- conferir - donde a palavra deriva) é uma das operações compreendidas no fenómeno sucessório, ocorrendo quando os presuntivos herdeiros legitimários restituem á massa da herança dos bens, os valores que lhes foram doados, bem como outras liberalidades como as dispensas, uma vez que eles decidiram concorrer á sucessão do de cujus. Este instituto é porém suscetível de dispensa; sem que o donatário perca a sua qualidade de herdeiro (ou seja sem que tenha de abdicar concorrer á sucessão, por repúdio. Através da dispensa da colação, ou seja o de cujus pode declarar a sua vontade de beneficiar concretamente uns herdeiros face aos restantes. As doações são feitas em espírito de liberalidade (intenção), Art.940ºCC e como tal suscetíveis de serem levadas a colação. Exceto, quando estas sejam feitas por conta da legítima ou com dispensa da colação: Quando o doador declara que a doação foi feita por conta da legítima; a sua intenção é a de adiantar o gozo da herança ao donatário, um benefício antecipatório. Já na dispensa da colação o doador pretende que o donatário não tenha de descontar o valor da doação á sua quota legítima, ganhando um efetivo benefício económico face aos restantes herdeiros. -Se a doação em causa exceder o valor da quota disponível, o excedente será imputado na quota legítima do donatário, e se o valor em causa exceder ambas as quotas, a doação poderá estar sujeita a redução por inoficiosidade nos termos legais.- A colação tem as suas raízes no ordenamento jurídico Romano como forma de igualar o quinhão hereditário em efetivação do princípio da igualdade dos filhos. O legislador Português também quis com a colação igualar Art.2104º os direitos de cada um dos herdeiros á sua parte da massa da herança relictum em nome de interesses sociais, contudo a colação não é imperativa. Com a supletividade do instituto o legislador concedeu conscientemente ao de cujus uma forma de avantajar herdeiros legitimários. Foi opção do legislador subordinar a colação á vontade do cujus, como preceitua o Art.2113.ºCC. Isto porém não isenta o objeto da doação de ser contabilizado em conferência de inventário Art.2108ºCC. A dispensa da colação deverá corresponder a uma declaração de vontade expressa ou tácita, Art217.º A declaração de vontade da dispensa deverá constar ser feita na mesma forma que acompanha a doação, produzindo efeitos desde que o donatário a aceite, Grenier vê neste ato uma ampliação da liberalidade anterior ou seja logicamente deverá ter a mesma forma da doação. Poderá também ser feita por disposição testamentária Art2113 nº2. Várias decisões do Supremo tribunal de justiça apontam para expressões como:- “Por conta da legítima…”- para subordinar a doação em causa á colação. Por exemplo no Ac. Tribunal da relação de Guimarães de 05/11/2004 concluiu-se que neste caso de doações não se presume qualquer espírito de liberalidade concluindo que haveria igualação completa dos herdeiros envolvidos.- Já “Por conta da quota disponível…” foi a expressão aceite pelo Ac. Do tribunal da relação de Évora nrº537/14.4T8FAR.E1 que reconheceu espírito de liberalidade neste caso e interpretou na disposição uma normal vontade de beneficiar algum herdeiro. -Nas doações manuais/traditio brevi manu- e nas doações remuneratórias considera se sempre dispensada a colação) Art.2114º. Uma vez emitida a declaração pode ser que o declarante pretenda revogar a dispensa da colação por razões quer pessoais ou sociais. Impondo se a questão forma da revogação: Há livre revogabilidade da dispensa pelo donatário? Vários autores assumem posições quanto a esta questão. Losana parte do princípio de que a colação não constitui um vínculo para o doador nem um direito para o donatário, mas antes uma simples expectativa de futuras vantagens, entende que a dispensa é sempre revogável. Piola por sua vez afirma que a dispensa é sempre irrevogável, quer pela vontade do empregador quer por acordo entre as partes, pois a possibilidade de revogação conduziria a um pacto relativo á futura sucessão. Vê se aqui, é que embora tenha carater definitivo, a dispensa não atenta contra a possibilidade de o doador dispor do que é seu para depois da morte. O que acontece é simplesmente ele ver a sua parte disponível diminuída por efeito da doação dispensada. No meu entender a solução a adotar seria a do Dr. Cunha Gonçalves: em vida o doador não poderá revogar a sua dispensa, pois tal resultaria num pacto sucessório Art. 2042ºCC. Porém depois da morte do de cujus já seria admissível, pois como entende o Dr. Abranches Ferrão após a morte do doador «Tal doação torna se uma liberalidade, a favor dos co-herdeiros daquilo com que fora contemplado a mais o donatário» liberalidade essa ao dispor do de cujus.