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INSTITUTO ENSINAR BRASIL

FACULDADE DOCTUM DE JUIZ DE FORA

CURSO DE DIREITO

Aluno: Vittório Mendes Madeira

Docente: Rafael Soares Firmino

RESUMO DOUTRINÁRIO

Trabalho escolar apresentado à Faculdade de Direito da Rede de


Ensino Doctum – Campus Juiz de Fora Centro matutino como
requisito parcial para aprovação na disciplina Introdução ao
Direito Civil- Sucessões.

Juiz de Fora, 07 de Novembro de 2021


DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

INVENTÁRIO

De acordo com a ilustre jurista Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas, o


procedimento especial do inventário e da partilha está disciplinado na parte
especial do novo código de processo civil, especificamente nos artigos 610 a 673
CPC/2015.

O inventário poderá ser realizado por duas vias, a judicial e a extrajudicial. A forma
judicial acontecerá quando houver testamento ou no caso de interesse de incapaz.
Será extrajudicial quando todos os herdeiros forem capazes, com a escritura
pública sendo o documento hábil para a transferência dos bens do falecido, como
também para o levantamento das quantias financeiras depositadas em instituições
financeiras.

Para o tabelião lavrar a escritura pública que servirá de documento hábil para a
partilha, devem os herdeiros estarem constituídos de advogado ou defensor
público, inclusive com a assinatura dos causídicos no ato notarial.

O prazo para a abertura do inventário é de 2 meses, começando a contar após a


abertura da sucessão, como dispõe o artigo 611 do CPC/2015, in verbis:

Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a
contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz
prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. (CPC/2015).

O não cumprimento do prazo previsto no artigo 611 não preclui o direito dos
herdeiros, porém poderão ser onerados através de multa por lei estadual.

De acordo com o artigo 615 do CPC, é legítimo para realizar o requerimento do


inventário quem deter a posse e a administração do espólio, sendo este o
administrador provisório até que se nomeie um inventariante.

Possui legitimidade também para o requerimento do inventário o cônjuge ou


companheiro supérstite, o herdeiro, o legatário, o testamenteiro, o cessionário do
herdeiro ou legatário, o credor destes ou do autor da herança, o administrador
judicial da falência do herdeiro ou do legatário, bem como do autor da herança ou
do cônjuge ou companheiro supérstite, o Ministério Público, havendo incapazes e a
Fazenda Pública, quando tiver interesse nos termos do art. 616 do CPC.

O foro competente para a abertura do inventário será o mesmo da abertura da


sucessão, que se dá no último domicílio do falecido, entretanto, caso o falecido
tenha mais de um domicílio será competente o último, nos termos da lei.

Caso o de cujus não possuía domicílio certo, será competente a comarca onde
estão situados os bens, porém, se possuía bens em comarcas distintas, será
competente o local onde se deu o óbito.

Enquanto não houver inventariante deverá o juiz nomear um administrador


provisório, até que seja nomeado um inventariante definitivo.

O inventariante tem a função de representar o espólio ativa e passivamente, seja


de forma judicial ou extrajudicial, assumindo a obrigação de impulsionar o
inventário e levar a partilha, sendo esse ônus mitigado ao inventariante seja ele
dativo ou extrajudicial.

A nomeação do inventariante está disposta no artigo 617 do CPC/2015, que afirma


de forma taxativa e preferencial, quem possui legitimidade para assumir a posição
de inventariante, peço vênia, para transcrever logo abaixo:

Art. 617/CPC: O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:


I – o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo
da morte deste;

III – qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio;

IV – o herdeiro menor, por seu representante legal;

V – o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança


estiver distribuída em legados;

VI – o cessionário do herdeiro ou do legatário;

VII – o inventariante judicial, se houver;

VIII – pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.


Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o
compromisso de bem e fielmente desempenhar a função (BRASIL, 2015).

Os artigos 618 e 619 do CPC/2015 dispõem sobre as funções do inventariante,


dando ressalva as suas obrigações e deveres, dentre eles estão a
responsabilidade de prestar conta dos bens do espólio seja em juízo ou não,
impedido de ser remunerado por esta atividade, salvo se for dativo.

Caso o inventariante não cumpra com suas obrigações e não exerça sua função
da forma correta, estas atitudes poderão ocasionar em sua remoção, de ofício ou a
requerimento dos outros herdeiros, sendo apensado ao processo principal, por se
tratar de um incidente. Tem o inventariante o prazo de 15 dias para apresentação
de defesa e caso removido, entregará ao novo nomeado as posses dos bens, nos
termos do artigo 622 do CPC/2015.

Caso realizarmos um panorama sobre o processo do inventário, este possui as


seguintes etapas: sua abertura, no prazo de 2 meses após a abertura da sucessão;
a nomeação do inventariante; o oferecimento das primeiras declarações; a citação
dos interessados; a avaliação dos bens; o cálculo e pagamento de impostos
devidos; as últimas declarações e a partilha e sua homologação.

Apesar de se tratar de um procedimento teoricamente simples, devem ser


observados todos os requisitos previstos em lei juntamente com os prazos, para
que este ocorra de forma solene e correta.

DA PARTILHA

Após o processo de separação de bens para o pagamento das dívidas do autor da


herança, situação que está prevista no artigo 642, §3º do CPC/2015, se dará início
a partilha, onde o juiz facultará as partes para que, no prazo de 15 dias formulem o
pedido de quinhão e, logo em seguida, proferirá a decisão da deliberação da
partilha, decidindo sobre a matéria dos pedidos das partes, destinando os bens
que irão integrar a cada quinhão dos herdeiros ou legatários, nos termos do artigo
647 do CPC/2015.
Na partilha serão observados alguns aspectos, sendo eles a máxima igualdade
possível quanto ao valor, a natureza e à qualidade dos bens; prevenção em
relação a litígios futuros; a máxima comodidade de coerdeiros, do cônjuge ou
companheiro, caso seja o caso, assim como dispõe o artigo 648 do CPC/2015

O artigo 651 do CPC/2015 prevê que o partidor organizará o esboço da partilha de


acordo com decisão judicial, observando nos pagamentos a ordem disposta no
artigo: l- dívidas atendidas; ll- meação do cônjuge; lll- meação disponível; lV-
quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.

Após o esboço, as partes se manifestarão no prazo de 15 dias e, resolvidas as


reclamações, a partilha será lançada nos autos, de acordo com o artigo 652 do
CPC/2015.

Após ser quitado o imposto de transmissão a titulo morte, bem como juntado aos
autos a certidão ou informação negativa de dívida a Fazenda Pública, o juiz julgará
através de sentença a partilha e, após a sentença ter transitado em julgado, os
herdeiros receberão os bens que lhe convém junto a um formal de partilha.

Mesmo após a sentença que julgou a partilha ter transitado em julgado, esta
poderá ser juntada aos autos, com a anuência de todas as partes, quando houver
erro de fato na descrição dos bens, podendo o juiz corrigir este equívoco de ofício
ou a requerimento das partes, a qualquer tempo, nos termos do artigo 656 do
CPC/2015.

O prazo para a anulação da partilha amigável, lavrada em documento público é de


um ano com a contagem dos prazos se tratando da coação, do dia em que a
mesma se cessou, do erro ou dolo, no dia que fora realizado o ato e, do incapaz,
do dia em que se cessar sua incapacidade. A partilha será anulável nas hipóteses
em que ocorrerem dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz,
observando os ditames legais previstos no artigo 657 do CPC/2015.
É rescindível também a partilha realizada por sentença em que ocorrerem as
hipóteses previstas no 657; quando houver preterição das formalidades legais e
caso se tenha preterido herdeiro ou quem não seja.

DA COLAÇÃO E DA SONEGAÇÃO

DA COLAÇÃO

A colação é o ato no qual o herdeiro, informa dentro do processo de inventário, o


recebimento de bens em vidas, doados pelo falecido. Se trata de instituto de direito
material, com a renúncia dos herdeiros necessários em relação à herança dos
bens que já lhe foram doados anteriormente, com a finalidade de equalizar as
quotas hereditárias, sob pena de sonegação, caso os herdeiros beneficiados
omitem essa informação.

REFERÊNCIAS

BOBBIO, Norberto. Positivismo Jurídico. Trad. Márcio Pugliese. São Paulo:


Ícone, 1995, p. 135-136.
DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. 2ª ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2011.

DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro, v.6: direito das sucessões,
18 ed, São Paulo: SARAIVA, 2004,.

DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 6ª ed. São Paulo: Saraiva,
2011.

FACHIN, Luiz Edson. Repensando fundamentos do direito civil brasileiro


contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.

FARIAS, Cristiano Chaves; RONSENVALD Nelson. Direito das Famílias. 3ª ed.


Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo.
Novo Curso de Direito Civil- Direito de Família: As famílias em perspectiva
constitucional. São Paulo: Saraiva, 2011.

LEITE, Eduardo de Oliveira. Estudos de Direito de Família e pareceres de


Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

TARTUCE, Flávio, Manual de Direito Civil. 4º edição, 2013, p. 79

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