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Indignidade sucessória

A capacidade sucessória é uma noção típica do Direito das Sucessões, que podemos definir como a
idoneidade para ser destinatário de uma vocação sucessória, ou seja, para que seja atribuído o direito
de aceitar ou repudiar uma herança ou legado. A regra é a da capacidade: serão incapazes de suceder
apenas aqueles que forem declarados indignos ou que forem deserdados. A deserdação é um instituto
específico dos herdeiros legitimários (cônjuge, descendentes e ascendentes) previsto nos artigos
2166.º e 2167.º do Código Civil. Não há coincidência entre as causas de indignidade e as causas de
deserdação, existindo causas específicas da indignidade e causas específicas da deserdação. Em
geral, as causas de deserdação são muito mais amplas do que as causas de indignidade, sendo, tal
como estas, taxativas. Enquanto que a indignidade deve ser declarada pelo tribunal, a deserdação é
feita pelo próprio autor da sucessão, através de testamento. Apesar de a letra da lei mencionar que o
sucessível legitimário é privado da legítima, ao ser deserdado, o sucessível legitimário não fica
apenas privado da legítima ou quota indisponível, mas de toda a sucessão, não podendo suceder.
Sendo o deserdado equiparado ao indigno, tal significa que perde a capacidade sucessória mas que
poderá vir a ser reabilitado, de forma expressa ou tácita. A reabilitação será expressa quando o autor
da sucessão, depois de ter feita a deserdação, declarar, através de testamento ou escritura pública,
que, apesar disso, quer que o sucessível lhe suceda. Haverá reabilitação tácita se, nas mesmas
circunstâncias, o autor da sucessão fizer testamento contemplando aquele que tinha sido
anteriormente deserdado, e que terá apenas direito a receber a deixa testamentária. A lei prevê a
possibilidade de impugnação da deserdação, estabelecendo que a mesma deve ser feita através de
uma ação judicial, proposta no prazo de 2 anos a contar da abertura da sucessão, em que o herdeiro
legitimário procura demonstrar que não ocorreu a causa de deserdação invocada no testamento e que
deve corresponder a uma das causas previstas na lei. Já nos casos em que o autor da sucessão declara
que deserda mas não invoca qualquer fundamento para tal ou invoca uma causa não prevista por lei,
devemos considerar a deserdação inexistente, não havendo neste caso necessidade de impugnação da
mesma.

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