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Barbacena - MG
Dezembro/2021
INTRODUÇÃO
I - Revogação
É sabido que a vontade do testador pode mudar várias vezes até a sua
morte, contudo ele não poderá se vincular a não revogar o testamento e o
codicilo, razão pela qual serão nulas quaisquer cláusulas que estabeleçam a
irrevogabilidade e que sejam pré-excludentes de futuros testamentos, uma vez
que afrontam uma das principais características do testamento: sua
revogabilidade.
Previsto nos art. 1.973 a 1.975 do Código Civil, em que pese muitos
doutrinadores considerarem o instituto como uma revogação tácita, é
importante salientar que, na verdade, trata-se de caducidade.
O testamento será rompido, em todas as suas disposições, quando
sobrevier descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o
conhecia quando testou (art. 1.973), capaz de alterar a sua vontade, ou se o
ato de última vontade tiver sido realizado na ignorância de existirem outros
herdeiros necessários (art. 1.974). Contudo, se o instrumento respeitar o limite
da legítima, qual seja, 50% de seu patrimônio, não haverá a
ruptura/rompimento, conforme aduzido no art. 1.975.
A justificativa é simples: se o testador tivesse conhecimento do herdeiro
quando da confecção do testamento, respeitaria o limite legal da legítima, de
forma a não privá-lo do benefício sucessório. Mesmo porque, havendo
herdeiros necessários conhecidos, se o testador dispusesse de mais de 50%
de seu patrimônio, haveria a nulidade da parte excedente e não o rompimento
do testamento.
Destaca-se que o testamento só será rompido por superveniência de
descendente se o autor da herança já não tivesse nenhum herdeiro dessa
classe.
Rosenvald (2017) esclarece sobre a possibilidade do testador fazer
constar da cédula testamentária a previsão expressa de que a superveniência
de herdeiro necessário não implicaria ruptura da declaração de vontade, sob a
justificativa da autonomia privada.
O rompimento do testamento deverá ocorrer nos próprios autos do
inventário, ante a natureza de juízo universal e poderá ser requerido de ofício,
por interessado ou pelo MP, se existir menor ou incapaz, não reclamando alta
dilação probatória.
CONCLUSÃO
DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. 6. ed. rev., ampl. e atual. Ed.
JusPodivm, 2019;
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:
Sucessões. 3. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2017;
Júnior, João Paulo Meneia Arroyo. Do rompimento do testamento. JusBrasil.
Disponível em: < https://jpmaj.jusbrasil.com.br/artigos/152848076/do-
rompimento-do-testamento>. Acesso em: 02 de dez. 2021.