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RESUMO – CONTRATO DE DOAÇÃO

Definição: art.538 = 481 CV considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. Art. 114
interpretação estrita.

Causa: animus donandi. Manifestação irrevogável. Exceções: ingratidão do donatário ou


descumprimento do encargo.

Motivo: irrelevante. Somente ganha relevo quando expressamente posto como razão
determinante da vontade (arts. 140 o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando
expresso como razão determinante. e 166, III é nulo o negocio jurídico quando o motivo
determinante for ilícito)

O bem deve ser do doador sob pena de nulidade do acerto. Não existe doação a non domino

Natureza Jurídica

a) Benévolo;

b) Unilateral: o doador entrega a coisa e o donatário apenas se beneficia

c) Gratuito: o donatário não sofre nenhum abalo patrimonial para ser beneficiado.

d) Comutativo;

e) Formal: art. 541 forma escrita solene / não-solene O contrato de doação dependerá da
formalização de escritura pública sempre que se tratar de bem imóvel em valor
superior a 30 salários mínimos. Em se tratando de bem imóvel em valor inferior ou de bem
móvel, não será necessária escritura, mas deverá ser formalizado contrato por escrito (art.
541, CC).

Excepcionalmente admite-se a doação verbal, desde que verse sobre bens móveis de
pequeno valor e seja realizada imediatamente a tradição (art. 541, parágrafo único, CC).
Para análise sobre o que é bem de pequeno valor, a doutrina propõe a apreciação do
patrimônio do doador. Nesse sentido é o Enunciado 622 da VIII Jornada de Direito Civil do
CJF: “Para a análise do que seja bem de pequeno valor, nos termos do que consta do art. 541,
parágrafo único, do Código Civil, deve-se levar em conta o patrimônio do doador”. No âmbito
da jurisprudência há decisões que não consideram essa informação, como, por exemplo,
aquela proferida no julgamento do REsp 1.758.912/GO, que entendeu não ser de pequeno
valor uma suposta doação de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), porque representava
à época da liberalidade quase 83 salários mínimos

Aceitação: A pessoa que irá receber a doação não tem, como regra, prazo para aceitação.
Entretanto, conforme art. 539 do Código Civil, o doador pode fixar prazo ao donatário, para
declarar se aceita ou não a liberalidade.

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Não havendo manifestação, considerar-se-á aceita a doação (quem cala, consente). Tal
regra não vale para a doação com encargo, pois, como visto, por ser uma modalidade de
doação que cria um ônus para o donatário, sua aceitação não pode ser presumida.

a) expressa; art, 539 prazo assinado pelo doador para que o donatário aceite a doação

b) tácita (art. 546 CC); silêncio ou comportamento incompatível

c) presumida (art. 539 CC) - Dispensada na doação pura a absolutamente incapaz (art. 543
CC) - Presunção relativa: pode ser provado prejuízo ao beneficiário; - Doação modal: tutor
pode aceitar mediante autorização judicial em regra: não há responsabilidade por juros
moratórios, evicção ou vícios redibitórios (art. 552 CC)

Doação pura: é a doação que se traduz simplesmente em uma liberalidade, sem fixação de
qualquer fator eficacial.
 Doação a termo: o doador estabelece um termo (evento futuro e certo) que delimita
um prazo, findo o qual o donatário passa a exercer o domínio sobre a coisa doada.
 Doação condicional: condicionada a evento futuro e incerto.
 Doação onerosa, modal ou com encargo: é a doação gravada com algum ônus (art.
553, CC). “O encargo não é uma contraprestação, sendo proporcionalmente muito
menos oneroso do que o benefício recebido. Isso porque, se o encargo for muito
pesado, pode descaracterizar a doação, transformando-a, por exemplo, em uma
compra e venda disfarçada”.
 Doação contemplativa: em geral, é uma espécie de doação pura em que o doador
declina os motivos que o levaram a fazer a doação. Ex: Prêmio Nobel Há também a
doação contemplativa em razão de casamento futuro (art. 546, CC). Neste caso, se o
casamento não se realizar, a doação ficará sem efeito.
 Doação remuneratória: equipara-se à completativa. É feita em retribuição a serviços
prestados pelo donatário (Ex: doação ao médico que sempre cuidou do doador).
 Doação sob a forma de subvenção periódica: Disposta no art. 545 do CC, é aquela
em que o doador estipula a doação em prestações, que serão pagas periodicamente.
Esse benefício pode subsistir para depois da morte do doador, mas se houver
falecimento do donatário, mesmo ainda vigente a doação, os herdeiros deste não
podem se beneficiar com o rendimento.
 Doação INOFICIOSA, que é aquela em que o doador dispõe da legítima dos
herdeiros necessários, que corresponde a 50% do patrimônio;
 Doação UNIVERSAL, em que o doador disponibiliza todo o seu patrimônio, sem
reservar o mínimo para sua subsistência (art. 548, CC).

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A doação remuneratória, assim como todas as demais espécies de doação, deve respeitar
a denominada “legítima”, que é a quota correspondente aos herdeiros necessários e
corresponde a 50% do patrimônio do doador. Conforme entendimento do STJ, essa
modalidade de doação,
“caracterizada pela existência de uma recompensa dada pelo doador pelo serviço
prestado pelo donatário e
que, embora quantificável pecuniariamente, não é juridicamente
exigível, deve respeitar os limites impostos pelo legislador aos
atos de disposição de patrimônio do doador, de modo que, sob esse
pretexto, não se pode admitir a doação universal de bens sem
resguardo do mínimo existencial do doador, nem tampouco a doação
inoficiosa em prejuízo à legítima dos herdeiros necessários sem a indispensável
autorização desses, inexistente na hipótese em exame” (REsp 1708951/SE).
 Doação a nascituro: (art.542) válida se aceita pelo seu representante legal. Sujeita a
condição suspensiva (nascimento com vida)
 Doação antenupcial: de um cônjuge a outro, de um terceiro a um cônjuge ou de um
terceiro a ambos os cônjuges. Não depende de aceitação expressa e somente fica
sem efeito se não ocorrer o casamento (art. 546)
 Doação a prole futura: art.546

Outro aspecto limitador da doação – qualquer que seja a modalidade – está relacionada à
qualidade do donatário. Em verdade, não se trata propriamente de uma limitação, mas de
regra que acarretará efeitos após a morte do doador, caso não seja observada. Trata-se da
doação prevista no art. 544 do Código Civil. De acordo com esse dispositivo, “a doação de
ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que
lhes cabe por herança”. O Código Civil não exige a concordância dos demais herdeiros,
sendo perfeitamente possível que um pai doe um de seus imóveis ao filho mais velho, desde
que observada a legítima. Exemplo: Francisco tem dois imóveis, sendo cada um avaliado em
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Ele poderá dispor, da forma como bem entender, de 50%
desse patrimônio, inclusive doando um dos imóveis a um dos filhos. Nesse caso, após o
falecimento de Francisco, o filho que recebeu a doação terá que trazer à colação o bem
doado, pois a liberalidade do pai importa adiantamento da herança.
Na hipótese do art. 544 do Código Civil, não sendo realizada a colação, o donatário/herdeiro
poderá perder o direito sobre a coisa. Somente se o doador tiver dispensado expressamente
a colação, essa consequência não será aplicada. E a dispensa está prevista no art. 2.006 do
CC: “A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no próprio
título de liberalidade”.

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O excesso na doação (invasão da legítima) é apurado levando-se em conta o valor do
patrimônio do doador ao tempo da doação, e não o patrimônio estimado no momento da
abertura da sucessão do doador. Para se buscar a anulação dessa doação deve ser proposta
ação de querela inoficiosa pelos herdeiros necessários.

O prazo prescricional é vintenário e conta-se a partir do registro do ato jurídico que se


pretende anular (AgInt no REsp 1810727 / SP, j. 20/04/2020). O precedente vale para as
doações realizadas na vigência do CC/1916. Para aquelas firmadas na vigência no Código
Civil em vigor, o prazo é de 10 anos. Vale lembrar que, tratando-se de herdeiro cujo
reconhecimento da filiação ocorreu após a morte do autor da herança, esse prazo somente
se iniciará a partir do trânsito em julgado da sentença proferida na ação de investigação de
paternidade, quando restará confirmada a condição de herdeiro (REsp 1605483/MG, j.
23/02/2021).

Há possibilidade, ainda, de doação entre cônjuges, qualquer que seja o regime (REsp
471.958/RS, DJe de 18/02/2009), salvo o da comunhão universal. Neste caso, a
jurisprudência considera nula a doação, “na medida em que a hipotética doação resultaria no
retorno do bem doado ao patrimônio comum amealhado pelo casal diante da
comunicabilidade de bens no regime e do exercício comum da copropriedade e da
composse” (REsp 1787027 / RS, j. 04/02/2020). E entre conviventes, é possível a doação?
Mesmo antes da equiparação da união estável ao casamento, já era possível a doação entre
companheiros. Dúvida que pode surgir é se deverá ser aplicada a regra do art. 544 do Código
Civil, ou seja, se o companheiro deverá trazer à colação o bem doado. O STF, ao equiparar
o regime sucessório entre os institutos, não discutiu sobre a integração do companheiro ao
rol de herdeiros necessários (STF. Plenário. RE 878694 ED, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 26/10/2018). Na doutrina há entendimentos diversos. Cita-se, por exemplo, o Prof.
Flávio Tartuce, para quem o tratamento dado ao companheiro deve ser o mesmo, de modo
que há obrigatoriedade de o companheiro declarar os bens recebidos em antecipação, sob
pena de serem considerados sonegados (arts. 1.992 a 1.996), caso isso igualmente seja
reconhecido ao cônjuge[2].
Por fim, embora não seja propriamente uma nova espécie de doação, temos a
denominada doação com cláusula de reversão, que é aquela prevista no art. 547 do
Código Civil. Em verdade, trata-se de disposição que pode ser inserida nos contratos de
doação, a favor do doador.
O pacto de reversão é inserido pelo doador como forma de garantir que o bem doado volte
para o seu patrimônio caso o donatário venha a falecer antes do doador. Cuida-se de
verdadeira condição resolutiva expressa utilizada pelo doador para, através do
instrumento da propriedade resolúvel, definir o destino do bem doado em caso de morte
do donatário.

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 A cláusula de reversão (art. 547, CC) não pode ser estipulada em favor de
terceiro, ou seja, Pedro (doador) não pode estipular que o imóvel doado para
Amanda (donatária) seja revertido para Patrícia (esposa de Pedro) no caso de
falecimento daquela (art. 547, parágrafo único, CC). Destaca-se, no entanto, que essa
impossibilidade de reversão em favor de terceiro é vedada apenas se a doação tiver
sido formalizada na vigência do CC/2002. Em outras palavras, “é válida e eficaz a
cláusula de reversão em favor de terceiro, aposta em contrato de doação
celebrado à luz do CC/1916, ainda que a condição resolutiva se verifique apenas
sob a vigência do CC/2002” (STJ, Informativo 693). De acordo com o STJ, ao
contrário do CC/2002, o diploma anterior, a despeito de autorizar a cláusula de
reversão em favor do doador, nada dizia acerca da reversão em favor de terceiro.
Assim, ante a lacuna legislativa, deve-se admitir a cláusula de reversão em favor de
terceiro na hipótese de doações celebradas na vigência do CC/1916 em prestígio
à liberdade contratual e à autonomia privada.

 Revogação da doação: ingratidão do donatário ou inexecução do encargo (art.


555) não se podendo renunciar, antecipadamente, ao direito de revogar a liberalidade
por ingratidão (art.556).
Há controvérsias sobre ser taxativa ou não o rol do art. 557 que elenca casos do que devem
ser considerados como de ingratidão:
I – Tentativa ou homicídio
II ofensa física
III injuria (honra subjetiva) ou calúnia
IV recusa a alimentar
Art.558: os casos de revogação se estendem ao cônjuge, ascendente, descendente, ainda
que adotivo ou irmão do doador;
Art. 559: prazo de um ano a partir do conhecimento do fato pelo doador
Art.560: a ação revocatória é exclusiva do doador, mas seus herdeiros podem continua-la.
Exceção feita ao caso de homicídio. (art.561)
 inexecução do encargo: art.562 pode ser revogada se o donatário incorrer em mora
havendo prazo fixado se não houver, o donatário pode interpelar judicialmente
fixando um prazo.
Art.563 a revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem
obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a
pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-
la pelo meio termo do seu valor.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;

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III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.

Hipóteses: (art. 555 CC) Ingratidão do donatário - Rol: art. 557 CC (Exemplificativo –
Enunciado n. 33 CJF) – Ampliação dos ofendidos (art. 558 CC) – Efeitos (art. 563 CC); -
Impossibilidade (art. 558 CC); - Prazo decadencial: 1 ano do conhecimento do fato; -
Transmissibilidade do direito de revogar? (art. 560 CC) Inexecução do encargo –
Donatário em mora (prazo ou notificação em prazo razoável (at. 562 CC); - Prazo decadencial
- Transmissibilidade?

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