Você está na página 1de 10

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE ----------.

Fulano , nacionalidade, estado civil, RG 00.000.000-0 e CPF sob o nº. 000.000.000-00, ,


residente e domiciliado (o) a Rua: bairro, cidade e estado , CEP 00.000-000 , por sua
advogada e bastante procuradora (procuraçã o anexa (doc.01)), vem, mui respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, propor a presente:
AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA C/C
DANOS MORAIS
em face de SEGURADORA TAL, sociedade anô nima fechada, inscrita no CNPJ sob o nº. ,
com endereço comercial situado à endereço completo e CEP, e nos argumentos de fato e de
direito a seguir aduzidos:
I. PRELIMINARMENTE

a) DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente afirma a autora nos termos do art. 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal, Lei
13.105/2015 - artigo 98 e seguintes, que nã o possui condiçõ es de arcar com a custa judicial
e honorá ria advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família, vez que está
atualmente sem seus equipamentos de fotografia vez que foram roubados e teve
indenizaçã o negada pela seguradora e nã o consegue trabalhar, ou seja, nã o possui
condiçõ es de arcar com as custas do processo. Nesse sentido, junta declaraçã o de
hipossuficiência. (doc.02)
b) QUANTO À AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (CPC, art. 319, inc. VII)
O Autor opta pela realizaçã o de audiência conciliató ria ( CPC, art. 319, inc. VII), razã o qual
requer a citaçã o da Promovida, por carta e entregue em mã os pró prias ( CPC, art. 247, inc.
I) para comparecer à audiência designada para essa finalidade ( CPC, art. 334, caput c/c art.
695, caput).
II. DOS FATOS
O autor trabalha como autô nomo no ramo de fotografia. Neste sentido, firmou contrato
com uma empresa para trabalho no Chile.
Como viajaria para fora do país, contratou seguro para seus equipamentos junto a ré, para
que pudesse viajar mais tranquilo e trabalhar sem preocupaçõ es, pois entende que é para
isso que existe contrato de seguro.
Foi emitida apó lice nº. 000.000.000-00 (documento 05 anexo), que tinha como garantias e
limites de indenizaçã o os seguintes valores:
- DANOS FÍSICOS AO BEM R$ 11.700,00
- SUBTRAÇÃ O DO BEM R$ 11.700,00
- GARANTIA INTERNACIONAL R$ 11.700,00
Desta feita, achando que estava “seguro” partiu à trabalho para Santiago- Chile no dia
00/00/0000, chegando ao destino no dia 00/00/0000, conforme bilhetes de passagem
anexo (doc. 06).
Ocorre Excelência, que no dia 00/00/0000, enquanto o autor almoçava em um restaurante,
teve sua mochila subtraída, onde estavam todos os seus equipamentos de trabalho,
pertences pessoais, documentos e dinheiro em espécie, conforme declaraçã o anexa. (doc.
07).
Inclusive, nesse Ínterim, para que pudesse retornar ao Brasil teve que solicitar a
Embaixada uma “autorizaçã o de retorno” visto que todos os seus documentos, inclusive
passaporte haviam sido subtraído junto com sua mochila. (docs. 08 e 09).
Como se nã o bastasse, todo o transtorno nã o havia acabado, pois ao chegar ao Brasil,
sabendo que estava segurado pela ré, foi realizar a abertura de sinistro para recebimento
da indenizaçã o (docs. 10, 11 e 12) e assim fez no dia 00/00/0000 junto a sua corretora.
Porém, apenas no dia 00/00/0000 a ré enviou a residência do autor, ora segurado, um
regulador para dar andamento ao sinistro.
Mas o pesadelo do autor estava apenas começando, pois no dia 00/00/0000 recebeu uma
carta da ré (doc.13) informando que estavam impossibilitados de atender o pedido de
indenizaçã o formulado, visto que, o evento nã o é amparado pela garantia de subtraçã o do
bem, pois segundo as Condiçõ es Gerais da Apó lice, excluem da Cobertura de Subtraçã o do
Bem, desaparecimento inexplicá vel e simples extravio.
Ou seja, Excelência foi para o autor um balde de á gua fria, vez que achando que estaria
amparado pelo contrato de seguro firmado com a ré para que em se ocorrendo um sinistro,
no caso uma subtraçã o de seus equipamentos estaria ele assim coberto, mas para sua
surpresa, o autor viu-se lesado duplamente, a uma por ter seus equipamentos de trabalho
subtraídos, a duas, por nã o ter validade o contrato firmado com a ré que garantia
indenizaçã o no valor de R$ 11.700,00 (onze mil e setecentos reais) em caso de Subtraçã o
dos bens.
Torna-se necessá rio salientar que, sendo o autor consumidor e leigo, visto que para ele ao
contratar o seguro, o mesmo estaria resguardado em seu patrimô nio contra possíveis
desfalques, nã o importando se o furto seja simples ou qualificado, se houve ou nã o
arrombamento, ou rompimento de obstá culo, porquanto é de entender de qualquer homem
médio que a finalidade do seguro contratado entre as partes é simples e objetivamente
resguardar o patrimô nio ora descrito na apó lice. E mais, se assim nã o fosse, POR QUAL
MOTIVO É QUE SE CONTRATARIA SEGURO?
Em razã o disso é que o autor propõ em a presente açã o, através da qual visa nã o só o
pagamento da indenizaçã o securitá ria, mas também a compensaçã o pelos danos morais
sofridos e que nã o sã o poucos, vez que se encontra sem possibilidade de exercer sua
profissã o e ganhar seu sustento.

III. DO DIREITO
a) DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
De início, impende ressaltar que o caso é típico de relaçã o de consumo, por se tratar de
serviço oferecido e fornecido, mediante remuneraçã o, no mercado de consumo, destinado a
pessoas físicas e jurídicas, senã o, vejamos o disposto nos artigos 2.º e 3.º do Có digo de
Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatá rio final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indeterminá veis, que haja intervindo nas relaçõ es de consumo.”
“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços.”
“§ 1º Produto é qualquer bem, mó vel ou imó vel, material ou imaterial.”
“§ 2º SERVIÇO É QUALQUER ATIVIDADE FORNECIDA NO MERCADO DE CONSUMO,
mediante remuneraçã o, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e
securitá ria, salvo as decorrentes das relaçõ es de cará ter trabalhista.”
Outrossim, o negó cio jurídico firmado pelas partes efetivou-se através de contrato de
adesã o, cujas clá usulas sã o previamente estabelecidas pela seguradora, em nada opinando
o segurado ou o beneficiá rio e tã o pouco explicado ao mesmo de forma CLARA e OBJETIVA
numa linguagem capaz de qualquer homem médio entender. Assim sendo, deve-se incidir à
espécie as disposiçõ es do Có digo de Defesa do Consumidor.

b) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Tendo em vista a verossimilhança das alegaçõ es, conforme documentos acostados à
presente inicial, bem como a inegá vel hipossuficiência técnica e a vulnerabilidade do
consumidor, mister se faz que Vossa Excelência se digne em decretar a inversã o do ô nus da
prova, exonerando a parte autora de provar os fatos constitutivos de seu direito, com fulcro
na norma posto no inciso VIII, do artigo 6.º, do Diploma Consumerista.
c) DO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA
Excelência! Nã o pode subsistir a negativa da seguradora em pagar indenizaçã o securitá ria
ao autor no valor de R$ 11.700,00 (onze mil e setecentos reais), se valendo de dispositivos
contidos em Condiçõ es Gerais com clausulas visivelmente ABUSIVAS!
Ora, o contrato firmado entre as partes prevê, especificadamente, a cobertura do sinistro
em caso de SUBTRAÇÃ O DE BEM e GARANTIA INTERNACIONAL no valor de R$ 11.700,00
(onze mil e setecentos reais).
Até porque, o contrato de seguro tem o objetivo de garantir o pagamento de indenizaçã o
para a hipó tese de ocorrer à condiçã o suspensiva, consubstanciada no evento danoso
previsto contratualmente, cuja obrigaçã o do segurado é o pagamento do prêmio devido e
de prestar as informaçõ es necessá rias para a avaliaçã o do risco. Em contrapartida a
seguradora deve informar as garantias dadas e pagar a indenizaçã o devida no lapso de
tempo estipulado, a teor do artigo 757 do Có digo Civil, in verbis:
“Art. 757.Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio,
a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos
predeterminados”.
E nesse sentido, colaciona-se os seguintes julgados
No tocante ao assunto, vale citar a liçã o doutriná ria do renomado autor Walter A. Polido[1]
acerca da correta aplicaçã o a ser conferida à BOA-FÉ OBJETIVA nos contratos de seguro:
“Nã o há como tratar do seguro, sem automaticamente emergir a ideia subjacente da boa-fé
objetiva. Esse princípio geral é inerente ao contrato em todas as suas fases e é igualmente
considerado para as partes contratantes e para as intervenientes, sem exceçã o. O art. 765,
do CC/2002, expressa o dever-anexo da boa-fé objetiva na fase pré-contratual, abrangendo
as duas partes contratantes: o segurado e o segurador sã o obrigados a guardar, na
conclusã o e na execuçã o do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do
objeto como das circunstâ ncias e declaraçõ es a ele concernentes.”
Cumpre ainda dizer que os documentos juntados, demonstram indubitavelmente que o
segurado, agiu de boa-fé, pois, apresentou todos os documentos solicitados sem demora.
É necessá rio aduzir que, O ministro Massami Uyeda entende que ao buscar o contrato de
seguro, os consumidores buscam proteger seu patrimô nio contra desfalques,
independentemente se decorrentes de roubo ou furto, simples ou qualificado. “O segurado
deve estar resguardado contra o fato e não contra determinado crime”. Tã o somente a
pró pria doutrina e a jurisprudência divergem sobre a conceituaçã o de furto qualificado, ou
seja, torna-se muito difícil ao consumidor, homem médio e leigo na esfera judicial entender
e distinguir tais diferenças ANTES de contratar um seguro.
Diante disso, e também amparados pelo legislaçã o consumerista, torna-se necessá rio o
reconhecimento pela Nobre Excelência de abusividade de tal clausula que embasou a
negativa ao pagamento pela ré da indenizaçã o securitá ria.
Neste sentido, colaciona-se vasta jurisprudência, senã o vejamos:
AÇÃ O INDENIZAÇÃ O. SEGURO EMPRESARIAL. COBERTURA ESTABELECIDA PARA FURTO
QUALIFICADO OU ROUBO. FURTO DE OBJETOS DO INTERIOR DO ESTABELECIMENTO
COMERCIAL DA AUTORA. RECUSA AO PAGAMENTO PORQUE O PREJUÍZO TERIA
DECORRIDO DE FURTO SIMPLES CUJO RISCO ESTARIA EXCLUÍDO DA COBERTURA
SECURITÁ RIA.1. Tratando-se de contrato de adesão, não se pode opor ao segurado
cláusula que exclui a cobertura por furto simples, já que se presume que a pessoa
leiga não distingue as modalidades de furto, se simples ou qualificado. Abusividade
das cláusulas contratuais definidoras dos riscos cobertos pelo contrato de seguro,
devendo-se interpretar o contrato em favor do consumidor. 2. Ademais, a parte autora
logrou demonstrar que o furto foi cometido por mais de uma pessoa, tratando-se, portanto,
de hipó tese de furto qualificado.3. Os danos materiais foram devidamente comprovados
através dos documentos de fls. 45/46.Sentença confirmada por seus pró prios fundamentos.
Recurso improvido. RECURSO INOMINADO. PRIMEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL Nº
71003560133.COMARCA DE RONDA ALTA – Rio Grande do Sul. COMPANHIA EXCELSIOR
DE SEGUROS –RECORRENTE.SAUTHIER & ALIEVI LTDA - ME –RECORRIDO. [grifo nosso]
TJ-PR - PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO Recursos Recurso Inominado RI
000166515201381601830 PR 0001665-15.2013.8.16.0183/0 (Acó rdã o) (TJ-PR). Data de
publicaçã o: 29/04/2015. Ementa: RECURSO INOMINADO. AÇÃ O DE COBRANÇA. SEGURO
RESIDENCIAL. EXCLUSÃ O DE COBERTURA POR FURTO SIMPLES. EXIGÊ NCIA DE
COMPROVAÇÃ O DE ARROMBAMENTO. ABUSIVIDADE E CONSEQUENTE NULIDADE DA
CLÁ USULA. EVENTO COBERTO. INDENIZAÇÃ O DEVIDA. VALOR DA INDENIZAÇÃ O QUE
DEVE OBSERVAR O LIMITE DA APÓ LICE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃ O PROVIDO.
1.PACTA SUNT SERVANDA: O princípio do pacta sunt servanda nã o pode agasalhar a
prá tica de abusividades, uma vez que tal princípio nã o é absoluto e nã o tem o condã o de
escudar a subsistência de estipulaçõ es unilaterais abusivas. Sendo aplicá vel o Có digo de
Defesa do Consumidor à espécie, tem-se o artigo 6º, que permite a modificaçã o das
clá usulas contratuais que estabeleçam prestaçõ es desproporcionais para as partes
contratantes, devendo o Poder Judiciá rio intervir nas relaçõ es em busca do equilíbrio
contratual e satisfaçã o dos interesses das partes contratantes, relativizando assim, o
princípio do pacta sunt servanda. 2. É abusiva a cláusula contratual que estabelece
cobertura para o caso de furto qualificado e exclui a cobertura em caso de furto
simples, uma vez que não se pode exigir do consumidor compreensão dos termos
técnicos relativos ao direito penal. 3. Neste sentido têm-se os seguintes julgados:
APELAÇÃ O CÍVEL 1 E 2 - SEGURO EMPRESARIAL - EXCLUSÃ O DE COBERTURA POR FURTO
SIMPLES - EXIGÊ NCIA DE COMPROVAÇÃ O DE ARROMBAMENTO - ABUSIVIDADE E
CONSEQUENTE NULIDADE DA CLÁ USULA - NÃ O SE PODE EXIGIR DO SEGURADO
CONHECIMENTO TÉ CNICO ACERCA DA DIFERENÇA ENTRE FURTO SIMPLES E
QUALIFICADO - DESVIRTUAÇÃ O DA NATUREZA DO CONTRATO DE SEGURO - DEVER DE
INDENIZAR CONFIGURADO - LIMITE DE COBERTURA PARA FURTO E ROUBO EXPRESSO
NA APÓ LICE - IMPOSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO DO SINISTRO EM "RISCOS
DIVERSOS" - MANUTENÇÃ O INTEGRAL DA SENTENÇA - APELAÇÃ O 1 E 2 DESPROVIDAS
(TJPR - 9ª C.Cível - AC - 1127941-3 - Foro Central da Comarca da Regiã o Metropolitana de
Curitiba - Rel.: José Augusto Gomes Aniceto - Unâ nime - - J. 27.03.2014) [grifo nosso].
TJ-MS - Apelaçã o Cível AC 74455 MS 1000.074455-2 (TJ-MS)
Data de publicaçã o: 20/08/2002. Ementa: APELAÇÃ O CIVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O -
SEGURO - CLÁ USULA QUE EXCLUI A MODALIDADE FURTO SIMPLES - CONTRATO DE
ADESÃ O - DESCONHECIMENTO PRESUMIDO DA DISTINÇÃ O ENTRE FURTO SIMPLES E
QUALIFICADO POR PESSOA LEIGA - CLÁ USULA CONTRATUAL NÃ O SUFICIENTEMENTE
ESCLARECEDORA - DESCONSIDERAÇÃ O - RECURSO PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.
Dessa forma, requer desde já a procedência da açã o para declarar a abusividade da clausula
norteadora para negativa da indenizaçã o securitá ria ao autor e condenar a requerida a
pagar ao autor o valor correspondente a indenizaçã o securitá ria na monta de R$ 11.700,00
(onze mil e setecentos reais) a qual o mesmo faz jus por direito, devidamente corrigido
monetariamente pelo IGP-M desde a data do sinistro (14.09.2017) e acrescido de juros de
mora de 1% ao mês a contar da citaçã o.

IV. DO DANO MORAL


Da situaçã o narrada na presente peça é possível vislumbrar que foram ocasionados
transtornos e frustraçõ es à parte autora. O autor, teve seu direito a perceber a indenizaçã o
securitá ria a qual faz jus por direito junto a companhia seguradora frustrado, do que
decorreu, em dano moral.
Tã o somente encontra-se hoje, apó s 2 (dois) meses sem conseguir trabalhar, pois sequer
possui condiçõ es de comprar novos equipamentos, pois como já aduzido, TODOS os seus
equipamentos de trabalho foram subtraídos.
Apesar do autor ter apresentado todos os documentos necessá rios a seguradora em tempo
há bil sem nenhum empecilho, teve a indenizaçã o negada.
Ao demandante por culpa exclusiva da requerida foram ocasionados transtornos e
frustraçã o e tal situaçã o atravessada é capaz de ensejar o dano moral que alcança o
patamar de autêntica lesã o a atributo da personalidade de modo a ensejar a devida
reparaçã o.
Até porque, vislumbra-se agressã o aos elementos formativos da ideia do dano moral. Na
medida em que os valores morais e psicoló gicos da parte autora foram agredidos o que
torna possível o acolhimento da pretensã o.
Isso porque a reparaçã o por dano moral deve envolver, necessariamente, a ideia de uma
compensaçã o pela agressã o a valores tais como paz, tranquilidade de espírito, liberdade,
direitos de personalidade, valores afetivos, sendo justamente esse o caso dos autos.
Ademais, o dano moral, está assegurado na Constituiçã o Federal, cabendo, portanto, ser
aplicado no presente feito, eis que em decorrência deste incidente, as requerentes estã o
sendo submetida a um forte abalo emocional devido a angustia e afliçã o que vem
suportando causados pelas requeridas, tendo sua saú de psíquica abalada, juntamente com
a sua família, face à atitude arbitrá ria da seguradora, causando-lhes imensurá vel dor e
sofrimento, sendo o suficiente para ensejar danos morais, pois o autor já fornecera todos os
documentos necessá rios a seguradora, o que demonstra nitidamente a má -fé da requerida,
impedindo que o autor perceba a indenizaçã o securitá ria a qual faze jus por direito.
Das atitudes das Demandadas é indubitá vel a necessidade de fixaçã o de indenizaçã o por
danos morais, eis que atingido o bem juridicamente tutelado por causar lesã o a atributo da
personalidade, a paz de espírito e a tranquilidade do demandante e a sua insatisfaçã o com a
negativa no pagamento da indenizaçã o securitá ria ao autor, ensejam a reparaçã o.
Os efeitos dos danos suportados pelo autor, por sua gravidade, exorbitam o mero
aborrecimento diá rio, atingindo a dignidade de ganhar seu sustento, sendo cabível,
portanto, a postulaçã o da condenaçã o à indenizaçã o por dano moral in re ipsa,
caracterizado pela negativa da requerida em pagar a indenizaçã o securitá ria a qual faz jus
por direito.
Assim, configurado está o dano moral das autoras, uma vez que houve abalo emocional a
ensejar a indenizaçã o. Haja vista que as autoras já apresentaram todos os documentos
necessá rios que comprovam a morte natural do segurado.
Além disso, a Constituiçã o Federal de 1988 preceitua em seu artigo 5º, inciso X, que:
“Art. 5º. Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
X - Sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenizaçã o pelo dano material ou moral decorrente de sua
violaçã o;"
Desta forma, a requerida, ao cometer tal imprudência, afrontou confessada e
conscientemente o texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser condenadas
à respectiva indenizaçã o pelo dano moral sofrido pelo requerente.
Diante do acima narrado, fica claramente demonstrado o dano moral sofrido pelo autor.
O ilustre jurista Rui Stoco, em sua obra Responsabilidade Civil e sua Interpretaçã o Judicial
(4 ed. Ver. Atual. E ampl. Editora RT, p..59), nos traz que:
“A noçã o de responsabilidade é a necessidade que existe de responsabilizar alguém por
seus atos danosos”.
A ú nica conclusã o a que se pode chegar é a de que a reparabilidade do dano moral puro nã o
mais se questiona no direito brasileiro, porquanto uma série de dispositivos,
constitucionais e infraconstitucionais, garantem sua tutela legal.
À luz do artigo 186 do Có digo Civil, “aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja:
a) ato ilícito, causado pelo agente, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou
imprudência;
b) ocorrência de um dano de ordem patrimonial ou moral;
c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.
Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados, visto que, em razã o
de tais fatos, decorrentes da culpa ú nica e exclusiva da requerida, o requerente teve a sua
personalidade afligida, a paz de espírito e a tranquilidade do demandante e a sua
insatisfaçã o com a negativa no pagamento da indenizaçã o securitá ria a que fazem jus,
ensejam a reparaçã o do dano.
Preconiza o Art. 927 do Có digo Civil, in verbis:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará -lo”.
Com efeito, o Có digo de Defesa do Consumidor (lei nº. 8.078/90) também prevê o dever de
reparaçã o em seu art. 6º, incisos VI e VII:
“VI – a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difusos;
VII – o acesso aos ó rgã os judiciá rios e administrativos com vistas à prevençã o ou reparaçã o
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteçã o
jurídica, administrativa e técnicas aos necessitados”.
Nã o se pode deixar de favorecer compensaçõ es psicoló gicas ao ofendido moral que,
obtendo a legítima reparaçã o satisfató ria, poderá , porventura, ter os meios ao seu alcance
de encontrar substitutivos, ou alívios, ainda que incompletos, para o sofrimento.
Já que, dentro da natureza das coisas, nã o pode o que sofreu lesã o moral recompor o"
status quo ante "restaurando o bem jurídico imaterial da honra, da moral, da auto-estima
agredidos, por que o deixar desprotegido, enquanto o agressor se que daria na imunidade,
na sançã o?
No sistema capitalista a consecuçã o de recursos pecuniá rios sempre é motivo de satisfaçã o
pelas coisas que podem propiciar ao homem.
Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixaçã o da reparaçã o, vez que
nã o existem critérios determinados e fixos para a quantificaçã o do dano moral, a reparaçã o
do dano há de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir o cometimento
do ilícito.
Para tanto, o valor a ser arbitrado nã o pode ser meramente simbó lico, ou seja, num
patamar tã o insignificante que nã o represente agravo ao agente lesante, notadamente,
quando cometido por instituiçõ es financeiras que possuem grande porte econô mico
(funçã o punitiva), além disso, a responsabilizaçã o deve dissuadir o responsá vel pelo dano a
cometer novamente as mesmas modalidades de violaçõ es e prevenir que outra pessoa
pratique ilícito semelhante (funçã o dissuasó ria ou preventiva), sugere-se, portanto, a
fixaçã o do quantum no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
V. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a) Por ser pessoa pobre na acepçã o da Lei 1.060/50, requer o autor a concessã o do
benefício da JUSTIÇA GRATUITA, porquanto nã o possui condiçõ es de arcar com as custas
judiciais sem prejuízo do sustento pró prio e de sua família;
b) A inversã o do ô nus da prova, determinando à s requeridas que tragam aos autos todos os
documentos relativos ao presente feito, sob pena de revelia e confissã o ficta quanto à
matéria;
c) A TOTAL PROCEDÊ NCIA da açã o, para o fim de condenar a ré ao pagamento:
I – integral do valor da indenizaçã o securitá ria no montante de R$11.700,00 (onze mil e
setecentos reais), corrigido monetariamente pelo IGP-M desde a data do sinistro
(00.00.0000) e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a contar da citaçã o;
II-de indenizaçã o por danos morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), considerando
a situaçã o apresentada na presente peça processual que confirmam a responsabilidade da
Demandada e o direito do Demandante em ser indenizado;
d) A citaçã o da requerida para querendo apresentar contestaçã o no prazo legal, sob pena
de revelia;
e) A condenaçã o da Ré em honorá rios advocatícios de sucumbência, fixados em 20% sobre
o valor total da condenaçã o;
Protesta provar o alegado através de todos os meios de provas admitidos em direito, em
especial depoimento pessoal das requeridas, prova documental, pericial e oitiva de
testemunhas;
Dá -se à causa o valor R$ (valor por extenso).
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Cidade, dia, mês e ano
Advogado
OAB/ 000.000

Você também pode gostar