Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
COMARCA DE ----------.
a) DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente afirma a autora nos termos do art. 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal, Lei
13.105/2015 - artigo 98 e seguintes, que nã o possui condiçõ es de arcar com a custa judicial
e honorá ria advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família, vez que está
atualmente sem seus equipamentos de fotografia vez que foram roubados e teve
indenizaçã o negada pela seguradora e nã o consegue trabalhar, ou seja, nã o possui
condiçõ es de arcar com as custas do processo. Nesse sentido, junta declaraçã o de
hipossuficiência. (doc.02)
b) QUANTO À AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (CPC, art. 319, inc. VII)
O Autor opta pela realizaçã o de audiência conciliató ria ( CPC, art. 319, inc. VII), razã o qual
requer a citaçã o da Promovida, por carta e entregue em mã os pró prias ( CPC, art. 247, inc.
I) para comparecer à audiência designada para essa finalidade ( CPC, art. 334, caput c/c art.
695, caput).
II. DOS FATOS
O autor trabalha como autô nomo no ramo de fotografia. Neste sentido, firmou contrato
com uma empresa para trabalho no Chile.
Como viajaria para fora do país, contratou seguro para seus equipamentos junto a ré, para
que pudesse viajar mais tranquilo e trabalhar sem preocupaçõ es, pois entende que é para
isso que existe contrato de seguro.
Foi emitida apó lice nº. 000.000.000-00 (documento 05 anexo), que tinha como garantias e
limites de indenizaçã o os seguintes valores:
- DANOS FÍSICOS AO BEM R$ 11.700,00
- SUBTRAÇÃ O DO BEM R$ 11.700,00
- GARANTIA INTERNACIONAL R$ 11.700,00
Desta feita, achando que estava “seguro” partiu à trabalho para Santiago- Chile no dia
00/00/0000, chegando ao destino no dia 00/00/0000, conforme bilhetes de passagem
anexo (doc. 06).
Ocorre Excelência, que no dia 00/00/0000, enquanto o autor almoçava em um restaurante,
teve sua mochila subtraída, onde estavam todos os seus equipamentos de trabalho,
pertences pessoais, documentos e dinheiro em espécie, conforme declaraçã o anexa. (doc.
07).
Inclusive, nesse Ínterim, para que pudesse retornar ao Brasil teve que solicitar a
Embaixada uma “autorizaçã o de retorno” visto que todos os seus documentos, inclusive
passaporte haviam sido subtraído junto com sua mochila. (docs. 08 e 09).
Como se nã o bastasse, todo o transtorno nã o havia acabado, pois ao chegar ao Brasil,
sabendo que estava segurado pela ré, foi realizar a abertura de sinistro para recebimento
da indenizaçã o (docs. 10, 11 e 12) e assim fez no dia 00/00/0000 junto a sua corretora.
Porém, apenas no dia 00/00/0000 a ré enviou a residência do autor, ora segurado, um
regulador para dar andamento ao sinistro.
Mas o pesadelo do autor estava apenas começando, pois no dia 00/00/0000 recebeu uma
carta da ré (doc.13) informando que estavam impossibilitados de atender o pedido de
indenizaçã o formulado, visto que, o evento nã o é amparado pela garantia de subtraçã o do
bem, pois segundo as Condiçõ es Gerais da Apó lice, excluem da Cobertura de Subtraçã o do
Bem, desaparecimento inexplicá vel e simples extravio.
Ou seja, Excelência foi para o autor um balde de á gua fria, vez que achando que estaria
amparado pelo contrato de seguro firmado com a ré para que em se ocorrendo um sinistro,
no caso uma subtraçã o de seus equipamentos estaria ele assim coberto, mas para sua
surpresa, o autor viu-se lesado duplamente, a uma por ter seus equipamentos de trabalho
subtraídos, a duas, por nã o ter validade o contrato firmado com a ré que garantia
indenizaçã o no valor de R$ 11.700,00 (onze mil e setecentos reais) em caso de Subtraçã o
dos bens.
Torna-se necessá rio salientar que, sendo o autor consumidor e leigo, visto que para ele ao
contratar o seguro, o mesmo estaria resguardado em seu patrimô nio contra possíveis
desfalques, nã o importando se o furto seja simples ou qualificado, se houve ou nã o
arrombamento, ou rompimento de obstá culo, porquanto é de entender de qualquer homem
médio que a finalidade do seguro contratado entre as partes é simples e objetivamente
resguardar o patrimô nio ora descrito na apó lice. E mais, se assim nã o fosse, POR QUAL
MOTIVO É QUE SE CONTRATARIA SEGURO?
Em razã o disso é que o autor propõ em a presente açã o, através da qual visa nã o só o
pagamento da indenizaçã o securitá ria, mas também a compensaçã o pelos danos morais
sofridos e que nã o sã o poucos, vez que se encontra sem possibilidade de exercer sua
profissã o e ganhar seu sustento.
III. DO DIREITO
a) DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
De início, impende ressaltar que o caso é típico de relaçã o de consumo, por se tratar de
serviço oferecido e fornecido, mediante remuneraçã o, no mercado de consumo, destinado a
pessoas físicas e jurídicas, senã o, vejamos o disposto nos artigos 2.º e 3.º do Có digo de
Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatá rio final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indeterminá veis, que haja intervindo nas relaçõ es de consumo.”
“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços.”
“§ 1º Produto é qualquer bem, mó vel ou imó vel, material ou imaterial.”
“§ 2º SERVIÇO É QUALQUER ATIVIDADE FORNECIDA NO MERCADO DE CONSUMO,
mediante remuneraçã o, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e
securitá ria, salvo as decorrentes das relaçõ es de cará ter trabalhista.”
Outrossim, o negó cio jurídico firmado pelas partes efetivou-se através de contrato de
adesã o, cujas clá usulas sã o previamente estabelecidas pela seguradora, em nada opinando
o segurado ou o beneficiá rio e tã o pouco explicado ao mesmo de forma CLARA e OBJETIVA
numa linguagem capaz de qualquer homem médio entender. Assim sendo, deve-se incidir à
espécie as disposiçõ es do Có digo de Defesa do Consumidor.