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CURSO GRATUITO

PRÁTICA EM INVENTÁRIOS
25 A 28 DE ABRIL DE 2022
PROF. ROBERTO RIBEIRO

AULA 03
INVENTÁRIO JUDICIAL E PARTILHA

RITOS DO INVENTÁRIO

 Rito Residual (comum)


 Arrolamentos:
o Comum (até 1.000 salários mínimos – art. 664);
o Sumário (maiores e capazes com acordo – art. 659);

PROCEDIMENTO DO INVENTÁRIO RESIDUAL

1º) PEDIDO DE ABERTURA


 Prazo 2 meses, caso seja ajuizado após esse prazo haverá a
incidência de multa no ITCD.
 Em relação ao foro (art. 48 CPC), deve ser aberto no último
domicílio do falecido. Todavia, como se trata de regra de
competência relativa, se for aberto em outro local e ninguém se
insurgir, a competência será prorrogada;
 A legitimidade para a abertura será dos herdeiros ou outros
interessados como credores dos herdeiros ou do de cujus, art. 615
CPC.
 Em relação aos documentos necessários, basta procuração e o
atestado de óbito para ajuizar a ação de inventário. É importante
saber disso, pois mesmo que você não tenha todos os documentos,
como matrícula de imóveis, dados dos demais herdeiros, etc, ajuíze
a ação mesmo assim, para evitar a incidência de multa por atraso na
abertura. Se o cliente já disponibilizou procuração e atestado de
óbito, ele pode te responsabilizar pela multa caso não seja aberto o
inventário no prazo de 2 meses.
 Valor da causa será uma estimativa real e correta dos bens, não
havendo necessidade de ter certeza do valor dos bens, pois quando

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necessário poderá ser realizada a avaliação judicial. Nesse caso, o


juiz poderá determinar a retificação do valor da causa com o
recolhimento de custas complementares.

2º) DESPACHO INICIAL (ART. 617):


 Ao receber a inicial, o juiz determinará a abertura do inventário,
nomeará o inventariante, determinará a sua intimação para
assinatura do termo e apresentação das primeiras declarações.

3º) EXPEDIÇÃO E ASSINATURA DO TERMO


 O inventariante nomeado deverá assinar o termo, que será utilizado
para que ele legitime sua função. Esse documento poderá inclusive
ser assinado pelo advogado, caso tenha procuração com poderes
específicos.

4º) PRIMEIRAS DECLARAÇÕES (ART. 620)


 Nas primeiras declarações serão apresentados, se houver, o
testamento, relação e qualificação dos herdeiros, o cônjuge e
possível existência de meação, relação de discriminação dos bens,
relação das dívidas e créditos. Será apresentado um panorama geral
informando ao juízo o que foi levantado do patrimônio do de cujus.

5º) CITAÇÃO INTERESSADOS (ART. 626)


 Os interessados são os herdeiros, cônjuge, fazenda pública, se tiver
menor será intimado o MP.

6º) MANIFESTAÇÃO DOS INTERESSADOS (ART. 627)


 O prazo para manifestação sobre as primeiras declarações será
de 15 dias. Esse será o momento de apontar o que há de errado,
bem como o que deverá ser ajustado, momento ainda de alegar
questões quanto a nomeação do inventariante e quanto a inclusão de
herdeiros

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 Atenção para as questões de alta indagação: São as matérias que


precisam de dilação probatória e que o juiz remeterá para as vias
ordinárias. Exemplo, os herdeiros impugnaram a condição de
herdeira da companheira (união estável com o de cujus), caso a
possível companheira não tenha prova constituída o juízo do
inventário não irá decidir essa questão, remetendo as partes para a
discussão do tema em ação própria, no caso, ação de
reconhecimento de união estável. Nesse caso não há suspensão do
processo, caberá ao juízo do inventário reservar o quinhão até que
seja resolvido essa questão.
 O herdeiro preterido no inventário deverá requerer sua
habilitação durante o curso do processo, inclusão essa que deverá
ocorrer até a partilha (art. 628 CPC). Caso já tenha sido finalizado o
inventário deverá o mesmo ajuizar Ação de Petição de Herança
para reivindicar seu direito.

7º) AVALIAÇÃO DOS BENS


 A avaliação dos bens só será necessária se o valor indicado nas
primeiras declarações for impugnado. A avaliação irá gerar custos,
por isso, as vezes melhor evitar a realização desse ato.
 A avalição dos bens é importante para que seja realizado o
recolhimento do ITCD e divisão dos quinhões, art. 634 do CPC.
 Cabe lembrar que haverá oitiva das partes em 15 dias.

8º) ÚLTIMAS DECLARAÇÕES (ART. 636)


 As últimas declarações têm como base as primeiras declarações.
Logo, você apenas irá adequar e fazer os ajustes decorrentes das
impugnações acolhidas pelo juízo. Ou seja, você vai emendar, aditar
e complementar as primeiras declarações.
 Recomendo que você apresente junto com essa peça, o esboço de
partilha para acelerar o andamento do processo, se estiver atuando
pelo o inventariante.

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 Após a apresentação, as partes serão intimadas a se manifestar, art.


637 CPC.

9º) CÁLCULO E PAGAMENTO DO ITCD E DAS DÍVIDAS, ART. 638 CPC.


 Apresentadas as primeiras declarações e ouvidas as partes, passa-
se à apuração e pagamento do ITCD, bem como de eventuais
dívidas.

10º) PEDIDO DE QUINHÃO PELOS HERDEIROS, ART. 647 CPC.


 Recolhido o ITCD, o juiz intimará os herdeiros para que formulem
pedido de quinhão. Trata-se de uma simples petição informando ao
juiz sobre quais bens o seu cliente tem interesse. É o momento de
conversar com o cliente, informar qual serão valor do quinhão que
ele terá direito e discutir quais seriam os bens que poderiam ser
utilizados como forma de pagamento desse quinhão.

11º) DECISÃO DE DELIBERAÇÃO DA PARTILHA COM REMESSA AO PARTIDOR

PARA ESBOÇO.

 Apresentados os pedidos de quinhão, o juiz irá proferir a decisão de


deliberação da partilha e remeter o processo ao partidor para que o
mesmo realize uma minuta de partilha no qual irá descrever o que
caberá a cada um dos herdeiros.

12º) MANIFESTAÇÃO DOS INTERESSADOS E SENTENÇA DE PARTILHA COM

EXPEDIÇÃO DOS FORMAIS

 Após realizado o esboço de partilha (pelo partidor ou pelo


inventariante) o juiz determinará que os herdeiros se manifestem.
Caso não haja divergência, ele irá julgar e expedir os formais de
partilha (vários herdeiros) ou, quando se tratar de herdeiro único,
será expedido uma carta de adjudicação.

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Após recolher o imposto, os herdeiros irão solicitar o pedido de quinhão.


Se você estiver advogando para o inventariante, recomendo que apresente o
esboço. Nesse caso o juiz poderá acolher seu esboço e com base nele decidir
eventuais impugnações. Essa atitude irá evitar que o esboço seja realizado
pelo partidor, ou seja, será economizado o tempo que o esboço seria
encaminhado ao partidor e após a realização da minuta o mesmo encaminhará
ao juiz para que seja aberto o prazo para as manifestações.
Outra opção prática que pode ser adotada é cumular as últimas
declarações com o esboço de partilha. Nesse caso o juiz irá solicitar a
manifestação dos herdeiros e eventualmente pedir alguma retificação que será
realizada pelo inventariante. Isso evita que o inventário vá ao partidor, gerando
economia de tempo.

PARTILHA
A partilha é o ato pelo qual o juiz realiza a divisão dos bens deixados,
atribuindo a cada um dos herdeiros os bens que compõe o monte partível.
O primeiro pressuposto para a realização da partilha é a definição exata
dos bens e herdeiros. Somente quando esses dois pontos estão definidos o juiz
tem condições de proferir sentença de partilha.
Definidos os bens e herdeiros, o juiz fará o cálculo de qual o valor do
quinhão de cada herdeiro. Basicamente ele irá considerar o valor dos bens
definidos em avaliação e dividirá pela quantidade de herdeiros, obedecidas as
regras de divisão analisadas na aula 2.
Veja um exemplo.
Se João falece e deixa como herdeiros 3 filhos e esposa, o juiz irá dividir
o valor dos bens inventariados em 4 partes para determinar o montante do
quinhão de cada um. Se após o pagamento das dívidas e meação sobrou bens
avaliados em 1 milhão de reais, conclui-se que o quinhão de cada herdeiro
será de 250 mil. É como se cada herdeiro fosse credor desse valor.
O próximo passo será “pagar” esse crédito dos herdeiros. Aqui é onde
se encontra a maior dificuldade prática.

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O juiz deverá pagar o quinhão de cada herdeiro atribuindo bens que se


encaixem no valor total do quinhão, pois não pode haver diferença.
Voltando ao exemplo anterior, imagine que o valor de 1 milhão deixado
pelo falecido seja composto por 2 imóveis, 3 veículos e saldo em conta. Um
imóvel foi avaliado em 200 mil e outro em 350 mil. Um veículo foi avaliado em
90 mil, outro 50 mil e outro 100 mil. O saldo bancário é de 210 mil.
Como partilhar esses bens se cada um possui valor distinto dos demais?
Você tem que dar a cada herdeiro bens que somem 250 mil. Essa é a tarefa da
partilha.
Vamos dar um exemplo de como poderia ser realizada essa partilha.
 Caberá ao filho A: imóvel de 200 mil e o carro de 50 mil. Total: 250
mil.
 Caberá ao filho B: 50% do imóvel de 350 mil mais 75 mil do saldo
bancário. Total: 250 mil.
 Caberá ao filho C: 50% do imóvel de 350 mil mais 75 mil do saldo
bancário. Total: 250 mil.
 Caberá a esposa: Veículos de 90 e 100 mil, mais 60 mil do saldo
bancário. Total: 250 mil.
Perceba que todo o patrimônio deixado foi divido de forma igualitária, de
modo que cada herdeiro, ao final, ficou com bens no valor de 250 mil, que foi o
montante definido para cada quinhão.
Essa, inclusive, poderia ser uma boa proposta de partilha amigável que
os advogados fariam.
Na prática, os juízes não costumam tentar fazer esse tipo de ajuste para
evitar a formação de condomínio entre os herdeiros. Por isso é importante
alertar o cliente sobre a necessidade de fazer acordo sobre a partilha. No
exemplo acima, poderia o magistrado simplesmente deixar todos os bens em
condomínio, determinando uma partilha da seguinte maneira:
 Caberá ao filho A: ¼ dos imóveis, ¼ dos veículos, e ¼ do saldo
bancário. Total: 250 mil.
 Caberá ao filho B: ¼ dos imóveis, ¼ dos veículos, e ¼ do saldo
bancário. Total: 250 mil.

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 Caberá ao filho C: ¼ dos imóveis, ¼ dos veículos, e ¼ do saldo


bancário. Total: 250 mil.
 Caberá a esposa: ¼ dos imóveis, ¼ dos veículos, e ¼ do saldo
bancário. Total: 250 mil.
Isso seria desastroso, pois todos os bens ficariam em condomínio e
qualquer herdeiro poderia ajuizar ação de dissolução, para que fosse realizada
a venda e partilha do valor arrecadado.
Por isso, precisamos sempre explicar ao cliente as vantagens de se
realizar uma partilha amigável. Talvez ele não fique exatamente com os bens
que gostaria, mas ao menos não ficará em condomínio com os demais
herdeiros e precisará ajuizar outra ação para receber efetivamente o que lhe é
de direito.
Veja que esse foi apenas um exemplo simples de partilha para que você
entenda qual a lógica da divisão. Aplicando o conhecimento das aulas 1 e 2, e
essa lógica da partilha, você é capaz de realizar qualquer tipo de partilha.
Basta definir quem são os herdeiros, a cota de cada um e o valor dos bens.

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