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LÓGOS

ASSESSORIA JURÍDICA

AO JUIZO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE IJUÍ - RS

[ APELAÇÃO]

Processo nº. ****-****

ANTÔNIO DA SILVA JÚNIOR, já qualificado nos autos,


representado por sua genitora ISABEL DA SILVA e por meio de seu
advogado que abaixo subscreve, vem, perante V. Exa,
inconformado com a sentença de fls.(***), interpor RECURSO DE
APELAÇÃO, com fundamento nos artigos 1.009 e seguintes do
CPC, devendo este, com suas razões em anexo, ser
encaminhado ao egrégio Tribunal de Justiça o Rio Grande do
Sul, independente de juízo de admissibilidade, para a devida
apreciação.

Informa, ainda, que a parte recorrente encontra-se litigando sob


a gratuidade da justiça.

Ijui, 23 de novembro de 2023.

ADVOGADO: Régis Natan Winkelmann

OAB/RS: 666/2023

(55) 9-9717-3181 — Escritório Digital — natan.rw@hotmail.com


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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL

Processo nº. ****-****

Apelante: Antônio da Silva Júnior

Apelado: Walter Costa

Origem: _ Vara Cível da Comarca de iJUÍ/RS

[RAZÕES RECURSAIS DE APELAÇÃO]

1. DA CONTROVERSIA INICIAL

Em janeiro de 2015, Antônio da Silva Júnior, 7 anos, voltava da


escola para casa, caminhando por uma estrada de terra da região
rural onde morava, quando foi atingindo pelo coice de um cavalo
que estava em um terreno à margem da estrada. O golpe causou
sérios danos à saúde do menino, cujo tratamento se revelou longo
e custoso. Em ação de reparação por danos patrimoniais e morais,

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movida em janeiro de 2019 contra o proprietário do cavalo, o juiz


profere sentença julgando improcedente a demanda, ao
argumento de que Walter Costa, proprietário do animal,
“empregou o cuidado devido, pois mantinha o cavalo amarrado a
uma árvore no terreno, evidenciando-se a ausência de culpa,
especialmente em uma zona rural onde é comum a existência de
cavalos”. Além disso, o juiz argumenta que já teria ocorrido a
prescrição trienal da ação de reparação, quer no que tange aos
danos morais, quer no que tange aos danos patrimoniais, já que a
lesão ocorreu em 2015 e a ação somente foi proposta em 2019.

2. DO AFASTAMENTO DA PRESCRIÇÃO
O juiz de primeira instância, ao analisar o caso, considerou que a
prescrição trienal, conforme o artigo 206, § 3º, V do CC - que
estabelece o prazo de 3 anos a partir da data da lesão ao direito
(janeiro de 2015) - já havia decorrido quando a ação foi
apresentada em 2019, para a reparação do ilícito.

No entanto, com todo respeito, o magistrado comete um


equívoco ao ignorar a regra de interrupção do prazo
prescricional presente no mesmo texto legal mencionado. Isso
porque, embora a prescrição para buscar reparação pelo dano
sofrido ocorra em 3 anos (CC, art. 206, § 3º, V), é sabido que esse
prazo não começa a contar enquanto persistir a causa que
impede o apelado, neste caso, sua incapacidade absoluta.

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O apelante, por ser menor de 16 anos, é absolutamente incapaz


de exercer atos civis por conta própria, de acordo com a lei (CC,
art. 3º). Portanto, a prescrição não corre contra ele enquanto
perdurar essa incapacidade absoluta (CC, art. 198, I).

2. DA RESPONSABILIDADE DO APELADO
Ainda a decisão de mérito negou a demanda pelo argumento
de que o apelado, dono do animal responsável pelas graves
lesões na saúde do apelante, agiu com o cuidado necessário.
Isso porque ele mantinha o cavalo amarrado a uma árvore no
terreno, evidenciando a ausência de culpa, especialmente em
uma área rural onde a presença de cavalos é comum.

Neste ponto, não se debate se o apelante realmente sofreu


danos materiais e morais por ter sido atingido por um coice de
um cavalo, nem se o apelado é o proprietário do animal, pois
esses fatos não foram contestados e estão sujeitos à coisa
julgada material.

No entanto, é necessário constatar o equívoco do juiz de


primeira instância ao não considerar a responsabilidade civil do
apelado pelo dano causado pelo seu cavalo à vítima.

O CC estabelece que "Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar

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dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato


ilícito" (art. 186), resultando na obrigação de reparar o ato ilícito.

Quanto ao tema, é sabido que a responsabilidade civil pode ser


subjetiva ou objetiva. A responsabilidade é subjetiva quando
está fundamentada na ideia de culpa. A prova da culpa do
agente é um requisito essencial para a compensação do dano.
Nessa perspectiva, a responsabilidade do causador do dano só
se configura se houver intenção deliberada ou culpa. No
entanto, a lei impõe, em certos casos e para certas pessoas, a
obrigação de reparar um dano independentemente da culpa.
Quando isso ocorre, é chamada de responsabilidade legal ou
"objetiva", pois dispensa a culpa e se baseia apenas no dano e
na conexão de causalidade. Esta abordagem objetiva presume
que todo dano é indenizável e deve ser compensado por aquele
que está ligado a ele por uma relação de causalidade,
independentemente da culpa.

É consensual que a responsabilidade do dono ou detentor de


um animal é objetiva, requerendo apenas a comprovação do
dano e da relação de causalidade entre o dano sofrido pela
vítima e a ação do animal. O artigo 936 do CC estabelece uma
presunção jurídica de responsabilidade do dono do animal. A
responsabilidade do dono do animal é, portanto, objetiva,
bastando que a vítima comprove o dano e a conexão entre o
dano sofrido e a ação do animal.

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No caso em questão, é incontestável nos registros a existência


do dano causado pelo cavalo do apelado, o qual resultou em
lesões físicas e prejuízos materiais e morais ao apelante. Assim,
não havendo prova de que o apelante teria contribuído para o
dano ou de que houve uma força maior, torna-se necessário
reconhecer a responsabilidade civil do apelado.

6. PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante do exposto, o apelante solicita que o recurso seja analisado
e atendido, revertendo a decisão inicial, e requer a condenação
do apelado ao pagamento de compensação por danos materiais
e morais, além das demais solicitações detalhadas na petição
inicial.

Ijui, 23 de novembro de 2023.

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