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WJUR0298_v2.

Contratos civis
Contrato de doação
Bloco 1
Renato Mello Leal
Doação - Conceito e natureza jurídica

Conceito:
• Arts. 538 a 564 do CC/2002.

• Questão da aceitação do donatário: elemento


essencial ou complementar?

• Art. 539 do CC/2002: possibilidade de fixação


de prazo para aceitação versus aceitação
tácita.
Doação - Conceito e natureza jurídica

Natureza jurídica:

• Benévolo.

• Unilateral (em regra).

• Gratuito (em regra).

• Consensual (exceção: doação manual –


contrato real).

• Comutativo.
Contrato de doação
Bloco 2
Renato Mello Leal
Doação - Classificações

Quanto às formalidades em sentido genérico:


a) Formal e solene: no caso de doação de imóvel com valor superior a 30
salários mínimos (art. 108 do CC).
b) Formal e não solene: quando envolver imóvel com valor igual ou inferior a
30 salários mínimos (art. 108 do CC) e quando envolver bens móveis, que
não sejam de pequeno valor (art. 541 do CC). Em ambas as hipóteses, não se
exige escritura pública (contrato não solene), mas exige-se escrito particular
(contrato formal).
Doação - Classificações
Quanto à presença ou não de elementos acidentais:
a) Pura ou simples: feita por mera liberalidade do doador, sem impor ao
donatário qualquer contraprestação, encargo ou condição.
b) Sujeita a condição: é aquela que subordina a eficácia da doação a um
evento futuro e incerto.
c) Sujeita a termo: é aquela que subordina a eficácia da doação a um evento
futuro e certo.
d) Sujeita a encargo ou modo: é aquela que introduz um ônus no ato da
doação.
Contrato de doação
Bloco 3
Renato Mello Leal
Doação – Modalidades, efeitos e regras

• Doação remuneratória.
• Doação contemplativa ou meritória.
• Doação a nascituro.
• Doação sob forma de subvenção periódica.
• Doação propter nuptias (em contemplação de
casamento futuro).
• Doação de ascendentes a descendente e
doação entre cônjuges.
Doação – Modalidades, efeitos e regras

• Doação com cláusula de reversão.


• Doação conjuntiva.
• Doação manual.
• Doação inoficiosa.
• Doação universal.
• Doação do cônjuge adúltero ao seu
cúmplice.
• Doação a entidade futura.
Contrato de doação
Bloco 4
Renato Mello Leal
Doação – Promessa e revogação

• Promessa de doação:
- Divergência doutrinária e jurisprudencial.
- Questão do momento da liberalidade.
- O STJ já reconheceu a validade e eficácia da promessa de doação, num
contexto de acordo de dissolução de sociedade conjugal, permitindo o uso
de ação cominatória para exigir o cumprimento de promessa de doação de
bens do casal aos filhos (STJ, EREsp 125.859/RJ, 2ª Seção, Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar, julgado em 26.06.2002, DJ 24.03.2003, p. 136).
Doação – Promessa e revogação

• Revogação da doação:
- Resilição contratual (direito potestativo do doador).
- Motivos: ingratidão ou inexecução do modo ou encargo.
- Art. 556, CC: vedação à renúncia prévia do direito de revogação.
- Art. 557, CC: rol com hipóteses de ingratidão. Rol taxativo ou
exemplificativo?
Doação – Promessa e revogação

- Art. 558, CC: revogação quando o ofendido for cônjuge, ascendente,


descendente ou irmão do doador.
- Art. 561, CC: iniciativa dos herdeiros quando o doador tiver sido vítima de
homicídio doloso praticado pelo donatário. Hipótese do perdão expresso,
ainda que verbal.
- Art. 564, CC: hipóteses em que não se admite a revogação por ingratidão.
- Art. 559, CC: prazo decadencial de um ano para o ajuizamento da ação de
revogação da doação.
Teoria em Prática
Bloco 5
Renato Mello Leal
Reflita sobre a seguinte situação

Joaquim, brasileiro, solteiro, economista, sem qualquer impedimento para


doar um sítio de sua livre propriedade, decide fazê-lo, sem a imposição de
quaisquer ônus ou encargos, em favor de sua amiga Camila, brasileira,
solteira, professora universitária. No bojo do contrato, Joaquim introduz uma
cláusula de reversão, prevendo que a propriedade se transfira a Pedro, irmão
do doador, caso Pedro sobreviva a Camila, isto é, caso a donatária venha a
falecer antes do irmão do doador. Diante desses fatos, pergunta-se: é válida
a referida cláusula de reversão? Em caso afirmativo, o contrato de doação,
por ser gratuito, admitiria interpretação extensiva, conferindo validade à
referida cláusula? Em caso negativo, qual seria o dispositivo legal e/ou regra
que vedariam tal estipulação?
Norte para a resolução...

• Art. 547 do CC/2002: o doador pode estipular que os bens doados voltem
ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Parágrafo único. Não
prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
• Nos termos do art. 538 do CC/2002, a doação é um ato de mera
liberalidade, sendo, portanto, um contrato benévolo, unilateral e
gratuito. Justamente por conta desse seu caráter de benevolência, só se
admite sua interpretação restritiva, jamais a declarativa ou extensiva (art.
114 do CC/2002).
Dica do Professor
Bloco 6
Renato Mello Leal
Dica do professor

Há um artigo muito interessante no site www.jus.com.br, publicado em


janeiro de dois mil e vinte, que trata da polêmica promessa de doação no
âmbito do Direito de Família, evidenciando que a prática, especialmente no
âmbito desse ramo do Direito, que é mais comum do que se imagina.
Título do artigo: promessa de doação no Direito de Família. É mais comum
do que você imagina!
Autor do artigo: Pablo Stolze Gagliano.
Portal Ju, publicado em janeiro de dois mil e vinte.
Referências

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil,
volume 4: tomo II: contratos em espécie. 10. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2017.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado. v. 2. Coordenador Pedro


Lenza. 4. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2016.

TARTUCE, Flávio. Direito Civil: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. v.
3. 15. ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense, 2020.
Bons estudos!

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