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Disciplina: Direito Civil

Prof.ª: Fernanda Barretto


Aula: 10
Monitor: Rebeca Souza.

MATERIAL DE APOIO - MONITORIA

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

Conceito: o testamento é um negócio jurídico pelo qual uma pessoa dispõe de patrimônio para depois da
sua morte.

ATENÇÃO: na forma do art. 1.857 do CC, o testamento também serve para outras declarações de vontade,
a exemplo de: reconhecimento de filho, deserdação (testamento deserdativo), nomeação de tutor, etc.

Art. 184 do CC – redução parcial da invalidade, baseado no princípio do aproveitamento da vontade no


âmbito dos negócios jurídicos.

CARACTERISTICAS DO TESTAMENTO

- O testamento, é um instrumento de caráter personalíssimo (intuito persoanae), art. 1.863 do CC.


- É também negócio jurídico unilateral – ele não precisa de outra vontade para se formar ou aperfeiçoar. A
vontade do testador é suficiente.
- Negócio jurídico gratuito – art. 114 do CC.
- Negócio Jurídico solene – não precisa, porém, de registro público, mas, tem forma prescrita em lei. A
violação dessa forma gera nulidade (art. 166 do CC).
O art. 170 do CC prevê a possibilidade de conversão substancial de negócios nulos.
- O testamento é revogável a qualquer tempo, até a morte do testador. É nula clausula derrogativa ou
derrogatória (que prevê que o testamento não pode ser revogado).

PRESSUPOSTOS DO TESTAMENTO

a. Capacidade testamentária ativa = capacidade para celebrar testamento. Não se confunde com a
capacidade civil.
A capacidade é a do maior de 16 anos que não se enquadre nas hipóteses de incapacidade relativa do art.
4° do CC. É preciso que a pessoa tenha discernimento para a prática do ato ou assinar instrumento.

b. Capacidade testamentária passiva para receber por testamento.

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Art. 1.798, legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da
sucessão (polêmica sobre os embriões concebidos em laboratório).
Art. 1.799, I do CC – contempla a chamada prole eventual, que só pode receber por testamento.
Art. 1.799, II do CC – pessoas jurídicas cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de
fundação.

PROIBIÇÕES TESTAMENTÁRIAS OU INCAPACIDADE TESTAMENTÁRIA PASSIVA

São pessoas que não podem receber por testamento:

1. Aquele que recebeu o testamento escrito a ROGO (para o cego ou analfabeto).


2. Testemunha testamentária. Genericamente são duas. Quando se tratar de testamento particular são 3
testemunhas.

Obs.: a testemunha testamentária também pode ter 16 anos.


3. tabelião ou oficial que lavrá-lo;
4. concumbina;
5. Autodidades que participem da elaboração ou aprovação do testamento (art. 1.801, IV do CC).

Art. 1.802 do CC – trabalha com a extensão subjetiva da incapacidade – descendentes, ascendentes,


companheiro ou pessoas indicadas no art. 1.801, o testamento é nulo.

ATENÇÃO: mas o testamento para o filho da concumbina é vedado se for filho do testador (art. 1.803 do
CC).

- Respeito ao limite da legítima


A lei brasileira adotou um sistema de divisão necessária. Consagra a liberdade restrita em oposição ao
sistema a liberdade plena de dispor.
Acatado, por exemplo, em países europeus.
Sistema de divisão necessária, França e Alemanha.

Fundamentos da legítima: relatividade do direito de propriedade, solidariedade, afetividade familiar.


Para fins de testamento, a legítima será calculada na abertura da sucessão. Essa regra não se aplica à
doação, porque, para esta, a legítima será calculada no ato de liberalidade.
O art. 554 do CC, estabelece que a doação dos ascendentes para os descendentes ou de um cônjuge para
o outro importa em adiantamento de legítima.
Enunciado 119 da JDC, tem como fundamento a proibição do enriquecimento sem causa e é fruto da
combinação dos arts. 2004, §2/ do CC + 639 do NCPC (art. 1.014 do CPC/73).

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PACTO SUCESSÓRIO/PACTA CORVINA

Proibido no Brasil art. 426 do CC: é nulo o negócio jurídico que tenha por objeto a herança de pessoa viva.
Exceção: partilha em vida, art. 2.018 do CC.

Também é pressuposto do testamento, a observância da forma prevista em lei, sob pena de nulidade.

FORMAS TESTAMENTÁRIAS

Comum/ordinário:
a. Público;
b. Cerrado;
c. Particular.

Especial:
a. Marítimo;
b. Aeronáutico;
c. Militar.

TESTAMENTO COMUM: Comum, porque foi lavrado em condições normais, quando não há
comprometimento para declaração de vontade.

1. Testamento público: celebrado de viva voz perante autoridade com função notarial sobretudo tabelião,
cônsul. Além disso, é a única modalidade permitida ao cego, também pode ser usado por analfabeto.
Em contrapartida, deverá ser redigido em português, seu conteúdo será aberto.
Exige a presença da autoridade, do testador, e de duas testemunhas.

2. Testamento Cerrado/misto/secreto: é aquele elaborado pelo testador particularmente e apenas entregue


ao tabelião na presença das testemunhas.
Não será acessível ao cego ou analfabeto, mas o CC/02 admite que ele seja elaborado por quem sabe ler,
mas não pode ou não sabe escrever.
- se o testamento cerrado for violado, gera caducidade.

3. Testamento particular: elaborado pelo testador, na presença de 3 testemunhas.


Exige homologação depois de aberta a sucessão.

TESTAMENTO ESPECIAL: são especiaispor que em situações adversas, por pessoas que estão a bordo de
embarcações ou aeronaves, ou em guerra (praça sitiada).

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Forma pública ou cerrada, sempre na presença de 2 testemunhas.
Todos os testamentos especiais exigem homologação judicial.

Obs.: o testamento militar pode ser NONCUPATIVO oral, elaborado por militar ferido de morte em combate.

Se uma pessoa elabora um testamento num navio, mas não morre durante essa excepcionalidade, o que
ocorre com o testamento? A pessoa terá 90 dias para ratifica-lo sob pena de caducidade, desde que tenha
condições de fazê-lo.

CODICILO: é um pequeno testamento, uma disposição de vontade específica. Através dele, via codicilo, o
autor da herança “de cujus”, vai dispor de pequenos legados, ou de regras para o seu funeral. Ele dispensa
testemunhas.

A juridprudência costuma considerar pequeno valor aquilo que não ultrapassa 10% do patrimônio líquido
do testador.

CLÁUSULAS TESTAMENTÁRIAS: elas estão inseridas em um negócio jurídico, e por isso se submetem as
suas regras, as do negócio jurídico. Por exemplo, se houver algum vício de vontade, isso deve ser alegado
em 04 anos.

ATENÇÃO: sendo o testamento nulo, não deveria haver prazo para a sua desconstituição, mas o art. 1.859
do CC estabelece um prazo de 5 anos para se impugnar o testamento, a partir da sua data de registro.

1. Permissívas:
a. o testador pode indicar um beneficiário. Ex.: deixa um legado ou herança para joão, por que este salvou
seu filho. Referência: lembre-se do falso motivo (art. 140 do CC).

b. O testador pode indicar o beneficiário de moro determinado/determinável, mas não indicado por terceiro.

c. O testamento pode conter condição ou encargo/modo – é termo só em favor do legatário.

2. Proibitivas:
a. Derrogatória – estabelece um testamento como irrevogável, não pode, pois todo testamento é
irrevogável.

b. Testamento conjuntivo (art. 1.863).

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c. Cláusula testamentária a termo – não pode, exceto para o legado, art. 1.898 do CC)

d. Não cabe clausula captatória.

e. Cláusula que indique pessoa indeterminável.

f. Clásula que confia a um 3° a indicação do beneficiário para herança ou legado.

g. Cláusula que nomeie pessoa incapaz de suceder.

3. Restritivas:

a. Inalienabilidade;
b. Impenhorabilidade;
c. Incomunicabilidade (art. 1.911 do CC).

ATENÇÃO: essas cláusulas restritivas não são absolutas. Eventualmente, podem ser levantadas ou
substituídas pelo juiz, ouvido o MP.

O art. 1.848 do CC – clausulação da legítima, está submetida à justa causa, declarada em testamento e
posteriormente provado.

INEFICÁCIA DO TESTAMENTO

Por:

a. Caducidade;
b. Revogação;
c. Rompimento.

a. A caducidade, é quando o testamento perde sua eficácia por uma circunstância superveniente ao
momento da celebração.
Não foi sistematizada pelo CC. Ex.: se o herdeiro instituído pre-morrer ou simultaneamente ao testador.
Arts. 8° e 1.943 do CC.
Ex.: se a condição imposta pelo disponente não puder ser realizada (art. 125 do CC).

b. Revogação – que decorre da natureza do próprio negócio jurídico. Art. 1.969 do CC – pode ser revogado
da mesma forma como foi celebrado.

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c. Romprimento: uma forma específica em que o surgimento de um descendente sucessível ou de outro
herdeiro necessário, que o testador não tinha ou desconhecia quando testou, faz cessar os efeitos daquele
testamento.

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