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FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS GAMALIEL

CURSO DE CIÊNCIAS HUMANAS - BACHARELADO EM DIREITO

CLEIRE WILCI FRANCO DO VALE

INVENTÁRIO E PARTILHA
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2015

TUCURUÍ / PARÁ - 2019


CLEIRE WILCI FRANCO DO VALE

INVENTÁRIO E PARTILHA
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2015

Trabalho apresentado à Faculdade Gamaliel,


como requisito parcial à obtenção de nota na
disciplina Processo Civil 4 do curso de
Bacharel em Direito.

Professora responsável: Ailine Rodrigues

TUCURUÍ / PARÁ - 2019


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------04
1 - DISPOSIÇÕES GERAIS-----------------------------------------------------------------------05
2.1 – LEGITIMIDADE PARA REQUERER O INVENTÁRIO-------------------------------06
2.2 - INVENTARIANTE E PRIMEIRAS DECLARAÇÕES----------------------------------06
3. PARTILHA------------------------------------------------------------------------------------------07
4. CONCUSÃO----------------------------------------------------------------------------------------10
5. REFERÊNCIAIS-----------------------------------------------------------------------------------11
4

INTRODUÇÃO

O inventário e a partilha geralmente são encarados como fazendo parte do


mesmo processo, iniciado com o inventário finalizado com a partilha e adjudicação
dos bens aos herdeiros. Desta forma, aprofundar os conhecimentos sobre esse
assunto, sua forma de efetivação e os requisitos necessários para seu registro são
imprescindíveis para um acadêmico de direito.
Assim, o presente trabalho trata sinteticamente da legislação estabelecida
na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, conhecida como Novo Código de
Processo Civil, uma vez que veio inovar o códex anterior de 1973, mais
especificamente o que diz respeito ao Direito de Sucessões no que tange ao
Inventário e a Partilha. Portanto, o trabalho comentará os artigos mais importantes
apresentados pelo legislador ao que se refere o tema pesquisado.
5

1 - DISPOSIÇÕES GERAIS

A partir de 18 de março de 2016 o Novo Código de Processo Civil (NCPC)


passou a vigorar, assim o códex, entre os artigos 610 e 673, apresentou importantes
inovações a respeito do inventário e partilha no direito processual civil brasileiro.
Importante se faz, antes de continuar, esclarecer o que vem a ser inventário
e partilha. Desta forma, vejamos os conceitos estabelecidos por Galvão & Silva1:
O inventário consiste no procedimento judicial que envolve o levantamento
de bens da pessoa falecida, dos herdeiros e de todas as características
necessária para dar prosseguimento jurídico à questão. Via de regra, todo
inventário é feito pela via judiciária (ativando o Poder Judicial para ocorrer).
A partilha, por sua vez, é a etapa para a qual um inventário evolui – ou que
o substitui, dependendo do caso – que consiste em atribuir, a cada herdeiro,
a parte que lhe é de direito. Em outras palavras, a partilha indica da
distribuição dos bens – um ato de partilhar, propriamente dito – enquanto o
inventário corresponde a todo o processo anterior.

O inventário e a partilha se encontram no direito das sucessões


estabelecidos entre os artigos 610 a 673 do Capítulo VI do Novo Código de
Processo Civil de 2015 (Lei nº 13.105/2015). Sendo que logo no artigo 610 o
legislador apresenta a possibilidade de regimes do inventário e partilha, onde os
mesmo podem ser judiciais ou extrajudiciais. Assim, no caso de haver testamento
ou se o interessado não tiver plena capacidade mental, o inventário será
obrigatoriamente judicial. No caso contrário, o inventário pode ser feito através de
escritura pública, contanto que as partes interessadas estejam devidamente
assistidas por seus respectivos advogados ou defensores públicos.
No artigo 611 encontram-se os prazos estabelecidos para a sucessão,
sendo dois meses para a abertura do processo sucessório e doze meses posteriores
para encerramento. Mas há a possibilidade do Juiz solicitar o aumento desses
prazos.
O artigo 612 estabelece que o Juiz tem a autonomia de decisão baseado no
que lhe for apresentado devidamente documentado. Assim sendo, decisões em
outras vias só serão necessárias se outras questões forem apresentadas
dependendo de documentos probatórios.

1
GALVÃO E SILVA Advogados. Qual a diferença entre inventário e partilha? Disponível em:
https://galvaoesilvaadvocacia.jusbrasil.com.br/artigos/519449937/qual-a-diferenca-entre-inventario-e-partilha
- Consultado em 01/11/2019
6

2.1 – LEGITIMIDADE PARA REQUERER O INVENTÁRIO

A legitimidade para requerer o inventário encontra-se estabelecida no caput


do artigo 615, onde: “O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem
estiver na posse e na administração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611”2.
Há um parágrafo único no artigo supracitado que especifica de forma clara
que, para dar-se inicio ao processo de inventário, feito através da petição inicial, é
indispensável o acompanhamento da certidão de óbito do de cujo, tornando esta
certidão um documento indispensável para a ação.

Os incisos I a IX do artigo 616 tratam daqueles que podem concorrer a ação


de inventário e partilha. Assim, vejamos:
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
I – o cônjuge ou companheiro supérstite;
II – o herdeiro;
III – o legatário;
IV – o testamenteiro;
V – o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI – o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII – o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII – a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
IX – o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor
da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite3.

2.2 - INVENTARIANTE E PRIMEIRAS DECLARAÇÕES

Os incisos de I a VIII do artigo 617 elencam aqueles que tem o direito a ser
inventariantes. Os habilitados recebem a intimação de tal situação e tem prazo de
até cinco dias para apresentar o compromisso de bem e assim assumir como
inventariante. Já as funções de inventariante estão dispostas nos artigos 618 e 625,
sejam elas: “administrar e representar o espólio ativa e passivamente; prestar
primeiras e últimas declarações; alienar bens de qualquer espécie, etc”4.
A respeito das primeiras declarações o artigo 620 é bem claro:

2
FLEXA, Alexandre. MACEDO, Daniel. BASTOS, Fabrício. Novo Código de Processo Civil. 3. ed. Bahia: JusPodivm,
2015. Pg. 173.
3
NEVES, Daniel Assumpção Amorim. Novo cpc comentado artigo por artigo. Bahia: JusPodivm, 2016. Pg. 211.
4
LIMA, Assis. Do inventário e da partilha no novo Código de Processo Civil. Jusbrasil, 2016. Disponível em:
https://assislima10.jusbrasil.com.br/artigos/330468934/do-inventario-e-da-partilha-no-novo-codigo-de-
processo-civil - Consultado em 03/11/2019.
7

Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o compromisso,


o inventariante fará as primeiras declarações, das quais se lavrará termo
circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo escrivão e pelo inventariante5.

Há, contudo, no artigo 622, a hipótese do inventariante ser removido de suas


funções, podendo o mesmo defender-se no prazo de quinze dias. No caso de sua
remoção, deverá passar a quem o substituir os bens do espólio, onde se não
cumprido um mandado será expedido para busca e apreensão ou imissão na posse,
sem prejuízo de multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a três por
cento do valor dos bens inventariados.

3 – DA PARTILHA

Os artigos 647 a 658 trazem a regulação da partilha, onde os bens são


devidamente separados, de modo que os credores hábeis a receber tenham suas
dividas recebidas, e os demais bens sejam alienados por ondem do magistrado de
acordo com o que o NCPC determina a respeito da expropriação.
Após a etapa descrita acima, o juiz dá o prazo de quinze dias para as partes
apresentem o pedido formal de quinhão. A decisão do juiz em relação a partilha,
designando os bens que devem constituir o quinhão de cada herdeiro e legatário,
será então proferida.
O autor Daniel Assumpção Amorim Neves6 nos chama a atenção ao
parágrafo único do artigo 647, que versa a respeito da antecipação dos bens para
qualquer um dos legítimos herdeiros que pode ser feita pelo Juiz. Assim, os bens
antecipados serão considerados no momento da partilha como sendo parte do
quinhão daquele que os antecipou.
No que tange ao processo de partilha o Novo CPC apresenta:
a) máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos
bens;
b) prevenção de litígios futuros; e,
c) máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou companheiro (a)7.

5
BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 - Código de Processo Civil.PLANALTO, 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm - Consultado em 01/11/2019
6
NEVES, Daniel Assumpção Amorim. Novo cpc comentado artigo por artigo. Bahia: JusPodivm, 2016. Pg. 211.
7
LIMA, Assis. Do inventário e da partilha no novo Código de Processo Civil. Jusbrasil, 2016. Disponível em:
https://assislima10.jusbrasil.com.br/artigos/330468934/do-inventario-e-da-partilha-no-novo-codigo-de-
processo-civil - Consultado em 03/11/2019.
8

Uma importante inovação pelo CPC/2015 é a possibilidade de “bens


insuscetíveis de divisão cômoda, serem licitados entre os pretendentes ou
alienantes judicialmente, partilhando-se assim, o valor respectivo, salvo se houver
acordo de serem adjudicados a todos”8.
O esboço da partilha será apresentado determinando o pagamento e seus
destinatários de forma crescente conforme o artigo 651. Deste modo, o
procedimento de esboço de partilha fica sujeito ao exposto no artigo 652: “Feito o
esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de 15 (quinze) dias,
e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos”9.
O Art. 653 comanda que a partilha constará de duas partes ideais:
a) O auto de orçamento previsto nas exigências do inciso I e,
b) A folha de pagamento para cada parte que deve observar o disposto no
inciso II.

Cumprido então todos os devidos pagamentos dos credores e de impostos e


a certidão ou comprovante que ateste a ausência de dividas pendentes a Fazenda
Pública, o juiz julgará por sentença a partilha.
Assim, o herdeiro poderá receber os bens que lhe foram resguardados tal
qual um formal de partilha, do qual constarão as peças arroladas nos incisos de I a V
do Art. 655. Uma certidão que ateste o pagamento de quinhão hereditário poderá
substituir o formal de partilha citado, nos casos em que a soma dos bens e valores
não ultrapassem o valor de cinco salários mínimos.
Para finalizar, cabe frisar que a partilha poderá ser rescindida nas situações
apresentadas pelo artigo 657:

Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a


termo nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado
pelo juiz, pode ser anulada por dolo, coação, erro essencial ou intervenção
de incapaz, observado o disposto no § 4º do art. 966.
Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1
(um) ano, contado esse prazo:
I – no caso de coação, do dia em que ela cessou;
II – no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
III – quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade10.

8
Ibdem.
9
FLEXA, Alexandre. MACEDO, Daniel. BASTOS, Fabrício. Novo Código de Processo Civil. 3. ed. Bahia: JusPodivm,
2015.
10
NEVES, Daniel Assumpção Amorim. Novo cpc comentado artigo por artigo. Bahia: JusPodivm,
2016.
9

A partilha julgada poderá ser rescindida, se formalmente solicitada com


preterição de formalidades legais ou se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.

4. CONCLUSÃO
10

Ao finalizar a pesquisa para este trabalho, há de se reconhecer o valor


judicial e social do inventário e da partilha, pois conhecendo mais detalhadamente
os procedimentos que envolvem estes atos entende-se que são necessários para
manter fluente o bom convívio entre aqueles deixados pelo de cujo a qual os bens
tendem a ser deixados à partilha.
Para o profissional do direito fica claro que é de extrema importância
conhecer e dominar a legislação que gere os procedimentos de inventário e partilha,
para se atingir o correto andamento e a finalidade pretendida. O assunto é deveras
amplo, entretanto o trabalho buscou expor o que de mais importante há de se
observar no tema e o que o código de 2015 inovou em relação ao seu antecessor.

5. REFERÊNCIAS
11

BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 - Código de Processo


Civil.PLANALTO, 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm - Consultado
em 01/11/2019

FLEXA, Alexandre. MACEDO, Daniel. BASTOS, Fabrício. Novo Código de Processo


Civil. 3. ed. Bahia: JusPodivm, 2015.

GALVÃO E SILVA Advogados. Qual a diferença entre inventário e partilha?


Disponível em:
https://galvaoesilvaadvocacia.jusbrasil.com.br/artigos/519449937/qual-a-diferenca-
entre-inventario-e-partilha - Consultado em 01/11/2019

LIMA, Assis. Do inventário e da partilha no novo Código de Processo Civil. Jusbrasil,


2016. Disponível em: https://assislima10.jusbrasil.com.br/artigos/330468934/do-
inventario-e-da-partilha-no-novo-codigo-de-processo-civil

NEVES, Daniel Assumpção Amorim. Novo cpc comentado artigo por artigo. Bahia:
JusPodivm, 2016.

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