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CONTRATO DE TRANSPORTE AÉREO E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO


TRANSPORTADOR1

Josué Felipe Bomfim Gouveia2


Mateus Arruda Nina3
Maria de Fátima Silva Salazar 4
Josanne Cristina R. F. Façanha5

RESUMO
O artigo aborda a importância dos contratos de transporte aéreo e a responsabilidade
civil dos transportador. Os contratos de transporte aéreo são acordos jurídicos entre
a companhia aérea e o passageiro, que estabelecem as condições do transporte, é
comum que nessas operações haja um compartilhamento entre a companhia aérea e
terceiros contratados, como empresas de manutenção e abastecimento, e inclui a
responsabilidade pelos danos causados ao passageiro durante o transporte. Dessa
forma, encarar a responsabilidade civil no transporte aéreo é um grande desafio, já
que muitas vezes a vítima ou seus familiares precisam recorrer à justiça para obterem
seus direitos. A pesquisa é de cunho explicativo e bibliográfico pois há uma análise
da responsabilidade civil no transporte aéreo através de pesquisa em sites, jornais,
artigos e livros. Conclui-se que sendo uma relação de consumo o transportador é
obrigado a zelar pelo transportado, ressalvados os casos fortuitos e de força maior ou
quando há culpa total do transportado pelos danos causados.

Palavras-Chave: Transporte; responsabilidade; passageiro; contrato; resolução

1 INTRODUÇÃO
A Constituição Federal, de 1988, revolucionou a regulação legal sobre a
responsabilidade civil dos transportadores aéreos, substituindo o ínfimo sistema
estabelecido pela convenção de Varsóvia e demais legislações complementares da
mesma. Entretanto, apesar de garantir no art. 37, § 6º, a responsabilidade objetiva
das companhias aéreas para indenizações e no art. 5, incisos V e X, a restituição de
danos morais, ainda ocorrem inúmeros casos de atrasos em voos, extravio de
bagagens e morte de pets, os quais são tratados como objetos pelas transportadoras.

1
Paper apresentado à disciplina de Contratos Cíveis e Responsabilidade Civil do Centro Universitário
Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB.
2
Aluno do 4° período do Curso de Direito da UNDB.
3
Aluno do 4° período do Curso de Direito da UNDB.
4
Aluno do 4° período do Curso de Direito da UNDB.
5
Professora Doutora, Orientadora.
2

Dessa forma, como podemos garantir a satisfação de indenizações por danos com
análise de responsabilidade na relação entre prestador e consumidor?
A fim de garantir a responsabilidade civil dos transportadores aéreos é
importante destacar que, em razão da especificidade do contrato de transporte aéreo,
no que se refere a celeridade e rapidez do meio de locomoção, as companhias aéreas
devem receber o encargo de indenizar as pessoas que sofreram algum dano em voos
atrasados, pois há responsabilidade objetiva. Todavia, em alguns casos, como fato de
terceiro, culpa da vítima ou força maior, não há. Portanto, é importante observar os
pontos circunstanciais antes de ingressar com uma ação indenizatória.
Tendo em vista as relações de consumo e a responsabilidade objetiva do
transportador, é importante solucionar o conflito de normas entre o Código do
consumidor, Tratado de Varsóvia e o Código Brasileiro de Aeronáutica no que tange
à responsabilidade parcial do dano causado e em como essa atitude fere o direito a
igualdade positivado pela Constituição de 1988.
Em primeiro plano, na esfera científica, é de suma importância o estudo
dos contratos de transporte aéreo e da responsabilidade civil, haja visto que para o
funcionamento correto de um sistema complexo e abrangente, é necessário seguir
diversas regras previstas e de conhecimento geral, objetivando maior redução de
problemas que possam dificultar o andamento das atividades prestadas
(GRAMACHO, 2022).
Nessa conjuntura, no prisma social, a abordagem do tema é essencial para
refletir sobre a parte legal dos transportes e como se adequar ao regimento tanto por
parte das pessoas físicas quanto por parte das pessoas jurídicas que atuam na
prestação dos serviços.
Nessa perspectiva, no âmbito pessoal, torna-se importante a análise
voltada para indivíduos enquanto consumidores, e dar conhecimento aos direitos
imersos em um contrato de adesão, como é o caso do transporte aéreo, e de que
forma deverão ser ressarcidos, uma vez que o Código de defesa do consumidor frisa
que a indenização deve ser integral e na proporção do dano sofrido, não comportando
limitações.
A pesquisa realizada é explicativa, uma vez que visa analisar e discutir de
forma esclarecedora o sistema aéreo nacional e as regências necessárias para o ideal
funcionamento, a partir dos contratos de transporte aéreo e da responsabilidade civil
do transportador (GIL, 2008). Além disso, é também de cunho bibliográfico, nesse
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sentido, foram pesquisados nos sites de busca Scielo e Google Acadêmico, artigos,
matérias jornalísticas e uma legislação, publicados entre 1988 e 2022.
Os principais objetivos da pesquisa são a análise dos contratos de
transporte aéreo e como ocorre a responsabilidade civil dos transportadores aéreos.
De modo mais específico, buscam-se o destaque na legislação dos aspectos
importantes do contrato de transporte aéreo e sua relação com a responsabilidade
civil, a exposição do entendimento jurisprudencial para a reparação de danos nos
transportes aéreo, marítimo e terrestre. Por fim, é essencial discutir as implicações
nos contratos em decorrência do ressarcimento de danos causados pela companhia
de transporte aéreo à terceiros.

2 ASPECTOS LEGAIS IMPORTANTES SOBRE AS ESPECIFICIDADES DO


CONTRATO DE TRANSPORTE AÉREO E SUA RELAÇÃO COM
RESPONSABILIDADE CIVIL
O mercado da aviação está em constante crescimento, com um número
cada vez maior de passageiros e empresas aéreas. Por isso, os contratos de
transporte aéreo são formulados e aprimorados para garantir um bom funcionamento
do transporte aéreo, que é um direito fundamental do indivíduo, seja para o transporte
de pessoas, bagagens ou cargas. O Código Civil brasileiro contém regulamentações
para esse processo, abrangendo os artigos 730 a 756 (BRASIL, 2002).
O transporte aéreo pode ser dividido em modalidades, como o transporte
de pessoas, coisas e carga, regulamentado pelas disposições legislativas do país. No
caso do transporte doméstico, é regulado pelo Código Brasileiro de Aeronáutica e sua
legislação complementar, além do Código de Defesa do Consumidor, que se aplica
ao contrato de transporte aéreo como uma relação de consumo. Já o transporte
internacional não possui um regime jurídico único, sendo regulamentado pela
Convenção de Varsóvia, aplicável quando o ponto de partida e de destino estejam
situados em território de duas ou mais partes contratantes.
O Estado desempenha um papel fundamental no transporte aéreo, desde
a criação de leis e portarias até a manutenção do tráfego aéreo, aeroportos e
companhias aéreas. No Brasil, o controle do tráfego aéreo nacional é realizado pelo
Ministério da Defesa, enquanto a ANAC é responsável pela administração da aviação
civil e a INFRAERO é responsável pela criação e manutenção dos aeroportos.
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Uma das inovações trazidas pela nova Constituição é o fato de que o


transportador aéreo é considerado um concessionário de serviço público, com
responsabilidade objetiva por eventuais danos causados a terceiros, mesmo que
decorra de contrato. Pessoas jurídicas de direito público e as prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos causados por seus agentes, assegurando o direito
de regresso contra o responsável em casos de dolo ou culpa (FARES, 2016).
A Constituição Federal de 1988 (art. 5º, incisos V e X) reconhece a
existência do dano moral decorrente da responsabilidade do transporte aéreo, apesar
de o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) e a Convenção não preverem a 4
possibilidade de indenização por esse tipo de dano. A Constituição é a lei superior e
prevalece sobre outras leis, tornando clara a possibilidade a indenização por dano
moral em casos de atraso de voo e extravio de bagagem. Isso significa que, após a
promulgação da atual Constituição, o sistema de responsabilidade civil do
transportador aéreo conhecido como "sistema varsoviano" deixou de ter validade, uma
vez que era incompatível com a nova Constituição (FARES, 2016).
No contrato da LATAM, no Capítulo 9 - Responsabilidade do Passageiro,
são mencionados os deveres do passageiro em relação ao porte de documentos,
vestimenta, regras de conduta, uso de dispositivos eletrônicos e acomodação, além
de questões relacionadas à bagagem, consumo de bebidas alcoólicas, proibição de
fumar e transporte de itens que possam representar riscos para o voo. Além disso,
destaca-se a obrigação do passageiro de abster-se de atitudes que causem
incômodo, desconforto ou prejuízo aos demais passageiros (LATAM, 2019).
No contrato de transporte da Gol Linhas Aéreas, são usados termos mais
enfáticos como "obrigação", "obediência", "boa ordem" e "disciplina". Além disso,
enfatiza-se o dever de "Obediência à Tripulação" e destaca-se o poder do comissário
para impedir o embarque ou fazer o desembarque de passageiros. Há ainda menção
ao transporte de arma de fogo durante o voo (GOL, 2019). Já a Azul Linhas Aéreas
especifica os deveres do passageiro, incluindo a obrigação de atender às solicitações
da tripulação e menciona medidas de segurança em caso de descumprimento. A
autoridade do comandante também é mencionada em um item específico (AZUL
Linhas aéreas, 2019).
Assim, os contratos das companhias aéreas mencionam as condutas
esperadas dos passageiros, mas não enfatizam a importância da observância dessas
normas para a segurança e sucesso do voo. Cada contrato aborda a indisciplina de
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maneira específica, contribuindo para a compreensão da inadequação desses


comportamentos. No entanto, devido à cultura de impunidade no Brasil e à pressão
da economia emergente, as empresas aéreas podem não tomar medidas tão rígidas
contra a indisciplina, a fim de evitar perda de mercado (GAMACHO, 2022).

3 ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL REFERENTE AO TRANSPORTE AÉREO,


MARÍTIMO E TERRESTRE, E A POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO
O Supremo Tribunal Federal esclareceu em agravo de regimento o
julgamento do RE 636.331-RG/RJ, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, que de
acordo com o art. 178 da CF há a prevalência das convenções de Varsóvia e Montreal
em relação ao Código de Defesa do Consumidor no que tange a limitação da
responsabilidade de transportadoras aéreas de passageiros. Entretanto, destaca-se
que tais tratados internacionais se aplicam exclusivamente ao transporte aéreo
internacional de pessoas, cargas ou bagagens, não alcançando os contratos de
transporte aéreo nacional. Ademais, os acordos internacionais citados alcançam
somente a indenização por dano material, e não os casos de indenização por dano
moral. Por fim, a controvérsia constitucional apresentada foi resolvida por
unanimidade no sentido da inaplicabilidade das Convenções de Varsóvia e Montreal
na condenação ao pagamento de indenização por dano moral.
O Superior Tribunal de Justiça no caso de transporte marítimo específico,
inadmitiu recurso especial interposto, pois as disposições do Código de Defesa do
Consumidor se aplicam precisamente à relação jurídica em questão em detrimento
das que estão no Protocolo de Santa Maria ou no Código Comercial, por se tratar de
relação consumerista em que o requerente é o consumidor final. Além disso, A Corte
de Justiça já firmou entendimento no sentido de que o Código de Defesa do
Consumidor não se aplica ao transporte marítimo somente nas de insumo (AgInt nos
EDcl no REsp n. 1992.870/SP, relatora Min. Nancy Andrighi , Terceira Turma, julgado
em 9/11/2022).
O Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial: REsp XXXXX SP
XXXX/XXXXX-2 negou provimento, destacando que a responsabilidade civil no
contrato de transporte pessoas é objetiva, sendo um dever do transportador a
reparação do dano causado ao passageiro quando fica evidente a relação do nexo
causal e o serviço prestado. Além disso, na Súmula 187 do Supremo Tribunal Federal
está expresso que a responsabilidade do transportador, em caso de acidente com
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passageiro, não é elidida por um terceiro, contra o qual se deve buscar ação
regressiva. Portanto, há o dever de ressarcir o acidente causado com passageiro que
tenha ocorrido por caso fortuito, tendo nexo causal com o serviço prestado e
caracterizando fortuito interno. Entretanto, na lide formada para essa discussão, o ato
libidinoso praticado por usuário contra passageira é uma ocorrência estranha ao
serviço prestado e foge completamente do alcance preventivo da transportadora,
caracterizando um fortuito externo.
A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o agravo de regimento RE
636.331-RG/RJ enfatiza que as convenções de Varsóvia e Montreal se aplicam de
forma exclusiva aos contratos de transporte aéreo internacional de pessoas ou cargas,
nos contratos de transporte aéreo nacional prevalece o Código de Defesa do
Consumidor. Com um entendimento similar, o Superior Tribunal de Justiça no REsp
n. 1992.870/SP decidiu que nos contratos de transporte marítimo, onde há uma
relação de consumidor final, se sobressai a utilização das disposições do Código de
Defesa do Consumidor, pois os tratados internacionais devem ser utilizados nas
relações de insumo, advindas de um contrato de transporte marítimo.

4 DISCUSSÃO DAS IMPLICAÇÕES CONTRATUAIS EM DECORRÊNCIA DO


RESSARCIMENTO DE DANOS CAUSADOS PELA COMPANHIA DE
TRANSPORTE AÉREO À TERCEIROS
De antemão é válido ressaltar que a responsabilidade civil se encontra no
descumprimento obrigacional, ou seja, através da desobediência de uma regra já
estabelecida em um contrato, ou na inobservância de um preceito normativo. Maria
Helena Diniz (2006) ensina que a responsabilidade civil é o cumprimento das medidas
que obriguem uma pessoa a ressarcir dano moral ou patrimonial gerado a terceiro,
seja causado por ela mesma ou por quem ela responde.
Ainda sobre pensamento de Maria Helena Diniz (2019), há ressalvas, para
deixar claro que o perigo decorre do exercício da atividade do autor, e não do ato do
agente, então nas palavras da pesquisadora, na responsabilidade civil objetiva “a
atividade que gerou o dano é lícita, mas causou perigo a outrem, de modo que aquele
que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dela não resulte prejuízo, terá o
dever ressarcitório (...)”
A Teoria da Responsabilidade Civil Objetiva, está prevista, inclusive, no
Código de Defesa do Consumidor, e afirma que o requisito de culpa é dispensável
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(grifo nosso) para a existência da responsabilidade. Portanto, para haja o direito de


indenização por danos, será necessário comprovar somente: a prática da conduta; o
nexo causal; e o efetivo dano.
As consequências da má prestação dos serviços contratados é do
transportador, porém há casos em que esse encargo é eximido, como por exemplo,
em casos fortuitos, de força maior ou quando nota-se a culpa exclusiva da vítima.
Diante disso, Carlos Roberto Gonçalves (2017), estabelece requisitos para configurar
caso fortuito e força maior, onde não seja determinado a culpa do devedor, pois, se
há culpa, não há caso fortuito, deve ser superveniente e por último, o fato deve ser
fora do alcance do poder humano.
Os principais desafios a serem enfrentados durante a análise da
responsabilidade de indenizar é a existência do dano irreparável e a possibilidade do
enriquecimento injusto do autor do fato delituoso. Sendo assim, em relação a danos
de difícil reparação, não há maneira de sustentar que seria cabível apenas a função
reparatória da responsabilidade civil, tendo em vista a complexidade da avaliação do
dano. Já o enriquecimento injusto do autor do fato ilícito e culposo ocorre através de
uma violação ao direito de outrem, pois o agente lesante sabe que o lucro resultante
da ilicitude é superior a indenização que terá que pagar. Assim, o agente viola os
direitos de outrem, pois o lucro compensa. Quando há o reconhecimento da
ressarcibilidade do dano estritamente moral, a Súmula 37 do STJ e o art. 5º, V e X da
CRFB, admitem de forma implícita a reparabilidade de danos extrapatrimoniais.
A Súmula 491 do STF trata da reparação de um “dano futuro” por morte de
filho menor, trata-se de um marco na bolha jurídica brasileira, pois assim que foi
reconhecida a reparação do dano moral pela mais alta Corte do país houve o
reconhecimento da reparação por dano moral. Portanto, Miguel Reale ensina em sua
doutrina que o direito à vida é garantido pelo art. 5º, caput da C/1988, o que legitima
os pais ao direito de indenização pela morte do filho, tanto de forma material em razão
da impossibilidade de auxílio econômico futuro do filho para os pais, e na espera moral
referente ao sofrimento destes pais decorrente da morte do filho.
Desse modo, conclui-se que o julgador ao se encontrar diante de casos de
reparação por danos no que tange o transporte Aéreo, deve levar em conta não só a
culpa do agente, mas também as condições econômicas de ambas as partes julgadas.
Com o dano moral, a sua reparação deve abarcar as ideias de razoabilidade e
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proporcionalidade, para que haja um efetiva compensação e ressarcimento dos


prejuízos sofridos.
Nessa perspectiva, dois desafios principais surgem ao analisar a
responsabilidade de indenizar. O primeiro é a existência de danos irreparáveis, que
tornam inadequada apenas a função reparatória da responsabilidade civil, dada a
complexidade em avaliar esses danos. O segundo desafio é evitar o enriquecimento
injusto do autor do ato ilícito, ou seja, garantir que a indenização seja proporcional ao
dano causado, sem permitir que o agente lesante se beneficie financeiramente da
ilegalidade cometida. Conforme o ensinamento de Maria Helena Diniz (2006), a
responsabilidade civil consiste na adoção das medidas necessárias para que uma
pessoa seja obrigada a reparar os danos morais ou patrimoniais causados a terceiros,
tanto por sua própria conduta como pela conduta daqueles pelos quais ela é
responsável.
No que diz respeito aos danos extrapatrimoniais, a Súmula 37 do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e os artigos 5º, V e X da Constituição Federal admitem
implicitamente a reparação desses danos. A Súmula 491 do Supremo Tribunal
Federal (STF), por sua vez, trata da reparação do "dano futuro" decorrente da morte
de um filho menor, reconhecendo a reparação do dano moral. Nesse caso, os pais
têm o direito de receber indenização tanto pelo prejuízo econômico futuro decorrente
da impossibilidade de auxílio econômico do filho, como pelo sofrimento moral causado
pela perda. Diante disso, conclui-se que ao analisar casos de reparação de danos no
transporte aéreo, o julgador deve levar em consideração não apenas a culpa do
agente, mas também as condições econômicas das partes envolvidas. No caso do
dano moral, a reparação deve observar critérios de razoabilidade e proporcionalidade,
a fim de garantir uma compensação efetiva e o ressarcimento dos prejuízos sofridos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise das disposições específicas dos contratos de transporte aéreo é
importante para garantir a segurança e sucesso do voo, evitando casos de acidentes,
mas, muitas vezes, as companhias aéreas não tomam medidas rígidas suficientes
para prevenção devido a cultura da impunidade, o que leva a responsabilização civil
posterior dos danos causados. Além disso, pontuar alguns entendimentos
jurisprudenciais relacionados à responsabilidade civil nos transportes aéreo, marítimo
e terrestre corroborou para uma melhor compreensão sobre o assunto, a fim de citar
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as diferenças dos contratos citados. Por fim, o debate sobre as implicações


contratuais é essencial para conhecer as consequências dos danos causados pelas
transportadoras à terceiros e as hipóteses de responsabilidade objetiva e subjetiva.
A primeira hipótese se cumpre, uma vez que a pesquisa consegue
confirmar que há casos em que as transportadoras não precisam reparar o dano, se
este for causado por culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro ou força maior,
cabendo ou não à companhia ressarcir algum valor de dano moral, se assim decidir.
Nesse sentido, foram destacados exemplos em que suas circunstâncias
inviabilizavam a vítima de ingressar com uma ação indenizatória.
A segunda hipótese se cumpre parcialmente, pois através de alguns
entendimentos jurisprudenciais foi possível diferenciar quando se aplica o aparente
conflito de normas do Código de Defesa do Consumidor e outros tratados
internacionais, especificando os casos em que cada um prevalece em relação ao
outro. Entretanto, com tais esclarecimentos, é evidente que não há violação ao direito
de igualdade positivado pela Constituição Federal de 1988.
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REFERÊNCIAS
Art. 5º, XLIX da CRFB – “é assegurado aos presos o respeito à integridade física
e moral.”

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 1
jan. 2017.

DINIZ, Maria Helena. CURSO DE DIREITO CIVIL BRASILEIRO. v.7 – 20. ed. rev. e
atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002) e o projeto
de Lei n. 6.960/2002, São Paulo: Saraiva, 2006.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. v.


7 33. ed. Saraiva Educação: São Paulo, 2019.

GONÇALVES, Carlos Roberto. DIREITO CIVIL 3: ESQUEMATIZADO. 5. ed. São


Paulo: Saraiva Jur, 2017.

GRAMACHO, Daniela Ghiotti. Responsabilidade civil no transporte aéreo: contrato


de transporte aéreo de pessoas. 2022. Disponível em:
https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/27308. Acesso em: 22 mar.
2023.

Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 11 jan.

REALE, Miguel. O dano moral no direito brasileiro. In Temas de Direito Positivo,


1. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 1992.

Súmula 187 da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo


ao Regimento Interno. Sessão Plenária de 13/12/1963 Edição: Imprensa Nacional,
1964, p. 96.

Súmula 491 do STF: “É indenizável o acidente que cause a morte de filho


menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.”

Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano


moral oriundos do mesmo fato.”

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo em recurso especial: AREsp XXXXX


SP XXXX/XXXXX-6. Brasília, 03 de fevereiro de 2023. Disponível em:
https://www.stj.jus.br/. Acesso em: 11 de maio de 2023.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Recurso Especial: REsp XXXXX SP


XXXX/XXXXX-2. Brasília, DF. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/1205679664. Acesso em: 13 mai.
2023
11

Supremo Tribunal Federal (STF). AG.REG. Recurso Extraordinário: RE XXXXX SC.


Brasília, DF, 2022. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/1636413379. Acesso em: 10 mai.
2023.

VARELA, João de Matos Antunes. Das obrigações em geral. Almedina, 2000, p.


611.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2 ASPECTOS LEGAIS IMPORTANTES SOBRE AS ESPECIFICIDADES DO
CONTRATO DE TRANSPORTE AÉREO E SUA RELAÇÃO COM
RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................................................. 3
3 ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL REFERENTE AO TRANSPORTE
AÉREO, MARÍTIMO E TERRESTRE, E A POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO ..... 5
4 DISCUSSÃO DAS IMPLICAÇÕES CONTRATUAIS EM DECORRÊNCIA DO
RESSARCIMENTO DE DANOS CAUSADOS PELA COMPANHIA DE
TRANSPORTE AÉREO À TERCEIROS .................................................................. 6
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 8
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 10

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