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de Notas
1. Disposições de caráter geral e normas pertinentes - A Lei nº
11.441/2007 alterou dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
Código de Processo Civil, possibilitando a realização de Inventário e
Partilha por via Administrativa; vem sendo, também nominado
de Inventário Extrajudicial, Inventário Notarial ou por Ato Notarial por ser
realizado perante um Cartório de Notas.**
A matéria está normada nos artigos 982 e 983 do CPC, os quais, com as
alterações introduzidas pela L. 11.441/07, passaram a ter a seguinte
redação: ”Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-
se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá
fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá
título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. O tabelião somente
lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem
assistidas por advogado comum ou advogado de cada uma delas, cuja
qualificação e assinatura constarão do ato notarial. Art. 983. O processo de
inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar
da abertura da sucessão, ultimando-se no 12 (doze) meses subseqüentes,
podendo o Juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento das
partes.”
m) Indicação do Inventariante
Entendemos que a lei 11.441/2007 não foi feliz quando exigiu a presença
de um Advogado para “assistir“ as partes; o instituto jurídico da
“assistência” é específico para certos casos e juridicamente no Inventário
extrajudicial as partes não são assistidas, mas sim, representadas por
Advogado.
Em certos casos, como os previstos no art. 1523 do CCi 2002 e outros que
a situação possa exigir, é possível aos herdeiros comparecerem ao
Cartório para ser lavrada uma Escritura de Inventário Negativo, superando
assim impedimento matrimonial para o casamento, ou outra qualquer
necessidade.
“Chama-se legítima a sucessão que provém por força de lei, isto é, cabe
ao diploma legal em vigor dizer quem recolherá a herança. Vimos, ao tratar
da abertura da sucessão e de sua transmissão, que a herança é entregue
aos herdeiros sem necessidade de uma ação própria para adquiri-la. Mas
nem todos os herdeiros, nomeados pelo Código Civil, têm igual direito,
nem poderia ser dividida a herança em tantas partes quantos forem os
herdeiros legítimos. Possivelmente em qualquer herança seriam dezenas
de chamados e, com a divisão entre todos, o valor de cada um poderia ser
irrisório”. (2)
Se “B” deixou um filho, “C” dois filhos, “D” três filhos e “E” quatro filhos, a
herança líquida será dividida em partes iguais entre os 10 (dez) netos,
recebendo cada um, por sua legítima 1/10 ou 10% do monte partível.
Assim não podem ser objeto de Inventario extrajudicial os bens que o autor
da herança tenha deixado no exterior; todavia, nada impede que no corpo
da Escritura seja feita disposição sobre eles desde que não façam parte do
monte-mor e haja a ressalva que serão inventariados no país de sua
localização observadas as leis locais.
Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos ouros herdeiros da mesma classe, e,
sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente.
O herdeiro também poderá, ou por Escritura Pública em separado, ou no corpo do ato notarial do
Inventário, fazer a doação de toda sua legítima ou de parte dela, pagando também os dois impostos
(causa mortis e inter vivos); nesta hipótese normalmente não se fala em renúncia in favorem de
outro herdeiro, mas de doação.
Doutrina Ulderico Pires dos Santos que “a renúncia feita por um herdeiro, em favor do outro que o
renunciante indicar como beneficiário, não beneficia a este, e sim ao monte. Se a sua intenção for a
de beneficiar a determinado herdeiro com a sua parte na herança, terá de fazê-lo por meio de
doação, que nada tem a ver com a renúncia”. (6)
Na hipótese de doação, havendo vários herdeiros, os demais deverão, por título expresso no corpo
da Escritura Pública do Inventário Extrajudicial, manifestar sua concordância com a doação, não se
opondo a ela.
Na hipótese de bens existentes no exterior entendemos que poderá ser feita a referência desses bens
na Escritura, esclarecendo que o Inventário deles será feito no país onde estejam localizados,
obedecendo as normas de cada país; todavia, seu valor não poderá entrar para o monte e se algum
herdeiro resolver ficar com eles, isto deverá constar da Escritura que ditará o critério de divisão da
herança no Brasil, sem levar em consideração o bem ou bens existentes no exterior, podendo o
Advogado orientar os herdeiros para a possibilidade de renúncia abdicativa da legítima do herdeiro
que ficar com os bens no exterior, ou, dependendo dos valores, fazer a devida compensação com
torna de quem ficar com legítima acima do valor legal.
12– Imposto de transmissão causa mortis, inter vivos e doações. Nos Inventários por ato Notarial
todos os impostos devidos, deverão ser recolhidos antecipadamente, antes da Escritura, pois no
corpo desta, ao final, o Escrevente habilitado a lavrar a Escritura deverá transcrever os dados das
respectivas guias pagas.
Deverá ser recolhido o ITBI (imposto causa mortis) referente aos valores da herança, assim como
o ITCMD relativo às doações.
Além dos impostos os interessados deverão pagar as despesas com a Escritura e Advogado.
Para a ministra Nancy Andrighi, "no inventário, o pedido tem como expressão econômica,
invariavelmente, todo o patrimônio do de cujus, consequentemente, o valor da causa há de ser
atribuído ao monte-mor". (STJ REsp 454948)
14 – Partilha. A finalidade do ato notarial pelo qual é lavrada uma Escritura Pública é inventariar o
patrimônio do de cujus (autor da herança) apurar o “Monte-mor” e resolvidas as questões
financeiras do espólio, atribuir e transferir aos interessados a sua legítima.
Os interessados são: o cônjuge sobrevivente (meeiro), cuja meação não entra no Inventário e
Partilha, herdeiros (aqueles relacionados à ordem da vocação hereditária) e cessionários ou
donatários se houver.
A partilha será feita depois que as dívidas, despesas e encargos do espólio tiverem sido pagos, ou
resolvido entre os herdeiros como serão pagas as dívidas e recairá sobre os bens remanescentes no
acervo hereditário, excluída a meação do cônjuge supérstite, quando houver, pois esta não entra no
monte-partível como dito acima.
A Partilha só existirá se forem vários os concorrentes à herança; se for só um, não haverá partilha,
mas sim adjudicação.
Ainda que feita por ato notarial, a partilha pode ser anulada ou rescindida por via judicial, se for
constatado que nela têm vícios e defeitos que a invalidam, tais como aqueles previstos na legislação
codificada civil: erro, dolo e coação.
À Escritura de rerratificação deve ser feita por Escritura Pública, obedecendo as mesmas
formalidades da Escritura original, e a ela devem comparecer as mesmas partes, ainda que
representadas por novos procuradores com poderes outorgados por Instrumento Público.
A sobrepartilha é necessária para inventariar e partilhar bens que não constaram da Escritura
originária do Inventário.
Geralmente são bens que estavam em litígios e as partes interessadas preferiram deixá-los para
partilhar após o término do processo, não havendo impedimento para serem inventariados os
direitos em litígio, deixando apenas para partilha futura o objeto do litígio; neste caso a partilha
inicial é parcial.
Dizem os doutrinadores que geralmente são deixados para sobrepartilha os bens que dependem
ainda de uma decisão judicial para integrar sem qualquer problema a legítima dos herdeiros; os
sonegados, aqueles que algum herdeiro recebeu como adiantamento de legítima e não os levou à
colação; bens que estão em local de difícil acesso ou distantes dos interessados e no prazo de
sessenta dias, não dispõem de tempo ou condições suficientes para avaliá-los e proceder à partilha.
Tanto a rerratificação como a sobrepartilha devem ser feitas por Escritura Pública, nos moldes da
Escritura do Inventário, com a presença das mesmas partes e obedecendo a mesma formalidade.
16 - Dívidas do Espólio e litígios. As dívidas do Espólio devem ser pagas pelo Inventariante
escolhido pelos herdeiros; para tanto usará de recursos existentes em caixa ou alienará algum
imóvel cujo valor seja suficiente para pagamento da dívida.
As partes podem também reservar um determinado bem para pagamento da dívida, colocando tal
bem na legítima de todos, ou de um só, tudo dependendo da capacidade financeira da herança e do
acordo entre as partes.
Se necessário, com a concordância de todos os herdeiros poderão requerer em Juízo um Alvará para
alienação antecipada do imóvel ou dação em pagamento; se houver discordância entre os herdeiros,
a Escritura não poderá ser lavrada e as partes interessadas deverão fazer o Inventário pela via
Judicial.
O Inventariante deverá ingressar com pedido de substituição processual nos processos em litígios,
onde o autor da herança era parte, e defender os interesses do Espólio até final liquidação do
processo.
Os litígios devem ser relacionados na Escritura de Inventário, na qual os herdeiros poderão decidir
que o objeto do litígio entra na legítima de um determinado herdeiro, ou ficará para sobrepartilha.
Os herdeiros não respondem por dívidas do autor da herança que sejam superiores ao valor da
herança, conforme dispõe o art. 1.792 do CCi 2002: “O herdeiro não responde por encargos
superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver
inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados”.
No processo de Inventário são arrecadados todos os bens do autor da herança, inclusive aqueles que
o falecido transferiu aos herdeiros; a omissão pelos herdeiros dos bens recebidos em vida do autor
da herança, caracteriza a sonegação, pois quem esconde e omite bens que deva fazer a colação,
pratica ilícito civil e é punido; diz o art. 1.992 do CCi 2002: “O herdeiro que sonegar bens da
herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o seu
conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar, ou que deixar de
restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe caiba”.
Se o bem recebido pelo herdeiro como adiantamento de legítima já tiver sido alienado, ele deverá
pagar ao monte da herança o valor do respectivo bem à data da abertura da sucessão, salvo se o
doador dispensar o donatário da colação, e isto acontece quando a doação sai da parte disponível do
doador. (art. 1.995 CCi 2002).
O princípio básico da colação é igualar as legítimas, como norma o art. 2002 do CCi 2002: “Os
descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as
legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação”.
É dever imposto ao herdeiro, pois a doação dos pais aos filhos importa adiantamento da
legítima(art. 1171 CCi). Aliás, o dote no velhusco código previsto no regime dotal de bens é um
adiantamento de legítima(o novo Codex Civil sepultou definitivamente tal regime matrimonial de
bens).
A colação é feita em substância, isto é, os bens doados retornam em espécie à massa hereditária
para ulterior partilha (art. 1787 CCi). Pode ser feita também por estimação, voltando ao monte
apenas o seu valor, se o donatário já os tiver alienado (art. 1.792 CCi)".
Em outras palavras, Carlos Maximiliano doutrina que “Colação é o ato de reunir ao monte partível
quaisquer liberalidades, diretas ou indiretas, claras ou dissimuladas, recebidas do inventariado, por
herdeiro descendente, antes da abertura da sucessão”.(7)
Como dito, a finalidade jurídica da colação e efeitos de sonegados, visam igualar as respectivas
legítimas, para que um herdeiro não venha a receber mais do que os outros; as legítimas devem ser
iguais para todos, ressalvada a hipótese de ter saído da metade disponível do doador.
É preferível que cada herdeiro receba uma certidão da Escritura de Inventário e Partilha para
providenciar os registros dos bens que lhes foram destinados na partilha; alguns preferem um só
traslado que será levado a registro junto aos CRI de cada bem, e depois são extraídas várias
certidões dos novos registros para serem entregues aos interessados.
É na hora do registro que o Tabelião o CRI verificará se já foram averbadas alterações de nomes de
ruas, numeração de imóveis, estado civil das partes, divórcio, segundo casamento, pacto
antenupcial, quando houver e outros dados que estiverem em divergência com os dados já
registrados; havendo alteração, será solicitado ao interessado por Nota de Devolução, as devidas
correções.
Quando for apresentada para registro uma Escritura ela receberá um número de prenotação, válido
por 30 (trinta) dias; dentro de prazo se houver alguma exigência do CRI, o interessado deverá
cumpri-la sob pena de ser cancelada a prenotação.
NOTAS E REFERÊNCIAS
(2) SALOMÃO DE ARAÚJO CATEB, Direito das Sucessões, 5ª e. Atlas, São Paulo, 2008, p. 66.
(4) MARIA LUIZA POVOA CRUZ, Separação, Divórcio e Inventário por via Administrativa, ed.
Del Rey, 1ª ed., Belo Horizonte, 2008, pág. 67.
(6) ULDERICO PIRES DOS SANTOS, Inventário e Partilha, ed. Paumape, São Paulo, 1991, pág.
30.
(7) CARLOS MAXIMILIANO, Direito das Sucessões, Ed. Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 1943,
v.3, p.425.