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SERP – Sistema Eletrônico de Registro Público

(MP nº 1.085 de 28 de dezembro de 2021)

A Medida Provisória nº 1.085, publicada em 28 de dezembro de 2021, é


uma grata novidade para 2022, mas ainda será discutida no Congresso Nacional,
pois para garantir a modernização e desburocratização ainda é necessário
emendas, principalmente no que tange à segurança jurídica.
Pretende diminuir as filas cartorárias em 2023, pois apresenta enormes
mudanças para modernizar, desburocratizar e tornar célere o ato notarial de
Registro Público (de Imóveis, Civis de Pessoas Naturais, de Títulos e Documentos
e Civis de Pessoas Jurídicas), tornando-o eletrônico.
Institui o SERP – Sistema Eletrônico dos Registros Públicos e caberá à
Corregedoria Nacional da Justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a
normatização. Tal sistema de registro público já constava no art. 37 da Lei nº
11.977 de 07 de julho de 2009 (Lei do Programa Minha Casa, Minha Vida e
regularizações fundiárias), mas não implementado já que faltava lei para sua
regulamentação.
Sendo assim, a MP visa a simplificar e modernizar os registros públicos
com atendimento remoto, via sistema, havendo interconexão entre os cartório,
ocorrendo visualização eletrônica dos atos registrados, averbados ou transcritos,
mas para tanto alterou as Lei nº 4.591/64 (Lei de Incorporações Imobiliárias), a
Lei nº 6.015/73 (Lei de Registro Públicos), a Lei nº 6.766/79 (Lei de Parcelamento
do Solo), a Lei nº 8.935/94 (Lei de Notários e Registradores), a Lei nº 10.406/02
(Código Civil), a Lei nº 11.977/09 (Lei do Programa Minha Casa, Minha Vida), a
Lei nº 13.097/15 (Lei do Registro de Matrículas de Imóvel) e a Lei nº 13.465/17
(Lei de Incentivos à Industria da Construção Civil).
Atualmente, já existem sites que fazem a interligação entre cartórios
estaduais, com acesso mediante Certificado Digital, que facilita a solicitação e
recebimento de certidões e matrículas, seja via física ou digital, mas sempre com
cobrança adicional, além das taxas cartorárias, por se tratar de sites criados por
empresas privadas, agora com o novo sistema poderá realizar alterações
mediante requerimento remoto de atos cartorários e espera-se que sem
cobranças adicionais, tenho em vista que a lei criou o Fundo para Implementação
e Custeio do Sistema Eletrônico dos Registros Públicos.
A MP é aplicada aos usuários e aos oficiais dos registros públicos, que
passarão a realizar atos notariais por meio do SERP, sendo que o sistema fará a
conexão entre usuário e cartório podendo, para tanto, enviar documentos,
requerer averbações, registros, expedir certidões e obter informações, tudo sem
a necessidade de Certificado Digital, pois será realizado mediante assinatura
avançada, a mesma utilizada pelo governo no “gov.br”.
Caberá aos cartórios se adaptarem e se organizarem no atendimento seja
presencial ou virtual, o que deverá ocorrer até 31 de janeiro de 2023, constando
no §1º do art. 4º da MP nº 1.085/21 a obrigatoriedade na adesão, sob pena do
art. 32 da Lei nº 8.935/94 (repreensão, multa e suspensão).
A lei apresenta em seu no art. 6º a emissão de extratos eletrônicos com
dados estruturados para registro e averbação, dispensando a emissão de
documento físico para a realização de negócios, dando mais comodidade e
eficiência, cabendo ao oficial qualificar e disponibilizar ao requerente as
informações do registro em formato eletrônico.
Ademais, a MP trouxe novidades sobre:

• patrimônio de afetação;
• certidão da situação jurídica atualizada do imóvel, comumente
solicitada para realizar tratativas imobiliárias, mas agora será mais
simples e menos onerosa que a certidão de inteiro teor;
• atos sujeitos a registro;
• redução nos prazos cartorários, por exemplo: as certidões eletrônicas
de inteiro teor serão emitidas em até 4 horas e os registros das
escrituras de compra e venda que tinham o prazo de 30 dias serão
reduzidos para 5 dias úteis;
• por fim, reforça o princípio da concentração dos atos na matrícula do
imóvel (visa trazer segurança jurídica).
Entretanto, trata-se de uma Medida Provisória que possui força de lei e
com vigência imediata, sendo editada pelo Presidente da República nos casos de
relevância e urgência (art. 62 da CFRB). Entretanto, deverá ser convertida em lei
no prazo de 60 (sessenta) dias pelo Congresso Nacional, podendo ser emendada
– o que certamente deverá ocorrer – e o início da contagem será após o recesso
parlamentar, podendo ser prorrogável por igual período para que não perca sua
eficácia, nos termos do §3º, art. 60 da referida Carta Magna.

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