento deixando 100% da parte
disponível do seu patrimônio para V . Como ele tem herdeiros necessários, sabe-se que o
patrimônio disponível é metade do patrimônio. A lei é clara ao dizer que as doações em vida não
aumentam a parte disponível. Então, calcula-se a parte disponível antes de colacionar. Antes de
devolver os 300 para o espólio, calcula-se a parte disponível. V vai receber 350, que é a metade
de 700. Aí soma-se 350 da parte indisponível com os 300 já colacionados. B vai ficar com os
300 e vai receber mais 25 (total 325). C vai ficar com 325 .

O valor que vai ser colacionado não é utilizado na base de cálculo para calcular a parte disponível.

Frisando que apenas doação em vida para descendente e cônjuges considera-se como
adiantamento da herança. O problema do cônjuge é que na prática não dá para fazer, pois a
jurisprudência entende que corresponde à fraude de regimes de bens. Se for uma doação para
ascendente, não precisa colacionar, pois não é antecipação de herança, devendo apenas respeitar
a regra do art. 549 do CC. O mais normal é doar para descendentes em vida.

Presumidamente, a doação de ascendente para descendente e entre cônjuges é considerada


como antecipação de herança. O herdeiro deverá colacionar o bem ou o valor correspondente.

7.4. Dispensa

7.4.1. Expressa

Mesmo tendo herdeiros necessários, a pessoa pode fazer testamento sobre 50% do seu patrimônio.
Pode fazer um testamento deixando a parte disponível para apenas um dos filhos? Sim, isso não
é uma ilegalidade, já que a pessoa pode dispor para quem quiser (o que inclui os filhos). Se é
possível fazer esse testamento, também é possível fazer uma doação em vida dispensando a
colação, dizendo que aquilo que está sendo doado não é antecipação de herança, mas sim parte
disponível (a mesma que pode ser disposta por testamento).

Para que essa dispensa expressa seja válida, a parte que está sendo dispensada não pode exceder
a parte disponível. Além de não poder exceder a parte disponível, tem que constar expressamente
em documento autêntico que se está dispensando a colação. Então, tem que sair da parte
disponível e deve haver dispensa expressa em documento autêntico.
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Qual parte disponível: do momento da doação ou do dia da morte? Do dia da morte. Então,
aparentemente a pessoa pode ter feito uma doação observando a parte disponível, mas sofre perda
de patrimônio depois da doação e na data da morte a doação efetuada já não respeita mais a parte
disponível do patrimônio, devendo ocorrer redução.

Então, é possível doar com dispensa, desde que seja expressa e sai da parte disponível.

Exemplo: A tinha patrimônio de 1.000.000,00 e dois filhos - B e C. A doou, com


dispensa expressa de colação, 300.000,00 para B . Obedeceu à parte disponível. Morreu com
700.000,0. Como se resolve a sucessão de A? A dispensa foi válida, pois respeitou a parte
disponível. B ficará com os 300.000,00 mais metade de 700.00,00 e C ficará com metade de
700.000,00.

Exemplo 2: se ao fazer um testamento A deixar 100% da parte disponível para V, como fica a
sucessão? Ou se considera que ele já usou parte do disponível ao dispensar a colação ou se
considera que ele tem duas partes disponíveis (uma para usar em vida com dispensa e outra para
usar na morte). A primeira opção é a coneta, pois só há uma paite disponível, se não ele teria 7 5%
do patrimônio para diminuir dos legítimos. Ele tinha o patrimônio de 1.000. 000,00. Doou em vida
300.000,00 para B. V vai receber 200.000,00 . B vai receber mais 250 .000,00 e C vai receber
250.000,00.

7.4.2. Tácita

A dispensa tácita é quando a doação é feita em favor de um descendente que não é herdeiro no
momento da doação (ex: fazer doação a um neto, quando o pai ou mãe dele estão vivos - não
precisa colocar a dispensa de colação, pois ela é presumida).

Vainos supor que A tem 1.000 de patrimônio, seus filhos são B e C e o neto, D. A doou 300 para
D em 2009. D morre em 2012 e A morre em 2017. Po1tanto, B é pré-morto em relação à A. D
não terá que colacionar, pois a doação foi feita a descendente que não era herdeiro no momento
da doação e isso significa dispensa tácita. Assim, a herança de 700 será dividida entre C e D. C
vai receber 350 por cabeça e D vai receber 350 por representação.

Se a doação foi feita ao neto, quando o seu pai já era pré-morto, não será caso de dispensa tácita
de colação, pois o descendente já era herdeiro quando do momento da doação.

7.4.3. Legal

Existe tainbém a dispensa legal, que está nos arts. 2. O1O e 2.O11 :

Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente,
enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas
enfermidades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou as feitas no interesse
de sua defesa em processo-crime.
Art. 2.011 . As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não estão
sujeitas a colação.
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Prof'. Jamil Bannura l 7 d1.: f,•vct\.."lf• 1 ~ 19'..\ )

Os Tribunais relativizam a expressão "enquanto menor" do art. 2.010, mesmo porque seria
incoerente pensar em casamento enquanto menor e em processo-crime enquanto menor. Assim,
as despesas ordinárias que os genitores têm com os filhos não entram na colação.

As doações remuneratórias são aqueles em razão de serviços (favores) prestados de forma


gratuita. Ex: o professor defende seu pai em um processo e não cobra honorários, aí o pai faz uma
doação remuneratória. A doação remuneratória possui uma causa (doação causal), que deve ser
referida expressamente no documento da doação. Se não conter essa causa de forma expressa,
será considerada uma qoação pura e simples. A doação remuneratória também não é adiantamento
de herança e está dispensada de colação.

7.5. Várias doações

7.5.1. Cumulativas

7.5 .2. Sucessivas


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7. 5. V árias doações

7.5.1. Cumulativas

7.5 .2. Sucessivas

Se as doações forem feitas sem exceder a parte disponível, todas serão válidas. Porém, se fizer
várias doações e a soma ultrapassar a parte disponível, temos que reduzir. Como?

Se a doação for conjunta/cumulativa, a várias pessoas, faz-se uma redução proporcional em


todas elas.

Exemplo: '"A" tinha patrimônio de 1.000. Fez uma doação de 300 a B; de 200 a Cede 200
a D, cumulativamente, com dispensa de colação. Nesse caso, considerando que o patrimônio
disponível de A era de 500, terá de se proceder à redução proporcional das doação de B, C e
D.

A
/!'\
/ i '\
B e D
300 200 200

O patrimônio de A era 1.000. O total de doações foi de 700. Poderia ter sido de no máximo 500; logo,
deve se proceder à redução de 200.

Quanto cada um recebeu da doação original?

B: recebeu 3001700 = 317 da doação

C: recebeu 2001700 = 217 da doação

D: recebeu 200/700 = 217 da doação

Assim, B deverá devolver 3/7 de 200 (valor total que deverá ser devolvido), enquanto que C e D terão
de devolver, cada um, 217 de 200.

Em suma: deve-se ver qual a fração de cada um na doação original. Essa fração é a que deve ser usada
para multiplicar do valor que deve ser reduzido .

Se as doações foram sucessivas, a redução se dá pela última doação (da mais recente à mais
antiga).

Exemplo: ·'A" tinha patrimônio de 1.000. Fez uma doação de 300 a B; de 200 a Cede 200
a D, sucessivamente, com dispensa de colação. Nesse caso, considerando que o patrimônio
disponível de A era de 500, D terá de colacionar 200.
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VTI.6 Netos em Representação

'•' Neto que recebe herança NÃO SENDO HERDEIRO, NÃO PREC ISA COLACIONAR.
Neto que recebe herança SENDO HERDEIRO , PRECISA COLACIONAR.
' •'
se o de cujus fez uma doação ao fil ho vivo, e o filho morreu antes do doador, o neto terá de
colacionar.

HIPÓTESE OI

A teve três filhos: B, C e D; D teve E como filho (neto de A, portanto).

A tinha patrimônio de 1000; doou 300 para D em 2013; D faleceu em 2014. A faleceu em 2017.
Na sucessão de A, E representará D. Terá de colacionar? Sim, ainda que não tenha herdado nada
de D (porém, tal regra deve ser vista em conjw1to com os demais princípios sucessórios, dentre
os quais o princípio da limitação da herança; desta forma, E terá de colacionar, mas nunca
precisará tirar de seu bolso e nem ficará devendo além do quinhão que recebeu.

Portanto, no caso: 700 (do momento do falecimento) + 300 (colacionados) = 1.000 / 3 = 333,33.

E receberá 33,33; B e C receberão 333 ,33 cada.

HIPÓTESE 02

A tem B e C como filhos . Do seu patrimônio de 1000, doou 300 para C, sem dispensa. A gastou
os 700 restantes e faleceu com O.

Nesse caso, C deverá colacionar os 300, que serão divididos p02 2, de modo que B receberá 150
e e 150.

Se C não tiver mais os 300, ficará devendo.

Se houvesse dispensa de colação na doação, C teria de colacionar 150, pois a doação excedeu a
parte disponível. Logo, os 150 seriam divididos por dois, de modo que B receberia 75 e C
receberia 75 + a doação de 150.

HIPÓT ESEOJ
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OrREITO DAS Sllf'F.SSÕES


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A tinha B e C como filhos . Cera pai de D. Em 2012, A doou 300 para C. C faleceu em 2013, e
A faleceu em 2017. D recebeu 300 de herança, portanto.

D terá de colacionar 300, os quais serão divididos por 2: D e B receberão 150 cada.

Se C tivesse gasto os 300, D teria de colacionar, mas não ficaria devendo para B, uma vez que
não recebeu tais valores de herança.

7.7 Do::içõe~ ~e!~ c:!.sa!

Ocorre na hipótese em que os pais doam parte do patrimônio comum a um filho. Nesse caso,
cada qual doou sua meação. Assim, se apenas um dos genitores morreu, a colação a ser feita é
da metade recebida.

HIPÓTESE OI

O casal A e B tem C , D e E como filhos. Patrimônio comum de 500 e patrimônio exclusivo de


A avaliado cm 300. A e B doam um bem avaliado cm 250 para C , retirado do patrimônio
comum do casal. No caso de falecimento de A, C terá de colacionar somente 125 (doado por A) .
Os outros 125 serão colacionados apenas quando do falecimento de B. Devolve-se ao
patrimônio comum .

Se A tivesse feito uma doação do patrimônio exclusivo, tudo deveria ser colacionado,
devolvendo-se integralmente ao patrimônio exclusivo.

-+ Doação sem dispensa de colação legítima. Não é usada na base de cálculo da pane
disponível.

-+ Doação com dispensa de colação = parte disponível. Deve ser usada na base de cálculo da
parte disponível
UN lV ERSIDAD E F ED ER AL DO R.10 G RAN D E DO S U L
F ACULDA D F D E DJREI TO

OIREJTO OAS SIJCF.SSÕF.S


Prot". Jamil Bannura

VIH. Sonegados

Ocorre quando um dos herdeiros ou meeiro oculta um bem que deveria ser apresentado ao
inventário.

Ocultação dolosa/intencional. Tem-se o fim específico de se favorecer ou favorecer terceiro.

Ação própria: caracteriza a ocultação dolosa, qualquer prejudicado por propor a ação de
sonegados contra o sonegador. É preciso, porém, que o sonegador seja constituído em mora.
Isso pode ocorrer expressa ou tacitamente. Expressamente, por meio da intimação do sonegador
a dizer se tem ou está na posse de bens do falecido (pode ocorrer nos autos do inventário);
tacitamente, quando encerram-se as primeiras declarações, hipótese em que todos os herdeiros
que estão sonegando bens passam a ser considerados sonegadores.

É preciso produzir provas da ocultação dolosa e da propriedade dos bens pelo falecido.

Procedente a ação, o efeito principal será de que o sonegador perderá o direito sucessório sobre
aquele bem sonegado: terá de colacionar o bem e este será dividido por todos os demais
herdeiros.

O CPC permite que a sobrepartilha do bem sonegado seja feita na ação de sonegados, sem
necessidade de reabertura do processo de inventário.

Prazo de 10 anos a partir da morte do autor da herança.

•:• Companheiro NÃO é herdeiro necessário para cálculo da parte disponível. Portanto, se
houver, por exemplo, concorrência entre companheiro e colaterais, pode-se deixar tudo
para estes.
•:• São herdeiros necessários: ascendentes, descendentes e cônj uge.

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