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RESUMO - CONTRATO DE SEGURO

PARTE I

1. Introdução

As seguradoras são equiparadas ás instituições financeiras, conforme o artigo 1º


da Lei 7.492/86, que trata dos crimes contra o sistema financeiro nacional.

Para ser uma seguradora é necessária uma autorização da SUSEP e caso se faça
gerir a seguradora, que é equiparada à instituição financeira, sem a devida
autorização do estado, será incursa no crime previsto no artigo 16 da Lei nº
7.492/89.

Todavia, o fato de a seguradora ter uma autorização do estado para funcionar,


não impede que sejam criados grupos restritos de ajuda mútua, por exemplo,
associações/cooperativas que cobrem ajuda mútua para autogerirem suas
empresas.

2. Conceito do contrato de seguro

O conceito está previsto no artigo 757, caput, do Código Civil. Assim, o contrato
de seguro é aquele em que o segurador se compromete a garantir interesse do
segurado relativo a coisa e/ou pessoa, mediante o pagamento de uma
indenização, caso ocorra o sinistro e, o segurado, em contrapartida, pagará o
prêmio.

Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento


do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa,
contra riscos predeterminados.

3. Características

 Bilateral
 Sinalagmático
 Oneroso
 Naturalmente Aleatório, pois há um risco inerente. O segurado paga o
prêmio sem ter certeza que o sinistro ocorrerá e o segurador paga
indenização, sem talvez tiver recebido o prêmio sobre o custo total da
indenização;

NATUREZA JURÍDICA – é de contrato aleatório, de acordo com a doutrina


majoritária (art. 458 a 461 do CC/02).
No entanto, existe uma corrente minoritária, contrato de natureza comutativa.
Prestação e contraprestração são paritárias, equilibradas. Se olhar o valor de
prêmio e indenização há um desequilíbrio. Mas é preciso olhar as outras questões
que envolvem o contrato de seguro. Ela entrega segurança ao segurado; a
segurança que a seguradora passa, é um bem imaterial que ela paga. Existe um
bem imaterial, a segurança ofertada para o segurado.

Dessa forma, possui natureza jurídica de contrato aleatório. Porém, essa é a teoria
clássica e majoritária, que concorda com a natureza jurídica citada. A corrente
minoritária percebe no contrato de seguro uma natureza jurídica comutativa
(prestação e contraprestação são paritárias), pois embora o segurado pague o
prêmio e o segurador a indenização, há também uma prestação imaterial pelo
segurador, que seria a estabilidade do segurado em saber que caso ocorra algum
sinistro, existe uma indenização a lhe paga.

4. Contrato de Cosseguro

Várias seguradoras reunidas que irão atuar conjuntamente para resguardar um


alto risco de determinado empreendimento, em que uma única seguradora não
teria possibilidade ou interesse de pagar a indenização. (Valor muito elevado para
uma seguradora bancar sozinha).

Será necessário eleger uma seguradora líder, para que esta possa administrar o
contrato de seguro e representar as demais seguradoras perante o segurado.

Não há solidariedade entre as seguradoras. Cada segurador irá responder por


sua cota-parte estabelecida. Art. 761, CC/02.

Pode o segurado pleitear o valor da indenização integral de apenas uma delas?


Não, não poderá.

Empreiteira XYZ vai construir barragem e contrata três seguradora: Seguradora


A, seguradora B e Seguradora C e a seguradora A é eleita a seguradora líder.
Seguradora A segurou 50%, a seguradora B cobre 25% e a seguradora C de 25%.
Houve um problema na obra, um desabamento, houve um prejuízo de R$ 1
milhão de reais. Risco estava coberto pelo seguro. A solidariedade decorre da lei
ou da vontade das partes, a solidariedade não pode ser presumida. Então cada
uma das seguradoras vai responder pela sua quota parte estabelecida. Isso está
no art. 761 do CC.

Súmula 632 STJ


Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, a correção
monetária sobre a indenização securitária incide a partir da
contratação até o efetivo pagamento. (SÚMULA 632, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 08/05/2019, DJe 13/05/2019

Súmula 620 STJ


A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da
indenização prevista em contrato de seguro de vida. (SÚMULA 620,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/12/2018, DJe 17/12/2018

Súmula 616 STJ


A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação
prévia do segurado acerca do atraso no pagamento do prêmio, por
constituir requisito essencial para a suspensão ou resolução do
contrato de seguro. (SÚMULA 616, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
23/05/2018, DJe 28/05/2018

Súmula 610 STJ


O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de vigência do
contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à
devolução do montante da reserva técnica formada. (SÚMULA 610,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 25/04/2018, DJe 07/05/2018

Súmula 537 STJ


Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a
denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada,
direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da
indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.
(SÚMULA 537, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe
15/06/2015

Súmula 529 STJ


No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o
ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente
em face da seguradora do apontado causador do dano. (SÚMULA 529,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/05/2015, DJe 18/05/2015

PARTE II
1. Risco

O risco é a probabilidade de dano e será sempre predeterminado no contrato.


Ocorrendo o sinistro a seguradora pagará a indenização ao segurado.

1.1 Apólice

A apólice / bilhete o instrumento no qual será estipulado as condições gerais no


seguro e os riscos que serão cobertos em prol do segurado.

Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao


portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o
limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado
e o do beneficiário.

Todavia nos contratos de seguro por adesão, deverão ser observados os riscos
predeterminados de acordo com os princípios da função social do contrato, da
boa-fé objetiva e normas relativas à dignidade da pessoa humana.

Exemplos dessa afirmação dos riscos cobertos no contrato de adesão são as


jurisprudências a seguir:

 Informativo 500, STJ: a apólice de seguro que prevê cobertura de furto


qualificado, também abrange o furto simples;
 Informativo 506, STJ: a apólice que prevê o risco de furto e roubo, também
abrange a extorsão. O pensamento do STJ advém da necessidade de
informação clara e precisa ao segurado;
 Informativo 497, STJ: a apólice que prevê o risco de furto e roubo, NÃO
abrange a apropriação indébita, pois este não se confunde com aqueles,
tendo em vista que há somente uma quebra de confiança;

Risco por morte: Acidental (fator externo) e Natural (fator interno).

O STJ no Informativo 493 entende que a morte decorrente de uma cirurgia é um


fator externo e, portanto, acidental. É importante identificar a espécie de risco a
ser coberto pela apólice, pois existe contrato que só abrangem a morte natural.

Morte decorrente de um acidente vascular cerebral é uma morte natural,


conforme prevê o Informativo 550, STJ.

Formação do Contrato

O contrato de seguro é consensual, no qual o segurado faz uma proposta à


seguradora qual a espécie de seguro a ser pactuada. Assim, antes do aceite da
proposta não há o contrato.
Todavia, se houver a recusa da proposta do contrato após o sinistro, não será
causa de impedimento ao pagamento da indenização, conforme o informativo
537, do STJ.

Proposta após o sinistro

O segurado não fará jus a indenização, caso a proposta seja feita à seguradora
após o sinistro. De acordo com o Informativo 551, do STJ.

LISTA DE INFORMATIVOS

493, STJ: www.stj.jus.br/docs_internet/informativos/RTF/Inf0493.rtf

497, STJ: http://www.stj.jus.br/docs_internet/informativos/RTF/Inf0497.rtf

500, STJ: http://www.stj.jus.br/docs_internet/informativos/RTF/Inf0500.rtf

506, STJ: http://www.stj.jus.br/docs_internet/informativos/RTF/Inf0506.rtf

537, STJ: http://www.stj.jus.br/docs_internet/informativos/RTF/Inf0537.rtf

550, STJ: http://www.stj.jus.br/docs_internet/informativos/RTF/Inf0550.rtf

551, STJ: http://www.stj.jus.br/docs_internet/informativos/RTF/Inf0551.rtf

PARTE III

1. Agravamento do Risco

Se o segurado atuar de uma forma que agrave o risco contratado, este perderá o direito à
indenização paga pelo segurador. Seja utilizando da má-fé ou até mesmo por negligência.
Conforme previsto no artigo do Código Civil a seguir:

Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco


objeto do contrato

Exemplo: Em um contrato de seguro de veículo automotor, o segurado deixa o carro em


um local ermo com a chave do veículo na ignição ou até mesmo no caso da disputa de
veículos.

Todavia, existe um temperamento na regra do agravamento do risco, nos casos previstos


do artigo 799, CC/02:

 O alto risco for da própria atividade, como a prática de esporte;


 Em auxílio de outrem;
 Serviço militar
Embriaguez ao volante, por si só, não produz o agravamento do risco. Não basta provar
a embriaguez, deve-se provar o nexo de causalidade entre o dano (acidente de trânsito) e
a embriaguez do segurado ao dirigir.

2. Regras da boa-fé no contrato de seguro

O ato doloso do segurado, ou seja, aquele que propositalmente dá causa ao sinistro gera
a nulidade do contrato na garantia da indenização. Além disso, enseja a aplicação do tipo
penal previsto no artigo 171, do Código Penal (estelionato).

Art. 762. Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do
segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro.

Nesse sentido, devem existir os deveres anexos à boa-fé previstos no artigo 765, CC/02,
principalmente no que concerne às informações prestadas pelo segurados e segurado e a
lealdade.

2.1. Mora

O segurado poderá pagar o valor do prêmio à vista ou em parcelas. Dessa forma, se o


segurado estiver em mora nesse pagamento, este não terá direito à indenização se o
sinistro ocorrer antes da purgação da mora. Na regra do artigo 763, CC/02.

Ressalta-se o entendimento do STJ, que tem a acepção de o segurado possuir o direito de


purgar a mora, após ocorrer o sinistro, para que possa receber a indenização devida.
Reforça o princípio da boa-fé objetiva. Conforme o Enunciado 371, do CJF.

PARTE IV

1. Classificação

1.1 Contrato de Seguro de DANO => recai sobre coisas

Conceitua-se no contrato que irá recair sobre coisas, para que ocorra uma
recomposição patrimonial, no caso de haver um dano ao patrimônio. Não pode
ser uma forma de gerar um lucro.
É por esse motivo que há um teto remuneratório no valor da indenização, não
podendo ultrapassar o valor do próprio bem, da própria coisa. Nesse sentido:

Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor
do interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do
disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.

Além disso, existe um limite de contratos de seguro sobre aquele bem, pois a
regra é o seguro de dano integral, cuja qual a seguradora irá pagar integralmente
a indenização quando ocorrer o sinistro, para que assim, o segurado não recebe
mais de uma garantia em face do mesmo objeto.

Em outra concepção será no caso de um seguro de dano parcial.

Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro
sobre o mesmo interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve
previamente comunicar sua intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma
por que pretende segurar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto
no art. 778.

1.1.2 Processos

Processualmente, se ocorrer um dano do segurado em face de um terceiro,


poderá o segurado denunciar a lide a seguradora, para caso vier a perder o
processo interposto pelo terceiro a seguradora pague a indenização requerida.

É importante observar que o terceiro que sofreu um dano pelo segurado, NÃO
poderá acionar diretamente e exclusivamente a seguradora para conseguir a
indenização pleiteada, pois seria impossível que somente a segurado que não
estava presente no momento do sinistro, provar que ocorreu o dano – assim,
temos fundamentação no devido processo legal, na ampla defesa e no
contraditório (artigo 5º XIV, da CRFB) - É o entendimento da Súmula 529, do STJ:

«No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação


pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do
apontado causador do dano.»

Outra possibilidade será o terceiro ingressar com a ação em face da seguradora


e do segurado, em litisconsórcio, nesse momento não há prejuízo no direito à
defesa da segurada. Nesse sentido é a Súmula 537, STJ:

«Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a


denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e
solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à
vítima, nos limites contratados na apólice.»
1.1.3 Sub-rogação

Quando a seguradora indeniza o segurado em virtude de um dano causado por


um terceiro (autor do dano) e o segurado não requer a reparação dos danos a
este, poderá a seguradora se sub-rogar no direito do segurado para pleitear a
reparação dos danos causados pelo autor do dano.

Art. 786. Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor


respectivo, nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do
dano.

PARTE V

1. Classificação – Seguro de Pessoas

O interesse assegurado está na integridade da vida do segurado. Exemplo: seguro


contra acidentes pessoais, de saúde, de vida.

No contrato de seguro de vida existe uma estipulação em favor de terceiros, ou


seja, caso ocorra o sinistro com a morte do segurado, quem irá receber a
indenização será o beneficiário.

Art. 789, ss, c/c 436, ss, ambos do CC/02.

Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo
proponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse,
com o mesmo ou diversos seguradores.

Perceber-se que no seguro de pessoas é possível mais de um seguro em face


daquele mesmo segurado, pois não precisa comprovar prejuízo, assim, não há
teto remuneratório.

No seguro de danos acontece a sub-rogação, todavia, no seguro de pessoas não


há essa possibilidade. Exemplo: João foi assassinado por Bruno. Dessa forma, a
seguradora pagará a indenização para os beneficiários de João e não poderá
ingressar com ação reparatória em face do autor do dano (Bruno).

Art. 800. Nos seguros de pessoas, o segurador não pode sub-rogar-se nos
direitos e ações do segurado, ou do beneficiário, contra o causador do sinistro.

1.1 Autonomia do capital estipulado

O capital estipulado em indenização de seguro NÃO compõe a herança do


segurado, e, por conseguinte, não será objeto de partilha entre os herdeiros
necessários, mesmo que o valor da herança e das dívidas seja menor que a
indenização do seguro.

Importante atentar que o valor recebido pelo beneficiário é impenhorável.

1.2 Suicídio

Se o segurado cometer suicídio:

 Nos primeiros 2 (dois) anos de vigência inicial do contrato (critério objetivo


– premeditação do suicídio);
 Recondução depois de suspenso.

O BENEFICIÁRIO não receberá a indenização, mas terá direito à reserva


técnica, que é o valor que o segurado pagou de prêmio. Art. 797, parágrafo
único, CC/02.

Estão Superadas as Súmulas 105, do STF, Súmula 61, do STJ e Enunciado 187, do
CJF.

1.3 Ausência de Indicação do beneficiário

Questão de Prova da 2ª fase da magistratura do Rio de Janeiro foi referente à


falta de indicação pelo segurado, de quem será o beneficiário da indenização.
Ocorrendo essa hipótese, o valor da indenizável pela seguradora será na parte
que caiba ao cônjuge não separado judicialmente: metade será pago ao cônjuge
e a outra metade a atual companheira (o) do segurado.

Esse entendimento é jurisprudencial, tendo em vista que o artigo 792, do Código


Civil, demonstra que será pago por metade ao cônjuge não separado
judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da
vocação hereditária. Dessa forma, a (o) atual companheira (o) do segurado não
teria qualquer direito à indenização. Para tanto, tem-se o Informativo 566, do STJ.

1.4 Beneficiário cúmplice do adultério

Da mesma forma que é anulável a doação para o cúmplice do cônjuge do


adúltero, não pode ocorrer um contrato de seguro de pessoa como beneficiário
o cúmplice. Nesse diapasão o entendimento a contrário sensu do artigo a seguir.

Art. 793. É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo


do contrato o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado
de fato.

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