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27/09/2022

Cancelamento
de Passagem
Aérea
ATALÁ CORREIA
H T T P S : // ATA L A C O R R E I A . A C A D E M I A . E D U /

Inadimplementos possíveis

ALTERAÇÃO DE VOO CANCELAMENTO ATRASO DE VOO

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27/09/2022

Visão Geral
1) O problema da qualidade.
a. Conceito de boa-fé objetiva como fator de construção de uma qualidade minimamente
esperado.

2) O problema da regulamentação e o diálogo das fontes.


3) A superveniência de fatores que impedem o cumprimento da obrigação (impossibilidade).
4) Legislação aplicável
5) Jurisprudência

CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR


o Conceito:
o Art. 393, par. único, CC.
o “O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível
evitar ou impedir.
o No Brasil, o conceito é empregado na responsabilidade aquiliana e também na contratual,
quando funciona, na prática, como substrato da impossibilidade.
o Guido Alpa
o Caso fortuito indica tudo aquilo que ocorre de forma extraordinária (golpe do acaso ou act of
God) e contra o qual todo o esforço humano será em vão.
o É circunstância extraordinária que retira do agente o poder de interferir no curso
das coisas.
o Não se trata de dificuldade de evitar algo, mas de verdadeira impossibilidade.

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CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR


o Efeitos do caso fortuito.
o O fortuito exonera o devedor da obrigação (art. 393, CC).
o Salvo se:
o As partes convencionaram expressamente que o devedor responderia pelo
caso fortuito
o O devedor estiver em mora (art. 399, CC)
o O devedor tiver que cumprir obrigação alternativa não afetada pelo
fortuito

COVID19 CARACTERIZA CASO FORTUITO?


o Os impedimentos impostos pelo Estado à execução de certas atividades pode caracterizar fortuito,
situação que deve ser analisada caso a caso.
o A obrigação de organizar festa de casamento está impossibilitada pelos decretos de saúde pública. Aqui
há fortuito.
o A abertura de comércio, notadamente em shopping certes, caracteriza um fortuito para os contratos de
locação?
o As obrigações de pagar quantia certa em dinheiro são afetadas por caso fortuito ou impossibilidade?
o “Segundo a opinião dominante na Alemanha, com raízes no pensamento de Friedrich Mommsen – e vigente em
outros sistemas jurídicos, como o italiano, o austríaco ou o suíço e em textos de caráter transfronteiriço -, a
disciplina da impossibilidade não é aplicável a obrigações pecuniárias, isto é, às obrigações que tenham por
objeto dinheiro e que visem ‘proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies possuam como tais’.
Entre nós, a doutrina pronuncia-se negativamente quanto à justificação de uma verdadeira ‘impossibilidade do
cumprimento’ quando estejam em causa obrigações pecuniárias, uma vez que essa impossibilidade deve ser
tratada em sede insolvencial, salientando, assim, que ‘em relação às dívidas pecuniárias nunca se admite a
impossibilidade: o devedor terá sempre de cumprir, sob pena de inadimplemento’” (Catarina. Monteiro Pires.
Impossibilidade da Prestação. Coimbra: Almedina, 2018, p. 32-34)

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Código Civil
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar
o limite da indenização.
Art. 741. Interrompendo-se a viagem por qualquer motivo alheio à vontade do
transportador, ainda que em conseqüência de evento imprevisível, fica ele obrigado a
concluir o transporte contratado em outro veículo da mesma categoria, ou, com a anuência
do passageiro, por modalidade diferente, à sua custa, correndo também por sua conta as
despesas de estada e alimentação do usuário, durante a espera de novo transporte.

Código Brasileiro de Aeronáutica


Art. 229. O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do bilhete se o transportador vier
a cancelar a viagem.
Art. 230. Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o transportador providenciará
o embarque do passageiro, em vôo que ofereça serviço equivalente para o mesmo destino, se houver,
ou restituirá, de imediato, se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de passagem.

Art. 231. Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de escala por período superior
a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o motivo, o passageiro poderá optar pelo endosso do bilhete de
passagem ou pela imediata devolução do preço.

Parágrafo único. Todas as despesas decorrentes da interrupção ou atraso da viagem, inclusive


transporte de qualquer espécie, alimentação e hospedagem, correrão por conta do transportador
contratual, sem prejuízo da responsabilidade civil.

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Resolução Anac n. 400, de 13.12.2016


Dispõe sobre as Condições Gerais de Transporte Aéreo.
Da Alteração do Contrato de Transporte Aéreo por Parte do Transportador
Art. 12. As alterações realizadas de forma programada pelo transportador, em especial quanto ao horário e
itinerário originalmente contratados, deverão ser informadas aos passageiros com antecedência mínima de 72
(setenta e duas) horas.
§ 1º O transportador deverá oferecer as alternativas de reacomodação e reembolso integral, devendo a escolha
ser do passageiro, nos casos de:
I - informação da alteração ser prestada em prazo inferior ao do caput deste artigo; e
II - alteração do horário de partida ou de chegada ser superior a 30 (trinta) minutos nos voos domésticos e a 1
(uma) hora nos voos internacionais em relação ao horário originalmente contratado, se o passageiro não concordar
com o horário após a alteração.

Resolução Anac n. 400, de 13.12.2016


Dispõe sobre as Condições Gerais de Transporte Aéreo.
Da Alteração do Contrato de Transporte Aéreo por Parte do Transportador
Art. 12. (...)
§ 2º Caso o passageiro compareça ao aeroporto em decorrência de falha na prestação da informação, o
transportador deverá oferecer assistência material, bem como as seguintes alternativas à escolha do
passageiro:
I - reacomodação;
II - reembolso integral; e
III - execução do serviço por outra modalidade de transporte.

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Resolução Anac n. 400, de 13.12.2016


Do Atraso, Cancelamento, Interrupção do Serviço e Preterição
Art. 20. O transportador deverá informar imediatamente ao passageiro pelos meios de comunicação
disponíveis:
I - que o voo irá atrasar em relação ao horário originalmente contratado, indicando a nova previsão do
horário de partida; e
II - sobre o cancelamento do voo ou interrupção do serviço.
§ 1º O transportador deverá manter o passageiro informado, no máximo, a cada 30 (trinta) minutos quanto à
previsão do novo horário de partida do voo nos casos de atraso.
§ 2º A informação sobre o motivo do atraso, do cancelamento, da interrupção do serviço e da preterição
deverá ser prestada por escrito pelo transportador, sempre que solicitada pelo passageiro.

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Resolução Anac n. 400, de 13.12.2016


Art. 21. O transportador deverá oferecer as alternativas de reacomodação, reembolso e execução do serviço por
outra modalidade de transporte, devendo a escolha ser do passageiro, nos seguintes casos:

I - atraso de voo por mais de quatro horas em relação ao horário originalmente contratado;

II - cancelamento de voo ou interrupção do serviço;

III - preterição de passageiro; e

IV - perda de voo subsequente pelo passageiro, nos voos com conexão, inclusive nos casos de troca de
aeroportos, quando a causa da perda for do transportador.

Parágrafo único. As alternativas previstas no caput deste artigo deverão ser imediatamente oferecidas aos
passageiros quando o transportador dispuser antecipadamente da informação de que o voo atrasará mais de 4
(quatro) horas em relação ao horário originalmente contratado.

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Resolução Anac n. 400, de 13.12.2016


Preterição ou Overbooking

Art. 22. A preterição será configurada quando o transportador deixar de transportar passageiro que se apresentou
para embarque no voo originalmente contratado, ressalvados os casos previstos na Resolução nº 280, de 11 de
julho de 2013.

Art. 23. Sempre que o número de passageiros para o voo exceder a disponibilidade de assentos na aeronave, o
transportador deverá procurar por voluntários para serem reacomodados em outro voo mediante compensação
negociada entre o passageiro voluntário e o transportador.

§ 1º A reacomodação dos passageiros voluntários em outro voo mediante a aceitação de compensação não
configurará preterição.

§ 2º O transportador poderá condicionar o pagamento das compensações à assinatura de termo de aceitação


específico.

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Resolução Anac n. 400, de 13.12.2016


Preterição ou Overbooking

Art. 24. No caso de preterição, o transportador deverá, sem prejuízo do previsto no art. 21 desta Resolução,
efetuar, imediatamente, o pagamento de compensação financeira ao passageiro, podendo ser por
transferência bancária, voucher ou em espécie, no valor de:

I - 250 (duzentos e cinquenta) DES, no caso de voo doméstico; e

II - 500 (quinhentos) DES, no caso de voo internacional.

Art. 25. Os casos de atraso, cancelamento de voo e interrupção do serviço previstos nesta Seção não se
confundem com a alteração contratual programada realizada pelo transportador e representam situações
contingenciais que ocorrem na data do voo originalmente contratado.

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Resolução Anac n. 556, de 13.5.2020


Flexibiliza em caráter excepcional e temporário da aplicação de dispositivos da Resolução nº 400, de 13 de
dezembro de 2016, em decorrência dos efeitos da pandemia da COVID-19

Art. 2º As alterações realizadas de forma programada pelo transportador, em especial quanto ao horário e
itinerário originalmente contratados, deverão ser informadas aos passageiros com antecedência mínima
de 24 (vinte e quatro) horas em relação ao horário originalmente contratado, ficando suspenso o prazo de
72 (setenta e duas horas) previsto no art. 12 da Resolução nº 400, de 13 de dezembro de 2016.

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Resolução Anac n. 556, de 13.5.2020


Art. 3º Nos casos de alteração programada pelo transportador (art. 12 da Resolução nº 400, de 2016),
atraso do voo, cancelamento do voo e interrupção do serviço (art. 21 da Resolução nº 400, de 2016),
ficam suspensas as obrigações de oferecer:

I - assistência material (art. 27 da Resolução nº 400, de 2016), quando as situações previstas no caput deste
artigo forem decorrentes do fechamento de fronteiras ou de aeroportos por determinação de autoridades;

II - reacomodação em voo de terceiro para o mesmo destino, na primeira oportunidade (art. 28 da


Resolução nº 400, de 2016), onde houver disponibilidade de voo próprio do transportador; e

III - (Revogado pela Resolução nº 640, de 20.10.2021)

Parágrafo único. O transportador fica desobrigado de observar a característica de alimentação de acordo


com o horário e de fornecer voucher individual (inciso II do art. 27 da Resolução nº 400, de 2016).

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Resolução Anac n. 556, de 13.5.2020


Art. 6º O disposto no art. 2º desta Resolução aplica-se a todos os voos
originalmente programados, nos respectivos contratos de transporte aéreo, até 31
de março de 2022. (Redação dada pela Resolução nº 640, de 20.10.2021)

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CBA – Alterado em 2020

Art. 251-A. A indenização por dano extrapatrimonial em decorrência de falha na execução do


contrato de transporte fica condicionada à demonstração da efetiva ocorrência do prejuízo e de
sua extensão pelo passageiro ou pelo expedidor ou destinatário de carga.

(Incluído pela Lei nº 14.034, de 2020).

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Jurisprudência
1. Ação de compensação de danos morais, tendo em vista falha na prestação de serviços aéreos, decorrentes de
cancelamento de voo doméstico. (...) 3. O propósito recursal é definir se a companhia aérea recorrida deve ser condenada a
compensar os danos morais supostamente sofridos pelo recorrente, em razão de cancelamento de voo doméstico. 4.
Na específica hipótese de atraso ou cancelamento de voo operado por companhia aérea, não se vislumbra que o
dano moral possa ser presumido em decorrência da mera demora e eventual desconforto, aflição e transtornos
suportados pelo passageiro. Isso porque vários outros fatores devem ser considerados a fim de que se possa
investigar acerca da real ocorrência do dano moral, exigindo-se, por conseguinte, a prova, por parte do passageiro,
da lesão extrapatrimonial sofrida. 5. Sem dúvida, as circunstâncias que envolvem o caso concreto servirão de baliza para a
possível comprovação e a consequente constatação da ocorrência do dano moral. A exemplo, pode-se citar particularidades a
serem observadas: i) a averiguação acerca do tempo que se levou para a solução do problema, isto é, a real duração do
atraso; ii) se a companhia aérea ofertou alternativas para melhor atender aos passageiros; iii) se foram prestadas a tempo e
modo informações claras e precisas por parte da companhia aérea a fim de amenizar os desconfortos inerentes à ocasião; iv)
se foi oferecido suporte material (alimentação, hospedagem, etc.) quando o atraso for considerável; v) se o passageiro, devido
ao atraso da aeronave, acabou por perder compromisso inadiável no destino, dentre outros. 6. Na hipótese, não foi invocado
nenhum fato extraordinário que tenha ofendido o âmago da personalidade do recorrente. Via de consequência, não há como
se falar em abalo moral indenizável. (...) (REsp n. 1.796.716/MG, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
27/8/2019, DJe de 29/8/2019.)

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CBA – Alterado em 2020


Da Responsabilidade por Dano a Passageiro
Art. 256. O transportador responde pelo dano decorrente:
I - de morte ou lesão de passageiro, causada por acidente ocorrido durante a execução do contrato de
transporte aéreo, a bordo de aeronave ou no curso das operações de embarque e desembarque;
II - de atraso do transporte aéreo contratado.
§ 1° O transportador não será responsável:
I - no caso do inciso I do caput deste artigo, se a morte ou lesão resultar, exclusivamente, do estado de saúde do passageiro,
ou se o acidente decorrer de sua culpa exclusiva;

II - no caso do inciso II do caput deste artigo, se comprovar que, por motivo de caso fortuito ou de força maior, foi
impossível adotar medidas necessárias, suficientes e adequadas para evitar o dano.

(Incluído pela Lei nº 14.034, de 2020).

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CBA – Alterado em 2020


§ 3º Constitui caso fortuito ou força maior, para fins do inciso II do § 1º deste artigo, a ocorrência de 1 (um) ou mais dos
seguintes eventos, desde que supervenientes, imprevisíveis e inevitáveis:

I - restrições ao pouso ou à decolagem decorrentes de condições meteorológicas adversas impostas por órgão do sistema de
controle do espaço aéreo;

II - restrições ao pouso ou à decolagem decorrentes de indisponibilidade da infraestrutura aeroportuária;

III - restrições ao voo, ao pouso ou à decolagem decorrentes de determinações da autoridade de aviação civil ou de qualquer
outra autoridade ou órgão da Administração Pública, que será responsabilizada;

IV - decretação de pandemia ou publicação de atos de Governo que dela decorram, com vistas a impedir ou a
restringir o transporte aéreo ou as atividades aeroportuárias.

§ 4º A previsão constante do inciso II do § 1º deste artigo não desobriga o transportador de oferecer assistência material
ao passageiro, bem como de oferecer as alternativas de reembolso do valor pago pela passagem e por eventuais
serviços acessórios ao contrato de transporte, de reacomodação ou de reexecução do serviço por outra modalidade
de transporte, inclusive nas hipóteses de atraso e de interrupção do voo por período superior a 4 (quatro) horas de
que tratam os arts. 230 e 231 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.034, de 2020).

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Lei n. 14.034, de 06/08/2020


Art. 3º O reembolso do valor da passagem aérea devido ao consumidor por cancelamento
de voo no período compreendido entre 19 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020 será
realizado pelo transportador no prazo de 12 (doze) meses, contado da data do voo cancelado,
observadas a atualização monetária calculada com base no INPC e, quando cabível, a prestação de
assistência material, nos termos da regulamentação vigente.
§ 1º Em substituição ao reembolso na forma prevista no caput deste artigo, poderá ser
concedida ao consumidor a opção de receber crédito de valor maior ou igual ao da passagem aérea,
a ser utilizado, em nome próprio ou de terceiro, para a aquisição de produtos ou serviços oferecidos
pelo transportador, em até 18 (dezoito) meses, contados de seu recebimento.
§ 2º Se houver cancelamento de voo, o transportador deve oferecer ao consumidor, sempre
que possível, como alternativa ao reembolso, as opções de reacomodação em outro voo, próprio ou
de terceiro, e de remarcação da passagem aérea, sem ônus, mantidas as condições aplicáveis ao
serviço contratado.

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Lei n. 14.034, de 06/08/2020


§ 3º O consumidor que desistir de voo com data de início no período entre 19 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2020 poderá optar
por receber reembolso, na forma e no prazo previstos no caput deste artigo, sujeito ao pagamento de eventuais penalidades contratuais, ou por
obter crédito de valor correspondente ao da passagem aérea, sem incidência de quaisquer penalidades contratuais, o qual poderá ser utilizado na
forma do § 1º deste artigo.
§ 4º O crédito a que se referem os §§ 1º e 3º deste artigo deverá ser concedido no prazo máximo de 7 (sete) dias, contado de sua
solicitação pelo passageiro.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se também às hipóteses de atraso e de interrupção previstas nos arts. 230 e 231 da Lei nº 7.565, de 19
de dezembro de 1986.
§ 6º O disposto no § 3º deste artigo não se aplica ao consumidor que desistir da passagem aérea adquirida com antecedência igual ou
superior a 7 (sete) dias em relação à data de embarque, desde que o faça no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contado do recebimento do
comprovante de aquisição do bilhete de passagem, caso em que prevalecerá o disposto nas condições gerais aplicáveis ao transporte aéreo regular
de passageiros, doméstico e internacional, estabelecidas em ato normativo da autoridade de aviação civil.
§ 7º O direito ao reembolso, ao crédito, à reacomodação ou à remarcação do voo previsto neste artigo independe do meio de pagamento
utilizado para a compra da passagem, que pode ter sido efetuada em pecúnia, crédito, pontos ou milhas.
§ 8º Em caso de cancelamento do voo, o transportador, por solicitação do consumidor, deve adotar as providências necessárias perante a
instituição emissora do cartão de crédito ou de outros instrumentos de pagamento utilizados para aquisição do bilhete de passagem, com vistas à
imediata interrupção da cobrança de eventuais parcelas que ainda não tenham sido debitadas, sem prejuízo da restituição de valores já pagos, na
forma do caput e do § 1º deste artigo.
§ 9º O reembolso dos valores referentes às tarifas aeroportuárias ou de outros valores devidos a entes governamentais, pagos pelo
adquirente da passagem e arrecadados por intermédio do transportador, deverá ser realizado em até 7 (sete) dias, contados da solicitação, salvo se,
por opção do consumidor, a restituição for feita mediante crédito, o qual poderá ser utilizado na forma do § 1º deste artigo

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Lei n. 14.046, de 24.8.2020


Art. 1º Esta Lei dispõe sobre medidas emergenciais para atenuar os efeitos da crise decorrente da
pandemia da covid-19 nos setores de turismo e de cultura.
Art. 2º Na hipótese de adiamento ou de cancelamento de serviços, de reservas e de eventos, incluídos shows e
espetáculos, de 1º de janeiro de 2020 a 31 de dezembro de 2022, em decorrência da pandemia da covid-19, o
prestador de serviços ou a sociedade empresária não serão obrigados a reembolsar os valores pagos pelo
consumidor, desde que assegurem: (Redação dada pela Lei nº 14.390, de 2022)

I - a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados; ou


II - a disponibilização de crédito para uso ou abatimento na compra de outros serviços, reservas e
eventos disponíveis nas respectivas empresas.
§1º As operações de que trata o caput deste artigo ocorrerão sem custo adicional, taxa ou multa ao
consumidor, em qualquer data a partir de 1º de janeiro de 2020, e estender-se-ão pelo prazo de 120
(cento e vinte) dias, contado da comunicação do adiamento ou do cancelamento dos serviços, ou 30
(trinta) dias antes da realização do evento, o que ocorrer antes.

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Lei n. 14.046, de 24.8.2020


Art. 3º O disposto no art. 2º desta Lei aplica-se a:
I - prestadores de serviços turísticos e sociedades empresárias a que se refere o art. 21 da Lei nº
11.771, de 17 de setembro de 2008 ; e
II - cinemas, teatros e plataformas digitais de vendas de ingressos pela internet.
Art. 5º Eventuais cancelamentos ou adiamentos dos contratos de natureza consumerista
regidos por esta Lei caracterizam hipótese de caso fortuito ou de força maior, e não são
cabíveis reparação por danos morais, aplicação de multas ou imposição das penalidades previstas
no art. 56 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 , ressalvadas as situações previstas no § 7º do
art. 2º e no § 1º do art. 4º desta Lei, desde que caracterizada má-fé do prestador de serviço ou da
sociedade empresária.

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Jurisprudência
(...) 5. A Agência de Turismo que participa da cadeia de fornecimento do serviço pela venda de pacote turístico e não apenas como
intermediadora de venda de passagens aéreas, deve ser responsabilizada solidariamente pelos danos morais e materiais suportados pelo
consumidor.
6. A ausência de comprovação de falha na prestação do serviço, referente ao traslado entre o hotel e o aeroporto, inviabiliza reconhecer o
direito de ressarcimento do consumidor pelo pagamento de transporte particular.
7. Na hipótese de cancelamento do voo, sem a devida comunicação com antecedência mínima de 72 horas, os danos materiais suportados
pelo Autor, referentes à hospedagem, ao transporte entre o aeroporto e o hotel e à alimentação, devem ser ressarcidos pelas fornecedoras
dos serviços, solidariamente. Incide, na hipótese, as regras excepcionais adotadas para a aviação civil decorrentes da pandemia da COVID
19.
8. Afigura-se indevida a inversão da cláusula penal prevista no contrato celebrado entre as partes, uma vez que os serviços contratados foram
todos efetivamente prestados, ainda que o voo de retorno do Autor tenha ocorrido apenas 24 horas depois do originalmente previsto.
9. A caracterização dos danos morais demanda a comprovação de uma situação de tamanha gravidade que ofenda a honra ou abale
sobremaneira o estado psicológico do indivíduo, circunstância não configurada na hipótese dos autos.
10. É assente na jurisprudência desta eg. Corte de Justiça o entendimento de que a inadimplência contratual, em regra, é mero dissabor da
vida em sociedade e, por si só, não implica o direito de reparação por dano moral. 11. Apelação conhecida e parcialmente provida.
Preliminares rejeitadas.
(Acórdão 1294855, 07063610420208070007, Relator: Robson Teixeira de Freitas, 8ª Turma Cível, data de julgamento: 22/10/2020, publicado
no DJE: 6/11/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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Jurisprudência
4. A relação jurídica estabelecida entre a companhia aérea e o passageiro é de natureza consumerista, pois as partes enquadram-se nos
conceitos de consumidor e fornecedor constantes nos artigos 2º e 3º do CDC, sendo regida pelas normas do microssistema de defesa do
consumidor. 5. O art. 14 do CDC dispõe que o fornecedor de serviços responde de forma objetiva pelos danos causados ao consumidor
quando demonstrada a ocorrência do fato, do dano e do nexo de causalidade, e não será responsabilizado somente quando provar a
ausência de defeito ou quando ocorrer a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 6. Em que pese atraso/alteração de vôo não ser fato
imprevisível, não se deve imputar ao consumidor o ônus de arcar com gastos decorrentes de falha inerente aos riscos da atividade
desempenhada pela companhia aérea. 6.1. Hipótese em que configurado o dano material: com a alteração do voo contratado, os autores
tiveram que acrescentar um pernoite na viagem, situação que exigiu dispêndio com mais uma diária de hotel. (...) 8. Hipótese em que a
conclusão deve ser a de que o atraso no voo extrapolou o mero incômodo ou dissabor, significando violação indenizável da integridade
psíquica dos autores. 8.1. Na hipótese, comprovado que os autores (passageiros) foram prejudicados com a alteração da viagem aérea
contratada. 8.2. O voo foi remarcado para o dia seguinte do previsto, com 12h (doze horas) de diferença, exigindo pernoite dos passageiros.
A viagem ocorreu no período da madrugada, frustrada a expectativa de embarcar em horário confortável para as crianças
(autores/passageiros). Os passageiros estudantes perderam um dia do ano letivo em razão da alteração da data do embarque. 9. Alegação de
caso fortuito consistente no tráfego da malha aérea não é suficiente a afastar a responsabilidade por se tratar de fortuito interno relacionado
aos riscos da atividade desenvolvida por companhias aéreas. (...) (Acórdão 1343879, 07296849020198070001, Relator: MARIA IVATÔNIA, 5ª
Turma Cível, data de julgamento: 26/5/2021, publicado no PJe: 9/6/2021. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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O Reembolso é integral?

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Jurisprudência
1. A controvérsia recursal consiste em se verificar a possibilidade de reembolso integral do valor pago pelas
passagens aéreas, canceladas a pedido do consumidor por causa do Coronavírus, e o cabimento de indenização
por danos morais.
2. O consumidor que desiste de voo pode escolher o reembolso do valor da passagem aérea com o desconto de
eventuais penalidades contratuais ou o crédito de valor correspondente ao da passagem aérea sem incidência
de quaisquer penalidades contratuais (art. 3º, § 3º, da Lei 14.034/2020, que dispõe sobre medidas
emergenciais para a aviação civil brasileira em razão da pandemia da Covid-19).
3. No caso, os consumidores optaram pelo cancelamento e reembolso do valor das passagens aéreas; portanto,
não há falar em reembolso integral do valor pago pelas passagens.
4. As circunstâncias vivenciadas pelos consumidores - demora no cancelamento das passagens e recusa de
reembolso do valor integral das passagens -, por si só, não configuram lesão extrapatrimonial, mas mero mal-
estar, dissabor ou vicissitude do cotidiano.
5. Apelo conhecido e desprovido. Sentença mantida.
(Acórdão 1356228, 07080518620208070001, Relator: ROBERTO FREITAS, 3ª Turma Cível, data de julgamento:
14/7/2021, publicado no DJE: 27/7/2021. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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Mas
(...). PACOTE TURÍSTICO. VIAGEM. HOSPEDAGEM. PREVISÃO DE CANCELAMENTO GRATUITO. CASO
FORTUITO E FORÇA MAIOR. PANDEMIA. COVID-19. RESCISÃO CONTRATUAL E DEVOLUÇÃO INTEGRAL DA
QUANTIA PAGA.

1. Uma vez comprovado que o consumidor cumpriu com os critérios estabelecidos pelo contrato de pacote
turístico para cancelamento de forma gratuita, os valores pagos devem ser restituídos de forma integral.

(...)

(Acórdão 1365045, 07037262920208070014, Relator: SIMONE LUCINDO, 1ª Turma Cível, data de


julgamento: 18/8/2021, publicado no DJE: 3/9/2021. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. CANCELAMENTO DE VOO. PANDEMIA DO COVID-19. REEMBOLSO DE


VALORES. LEI 14.034/20. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Todos aqueles que participam da
cadeia de consumo, auferindo vantagem econômica ou de qualquer outra natureza, por intermediar
transações e parcerias, devem responder solidariamente aos prejuízos causados. 2. O art. 3º da Lei
14.034/2020 estabelece o reembolso integral do valor a passagem aérea, em decorrência de
cancelamento de passagens aéreas na pandemia do COVID-19. 3. Demonstrado o cancelamento do voo
em razão da pandemia do COVID-19 e a inviabilidade de utilização dos créditos daí decorrentes, impõe-se
a restituição integral dos valores despendidos. 4. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO .

(Acórdão 1427125, 07362525420218070001, Relator: LUÍS GUSTAVO B. DE OLIVEIRA, 3ª Turma Cível, data
de julgamento: 26/5/2022, publicado no PJe: 7/6/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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Há caso fortuito?

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27/09/2022

(...) 2. O cancelamento de voo decorrente de problemas de infraestrutura e readequação na malha aérea em razão da pandemia
de Covid-19, sem aviso prévio à consumidora, não exime as fornecedoras do dever de reparar os danos causados, haja vista ser
considerado fortuito interno que integra o risco da atividade econômica realizada pelas rés. Assim, comprovado que não houve
a devida prestação dos serviços, bem como que a falha causou dano material à autora, cabe a restituição dos valores cobrados
quanto ao voo cancelado, bem como quanto ao novo bilhete adquirido pela consumidora.

3. O inadimplemento isolado de obrigação contratual não dá ensejo à ocorrência de dano moral, salvo quando as circunstâncias
excedem o mero descumprimento e alcançam direitos da personalidade do consumidor, violando-os. 4. No caso, a autora
adquiriu nova passagem aérea para a mesma data, chegando ao destino com atraso de apenas 2h40min do horário
originalmente previsto. Dessa forma, não é devida a indenização por danos morais e não há prova nos autos das consequências
na vida psíquica da demandante, nem do abalo a algum atributo da sua personalidade. 5. Recurso da ré conhecido e
parcialmente provido. Recurso adesivo da autora conhecido e parcialmente provido.

(Acórdão 1388031, 07270707820208070001, Relator: ALVARO CIARLINI, , Relator Designado:SANDRA REVES 2ª Turma Cível, data
de julgamento: 17/11/2021, publicado no DJE: 7/12/2021. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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"( ) 3 - De acordo com a doutrina especializada (por todos, o civilista José Fernando Simão), a pandemia
instalada em razão do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da COVID-19, não caracteriza, no âmbito
das obrigações pecuniárias (dar dinheiro), aquilo que se denomina de caso fortuito ou força maior, uma
vez que a transitoriedade desse fenômeno não implica a impossibilidade de adimplemento da prestação.
Em verdade, a peste pode, a depender da particularidade da situação concreta envolvendo obrigação
pecuniária, configurar motivo imprevisível a ensejar a alteração da base objetiva do contrato - elemento
circunstancial dos negócios jurídicos bilaterais, onerosos, comutativos e dependentes de fatos futuros - o
que, conforme o caso, pode vir a permitir a revisão judicial da avença, a fim de reajustar as vontades ao
novo momento em que se encontram as partes (Código Civil, arts. 317 e 478).

(Acórdão 1434788, 07253425920218070003, Relator: MARIA IVATÔNIA, 5ª Turma Cível, data de


julgamento: 6/7/2022, publicado no DJE: 12/7/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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27/09/2022

APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO DO CONSUMIDOR. DIREITO CIVIL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. VOO NACIONAL. CANCELAMENTO. DANOS MORAIS E
MATERIAIS. PANDEMIA. FORÇA MAIOR. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. RECURSO DOS AUTORES CONHECIDO E NÃO PROVIDO. RECURSO DA RÉ CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Os cancelamentos de voo em razão da pandemia são considerados força maior, nos termos do artigo 4º da Lei nº 14.034/2020, excluindo a responsabilidade da empresa
aérea em indenizar os consumidores por danos materiais e morais.

2. A readequação da malha aérea, com o cancelamento de eventuais passagens adquiridas, envolve dinâmicas desconhecidas pelos usuários, ainda mais em tempo de
pandemia com interrupções dos serviços aéreos que ocasionou uma crise histórica no setor.

3. Apesar de os autores disporem de 10 (dez) dias para decidir pela remarcação da passagem, optaram pela aquisição de novas passagens, e não formularam, no presente feito,
pedido de restituição dos valores despendidos com as passagens não usufruídas, direito que lhes seria garantido.

4. Percebe-se que nem toda ordem de abalo psíquico ou perturbação emocional é apta a configurar dano moral, porque este não há de se confundir com os percalços,
aborrecimentos e alterações momentâneas ou tênues do normal estado psicológico, sob pena de banalizar-se e desvirtuar-se a concepção e finalidade de tão destacado
instituto jurídico. 4.1. No caso em análise, aborrecimentos com remarcação de voos, especialmente em situação atípica como na pandemia, não pode ser considerada violação
ao patrimônio imaterial dos autores. 5. Recurso dos autores conhecido e não provido. Recurso da ré conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada.

(Acórdão 1426470, 07144801220208070020, Relator: ROMULO DE ARAUJO MENDES, 1ª Turma Cível, data de julgamento: 25/5/2022, publicado no PJe: 6/6/2022. Pág.: Sem
Página Cadastrada.)

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Agencia de Turismo Responde?


APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZATÓRIA.
CANCELAMENTO DE VOO. AGÊNCIA DE TURISMO. MERA INTERMEDIAÇÃO NA VENDA DE PASSAGEM AÉREA.
AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE. DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. Em conformidade com a jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça, o serviço prestado pela agência de turismo que apenas procede à
intermediação da venda de passagens aéreas não atrai a sua responsabilidade pelo efetivo cumprimento do
contrato de transporte aéreo, à luz do disposto no artigo 14, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor.
Hipótese em que, apesar do voo ter sido cancelado, não há prova de que a companhia aérea foi
administrativamente acionada para remarcação ou reembolso e, ainda, restou demonstrado que a parte teve
tempo hábil para a remarcação de compromisso familiar, não havendo prova de aborrecimento que ultrapasse o
mero dissabor cotidiano, o que resulta na improcedência do pedido de indenização por dano moral.

(Acórdão 1404004, 07013099320218070006, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível, data de julgamento:
9/3/2022, publicado no DJE: 18/3/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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27/09/2022

Alguma Leituras
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/355037/requiem-para-
os-vicios-ocultos

https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/365616/dano-moral-
presumido-no-ambito-do-contrato-de-transporte-aereo

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