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número 10 - JUN.

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BOLETIM INFORMATIVO
NESTA EDIÇÃO O Centro de Apoio Operacional das Promotorias
de Justiça Cíveis - CAOCIVEL - foi criado pela
ATUALIZAÇÃO
Resolução PGJ n. 8, de 19 de fevereiro de 2021,
LEGISLATIVA: LEI N.
14.382/22 E ALTERAÇÕES
para funcionar como órgão auxiliar da atividade
DA LEI DE REGISTROS funcional do Ministério Público nas áreas de
PÚBLICOS família, sucessões e ausências, interesses de
ATUALIZAÇÕES DO CNJ E incapazes, falências, Fazenda Pública e demais
DO CNMP
áreas residuais relacionadas ao direito civil,
E-BOOK DAS JORNADAS DE
empresarial ou processual civil.
DIREITO CIVIL DO STJ
NOTÍCIAS
ACONTECEU
JULGADOS RECENTES

Atualização legislativa
LEI N. 14.382, DE 27 DE JUNHO DE 2022
A Lei n. 14.382, sancionada pelo Presidente da República, com 11 vetos, no dia 27 de junho de
2022, é fruto da conversão da Medida Provisória nº 1.085 (editada em 28/12/2021 e aprovada no
dia 31/05/2022), a qual, durante seu período de tramitação, foi objeto de centenas de emendas no
Congresso Nacional.
A Medida Provisória convertida em lei, inicialmente, dispunha, essencialmente, sobre o Sistema
Eletrônico dos Registros Públicos (Serp), propondo alterações ao sistema registral no arrimo de
modernizar e simplificar os procedimentos relativos aos registros públicos de atos e negócios
jurídicos e incorporações imobiliárias. Diante das emendas apresentadas, foram incorporadas
mudanças significativas aos procedimentos de registros, destacando-se os procedimentos
relacionados ao registro e alteração de nome, procedimento de habilitação para o casamento,
suscitação de dúvida, entre outros, além das inovações trazidas, como a regulamentação da
adjudicação compulsória extrajudicial (art. 216-B da Lei nº 6.015/1973) e do procedimento de
conversão da união estável em casamento.
A lei entrou em vigor na data de sua publicação, com exceção do artigo 11, na parte em que altera
o art. 130 da Lei de Registros Públicos, dispositivo que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2024.
Diante da relevância das alterações sofridas, traremos adiante algumas considerações e
comparações, especialmente, no que toca a atuação do Ministério Público em registros
públicos.
LEI 14.382, DE 27 DE JUNHO DE 2022
LEI N. 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973
A Lei n. 14.382/2022 traz inovações aos serviços prestados pelos cartórios de registros públicos,
tais como o registro público eletrônico dos atos e negócios jurídicos, interconexão das
serventias dos registros públicos, possibilidade de atendimento remoto ao usuário pela internet,
e recepção e envio de documentos e títulos online, o que se dará a partir do Sistema Eletrônico
dos Registros Públicos (SERP), que deverá ser implantado até 31 de janeiro de 2023.
Para além da implementação do SERP, a lei trouxe novidades em tema de incorporações
imobiliárias (simplificação de exigências para averbação de extinção de afetação de unidades
não negociadas, exclusão de obrigação do incorporador de encaminhar trimestralmente
informações aos adquirentes nas incorporações a prazo e preço certo e obrigatoriedade de
promoção da incorporação imobiliária para aqueles que realizarem atividade de alienação de
lote objeto de parcelamento do solo, quando a alienação for vinculada à construção de casas).

Ainda, e mais importante sob as lentes ministeriais, a lei promoveu variadas e substanciais
alterações na Lei de Registros Públicos, as quais são agora apresentadas.

1.Habilitação para o casamento e intervenção ministerial (Art. 67, LRP)

Antes da publicação da Lei n. 14.382/2022, em conformidade com o teor do art. 67, §1º da Lei de
Registros Públicos, autuada a petição de habilitação para o casamento e os respectivos
documentos, com os posteriores trâmites seguidos pelo oficial, previa-se a abertura de vista dos
autos ao órgão do Ministério Público para se manifestar. Em que pese tal previsão, o CNMP
(Recomendação nº34/2016) e o MPMG (Ato CGMP n. 02/2022), ao tratar sobre a atuação do
Ministério Público como órgão interveniente no processo civil, já excepcionavam a atuação
ministerial no mencionado procedimento, quando não verificado interesse público ou social.
Ato CGMP n. 02/2022
Art. 122. Em matéria cível, o órgão de execução, constatando a inexistência de interesse público ou social que justifique
sua intervenção, consignará de maneira fundamentada a sua conclusão, especialmente nas seguintes hipóteses: (...)
II - habilitação de casamento, salvo quando se tratar de estrangeiro ou quando houver apresentação de impugnação,
oposição de impedimento, justificações que devam produzir efeito nas habilitações e pedido de dispensa de proclamas;

Agora, a partir da alteração promovida pela Lei n. 14.382/2022, exclui-se a atuação do órgão
ministerial, a priori, em procedimento de habilitação de casamento, vez que retira a necessidade
de remessa de todos os pedidos de habilitação indistintamente ao órgão ministerial, prevendo-
se a participação do Ministério Público apenas quando houver impedimento ou arguição de
causa suspensiva (art. 67, §5º da Lei de Registros Públicos). Veja-se que o oficial não mais fará
remessa obrigatória de todas as habilitações para que o Ministério Público se manifeste.
Assim, em procedimento de habilitação para o casamento, estando a documentação em ordem,
o oficial de registro dará a publicidade necessária à habilitação e extrairá, no prazo de até 5 dias,
o certificado de habilitação, podendo os nubentes contrair matrimônio perante qualquer
serventia de registro civil de pessoas naturais (art. 67, §1º, LRP).
1.HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO E INTERVENÇÃO MINISTERIAL

REDAÇÃO VIGENTE ANTERIORMENTE REDAÇÃO ATUAL


À LEI N. 14.382/2022 (ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N. 14.382
(LEI N. 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973) DE 27 DE JUNHO DE 2022)

Art. 67. Na habilitação para o casamento, os Art. 67. Na habilitação para o casamento, os
interessados, apresentando os documentos interessados, apresentando os documentos
exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do
registro do distrito de residência de um dos registro do distrito de residência de um dos
nubentes, que lhes expeça certidão de que se nubentes, que lhes expeça certidão de que se
acham habilitados para se casarem. acham habilitados para se casarem. (Renumerado
(Renumerado do art. 68, pela Lei nº 6.216, de do art. 68, pela Lei nº 6.216, de 1975).
1975).

§ 1º Autuada a petição com os documentos, o § 1º Se estiver em ordem a documentação, o


oficial mandará afixar proclamas de casamento em oficial de registro dará publicidade, em meio
lugar ostensivo de seu cartório e fará publicá-los eletrônico, à habilitação e extrairá, no prazo
na imprensa local, se houver, Em seguida, abrirá de até 5 (cinco) dias, o certificado de
vista dos autos ao órgão do Ministério Público, habilitação, podendo os nubentes contrair
para manifestar-se sobre o pedido e requerer o matrimônio perante qualquer serventia de
que for necessário à sua regularidade, podendo registro civil de pessoas naturais, de sua livre
exigir a apresentação de atestado de residência, escolha, observado o prazo de eficácia do art.
firmado por autoridade policial, ou qualquer outro 1.532 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
elemento de convicção admitido em direito. (Código Civil). (Redação dada pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975). 14.382, de 2022)

§ 2º Se o órgão do Ministério Público impugnar o § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº


pedido ou a documentação, os autos serão 14.382, de 2022)
encaminhados ao Juiz, que decidirá sem recurso.

§ 3º Decorrido o prazo de quinze (15) dias a contar § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
da afixação do edital em cartório, se não aparecer 14.382, de 2022)
quem oponha impedimento nem constar algum
dos que de ofício deva declarar, ou se tiver sido § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
rejeitada a impugnação do órgão do Ministério 14.382, de 2022)
Público, o oficial do registro certificará a
circunstância nos autos e entregará aos nubentes § 4º-A A identificação das partes e a
certidão de que estão habilitados para se casar apresentação dos documentos exigidos pela
dentro do prazo previsto em lei. lei civil para fins de habilitação poderão ser
realizadas eletronicamente mediante
§ 4º Se os nubentes residirem em diferentes recepção e comprovação da autoria e da
distritos do Registro Civil, em um e em outro se integridade dos documentos. (Incluído pela
publicará e se registrará o edital. Lei nº 14.382, de 2022)
Art. 67 Art. 67

(...) (...)

§ 5º Se houver apresentação de impedimento, o § 5º Se houver impedimento ou arguição de


oficial dará ciência do fato aos nubentes, para causa suspensiva, o oficial de registro dará
que indiquem em três (3) dias prova que ciência do fato aos nubentes, para que
pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; indiquem, em 24 (vinte e quatro) horas, prova
produzidas as provas pelo oponente e pelos que pretendam produzir, e remeterá os autos
nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência a juízo, e, produzidas as provas pelo oponente
do Ministério Público, e ouvidos os interessados e pelos nubentes, no prazo de 3 (três) dias,
e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos
decidirá o Juiz em igual prazo. os interessados e o órgão do Ministério
Público em 5 (cinco) dias, decidirá o juiz em
igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 14.382,
de 2022)

§ 6º Quando o casamento se der em § 6º Quando a celebração do casamento


circunscrição diferente daquela da habilitação, o ocorrer perante oficial de registro civil de
oficial do registro comunicará ao da habilitação pessoas naturais diverso daquele da
esse fato, com os elementos necessários às habilitação, deverá ser comunicado o oficial
anotações nos respectivos autos. (Incluído pela de registro em que foi realizada a habilitação,
Lei nº 6.216, de 1975). por meio eletrônico, para a devida anotação
no procedimento de habilitação. (Redação
dada pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 7º Expedido o certificado de habilitação,


celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e
lugar solicitados pelos nubentes e designados
pelo oficial de registro. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)

§ 8º A celebração do casamento poderá ser


realizada, a requerimento dos nubentes, em
meio eletrônico, por sistema de
videoconferência em que se possa verificar a
livre manifestação da vontade dos
contraentes. (Incluído pela Lei nº 14.382, de
2022)
2. Alterações na sistemática de atribuição de prenome e sobrenome no momento do
registro de nascimento (Art. 55, LRP)

A partir de alterações promovidas no Art. 55 da LRP, passa a ser possível, agora, que os genitores
acrescentem ao nome dos filhos sobrenomes que eles próprios não possuam mas que façam
parte da composição dos nomes de seus descendentes. Nesse caso, exige-se a comprovação de
que o nome pertence à família, o que se fará por meio da apresentação das certidões necessárias
para comprovar a linha ascendente (certidão de registro de nascimento ou casamento dos
ascendentes).

Ainda, caso o genitor declarante não indique o nome completo do filho, o oficial poderá lançar
adiante do prenome escolhido ao menos um sobrenome de cada um dos genitores, na ordem
que julgar conveniente para evitar homonímias.

Por fim, introduziu-se na LRP procedimento de "oposição fundamentada" a registro já efetuado,


considerando-se divergência que possa se verificar em relação ao prenome e sobrenome
indicados pelo declarante. Nesse caso, em até quinze dias após o registro, qualquer dos
genitores poderá apresentar, perante o registro civil em que lavrado o assento de nascimento,
"oposição fundamentada ao prenome e sobrenome indicado pelo declarante". In casu, havendo
manifestação consensual dos genitores, será realizado o procedimento de retificação
administrativa do registro. Não havendo consenso, a oposição será encaminhada ao Juiz
competente (juízo corregedor) para decisão. Há inúmeros registros, em diversos julgados, de
casos em que o pai, declarante, ignora a vontade da mãe ou mesmo acordo previamente
ajustado quando ao nome e sobrenome do nascituro, exercendo abusivo poder familiar, cuja
correção será agora facilitada.

2. REGISTRO DE NASCIMENTO

REDAÇÃO VIGENTE ANTERIORMENTE REDAÇÃO ATUAL


À LEI N. 14.382/2022 (ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N. 14.382
(LEI N. 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973) DE 27 DE JUNHO DE 2022)

Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome Art. 55. Toda pessoa tem direito ao nome,
completo, o oficial lançará adiante do prenome nele compreendidos o prenome e o
escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe, se sobrenome, observado que ao prenome serão
forem conhecidos e não o impedir a condição de acrescidos os sobrenomes dos genitores ou
ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato. de seus ascendentes, em qualquer ordem e,
(Renumerado do art. 56, pela Lei nº 6.216, de na hipótese de acréscimo de sobrenome de
1975). ascendente que não conste das certidões
apresentadas, deverão ser apresentadas as
certidões necessárias para comprovar a linha
ascendente. (Redação dada pela Lei nº 14.382)
Art. 55 Art. 55

(...) (...)

§ 1º O oficial de registro civil não registrará


prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os
seus portadores, observado que, quando os
Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não genitores não se conformarem com a recusa
registrarão prenomes suscetíveis de expor ao do oficial, este submeterá por escrito o caso à
ridículo os seus portadores. Quando os pais não decisão do juiz competente,
se conformarem com a recusa do oficial, este independentemente da cobrança de
submeterá por escrito o caso, independente da quaisquer emolumentos. (Incluído Lei nº
cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão 14.382, de 2022)
do Juiz competente.
§ 2º Quando o declarante não indicar o nome
completo, o oficial de registro lançará adiante
do prenome escolhido ao menos um
sobrenome de cada um dos genitores, na
ordem que julgar mais conveniente para
evitar homonímias.(Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)

§ 3º O oficial de registro orientará os pais


acerca da conveniência de acrescer
sobrenomes, a fim de se evitar prejuízos à
pessoa em razão da homonímia. (Incluído pela
Lei nº 14.382, de 2022)

§ 4º Em até 15 (quinze) dias após o registro,


qualquer dos genitores poderá apresentar,
perante o registro civil onde foi lavrado o
assento de nascimento, oposição
fundamentada ao prenome e sobrenomes
indicados pelo declarante, observado que, se
houver manifestação consensual dos
genitores, será realizado o procedimento de
retificação administrativa do registro, mas, se
não houver consenso, a oposição será
encaminhada ao juiz competente para
decisão. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
3. Possibilidade de alteração imotivada de prenome, após a maioridade, por procedimento
extrajudicial e independentemente do prazo de um ano anteriormente previsto (Art. 56
LRP)

Sempre se destacou, em doutrina (ver, por todos, FARIAS e ROSENVALD, 2022), que a principal
característica do nome é a sua imutabilidade relativa. Isso porque, por estar intimamente ligado
à identidade da pessoa, permitindo sua identificação no meio social, o nome civil sempre esteve
submetido à inalterabilidade, possibilitando-se a alteração apenas no prazo de um ano a partir
da maioridade civil, ou em casos excepcionais, submetidos a análise judicial.
Ocorre que há tempos se vem flexibilizando essa forma de alteração (vide, v.g., a crescente
utilização do "nome social"), sobretudo considerando-se a proeminência da dignidade da pessoa
humana em razoável detrimento de obstáculos burocráticos e de voluntarismos judiciais.
Foi com os olhos voltados à atualização da legislação de regência (relembre-se que a Lei de
Registros Públicos é do ano de 1973, anterior, portanto, à ordem constitucional vigente) que
introduziu-se, no sistema, a faculdade de que a pessoa registrada possa, após ter atingido a
maioridade civil, requerer pessoal e imotivadamente a alteração de seu prenome,
independentemente de decisão judicial.
Tal proceder poderá ocorrer extrajudicialmente por apenas uma vez e, por questões de
segurança jurídica, sua desconstituição dependerá de sentença judicial. Ainda, a averbação de
alteração do prenome conterá, obrigatoriamente, o prenome anterior e os números de
documento de identidade, inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, passaporte e título de
eleitor registrados, dados esses que constarão expressamente de todas as certidões solicitadas.
Por fim, o oficial de registro civil poderá, fundamentadamente, recusar a retificação caso
suspeite de fraude, falsidade, má-fé, vício de vontade ou simulação quanto à real intenção da
pessoa requerente. Veja-se que os documentos serão todos mantidos, não havendo, portanto,
qualquer prejuízo a terceiros.

3. PROCEDIMENTO PARA ALTERAÇÃO IMOTIVADA DE PRENOME

REDAÇÃO VIGENTE ANTERIORMENTE REDAÇÃO ATUAL


À LEI N. 14.382/2022 (ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N. 14.382
(LEI N. 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973) DE 27 DE JUNHO DE 2022)

Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter
atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente atingido a maioridade civil, requerer
ou por procurador bastante, alterar o nome, desde pessoalmente e imotivadamente a alteração
que não prejudique os apelidos de família, de seu prenome, independentemente de
averbando-se a alteração que será publicada pela decisão judicial, e a alteração será averbada e
imprensa. (Renumerado do art. 57, pela Lei nº publicada em meio eletrônico.(Redação dada
6.216, de 1975). pela Lei nº 14.382, de 2022)
(...)
SEM CORRESPONDÊNCIA
§ 1º A alteração imotivada de prenome poderá
ser feita na via extrajudicial apenas 1 (uma)
vez, e sua desconstituição dependerá de
sentença judicial.(Incluído pela Lei nº 14.382,
de 2022)

§ 2º A averbação de alteração de prenome


conterá, obrigatoriamente, o prenome
anterior, os números de documento de
identidade, de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas (CPF) da Secretaria Especial da
Receita Federal do Brasil, de passaporte e de
título de eleitor do registrado, dados esses
que deverão constar expressamente de todas
as certidões solicitadas. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)

§ 3º Finalizado o procedimento de alteração


no assento, o ofício de registro civil de
pessoas naturais no qual se processou a
alteração, a expensas do requerente,
comunicará o ato oficialmente aos órgãos
expedidores do documento de identidade, do
CPF e do passaporte, bem como ao Tribunal
Superior Eleitoral, preferencialmente por
meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.382,
de 2022)

§ 4º Se suspeitar de fraude, falsidade, má-fé,


vício de vontade ou simulação quanto à real
intenção da pessoa requerente, o oficial de
registro civil fundamentadamente recusará a
retificação.(Incluído pela Lei nº14.382,de 2022)
4. Possibilidade de inclusão/exclusão de sobrenome (Art. 57 da LRP)

Em reforço à desjudicialização da alteração de prenome, possibilita-se, agora, a modificação, do


sobrenome em termos de inclusão ou exclusão, diretamente no Registro Civil de pessoas
Naturais (sem que seja necessária manifestação ministerial), nas seguintes hipóteses:

I - inclusão de sobrenomes familiares;


II - inclusão ou exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância do casamento;
III - exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade conjugal, por
qualquer de suas causas;
IV - inclusão e exclusão de sobrenomes em razão de alteração das relações de filiação, inclusive
para os descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa que teve seu estado alterado, e
V- inclusão do sobrenome do padrasto/madrasta, desde que haja expressa concordância de
todos, sem prejuízo dos sobrenomes de família, para o enteado que alegue motivo justificável.

Nesses casos, a alteração será requerida pessoalmente perante o oficial do registro civil,
acompanhada de certidões e documentos necessários. A averbação se fará nos assentos de
nascimento e casamento, independentemente de autorização judicial.
Ainda, há expressa disposição no sentido de que os conviventes em união estável devidamente
registrada no registro civil de pessoas naturais poderão requerer a inclusão de sobrenome de seu
companheiro, a qualquer tempo, bem como alterar seus sobrenomes nas mesmas hipóteses
previstas para as pessoas casadas, e o retorno ao nome de solteiro ou de solteira do
companheiro ou da companheira será realizado por meio da averbação da extinção de união
estável em seu registro.

4. PROCEDIMENTO PARA INCLUSÃO/EXCLUSÃO DE SOBRENOME


REDAÇÃO VIGENTE ANTERIORMENTE REDAÇÃO ATUAL
À LEI N. 14.382/2022 (ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N. 14.382
(LEI N. 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973) DE 27 DE JUNHO DE 2022)

Art. 57. A alteração posterior de nome, somente Art. 57. A alteração posterior de sobrenomes
por exceção e motivadamente, após audiência do poderá ser requerida pessoalmente perante o
Ministério Público, será permitida por sentença do oficial de registro civil, com a apresentação de
juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se certidões e de documentos necessários, e será
o mandado e publicando-se a alteração pela averbada nos assentos de nascimento e
imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta casamento, independentemente de
Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.100, de 2009). autorização judicial, a fim de:(Redação dada
pela Lei nº 14.382, de 2022)

I - inclusão de sobrenomes familiares;


(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

II - inclusão ou exclusão de sobrenome do


cônjuge, na constância do casamento;
(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
Art. 57
Art. 57

(...)
(...)

III - exclusão de sobrenome do ex-cônjuge,


após a dissolução da sociedade conjugal, por
qualquer de suas causas; (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)
IV - inclusão e exclusão de sobrenomes em
razão de alteração das relações de filiação,
inclusive para os descendentes, cônjuge ou
companheiro da pessoa que teve seu estado
alterado. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 1º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos
§ 1º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos
termos, o nome abreviado, usado como firma
termos, o nome abreviado, usado como firma
comercial registrada ou em qualquer atividade
comercial registrada ou em qualquer atividade
profissional. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
profissional. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).

§ 2º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que


§ 2º Os conviventes em união estável
viva com homem solteiro, desquitado ou viúvo,
devidamente registrada no registro civil de
excepcionalmente e havendo motivo ponderável,
pessoas naturais poderão requerer a inclusão
poderá requerer ao juiz competente que, no
de sobrenome de seu companheiro, a
registro de nascimento, seja averbado o
qualquer tempo, bem como alterar seus
patronímico de seu companheiro, sem prejuízo
sobrenomes nas mesmas hipóteses previstas
dos apelidos próprios, de família, desde que haja
para as pessoas casadas. (Redação dada pela
impedimento legal para o casamento, decorrente
Lei nº 14.382, de 2022)
do estado civil de qualquer das partes ou de
ambas. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).

§ 3º O juiz competente somente processará o


§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
pedido, se tiver expressa concordância do
14.382, de 2022)
companheiro, e se da vida em comum houverem
§ 3º-A O retorno ao nome de solteiro ou de
decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou existirem
solteira do companheiro ou da companheira
filhos da união. (Incluído pela Lei nº 6.216, de
será realizado por meio da averbação da
1975).
extinção de união estável em seu registro.
(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 4º O pedido de averbação só terá curso, quando
desquitado o companheiro, se a ex-esposa houver
§ 4º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº
sido condenada ou tiver renunciado ao uso dos
14.382, de 2022)
apelidos do marido, ainda que dele receba pensão
alimentícia. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).

§ 5º O aditamento regulado nesta Lei será


cancelado a requerimento de uma das partes,
§ 5º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
ouvida a outra. (Incluído pela Lei nº 6.216, de
14.382, de 2022)
1975).
(...) (...)

§6º Tanto o aditamento quanto o cancelamento da § 6º (Revogado) . (Redação dada pela Lei
averbação previstos neste artigo serão nº 14.382, de 2022)
processados em segredo de justiça. (Incluído pela
Lei nº 6.216, de 1975).

§ 7º Quando a alteração de nome for concedida em § 7º Quando a alteração de nome for concedida em
razão de fundada coação ou ameaça decorrente de razão de fundada coação ou ameaça decorrente de
colaboração com a apuração de crime, o juiz colaboração com a apuração de crime, o juiz
competente determinará que haja a averbação no competente determinará que haja a averbação no
registro de origem de menção da existência de registro de origem de menção da existência de
sentença concessiva da alteração, sem a averbação sentença concessiva da alteração, sem a averbação do
do nome alterado, que somente poderá ser procedida nome alterado, que somente poderá ser procedida
mediante determinação posterior, que levará em mediante determinação posterior, que levará em
consideração a cessação da coação ou ameaça que consideração a cessação da coação ou ameaça que
deu causa à alteração. (Incluído pela Lei nº deu causa à alteração. (Incluído pela Lei nº 9.807, de
9.807, de 1999) 1999)

§8º O enteado ou a enteada, havendo motivo § 8º O enteado ou a enteada, se houver


ponderável e na forma dos §§ 2 o e 7 o deste motivo justificável, poderá requerer ao oficial
artigo, poderá requerer ao juiz competente que, de registro civil que, nos registros de
no registro de nascimento, seja averbado o nome nascimento e de casamento, seja averbado o
de família de seu padrasto ou de sua madrasta, nome de família de seu padrasto ou de sua
desde que haja expressa concordância destes, madrasta, desde que haja expressa
sem prejuízo de seus apelidos de família. concordância destes, sem prejuízo de seus
(Incluído pela Lei nº 11.924, de 2009) sobrenomes de família. (Redação dada
pela Lei nº 14.382, de 2022)

Atenção:
Nos termos do Art. 110 da LRP, continua sendo possível a retificação de registro, mediante petição
assinada pelo interessado, independentemente de prévia manifestação judicial ou do Ministério
Público, nos casos de:
I - erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção;
II - erro na transposição dos elementos constantes em ordens e mandados judiciais, termos ou requerimentos, bem como
outros títulos a serem registrados, averbados ou anotados, e o documento utilizado para a referida averbação e/ou retificação
ficará arquivado no registro no cartório;
III - inexatidão da ordem cronológica e sucessiva referente à numeração do livro, da folha, da página, do termo, bem como da
data do registro;
IV - ausência de indicação do Município relativo ao nascimento ou naturalidade do registrado, nas hipóteses em que existir
descrição precisa do endereço do local do nascimento;
V - elevação de Distrito a Município ou alteração de suas nomenclaturas por força de lei.

Entretanto, se a retificação que se pretender for complexa, ou seja,


para além de erro gráfico evidente ou quaisquer das hipóteses retro
mencionadas, haverá necessidade de apresentação, em juízo, de
petição fundamentada e instruída com documentos ou com indicação
de testemunhas, ouvido o órgão do Ministério Público e os
interessados (Art. 109 da LRP).
5. Conversão de União Estável em casamento (Art. 70-A da LRP)

A partir do Art. 70-A, a conversão da união estável em casamento passa a seguir processo de
habilitação sob o mesmo rito previsto para o casamento (habilitação para o casamento), norma
que regulamenta o Art. 226, §3º da Constituição Federal.

5. CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO

REDAÇÃO VIGENTE ANTERIORMENTE REDAÇÃO ATUAL


À LEI N. 14.382/2022 (ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N. 14.382
(LEI N. 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973) DE 27 DE JUNHO DE 2022)

Art. 70-A. A conversão da união estável em


SEM CORRESPONDÊNCIA casamento deverá ser requerida pelos
companheiros perante o oficial de registro
civil de pessoas naturais de sua residência.
(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 1º Recebido o requerimento, será iniciado o


processo de habilitação sob o mesmo rito
previsto para o casamento, e deverá constar
dos proclamas que se trata de conversão de
união estável em casamento. (Incluído pela
Lei nº 14.382, de 2022)

§ 2º Em caso de requerimento de conversão de


união estável por mandato, a procuração
deverá ser pública e com prazo máximo de 30
(trinta) dias. (Incluído pela Lei nº 14.382, de
2022)

§ 3º Se estiver em termos o pedido, será


lavrado o assento da conversão da união
estável em casamento, independentemente
de autorização judicial, prescindindo o ato da
celebração do matrimônio. (Incluído pela Lei
nº 14.382, de 2022)

§ 4º O assento da conversão da união estável


em casamento será lavrado no Livro B, sem a
indicação da data e das testemunhas da
celebração, do nome do presidente do ato e
das assinaturas dos companheiros e das
testemunhas, anotando-se no respectivo
termo que se trata de conversão de união
estável em casamento.(Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)
Art. 70-A.
SEM CORRESPONDÊNCIA
(...)

§ 5º A conversão da união estável dependerá


da superação dos impedimentos legais para o
casamento, sujeitando-se à adoção do regime
patrimonial de bens, na forma dos preceitos
da lei civil. (Incluído pela Lei nº 14.382, de
2022)

§ 6º Não constará do assento de casamento


convertido a partir da união estável a data do
início ou o período de duração desta, salvo no
caso de prévio procedimento de certificação
eletrônica de união estável realizado perante
oficial de registro civil. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)

§ 7º Se estiver em termos o pedido, o


falecimento da parte no curso do processo de
habilitação não impedirá a lavratura do
assento de conversão de união estável em
casamento. (Incluído pela Lei nº 14.382, de
2022)
ATUALIZAÇÕES DO
CNJ e do CNMP
RESOLUÇÃO Nº465, DE 22 DE JUNHO DE 2022

A Resolução n. 465, que entrou em vigor na data de sua publicação, institui diretrizes para a
realização de videoconferências no âmbito do Poder Judiciário.

Em meio às recomendações formuladas aos magistrados e que perpassam a atuação


ministerial, destacam-se obrigações para que:
1. zelem pela adequada identificação, na sessão, de promotores, defensores, procuradores
e advogados, devendo aquela abarcar tanto o cargo, a ocupação ou função no ato
quanto nome e sobrenome;
2. zelem pela utilização de vestimenta adequada por parte dos participantes, como terno
ou beca (podendo aceitar pedido de dispensa em caráter emergencial e excepcional) e
3. certifiquem-se de que todos se encontram participando da videoconferência com a
câmera ligada, em condições satisfatórias e em local adequado.

RESOLUÇÃO Nº466, DE 22 DE JUNHO DE 2022

A Resolução n. 466 do CNJ institui o Fórum Nacional de Recuperação Empresarial e


Falências (FONAREF), com o objetivo de elaborar estudos e propor medidas para o
aperfeiçoamento da gestão de processos de recuperação empresarial e falências.

Entre as atribuições do FONAREF, destaca-se a proposta de elaboração de atos normativos


voltados à implantação e modernização de rotinas, à organização, à especialização e à
estruturação dos órgãos competentes para atuação na gestão de processos recuperacionais
ou falimentares, assim como o estudo e a proposição de medidas para o aprimoramento da
legislação pertinente, incluindo a solução, a prevenção de problemas e a regularização das
questões que envolvam o tema (art. 2º, I e II da Resolução 466, CNJ).

Consoante estabelecido no Capítulo II (arts. 3º a 8º), que dispõe sobre a composição do


FONAREF, este será limitado a participação de trinta integrantes, devendo, entre outros
integrantes, ser composto por, no mínimo, um membro do Ministério Público, com notória
especialização na temática.

CNMP APRESENTA PROPOSTA DE RESOLUÇÃO QUE DISCIPLINA A MANIFESTAÇÃO


DO MINISTÉRIO PÚBLICO EM CASAMENTO CIVIL E CONVERSÃO DE UNIÃO
ESTÁVEL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO

A proposta foi apresentada pelo conselheiro Paulo Cezar dos Passos, no dia 14 de
junho de 2022, contando com o seguinte teor, em consonância com decisões do
STF, STJ e Resolução nº 175/2013 do CNJ:

"Aos membros do Ministério Público não é possível manifestar-se contrariamente à


habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em
casamento entre pessoas de mesmo sexo, unicamente por essa condição.”
Fonte: www.cnmp.mp.br
Lançamentos

IX JORNADA DE DIREITO CIVIL

No dia 23 de junho de 2022 foi disponibilizado o e-book IX Jornada de Direito Civil -


Comemoração dos 20 anos da Lei n. 10.406/2002 e da Instituição da Jornada de
Direito Civil, apresentado pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça
Federal, vinculado ao Superior Tribunal de Justiça. Para acessar o arquivo, clique AQUI.

O e-book possui a íntegra dos enunciados, definidos durante o evento realizado em 19


e 20 de maio de 2022, a partir de debates envolvendo variados assuntos no campo do
Direito Civil, destacando-se a presença de temas como parentalidade socioafetiva,
convivência equilibrada, cláusula penal, responsabilidade pré-contratual, entre outros.

As Jornadas de Direito Civil são de extrema relevância para os operadores de direito,


haja vista que são definidas proposições que possibilitam a compreensão moderna do
arcabouço normativo, associado às novidades trazidas no âmbito científico. Seguem,
por oportuno, alguns dos enunciados aprovados que envolvem questões diretamente
relacionadas à atuação do Ministério Público em âmbito de direito de família:
ENUNCIADO 671 – Art. 1.583, §2º: A tenra idade da criança não impede a fixação de convivência equilibrada
com ambos os pais.

ENUNCIADO 672 – Art. 1.589, parágrafo único: O direito de convivência familiar pode ser estendido aos avós
e pessoas com as quais a criança ou adolescente mantenha vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor
interesse. (O enunciado cancela o enunciado 333, da IV JDC).

O Centro de Apoio Operacional às Promotorias


Cíveis (MPMG) aproveita esta oportunidade
para informar ter sido disponibilizado no
Repositório do CAOCÍVEL, Checklist de
cláusulas de acordos em direito das famílias,
com acréscimos e atualizações a partir de
parceria inédita estabelecida com o Centro de
Apoio Operacional das Promotorias de Justiça
Cíveis, Falimentares, de Liquidações
Extrajudiciais, das Fundações e do Terceiro
Setor (MPPR), buscando trazer orientações
para auxiliar na atuação e análise de acordos
em direito das famílias, com base nas
experiências compartilhadas acerca dos temas
mais recorrentes.
Clique na imagem ao lado para ter acesso ao
Checklist 2.0
NOTÍCIAS

PRORROGADA A SUSPENSÃO DE DESOCUPAÇÕES E DESPEJOS ATÉ 31 DE


OUTUBRO DE 2022
Em nova decisão proferida pelo ministro Luís Roberto Barroso, STF, nos autos da ADPF 828,
foi deferida, uma vez mais, a prorrogação da suspensão de despejos e desocupações
coletivas, para áreas urbanas e rurais, em razão da pandemia, de acordo com os critérios
previstos na Lei n. 14.216/2021, até 31 de outubro de 2022.

Embora reconheça a necessidade de manutenção da medida cautelar diante da pandemia


e da situação de risco em que se encontram as populações vulneráveis, o Min. Rel. reafirma
não caber ao Tribunal traçar a política fundiária e habitacional do país, defendendo, ainda,
a necessidade de regime de transição para progressiva retomada das reintegrações de
posse:

"Não obstante, ainda que nesse momento a manutenção da medida cautelar se justifique,
volto a registrar que a suspensão não deve se estender de maneira indefinida. Na última
decisão de prorrogação da medida cautelar, registrei que os limites da jurisdição deste
relator em breve se esgotarão. Embora possa caber ao Tribunal a proteção da vida e da
saúde durante a pandemia, não cabe a ele traçar a política fundiária e habitacional do país."

STF AFASTA A INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE ALIMENTOS


ESTABELECIDOS COM BASE NO DIREITO DE FAMÍLIA
Em sessão virtual finalizada no dia 03 de junho de 2022, no julgamento da ADI 5422, o
Plenário do Supremo Tribunal Federal afastou a incidência do imposto de renda sobre
valores percebidos pelo alimentado a título de alimentos ou de pensão alimentícia
decorrentes do direito de família.

Conforme sintetizado no Informativo 1057 do STF, considerando que os alimentos, nesses


casos, representam apenas entrada de valores, retirados dos acréscimos que foram
auferidos pelo alimentante, concluiu-se que:

"(...) o recebimento de renda ou provento de qualquer natureza pelo alimentante – de onde


ele retira a parcela a ser paga ao credor dos alimentos – já configura, por si só, fato gerador
do IR. Por isso, submeter também os valores recebidos pelo alimentado representa nova
incidência do mesmo tributo sobre a mesma realidade, configurando bis in idem camuflado e
sem justificação legítima, em evidente violação ao texto constitucional."
Fonte: Comunicação - Notícias STF
Clique aqui para ler a notícia publicada no site do STF e aqui para acessar o Informativo 1057 - STF
NOTÍCIAS

Em conformidade com a Resolução CNMP nº 243, de outubro de 2021, que determinou a


inclusão obrigatória da vítima como objeto principal da defesa institucional, o Ministério Púbico
de Minas Gerais instituiu a Política Institucional de Proteção Integral e de Promoção de Direitos
e de Apoio às Vítimas, por meio da Resolução PGJ nº 33, de 23 de junho de 2022.

Nos termos do art. 1º da Resolução PGJ nº 33, o objetivo da política em questão visa assegurar
"direitos fundamentais aos ofendidos por infrações penais, atos infracionais, desastres naturais,
calamidades públicas e graves violações de direitos humanos, garantindo-lhes acesso à informação,
comunicação, participação, verdade, justiça, diligência devida, segurança, apoio, tratamento
profissional individualizado e não discriminatório, proteção física, patrimonial, psicológica e de
dados pessoais, reparação dos danos materiais, morais e simbólicos, suportados em decorrência do
fato vitimizante."

Dentre outras práticas e ações a serem executadas, restou estabelecida a atuação preventiva e
difusa, que será norteada pelo Programa de Atenção Integral às Vítimas (Programa
Recompondo), que será executado por diversos órgãos, entre os quais este centro de Apoio
Operacional às Promotorias de Justiça Cíveis.

Incidente de Assunção de Competência


TEMA IAC 12/STJ – Possibilidade ou não de penhora integral de valores depositados
em conta bancária conjunta, na hipótese de apenas um dos titulares ser sujeito
passivo de processo executivo.

A) É presumido, em regra, o rateio em partes iguais do numerário mantido em conta-


corrente conjunta solidária quando inexistente previsão legal ou contratual de
responsabilidade solidária dos correntistas pelo pagamento de dívida imputada a um
deles.
B) Não será possível a penhora da integralidade do saldo existente em conta conjunta
solidária no âmbito de execução movida por pessoa (física ou jurídica) distinta da
instituição financeira mantenedora, sendo franqueada aos cotitulares e ao exequente a
oportunidade de demonstrar os valores que integram o patrimônio de cada um, a fim de
afastar a presunção relativa de rateio.
(REsp 1.610.844-BA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/06/2022, Tema IAC 12,
Informativo nº 741).
Aconteceu
No dia 20 de junho, no projeto Segunda
18h, foi realizada palestra com tema

20 anos do Código Civil e a


atuação do MP

ministrada pelo Dr. Cristiano Farias,


Promotor de Justiça do Ministério Público
do Estado da Bahia.

O evento foi aberto pela Dra. Elaine Martins Parise - Diretora do Centro de Estudos
e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) e mediado pela Dra. Maria Carolina Silveira
Beraldo - Coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de
Justiça Cíveis (CAOCÍVEL).

Durante a palestra, entre outros aspectos, o Dr. Cristiano Chaves destacou a


necessidade de se ter uma visão sistêmica do Ministério Público, assim como
coerência e harmonia na atuação cível, apontando a importância da legitimidade
do MP para atuação em demandas como indignidade sucessória, promoção de
ações de alimentos, atuação no campo fundiário, entre outros.

A gravação já está disponível na Escola Virtual do CEAF, e o CAOCIVEL preparou a


degravação do evento, para propiciar pronta leitura.
Para acessar a degravação, clique aqui.

Fonte: MPMG Assessoria de Comunicação


Integrada
www.mpmg.mp.br
JULGADOS - JUN.22
link para as ementas ao final ou AQUI

FAMÍLIA
1) Diante do atual contexto do avanço da imunização nacional contra o coronavírus -
COVID-19 - e a redução concreta dos perigos causados pela pandemia, se mostra
possível e razoável a adoção da medida de prisão civil em regime fechado.
Remanescendo débito alimentar, se revela justa, necessária e adequada a decretação
da prisão civil do devedor (TJMG - AI: 10000220076756001 MG, Relator: Ana Paula
Caixeta).

2) Não cabe fixação de aluguel pelo uso exclusivo do imóvel comum enquanto o bem
estiver em comunhão entre o casal (TJGO 54929714720218090176, Relator:
Desembargador Jeova Sardinha de Moraes).

3) Constitui direito potestativo do condômino de bem imóvel indivisível promover a


extinção do condomínio mediante alienação judicial da coisa. Convencionado no
momento da dissolução da união estável que a recorrida permaneceria residindo no
imóvel, sem necessidade de pagamento de alugueis, até a efetiva venda do bem, deve
ser mantida a desnecessidade do referido pagamento na proporção de sua cota parte
(STJ - REsp: 1852807 PR 2019/0368984-9, Relator: Ministro Paulo De Tarso
Sanseverino).

4) Mantida a decisão que reconhece paternidade biológica do autor e a paternidade


socioafetiva do réu, observando-se o princípio da proteção integral do infante e a
possibilidade de reconhecimento de multiparentalidade (TJSP - AC:
10078676620178260152 SP 1007867-66.2017.8.26.0152, Relator: Giffoni Ferreira).

5) Reconhecida pelo STF a possibilidade de multiparentalidade, o reconhecimento da


paternidade socioafetiva, não enseja o pleito de exclusão do parentesco registral e
biológico, notadamente quando sequer foi veiculada a tese de vício no registro (TJMG -
AC: 10000210885588001 MG, Relator: Caetano Levi Lopes).

6) É requisito imprescindível para a caracterização da união estável o respeito mútuo


ou de affectio maritalis, o que não se verifica quando comprovado que o falecido
mantinha diversos relacionamentos concomitantes com outras mulheres (TJSP - AC:
10083804420198260223 SP 1008380-44.2019.8.26.0223, Relator: Márcio Boscaro).
JULGADOS - JUN.22
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7) A ordem de preferência estabelecida no art. 617 do Código de Processo Civil, para


nomeação de inventariante, deve ser observada, não havendo razão para inversão da
ordem legal que prevê, em primeiro lugar, o companheiro, preferencialmente. A
antecipação do quinhão é medida excepcional que exige decisão fundamentada do
juízo (TJMG - AI: 10015100057270004 Além Paraíba, Relator: Wilson Benevides).

8) É incabível o pedido de cumulação do inventário de herdeiro falecido com o


inventário de seus genitores, haja vista tratar-se de sobrepartilha, sendo competente
para processar e julgar a sobrepartilha o Juízo que julgou o procedimento do
inventário (TJMG - AI: 10064170011015001 Belo Vale, Relator: Yeda Athias).

FALÊNCIAS E RECUPERAÇÃO JUDICIAL


1) A habilitação do crédito e a posterior homologação do plano de recuperação judicial
não impede a rediscussão do seu valor em ação revisional de contrato relativa à
mesma dívida (REsp 1.700.606-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Informativo 740
- STJ).

2) O prazo de 10 (dez) dias, previsto no art. 8º da Lei n. 11.101/2005, para apresentar


impugnação à habilitação de crédito, deve ser contado em dias corridos (AgInt no REsp
1.830.738-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Informativo 739 - STJ).

REGISTROS PÚBLICOS
1) Considerando que uma das reais funções do patronímico é diminuir a possibilidade
de homônimos e evitar prejuízos à identificação da pessoa a ponto de lhe causar
algum constrangimento, foi deferida a retificação do registro público para inserção do
sobrenome da avó materna do autor, que é advogado atuante na área criminal e
apontou a existência de homonímia com réus em ações penais (STJ - REsp: 1962674
MG 2021/0309293-3, Relator: Min. Marco Aurélio Bellizze).

2) Possíveis dificuldades com o uso do trema em sistemas de informação não se


traduzem em relevante razão de ordem pública capaz de mitigar as regras de
imutabilidade e de preservação dos lastros genealógicos (TJSC, Apelação n. 5009743-
88.2020.8.24.0038, Rel. Edir Josias Silveira Beck).
JULGADOS - JUN.22
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CÍVEL RESIDUAL E PROCESSO CIVIL


1) É necessária a exigência geral de outorga do cônjuge para prestar fiança, sendo
indiferente o fato de o fiador prestá-la na condição de comerciante ou empresário,
considerando a necessidade de proteção da segurança econômica familiar (REsp
1.525.638-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Informativo 742 – STJ).

2) Dissolvida a sociedade conjugal, o bem imóvel comum do casal rege-se pelas regras
relativas ao condomínio, ainda que não realizada a partilha de bens, possuindo
legitimidade para usucapir em nome próprio o condômino que exerça a posse por si
mesmo, sem nenhuma oposição dos demais coproprietários (REsp 1.840.561-SP, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, Informativo 739 – STJ).

3) O Protocolo de Las Leñas, do qual o Brasil é signatário, não traz dispensa genérica da
prestação de caução, limitando-se a impor o tratamento igualitário entre todos os
cidadãos e residentes nos territórios de quaisquer dos Estados-Partes (REsp 1.991.994-
SP, Rel. Min. Raul Araújo, Informativo 742 – STJ).

4) Nos contratos de seguro, o valor de indenização a ser recebido na hipótese de


ocorrência do evento segurado é estabelecido previamente no contrato e, por isso, não
há a "guarda" dos prêmios (REsp 1.738.657-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, Informativo 741
– STJ).

5) O STJ tem jurisprudência consolidada quanto à impossibilidade de manifestação, em


sede de Recurso Especial, ainda que para fins de prequestionamento, a respeito de
alegada violação a dispositivos da Constituição Federal (EDcl no AgInt no RMS 66.940-
RJ, Rel. Min. Assusete Magalhães, Informativo 742 - STJ).

6) É válida a penhora do bem de família de fiador apontado em contrato de locação de


imóvel, seja residencial, seja comercial, nos termos do inciso VII, do art. 3º da Lei nº
8.009/1990 (REsp 1.822.040-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão – Tema 1.091 –
Informativo nº 740 – STJ).

7) A prerrogativa de prazo em dobro para as manifestações processuais também se


aplica aos escritórios de prática jurídica de instituições privadas de ensino superior
(REsp 1.986.064-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Informativo 740 – STJ).
JULGADOS - JUN.22
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8) A mera pendência de ação judicial no Brasil não impede a homologação da sentença


estrangeira, mas a existência de decisão judicial proferida no Brasil contrária ao
conteúdo da sentença estrangeira impede a sua homologação (AgInt na SEC 6.362-EX,
Rel. Min. Jorge Mussi, Informativo 739 – STJ).

9) Verificada a existência de sucumbência recíproca, os honorários e ônus decorrentes


devem ser distribuídos adequada e proporcionalmente, levando-se em consideração o
grau de êxito de cada um dos envolvidos, bem como os parâmetros dispostos no art.
85, § 2º, do CPC/2015 (EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp 1.553.027-RJ, Rel. Min. Marco
Buzzi, Informativo 739 – STJ).

10) O princípio da inviolabilidade do sigilo dos dados e das comunicações telefônicas


apenas pode ser relativizado em hipóteses excepcionais, em sede de investigação
criminal ou instrução de processo penal (art. 5º, XII, CF/88), não se configurando meio
de prova cabível em se tratando de processo civil (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv
1.0000.22.038849-0/001, Rel. Des. Evangelina Castilho Duarte).

11) Nos termos do art. 79 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de


Minas Gerais, terá competência preventa o órgão julgador que tiver conhecido do
primeiro recurso interposto na mesma demanda ou em causa com ela conexa ou
derivada do mesmo ato, fato, contrato ou relação jurídica (TJMG - Conflito de
Competência nº 1.0000.21.044196-0/002, Rel. Des. Marcos Henrique Caldeira Brant).

12) Se a parte autora não deu causa ao negócio fraudulento, que originou a ação
declaratória, os honorários advocatícios e as custas e despesas processuais devem ser
arbitrados com observância do princípio da sucumbência (TJMG - Apelação Cível nº
1.0000.22.022190-7/001, Rel. Des. Afrânio Vilela).

13) Não cabe recurso especial contra acórdão proferido pelo Tribunal de origem que
fixa tese jurídica em abstrato em julgamento do IRDR, por ausência do requisito
constitucional de cabimento de "causa decidida", mas apenas naquele que aplique a
tese fixada, que resolve a lide, desde que observados os demais requisitos
constitucionais do art. 105, III, da Constituição Federal e dos dispositivos do Código de
Processo Civil que regem o tema. (REsp. 1.798.374-DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Informativo 737).

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