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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____

VARA CÍVEL DA COMARCA DE JOINVILLE/SC

FULANA DE TAL, solteira, comerciária, residente e


domiciliada na Rua da X, nº. 0000, CEP 44555-666, na Cidade, possuidora do
CPF(MF) nº. 111.222.333-44, com endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br,
ora intermediado por seu mandatário ao final firmado – instrumento
procuratório acostado –, esse com endereço eletrônico e profissional inserto na
referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c
art. 287, ambos do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem necessárias,
vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, com suporte no
art. 186 c/c art. 944, ambos do Código Civil e, ainda, arts. 6º, inc. VI, 12, 14,
18, 20 e 25, § 1º do CDC, a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C (com pedido de preceito


cominatório e indenização)

contra ( 01 ) SOCIEDADE XISTA


EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, pessoa jurídica de direito
privado, estabelecida na Rua Delta, nº. 000, na Cidade, inscrita no CNPJ(MF)
sob o nº. 00.111.333/0001-55, com endereço eletrônico xista@xista.com.br, em
decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

1
INTROITO

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)

A parte Autora não tem condições de arcar com as


despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros
para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas
iniciais.

Destarte, a Demandante ora fórmula pleito de gratuidade da


justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c
105, in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no
instrumento procuratório acostado.

( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

A parte Promovente opta pela realização de audiência


conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da
Promovida, por carta (CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência
designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º).

(1) – SÍNTESE DOS FATOS

A Autora firmara com a Ré, na data de 00 de março de


0000, um Contrato Particular de Promessa e Compra e Venda de Imóvel . (doc. 21
01) O propósito contratual era a aquisição do imóvel sito na Rua das Tantas, nº.
000, Apto. 1303, nesta Cidade além da respectiva garagem de nº. 122. No
tocante ao preço do bem, ajustou-se o pagamento de R$ 000.000,00 ( .x.x.x. ), a
ser adimplido da seguinte forma:

( i ) R$ 00.000, 00 ( .x.x.x. ) , a título de sinal e princípio de


pagamento;

( ii ) R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ) em 25 parcelas mensais e


sucessivas de R$ 000,00 ( .x.x.x. ), vencendo-se a primeira em 00/11/2222;

( iii )R$ 000.000,00 ( .x.x.x.) em uma única parcela, essa a


ser paga por intermédio de financiamento bancário com vencimento na data de
00/11/3333;

( iv ) R$ 00.000,00 ( .x.x.x.) em parcela única, vencendo-se


na data de emissão do termo de habite-se.

Todavia – e esse é o âmago desta pretensão --, a Ré não


entregara o imóvel na data aprazada contratualmente, ou seja, no mês de maio
do ano de 0000, em que pese o pagamento de todas as parcelas avençadas (docs.
02/29).

Ainda que acertada expressamente a data da entrega do


bem, a Autora, por pura cautela, notificou a Demanda almejando obter
informação nesse sentido. (doc. 30). Nada foi respondido.

21
Desse modo, a Promovida encontra-se inadimplente com a
Autora, uma vez que na data do ajuizamento da presente ação, ainda não
recebera as chaves do imóvel adquirido.

Com esse proceder, a Autora sofreu prejuízos de ordem


material (lucros cessantes) e, mais ainda, danos morais, esses motivados pelo
atraso na entrega do tão sonhado imóvel, o que motivou, a propósito, o
ajuizamento da presente ação judicial.

HOC
IPSUM EST.

(2) – NO MÉRITO

(2.1.) – RELAÇÃO DE CONSUMO CONFIGURADA

Inicialmente convém destacar que entre a Autora e a Ré


emerge uma inegável relação de consumo.

Tratando-se de compra e venda de imóvel, cujo


destinatário final é o tomador, no caso a Autora, há relação de consumo, nos
precisos termos do que reza o Código de Defesa do Consumidor:
21
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produtos ou serviço como
destinatário final.
final.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição
ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.

§ 1° (...)

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no


mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações
de caráter trabalhista.

Por esse ângulo, responsabilidade da Ré é objetiva.

Nesse contexto, imperiosa a responsabilização da


Requerida, independentemente da existência da culpa, nos termos do que
estipula o Código de Defesa do Consumidor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

A corroborar o texto da Lei acima descrita, insta transcrever


as lições de Fábio Henrique Podestá:

21
“Aos sujeitos que pertencerem à categoria de
prestadores de serviço, que não sejam pessoas físicas,
imputa-se uma responsabilidade objetiva por defeitos
de segurança do serviço prestado, sendo intuitivo que
tal responsabilidade é fundada no risco criado e no
lucro que é extraído da atividade. “(PODESTÁ, Fábio;
MORAIS, Ezequiel; CARAZAI, Marcos Marins.
Código de Defesa do Consumidor Comentado.
Comentado. São
Paulo: RT, 2010. Pág. 147)

Existiu, em verdade, defeito na prestação de serviços, o


que importa na responsabilização objetiva do fornecedor, ora Promovida.

Nesse sentido:

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE


COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA DE LOTE
EM LOTEAMENTO RESIDENCIAL, CUMULADA
PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DE
IMPOSIÇÃO AOS RÉUS DA OBRIGAÇÃO DE
OUTORGA DE ESCRITURA DEFINITIVA.
LEGITIMIDADE DA IMOBILIÁRIA E
CONSTRUTORA CONTINENTAL LTDA. PARA,
EM LITISCONSÓRCIO PASSIVO COM OS DONOS
DO LOTEAMENTO PARQUE MIKAIL II, NO
BAIRRO DO TABOÃO, GUARULHOS, SER
ACIONADA PELOS COMPROMISSÁRIOS
COMPRADORES. RELAÇÃO DE CONSUMO.
CADEIA DE FORNECIMENTO. CDC, § ÚNICO DO
ART. 7º, ARTS. 18 E 19, E §§ 1O E 2O DO ART. 25. 21
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL COM
PAGAMENTO DE SINAL E PARCELAMENTO DO
SALDO EM 150 PRESTAÇÕES MENSAIS DE
VALORES CRESCENTES. CASO EM QUE OS
VENDEDORES JÁ EMBUTIRAM NO PREÇO
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
PREESTIMADOS. INVALIDADE DE DISPOSIÇÃO
QUE PREVÊ NOVA INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO
MONETÁRIA. CDC, ART. 51, IV. CLÁUSULA QUE
COLOCA O DEVEDOR EM DESVANTAGEM
EXAGERADA E É INCOMPATÍVEL COM A BOA
FÉ E A EQUIDADE. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA QUE SE REFORMA.

Ação julgada parcialmente procedente para o fim de se


estabelecer o preço do contrato no valor acordado pelas
partes, sem nova correção monetária, e obrigar os
promitentes vendedores a outorgar escritura definitiva, sob
pena de multa (CPC, art. 461). (TJSP; APL 0007027-
76.2002.8.26.0224; Ac. 8251258; Guarulhos; Décima
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Cesar Ciampolini;
Julg. 03/03/2015; DJESP 13/03/2015)

(2.2.) – DO DEVER DE INDENIZAR – INADIMPLEMENTO


CONTRATUAL DA RÉ

[ Causa de pedir ]
21
É inquestionável que a Ré não cumprira sua obrigação legal
e contratual de entregar o imóvel que lhe prometera à venda. (Cláusula 17) Não
há qualquer fundamento jurídico em embasar a entrega do imóvel fora do prazo
avençado.

Com efeito, a hipótese em estudo traduz a quebra contratual


por uma das partes (Ré), possibilitando, desse modo, que a parte lesada (Autora)
peça a resolução do contrato ou exigir-lhe o seu cumprimento. ( CC, art. 475) E,
frise-se, a inadimplência em estudo reflete mesmo levando-se em conta a
cláusula contratual de prorrogação de 180 dias. (Cláusula 29)

De outro bordo, a referida cláusula de postergação merece


ser afastada, maiormente quando afronta o Código de Defesa do Consumidor.
No caso, inexiste circunstância contratual igualitária em favor da Autora-
Consimidora. É dizer, essa não poderia atrasar tamanho espaço de tempo.

Tenha-se em conta, mais ainda, que a foi a própria demanda


quem estimou e inseriu cláusula no sentido de definir o prazo da entrega do
imóvel, com o respectivo “habite-se”. Destarte, existiu franca desídia na entrega
da obra. Inexiste, desse importe, qualquer fato capaz de elidir a culpa exclusiva
da Ré pelo atraso na entrega da obra.

É indiscutível que o atraso em espécie reflete diretamente na


privação da Autora usufruir diretamente do imóvel. Igualmente, a inobservância
contratual em debate privou-a de auferir evenveuais rendimentos provinientes do
imóvel, como no caso de locação desse.
21
[ Dano Moral ]

A demora na entrega do imóvel, desmotivadamente, refletiu


na esfera íntima da Autora. Essa sempre aguardou ansiosamente a entrega do
bem, a qual já vinha pagando ao longo de vários meses. Foi frustrante para
mesma deparar-se com o injusticável episódio. Com isso a Promovente sentiu-se
humilhada, maiormente quando fizera todos os preparativos para o ingresso no
imóvel.

Nesse compasso, não se trata de mero aborrecimento; algo


do contidiano do cidadão comum. Vai muito além disso.

Com esse enfoque, é altamente ilustrativo colacionar o


seguinte julgado:

AGRAVO REGIMENTAL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. INADIMPLEMENTO QUE
SE DEU PRIMEIRO POR PARTE DA FORNECEDORA. RESCISÃO
CONTRATUAL. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS PELA CONSUMIDORA.
DANO MORAL CONFIGURADO. IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO DE
QUANTIA A TÍTULO DE DESPESAS ADMINISTRATIVAS. DEVOLUÇÃO QUE
DEVE OCORRER EM PARCELA ÚNICA. RETENÇÃO DO SEGURO
PRESTAMISTA. IMPOSSIBILIDADE. INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR.
INOVAÇÃO RECURSAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE
ARGUMENTO NOVO. DECISÃO MANTIDA.

1. A demora na entrega da obra além do prazo contratual previsto configura falha na


prestação do serviço ensejando o dever de indenizar pelos prejuízos causados à luz da
21
legislação consumerista; 2. A mora da construtora gera para o adquirente direito subjetivo
à rescisão contratual, com o reembolso da integralidade das parcelas pagas, acrescidas de
juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, pagos
em parcela única; 3. Apesar da tese encampada no Superior Tribunal de Justiça, de que o
simples inadimplemento contratual não é suficiente para a configuração do dano moral, o
fato de ser entregue o imóvel após a previsão contratual foge do mero dissabor cotidiano,
razão pela qual deve ser compensada a frustração dos adquirentes; 4. Descabe o pedido de
retenção do valor pago a título de seguro prestamista posto que esta contratação sequer
restou comprovada nos autos. Ademais, referido seguro decorre do próprio negócio
entabulado entre as partes e, tendo a rescisão sido decretada por culpa exclusiva da
construtora, descabido impor à consumidora referido encargo; 5. É inviável a apreciação,
em sede de agravo regimental, de matéria não invocada nas razões do recurso de apelação,
por se tratar de inovação de argumentos não permitida nesta fase processual; 6. O poder
judiciário não tem, dentre suas atribuições, a de órgão consultivo, de modo que o pedido de
prequestionamento não encontra respaldo no ordenamento vigente; 7. Ausente qualquer
fundamento capaz de ensejar a modificação da decisão agravada, deve esta ser mantida em
seus exatos termos, inexistindo subsídios que conduzam ao provimento do agravo
regimental. Agravo regimental conhecido e desprovido. Decisão mantida. (TJGO; AC
0366563-40.2008.8.09.0051; Goiânia; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Itamar de Lima;
DJGO 26/03/2015; Pág. 292)

APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE REVISÃO


CONTRATUAL CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. REJEIÇÃO. CLÁUSULA
DE TOLERÂNCIA. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. DANOS MORAIS.
PASSIVEIS NO CASO CONCRETO.
CONCRETO. DANOS MATERIAIS. CORRETA A
CONDENAÇÃO AO PAGAMENTOS DOS ALUGUÉIS, ANTE O ATRASO
INJUSTIFICADO NA ENTREGA DA OBRA, INCLUSIVE PELO PRAZO SUPERIOR
DE 180 DIAS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.

21
A construtora demandada é parte legítima para figurar no pólo passivo da ação,
considerando que durante todo o período de negociação agiu como responsável pelo
empreendimento adquirido pela parte autora, inviável, portanto, o acolhimento da
preliminar de ilegitimidade passiva. A ausência de previsão contratual da indenização pelo
descumprimento de prazo de entrega não afasta o direito do comprador ao ressarcimento
pelas perdas e danos. Trata-se de responsabilidade contratual que dispensa cláusula
expressa, encontrando amparo nas regras gerais que disciplinam os atos jurídicos,
especificamente no artigo 475 do Código Civil. Inexiste abusividade na cláusula contratual
que difere a entrega da obra para 180 dias após o prazo avençado. Isso porque não só se
trata de prática comum no ramo da construção civil, como também, no caso em espécie, a
disposição contratual foi redigida de forma clara, a permitir a compreensão do leitor, não
se enquadrando nas situações elencadas nos artigos 51 e 54, ambos do Código de Defesa do
Consumidor. Danos materiais relacionados aos valores pagos a título de aluguéis em razão
do atraso na entrega da obra devidos, pois devidamente comprovados nos autos. O atraso
demasiado e injustificado na entrega de obra gera dano moral passível de indenização.
Período que extrapolaram os limites do mero descumprimento contratual caracterizando,
portanto, o dano moral indenizável. Rejeitaram a preliminar e negaram provimento aos
apelos. (TJRS; AC 0466052-15.2014.8.21.7000; Porto Alegre; Décima Sétima Câmara
Cível; Rel. Des. Giovanni Conti; Julg. 26/02/2015; DJERS 09/03/2015)
09/03/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. COMPRA


E VENDA DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO.
ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. MULTA
CONTRATUAL PREVISTA, ACRESCIDA DE
CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA.
CUMULAÇÃO COM INDENIZAÇÃO.
CABIMENTO. DANOS MORAIS.
CARACTERIZAÇÃO.
CARACTERIZAÇÃO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. OBSERVÂNCIA DOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
21
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.

1. A multa por atraso, prevista no contrato, não afastada


o direito ao ressarcimento dos prejuízos materiais dos
consumidores, sendo certo que a penalidade tem caráter
autônomo e não se destina a tarifar, de forma prévia, as
perdas suportadas pelo comprador. 2. A correção do
valor da multa pelo atraso, calculada sobre o preço do
imóvel, à vista, é decorrência lógica da condenação
imposta, vez que não houve estipulação contratual nesse
sentido. 3. A ausência de entrega de imóvel residencial,
em tempo hábil, gera justa expectativa de uso pelo
adquirente, situação passível de causar danos morais. A
fixação da indenização por danos morais pauta-se pela
aplicação dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. (TJMG; APCV 1.0145.12.027616-
0/001; Rel. Des. Alberto Diniz Junior; Julg. 18/03/2015;
DJEMG 25/03/2015)

[ Dano Material – Lucros cessantes ]

Não bastasse isso, é de se ressaltar que o injustificado atraso


na entrega do imóvel trouxera danos patrimomiais expressivos à Autora.

Em conta disso, a Promovente deixara de auferir frutos de


rendimentos locatícios do imóvel em liça. Assim, a privação da utilização
econômica do imóvel trouxe prejuízos financeiros de lucros cessantes.

Nesse prumo, urge transcrever os seguintes arestos, in


verbis:
21
DIREITO DO CONSUMIDOR. ATRASO NA
ENTREGA DE IMÓVEL NA PLANTA. CASO
FORTUITO NÃO CONFIGURADO.
DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL.
POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE LUCROS
CESSANTES E MULTA CONTRATUAL. TURMA
DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.
INSUFICIÊNCIA DO HABITE-SE.
DESNECESSIDADE DE QUITAÇÃO DO
CONTRATO. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.

1 - O descumprimento contratual, consistente na demora


na entrega do imóvel, enseja a indenização por lucros
cessantes. 2 - No caso em exame não resta dúvida de que
o imóvel gera potencialidade de ganhos, seja pela
locação seja pela ocupação própria, sendo certo que, em
uma ou em outra situação, os lucros cessantes devem ser
calculados pelo seu potencial de renda, que é apurado
pela estimativa de valor de aluguel de imóvel
equivalente. 3 - A turma de uniformização de
jurisprudência das turmas recursais já fixou o
entendimento de que "é possível cumular lucros
cessantes com multa moratória, em razão do atraso
injustificado na entrega do imóvel, independentemente
da prova da sua destinação (Súmula nº 2). 4 -
Dificuldade administrativa na obtenção de permissão
para a obra é fato previsível e comum na atividade
desenvolvida pela ré, logo, não exclui a responsabilidade
da construtora pelos prejuízos causados ao consumidor.
5 - Eventual inadimplemento do consumidor em relação
ao pagamento do imóvel não serve de argumento para
negar-lhe direito à eventual indenização, uma vez que
21
não restou demonstrado o cumprimento da obrigação da
construtora de entregar o imóvel pronto e acabado. 6 - A
obtenção de "habite-se" não comprova a entrega do
imóvel, que há de ser feita por meio de termo próprio
devidamente assinado pelo promitente comprador. 7 -
Recurso conhecido e improvido. 8 - Custas e honorários
pela recorrente, estes últimos fixados em 15% sobre o
valor atualizado da causa. 9 - Decisão proferida na
forma do art. 46, da Lei nº da Lei nº 9.099/95, servindo a
ementa como acórdão. (TJDF; Rec 2014.07.1.026939-8;
Ac. 857.145; Terceira Turma Recursal dos Juizados
Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz Asiel Henrique;
DJDFTE 27/03/2015; Pág. 340)

APELAÇÃO CÍVEL.

Ação de acertamento de relação jurídico obrigacional c/c


obrigação de fazer, tutela antecipada c/c danos morais
materiais. Obra não foi entregue na data aprazada e
decorreu o prazo de tolerância de 180 dias, previsto
contratualmente sem a respectiva entrega da unidade.
Decorrência do atraso, de rigor a indenização por lucros
cessantes, pois ao contrário do alegado nas razões de
apelo da ré, houve comprovação documental necessária
ao ensejo de quantum indenizatória, especialmente, pela
presença nos autos de contrato de locação de imóvel
para fins residenciais pactuado pelo apelado com
terceiros. Devido o pagamento de lucros cessantes, diga-
se pagamento de alugueis, em vista da moral contratual
da construtora consubstanciado pelo atraso na entraga
da obra. Cumulação entre a cláusula penal e os lucros 21
cessantes se mostra descabida, uma vez que a
indenização a título de lucros cessantes compensa as
perdas e danos que o promitente comprador acomete ao
não receber o imóvel na data aprazada. Destarte,
inoportuna a cobrança desses acumulados com a multa
prevista no contrato, com o mesmo caráter indenizatório,
face a iminência de incorrer em bis in idem, capaz de
produzir enrequecimento sem causa. Quanto ao dano
moral, vislumbro que o mesmo não decorre do simples
inadimplemento, necessário, para tanto, demonstrar a
ocorrência de lesão aos direitos da personalidade. Em
que pese o inadimplemento contratual, para a
configuração do dano moral, é imprescindível que o
ilícito repercuta na esfera da dignidade da pessoa
humanda. Não se compreende que a simples
aborrecimentos, em situações corriqueiras do dia a dia, a
que todos estão sujeitos, possam causar dor íntima, com
padecimentos psicológicos intenso, de forma ensejar
reparação a título de danos morais. Incabível portanto
indenização por dano moral. Recurso conhecido e
parcialmente provido, reformando a sentença
vergastada, para retirar a condenação de indenização
por danos morais, bem como pela impossibilidade de
cumulação entre a multa da cláusula penal contratual e
os lucros cessantes, á unânimidade. (TJPA; APL
0026726-63.2013.8.14.0301; Ac. 144274; Belém; Quarta
Câmara Cível Isolada; Relª Desª Elena Farag; Julg.
09/03/2015; DJPA 26/03/2015; Pág. 175)

APELAÇÕES CÍVEIS. PROMESSA DE COMPRA E


VENDA. AÇÃO CONDENATÓRIA. ATRASO NA 21
ENTREGA DAS OBRAS. VÍCIOS CONSTRUTIVOS.
CONFIGURAÇÃO DO DEVER DE INDENIZAR.
DANOS MATERIAIS. LUCROS CESSANTES
PRESUMIDOS.
PRESUMIDOS. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS.
ATRASO NA CONCLUSÃO DO IMÓVEL E
DEFEITOS CONSTRUTIVOS.

Hipótese em que é incontroverso nos autos a entrega do


imóvel 07 meses após o prazo contratualmente previsto -
Já considerada a cláusula de tolerância -, bem como a
existência de vícios na edificação, que foram
satisfatoriamente sanados apenas em setembro de 2013.
Danos emergentes. As despesas mensais com IPTU,
taxas condominiais, água e luz, após a entrega do
imóvel, são de responsabilidade do proprietário, não
havendo que se falar em sua restituição em razão do
atraso na entrega da obra ou da existência de vícios de
construção. Lucro cessantes e seu respectivo quantum.
Mostra-se possível a fixação de aluguéis, em favor do
promissário comprador, durante o tempo em que a
promitente vendedora permaneceu em mora, como
forma de reparação pela privação de utilização do
imóvel, independentemente de prova acerca da
finalidade para a qual adquirido o bem. O prejuízo, no
caso, é presumível. Precedentes desta corte e do STJ.
Fixação do quantum mensal com base no laudo anexado
à exordial, porquanto emitido por imobiliária com
registro no creci, bem como que ausente impugnação,
por parte da ré, acerca de seu teor. Danos
extrapatrimoniais. A aquisição de imóvel comercial
ainda no ano de 2009, o qual foi concluído somente em
outubro de 2012, gera expectativas e frustrações que, por
si só, já bastam à configuração do dano. Caso em que a
21
loja foi entregue com inúmeros vícios construtivos,
dentre os quais falhas nas esquadrias, que ocasionaram
a inundação do imóvel em razão de tempestade, bem
como o rompimento dos vidros. Ônus sucumbenciais.
Com a reforma da decisão, faz-se necessário o
redimensionamento dos ônus sucumbenciais, que serão
integralmente arcados pela ré, porquanto mínimo o
decaimento da parte autora. Inteligência do § único, do
art. 21, do CPC. Honorários advocatícios. Reforma do
valor fixado, qual seja o de R$ 600,00, para 10% sobre o
valor da condenação atinente aos danos materiais e
extrapatrimoniais, observados os vetores do art. 20, § 3º,
do CPC. Apelo da ré. Prejudicada a análise do recurso
da requerida, posto que visava tão somente à majoração
dos honorários advocatícios outrora arbitrados em favor
de seus patronos. À unanimidade, julgaram prejudicado
o apelo da ré e deram parcial provimento ao apelo do
autor no ponto referente aos danos morais. Por maioria,
vencida a desembargadora vogal, deram parcial
provimento ao apelo do autor também no que tange aos
lucros cessantes. (TJRS; AC 0491802-
19.2014.8.21.7000; Porto Alegre; Vigésima Câmara
Cível; Rel. Des. Dilso Domingos Pereira; Julg.
11/03/2015; DJERS 25/03/2015)

Em face do exposto, impõe-se a conclusão de que a Ré agiu


com culpa, quando assim trouxera prejuízos financeiros à Autora, de ordem
patrimonial e moral.

(3) – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

21
POSTO ISSO, como últimos requerimentos desta Ação
Cominatória c/c Indenizatória, a Autora requer que Vossa Excelência se digne
de tomar as seguintes providências:

3.1. Requerimentos

a) A parte Autora opta pela realização de audiência


conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida
para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334,
caput), se assim Vossa Excelência entender pela possibilidade legal de
autocomposição; (CPC, art. 334, § 4º, inc. II);

b) requer, ademais, seja deferida a inversão do ônus da


prova, maiormente quando a hipótese em estudo é abrangida pelo CDC, bem
assim a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita.

b) seja deferida de plano tutela provisória inibitória de


obrigação de fazer (CPC, art. 497 c/c art. 537), no sentido de que a Ré seja
instada a entregar o imóvel em vertente no prazo de 10(dez) dias, sob pena de
multa diária de R$ 5.000,00(cinco mil reais) (CPC, art. 297).

3.2. Pedidos

a) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS


FORMULADOS NESTA AÇÃO, para assim declarar nula a cláusula contratual
que estabelece prazo de 180(cento e oitenta dias) para postergação na entrega do
imóvel (cláusula de tolerância), por ser absusiva e afrontar o CDC; 21
b) condenar a Promovida a pagar à Autora a quantia de R$ 20.000,00(vinte mil
reais), à guiza de danos morais perpetrados;

c) condenar a Ré a pagar à Autora o equivalente a multa contratual de


inadimplência prevista na cláusula 28, ou seja, em 20%(vinte por cento) do
montante inadimplido (CC, art. 411);

DIREITO CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL EM


CONSTRUÇÃO. INADIMPLEMENTO PARCIAL. ATRASO NA ENTREGA DO
IMÓVEL. MORA. CLÁUSULA PENAL. PERDAS E DANOS. CUMULAÇÃO.
POSSIBILIDADE.

1.- A obrigação de indenizar é corolário natural daquele que pratica ato lesivo
ao interesse ou direito de outrem. Se a cláusula penal compensatória funciona
como r

pé-fixação das perdas e danos, o mesmo não ocorre com a cláusula penal
moratória, que não compensa nem substitui o inadimplemento, apenas pune a
mora. 2.- Assim, a cominação contratual de uma multa para o caso de mora não
interfere na responsabilidade civil decorrente do retardo no cumprimento da
obrigação que já deflui naturalmente do próprio sistema. 3.- O promitente
comprador, em caso de atraso na entrega do imóvel adquirido pode pleitear,
por isso, além da multa moratória expressamente estabelecida no contrato,
também o cumprimento, mesmo que tardio da obrigação e ainda a indenização
correspondente aos lucros cessantes pela não fruição do imóvel durante o
período da mora da promitente vendedora. 4.- Recurso Especial a que se nega
provimento. (STJ - REsp 1.355.554; Proc. 2012/0098185-2; RJ; Terceira
Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; Julg. 06/12/2012; DJE 04/02/2013)
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d) condenar a Promovida pagar indenização por lucros cessantes no importe de
R$ 890,00(oitocentos e noventa reais) por mês de atraso na entrega do imóvel,
valor esse obtido por avaliação de Corretor de Imóveis devidamente registrado
no Creci. (doc. 31) Subsidiariamente (CPC, art. 326), requer que o valor seja
apurado em liquidação de sentença. O termo inicial será o da data prevista
contratualmente para entrega do imóvel, ou seja, dia 00 de março de 0000. Não
acolhido o pleito de anular-se a cláusula de tolerância (item ‘a’), ainda
subsidiariamente pede-se o termo inicial seja ao final do prazo previsto como
tolerância (180 dias);

e) pleiteia que seja definida, por sentença, a extensão da obrigação condenatória,


o índice de correção monetária e seu termo inicial, os juros moratórios e seu
prazo inicial;

Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre


dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo
prejuízo.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a


partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual.

f) por fim, seja a Ré condenada em custas e honorários


advocatícios, esses arbitrados em 20%(vinte por cento) sobre o valor da
condenação (CPC, art. 82, § 2º, art. 85 c/c art. 322, § 1º), além de outras
eventuais despesas no processo (CPC, art. 84).

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Com a inversão do ônus da prova, protesta prova o alegado
por todos os meios admissíveis em direito, assegurados pela Lei Fundamental
(art. 5º, inciso LV, da C.Fed.), em especial pelo depoimento do representante
legal da Ré, perícia, oitiva de testemunhas a serem arroladas oportunamente,
tudo de logo requerido.

Concede-se à causa o valor de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ), em


conformidade aos ditames do art. 292, incs. V e VI, do CPC.

Respeitosamente, pede deferimento.

Joinville, 24 de março de 2023

THIAGO RODRIGUES

OAB/SC 33.655

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