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Atividade 07 : Adimplemento e quitação

Qual a natureza jurídica do pagamento? E a da quitação?

Chaves e Rosenvald (2017) apresentam duas definições de pagamento para a


extinção de uma obrigação: o pagamento direto (stricto sensu) como sendo a realização
pontual da prestação pelo devedor, com satisfação dos interesses objetivos do credor,
enquanto que o pagamento lato sensu é qualquer outra forma de satisfação do credor, mesmo
que efetuado coativamente pela via executiva ou através de ato de terceiro. A extinção da
obrigação pelo pagamento em sentido estrito e, portanto, liberatória dessa obrigação, é o que
buscamos responder sobre a sua natureza jurídica.

Conforme Caio Mário da Silva Pereira (2017) essa discussão sobre se é um fato ou um
negócio jurídico é controversa, pois uma forte corrente inclinase na sustentação de sua
natureza fática (Aubry e Rau, Ricci, Larombière, Espínola, Orosimbo Nonato), enquanto outra é
igualmente rica de autorizados nomes no sentido oposto, defendendo seu caráter negocial,
sob o fundamento de que, na prestação que realiza o solvens, algo mais existe do que um
acontecimento, pois que o acompanha um elemento psíquico – o animus solvendi, sem o que
se confundiria a solução da obrigação com uma liberalidade. Caio Mário assume como sedo
mais correta a opinião eclética de Enneccerus, Oertmann, Lehmann, adotada por Serpa Lopes
e Orlando Gomes, para os quais às vezes tem todos as características de um negócio jurídico
quando o direito de crédito objetiva uma prestação que tenha caráter negocial (exemplo: a
emissão de uma declaração de vontade), mas outras vezes não passa de mero fato, quando o
conteúdo da obrigação não tem tal sentido, ou objetive simples abstenções ou prestações de
serviços. Segundo ele, a doutrina mais recente vem considerando o pagamento como ato
jurídico.

Já a quitação, segundo Pontes de Miranda, é o recibo do pagamento, ou daquilo que


se solveu, dado pelo credor ao devedor. Desta forma, aquele que está de posse de quitação da
própria dívida presume-se liberado. A quitação poderá consistir na devolução do título da
dívida ou na entrega, ao devedor, de um recibo em que o credor, ou quem o represente, e
conter as informações previstas no art. 320 do Código Civil de 2002 para ser válido e eficaz.
Pontes de Miranda esclarece que quitação é um ato jurídico strictu sensu. Não é negócio
jurídico bilateral, pois há somente uma declaração unilateral. Também não é negócio jurídico
uma vez que não há vontade. Apenas se reconhece o adimplemento. Venosa (2003) destaca
que quitação é apenas uma demonstração material um fato, ato ou negócio jurídico, de forma
que reconhece ter recebido o que lhe era devido.

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