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Destarte, poderá o depositário negar a restituição da coisa se

esta for judicialmente embargada, pender ação executiva, se


restar motivo razoável que comprove que a coisa seja furtada
ou roubada ou ainda se tiver direito de retenção pelo
pagamento da retribuição e das despesas que lhe for devida,
tratadas no artigo 644, do Código Civil. Os artigos 633 e 634,
do Código Civil, disciplinam que não poderá o depositário reter
o bem sob a visão de que a coisa não lhe pertence. Em suma, se
houver fundado receio do depositante em restituir mal a coisa,
não se pode negar-lhe o direito de consigná-la.

Sendo assim, pode-se dizer que o contrato de deposito não


exige forma fundamental para sua celebração. A entrega da
coisa ao depositário é a prova de sua existência. Nesse sentido,
o cupom de entrega ou algum recibo que o valha poderá
caracterizar a existência da relação jurídica entre o depositante
e depositário. Contudo, o artigo 646 do Código Civil prevê que
o contrato de depósito voluntário será provado por escrito. Não
há aqui, portanto, exigência quanto a forma para que tal
contrato seja celebrado.
O depósito necessário afasta com maior ênfase o dever de
obediência a uma determinada forma, como se pode observar
no artigo 648, do Código Civil:
“Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do artigo
antecedente, reger-se-á pela disposição da respectiva lei, e, no
silêncio ou deficiência dela, pelas concernentes ao depósito
voluntário.”.

Do Depósito Voluntário
O depósito por sua natureza é voluntário. Há a vontade das
partes para a celebração de tal contrato e, deste modo, a
efetivação de sua celebração. Contudo, existe também a espécie
obrigatória, em que decorre de uma determinação legal e
independe de manifestação de vontade das partes.
A referida espécie, o depósito voluntário, também denominada
por Silvio Venosa de depósito irregular, tem com objetivo bens
fungíveis, que podem ser substituídos (fungível em relação ao
proprietário da coisa, neste caso, o depositante). Não deve-se
afirmar, nessa situação, que incide as hipóteses de guarda e
conservação da coisa, muito embora o depositário deva
restituir o bem ao depositante imediatamente a sua solicitação.
Nessa espécie, é permissível que o depositário pratique atos de
comércio com o bem, como o arrendamento ou até a alienação
do bem objeto do contrato e depósito, evidenciando a
importância de tal bem dever ser substituível. Na obra de Silvio
Venosa, como já citado, há uma comparação ou menção do
presente contrato com o contrato de mútuo bancário, em que
leva-se em conta como objeto depósito o valor de um
empréstimo e não as cédulas que serão emitidas, por exemplo.

No que tange a negativa de restituição do bem por parte do


depositante, nos casos em que o depositário não possui
condições hábeis para continuar guardando o bem, pode este
segundo consignar o bem em juízo, conforme estabelece o
artigo 635, do Código Civil. Entretanto, tal dispositivo
estabelece que o depositário tenha motivo plausível para não
mais continuar na relação jurídica. A restituição não ocorrerá
sobre mera conveniência do depositário.

Vislumbrando coibir fraudes, o artigo 644, do Código Civil,


autoriza o depositário a reter a coisa até que lhe seja pago o
valor gasto com as despesas gerais ou eventuais outras
despesas para a conservação, sob o ônus de provar de plano tal
situação. Vejamos o que está disciplinado no referido artigo:
“Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe
pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou
dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.”.

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