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MINI CURSO DE

INVENTÁRIO
JUDICIAL
SEJA BEM VINDO
Tiago Pereira
tpadvogado@gmail.com
INVENTÁRIO JUDICIAL (ART. 610, NCPC).

Um dos procedimentos mais procurados pelos clientes na advocacia cível, o inventário


foi alvo de mudanças significativas com o NCPC, especificamente no procedimento.

Com relação as peças processuais, poucas alterações tivemos. Somente com relação
aos dispositivos legais.
Atualmente existe a forma do inventário judicial e o extrajudicial que antes era
regulado por resolução do CNJ e hoje tem previsão legal no próprio CPC/2015.

O procedimento extrajudicial tem sido a forma mais célere para partilha de bens. Mais
fácil de realizar desde o atendimento, recolhimento de informação e relação junto ao
cartório responsável.

Precificação do inventário tem variado entre R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00 ou 6% sobre o


monte mor.
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
Relação de documentos para inventário judicial:
- Documentos Pessoais do de cujus e herdeiros (CPF, RF, Endereço), inclusive dos
cônjuges dos herdeiros
- Certidão de Óbito atualizada
- Certidão de casamento e nascimento de todos atualizada
- Escritura pública de união estável
- Certidões negativas de débitos da União, Estados e Município
Documentos dos bens:
- Certidão de matrícula atualizada ou escritura pública
- Guia de IPTU
- Certidão negativa de débitos com o município
- Certidão de Cadastro de Imóvel Rural
- Veículo: CRLV ou Recibo de Compra
- Declaração IR
- Extratos bancários
- Contrato social (empresa).
FORMAS DE PARTILHA

Inventário Judicial – testamento, ou quando as partes não estiverem de


acordo ou quando há menor envolvido. (Art. 610 e seguintes).
Arrolamento Sumário – partes capazes e de acordo (art. 660, NCPC).

DICAS PARA ATENDIMENTO


Antes de passar valores aos clientes, explique como será feita a partilha e o
procedimento adotado.
Faça um levantamento prévio dos bens com base nas informações prestadas
pelos clientes.
O recomendável é que se converse com todos os herdeiros e principalmente
com quem será nomeado inventariante.
Explique o valor do ITCMD, quando será feito o pagamento e que os valores
de tributos ou custas do processo não fazem parte dos seus honorários.
CONCEITO

Inventário e partilha deve ser compreendido como o procedimento especial destinado


a identificar os bens deixados pelo falecido, verificar sua exatidão, inclusive na
perspectiva de herdeiros preteridos (deixados de fora) ou de bens que devam ser
trazidos a colação, quantificar seu valor, apurar e providenciar o recolhimento do
tributo incidente pela transferência de bens em virtude da morte, pagar seus credores
e partilhá-los (no sentido de dividi-los) entre os herdeiros e legatários.

Abre a sucessão com o falecimento – princípio da Saisine


PRAZO PARA ABERTURA – em até 2 meses a contar da abertura da sucessão, devendo
ser finalizado em até 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar os prazos de
ofício ou a requerimento da parte (art. 611)

Obs: as questões que demandam prova testemunhal ou pericial serão resolvidas pelo
procedimento comum. Não paralisa o inventário (art. 612).
LEGITIMIDADE
Podem requerer o inventário e partilha quem estiver administrando o espólio
(art. 615, ler art. 613), tendo legitimidade concorrente:
- Cônjuge ou companheiro supérstite
- Herdeiro
- Legatário
- Testamenteiro
- Cessionário do herdeiro ou do legatário
- Credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança
- MP havendo herdeiros incapazes
- Fazenda pública quando tiver interesse
- Administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da
herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite
Há responsabilidade do administrador provisório dos bens – Art. 614.
DA ABERTURA E PRIMEIRAS DECLARAÇÕES
O inventariante será nomeado na ordem do art. 617.
Por petição dirigida ao juízo competente (domicílio do autor da herança) art.
48, indicando o inventariante quando deverá ser intimado para prestar
compromisso em 5 dias.

A petição deve conter a qualificação de quem requer o inventário, indicar se


há testamento, quem será nomeado inventariante com sua qualificação,
descrição do autor da herança e data do óbito, número de herdeiros e se há
bens a inventariar.

Obrigações do inventariante nos termos do art. 618 do NCPC.

Dentro de 20 dias após a prestação de compromisso, o inventariante prestará


as primeiras declarações, em que se lavrará termo circunstanciado em que
assina, juiz, escrivão e o próprio inventariante.
Incumbe ainda ao inventariante nomeado, com autorização judicial, alienar bens de
qualquer espécie, transigir em juízo ou fora dele, pagar dívidas do espólio, fazer as
despesas necessárias para conservação e o melhoramento dos bens do espólio. Art.
619

ESTRUTURA DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES Art. 620.


Deve constar na petição de primeiras declarações:
- Qualificação do de cujus, data do óbito e se havia testamento.
- Qualificação dos herdeiros, cônjuge ou companheiro supérstite, regime de bens ou
da união estável.
- Qualidade dos herdeiros e grau de parentesco com o inventariado
- Relação completa e individualizada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles
que devem ser conferidos à colação e dos bens alheios que nele forem encontrados:
bens imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, joias ou objetos de ouro e prata, pedras
preciosas, título de dívida pública, ações, quotas, títulos de sociedade, dívidas ativas
e passivas, direitos e ações, valor corrente de cada um dos bens do espólio.
PROCESSAMENTO
Recebida a petição de primeiras declarações, o juiz mandará citar para os termos do
inventário e da partilha, o cônjuge, companheiro, herdeiros e legatários e intimar a
fazenda pública, MP, se houver incapaz ou ausente e o testamenteiro se houver
testamento (art. 626).

Todos os citados (por correios) terão o prazo de 15 dias para se manifestarem


podendo:
- Arguir erros, omissões e sonegação de bens
- Reclamar contra nomeação do inventariante
- Contestar a qualidade de quem foi incluído no titulo de herdeiro
Sonegação do inventariante (art. 621), motivos para ser removido (art. 622) defesa
(art. 623).
Com ou sem defesa do inventariante o juiz irá decidir por sua manutenção ou
remoção. Se remover, o juiz nomeará novo inventariante na ordem do art. 617.

O inventariante substituído entregará ao substituto, todos os bens, sob pena de sofrer


mandado de busca e apreensão ou imissão na posse sem prejuízo de multa até 3%
sobre o valor dos bens inventariados. Art. 625.

Apresentadas as primeiras declarações, o juiz intima o cônjuge, o companheiro, os


herdeiros, os legatários, fazenda pública e MP se houver incapaz e o testamenteiro se
for por testamento. Art. 626.

Entendendo melhor o art. 627.


Se o juiz acolher a impugnação nos termos do inciso I, mandará retificar as primeiras
declarações.
Se o juiz acolher o pedido do inciso II, nomeará novo inventariante.
Se houver disputa sobre a qualidade de herdeiro (III), demanda prova (que não seja
documental, o juiz vai remeter as partes as vias ordinárias.
Sobrestará o feito até a o julgamento da ação.
Aquele que se julgar preterido, poderá requerer sua admissão no inventário antes da
partilha. Ouve-se as partes em 15 dias. Se para a solução da questão demandar prova
que não seja documental, o juiz mandará as partes para as vias ordinárias. Art. 628.

A fazenda pública informará nos autos em 15 dias sobre os valores dos bens descritos
nas primeiras declarações.

DA AVALIAÇÃO DOS BENS

O juiz vai nomear perito para avaliação dos bens indicados. Se a fazenda concordar
com os valores indicados nas primeiras declarações e todos os interessados forem
capaz, essa avaliação é dispensada.
DO IMPOSTO
O imposto incidente é o ITCMD de competência Estadual. No estado de SP, a
alíquota é de 4% aplicado sobre o valor venal do bem imóvel, tabela fipe de
veículo e sobre valor real dos demais bens a inventariar.
O ITCMD é recolhido com base na declaração feita no site da fazenda
estadual. Feita a declaração, emite-se a guia. Pagando a guia, junta aos autos
para posterior partilha.

A declaração corresponde já a partilha dos bens nos quinhões devidos ou


acordados.

Após as impugnações as primeiras declarações, o juiz nomeia perito para


avaliação dos bens. Avaliação feita nos termos dos arts. 872 e 873, NCPC.
Não expedirá carta precatória para bens de outras comarcas de pequenos
valores ou de conhecimento do perito.
Se a fazenda concordar com os valores, não há avaliação.
Em atenção ao contraditório, o juiz intimará as partes para se manifestarem
sobre o laudo do perito avaliador, prazo de 15 dias.

Resolvidas as impugnações ou aceito os valores apresentados, lavrar-se-á em


seguida o termo de últimas declarações em que o inventariante poderá
emendar, aditar ou complementar as primeiras.

Após, o juiz da prazo para ouvir as partes em 15 dias. Feito isso, passa-se ao
cálculo do tributo. Art. 637.

Feito o cálculo as partes também poderão se manifestar em 5 dias.


(contabilista judicial). Se impugnado e aceito pelo juízo, mandará ao
contabilista para corrigir o cálculo.

A declaração quem faz é as partes com base nos cálculos já apresentados.


DAS COLAÇÕES
Trata-se de uma conferência dos bens da herança com outros transferidos
pelo “de cujus”, em vida, aos seus descendentes, promovendo o retorno ao
monte das liberalidades feitas pelo autor da herança antes de falecer, para
uma equitativa apuração das quotas hereditárias dos sucessores legitimários.
Segundo a lei civil: “Os descendentes que concorrerem à sucessão do
ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor
das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação”. A colação
tem por fim igualar, na proporção estabelecida no Código Civil, as legítimas
dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os
donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os
bens doados.

FUNDAMENTAÇÃO
* Artigos 2.002 a 2.012 do Código Civil
* Artigos 639 a 641 do Código de Processo Civil
No prazo de 15 dias (art. 627), o herdeiro que recebeu bens em doação do
autor da herança enquanto vivo, deverá trazer à colação, conferindo por
termo nos autos ou por meio de petição. Se não os possuir, trazer-lhe o valor.

Se o herdeiro negar trazer à colação, o juiz mandará sequestra-los (art. 641,


parágrafo 1º.

DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS

Já no atendimento ao cliente, verifique se há dividas a serem apuradas para


constar do inventário para que nenhum credor apareça de surpresa e
requeira a abertura ou sua habilitação.

Antes da partilha, pode os credores do espólio requerer o pagamento. Art.


642. Petição deve acompanhar prova literal da dívida e será distribuída por
dependência e autuada em apenso.
Se as partes concordarem com o credor e com a dívida, este será habilitado, e
será separado o dinheiro ou bens suficientes ao pagamento. Separados os
bens o juiz mandará aliená-los observando-se o rito da expropriação. Art.
642.

Se não houver concordância, o juiz remete os autos para as vias ordinárias,


reservando bens suficientes para pagar o credor quando a dívida constar de
documento que comprove suficientemente a obrigação. Art. 643.

Se a dívida for líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer a habilitação
no inventário. Vencida a dívida, será promovida a execução e requerida a
habilitação.
DA PARTILHA

Se houver credores e resolvida as dívidas do falecido, as partes deverão


formular seus pedidos de quinhão dos bens para fins de partilha.

Prazo de 15 dias para formularem o pedido de quinhão e em seguida, o juiz


decidirá a deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e
designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro.

Para tanto o juiz deve observar a máxima igualdade possível, prevenção de


litígios futuros, máxima comodidade aos coerdeiros, do cônjuge ou do
companheiro se for o caso. Art. 648.

Se um dos interessados for nascituro, o quinhão que lhe cabe será reservado
em poder do inventariante até o seu nascimento.
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA PARTILHA
O juiz por decisão fundamentada, poderá deferir antecipadamente a
qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e de fruir de
determinado bem, com a condição de que, ao término do inventário, tal bem
integre a cota desse herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os
ônus e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos. Ex: percepção de
aluguel para sustento de um dos herdeiros, que já recebia antes da morte do
autor da herança.

DO ESBOÇO E SENTENÇA DE PARTILHA


Não havendo acordo é feito o esboço as partes terão 15 dias para se
manifestarem.
A partilha constará (art. 653):
- De auto de orçamento, que mencionará: nomes do autor da herança, do
inventariante, do cônjuge ou do companheiro supérstite, dos herdeiros, dos
legatários e dos credores admitidos; o ativo, passivo e o liquido partível com
as necessárias especificações; valor de cada quinhão.
- De folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a
razão do pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as
características que os individualizam e os ônus que os gravam.

Pago o imposto, juntado aos autos, o juiz julgará a partilha por sentença

A partilha é rescindível em casos de dolo, coação, erro essencial ou


intervenção de incapaz, feita com preterição de formalidades legais, preteriu
herdeiro ou incluiu quem não seja.
Pode as partes apresentarem o acordo sobre a partilha dos bens, caso em que
o juiz fará a homologação por sentença. (Rito do Arrolamento).
DO FORMAL DE PARTILHA (art. 655)
Após o trânsito em julgado da decisão que partilhou os bens, será concedido
a cada um dos herdeiros o formal de partilha:
- Termo de inventariante e título de herdeiros
- Avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro
- Pagamento do quinhão hereditário
- Quitação dos impostos
- Sentença
Pode ser substituído por certidão de pagamento do quinhão hereditário
quando esse não exceder 5 vezes o salário mínimo.
DO RITO DO ARROLAMENTO art. 659.
Sendo amigável a partilha e todos serem capazes nos termos da lei, a partilha
será homologada de plano pelo juiz, observando os artigos 660 a 663.

Também se fará arrolamento quando o pedido for de adjudicação havendo


somente um herdeiro.

Transitado em julgado a sentença que homologa a partilha ou adjudicação,


será lavrado o formal e elaborada a carta respectivamente, intimando o fisco
para lançamento administrativo do imposto.

Na petição do inventário nessa modalidade, deve conter nomeação do


inventariante, declaração dos títulos dos herdeiros e dos bens do espólio,
atribuição do valor aos bens do espólio
Para levantamento de valores em conta corrente de valores devidos pelo
empregador ao empregado falecido, PIS e FGTS, utiliza-se do Alvará Judicial
previsto na lei 6.858/80 com a prova da dependência perante o INSS ou na
ordem sucessória previsto na lei civil.

Contas com saldo e restituição de IR também será levantado por meio de


alvará. (modelo de peça na área do aluno).
MAPA PROCESSUAL DO INVENTÁRIO JUDICIAL

Petição Nomeação Primeiras Intimação Avaliação Levantamento Colação Partilha


Abertura Inventariante Declarações Herdeiros dos bens dos credores

Compromisso

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