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O contrato de doação, em via de regra, é um negócio jurídico gratuito.

Espontaneamente, o doador
transfere algum de seus bens ao donatário, ocorrendo um acréscimo ao patrimônio do mesmo, sem
nenhuma contraprestação.

Mesmo que a doação seja um negócio jurídico gratuito, afirma Gonçalves (2004, p.257) que: “[...]
gratuito, porque constitui uma liberalidade, não sendo imposto qualquer ônus ou encargo ao
beneficiário. Será, no entanto, oneroso, se houver tal imposição. ”

Conforme nos explica Lobo (2011, p.281): "A doação é contrato real, que apenas se aperfeiçoa com a
entrega da coisa do donatário. Para atingir o plano da existência e depois os da validade e da eficácia
não basta o ânimo de doar ou a obrigação de doar. A entrega efetiva da coisa do donatário é elemento
essencial e nuclear do suporte fático. A exceção fica por conta da admissibilidade de doação
consensual, na hipótese de doação em forma de subvenção periódica (CC, art. 545), o que não infirma
a regra da natureza real. É também contrato gratuito e unilateral, pois inexiste correspondência ou
contraprestação."

No ordenamento jurídico existem diversos tipos de Doação. Porém, vamos atentar-se apenas ao caso
em questão, de Cristiano e Rafael.

Nota-se que por se tratar de uma doação sem observações, ou seja, exigências, na liberaçodade,
transferindo patrimônios mediante escritura pública, sem necessidade de Rafael fazer qualquer tipo
de prestação, configura-se numa Doação Pura, logo, por se tratar de um contrato, se extingue pelas
mesmas formas que os contratos em geral, a a partir da revogação.

O ordenamento faz referência a duas situações para à revogação da doação, que são: ingratidão do
donatário e descumprimento de encargo.

A revogação por ingratidão, é explicada por Queirôz (2012, p.66) que “[...] o código civil não admite
que o beneficiário com a doação pratique atos em total contradição com o sentimento de gratidão que
se espera daquele contemplado com alguma liberalidade. ”

Tratando-se de revogação por ingratidão, existem algumas maneiras a serem manifestadas para o
desfazimento do contrato de doação, sendo elas aqui mencionadas:*

1) caso o donatário cometer crime de homicídio doloso, ou atentar contra vida do doador, neste caso
não é necessária a sentença no âmbito criminal com transito em julgado, basta somente a pratica do
ato.

2) caso o donatário cometa ofensa física contra o doador, essa ofensa física pode ser tanto lesão
corporal tanto como vias de fato para ficar caracteriza a ingratidão.

3) donatário causar injuria ou calunia ao doador.

4) donatário, podendo ministrar alimentos ao doador, que necessitava, e o recusou a fazê-lo.

Esses casos mencionados acima, estão regulamentados no artigo 557 Código Civil, que prevê uma série
de situações em que a revogação é válida ou não.

Como advogado, vislumbrando o caso em questão de Efigênio sobre a possibilidade de revogação da


doação efetuada, meu aconselhamento seria pela desistência, tendo em vista que apesar de Rafael ter
cometido delitos que já estão em transitado e julgado contra seu pai Cristiano, delitos estes previstos
no Código Civil como passíveis de revogação por ingratidão, a revogação é um direito potestativo,
intransmissível e personalíssimo, então não cabe a Rafael fazer esse pedido, mas somente ao doador,
no caso o seu pai, impossibilitado devido o seu falecimento.

Em resumo, caso Cristiano estivesse vivo, ele poderia sim por força expressa da lei, requerer a
revogação da doação. Porém, como ele faleceu e o direito da revogação é potestativo, intransmissível
e personalíssimo, o seu filho não pode requerer um procedimento de revogação da doação feita pelo
seu pai, de forma legal quando estava vivo.

REFERÊNCIAS:

WALD, Arnoldo. Direito civil. Direito das obrigações e teoria geral dos Contratos. 20ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.

ALVES, Felipe William Ramos. A Revogação da Cláusula de Reversão nas Doações. Presidente
Prudente/SP: FAPEPE, 2015, 40f. Trabalho de Curso (Graduação em Direito).

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