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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

CAMPUS ALCINDO CACELA

RELATÓRIO DE AUDIÊNCIA 2024


1. ALUNO(A): MATRÍCULA:

1.1 TURMA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO (I,II, III ou IV):


2. AUDIÊNCIA DE: VARA:
PROCESSO Nº:

2.1 NOME DO JUIZ(A)/SERVIDOR(A) RESPONSÁVEL: ____________________________________

2.2 TRIBUNAL: MATRÍCULA DO SERVIDOR:

3.0 RELATÓRIO

3.1. DADOS DO PROCESSO

NATUREZA DA LIDE Crimes de Trânsito


PARTE NO POLO ATIVO ADALBERTO MELO RIBEIRO
PARTE NO POLO PASSIVO JOSÉ CAIQUE DO CARMO PESSOA
NÚMERO DO PROCESSO 0808814-30.2021.8.14.0401
TIPO DE PROCESSO Criminal
PROCEDIMENTO AUDIENCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
RITO RITO ORDINÁRIO
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CAMPUS ALCINDO CACELA

3.2. Síntese da:


(Obs.: Resumo do pedido e da defesa do Réu, alcançando o que há de mais importante. No
tocante à audiência, destaque para a sequência dos atos desenvolvidos.)

A) TESE (INICIAL)

A tese apresentada na denúncia verifica que, no dia 18 de abril de 2021, por volta das 9h, o Policial Militar
Nivaldo Rodrigues de França declarou que foi acionado para atender uma ocorrência de acidente de trânsito
na Rua José Américo, bairro de Canudos. Ao chegar no local dos fatos, o Policial Militar verificou que o
denunciado havia atropelado a vítima Adalberto Melo Ribeiro. A defesa do acusado não concorda, de forma
peremptória, com os termos da denúncia, porém, reserva-se ao direito de analisar o mérito e apresentar
maiores detalhes de sua contrariedade, por ocasião das alegações finais, para assim demonstrar a este
sábio juízo que não procedem tais acusações contra o indiciado, ou pelo menos não da forma como
expostas pelo ilustre representante do Ministério Público.

B) ANTÍTESE (RESPOSTA/DEFESA)

O suspeito José Caique do Carmo Pessoa, declarou no dia em que foi apresentado na
seccional de São Brás que realizou o Exame Clínico de Embriaguez, entretanto foi liberado
após perito concluir que não estava embriagado. Em seguida, depois do resultado final da
perícia que constatou que ele havia ingerido bebida alcoólica, relatou que acreditava ter
ingerido quatro taças de vinho e certa quantidade de vodca, e que não estava embriagado
quando ocorreu o fato delituoso. O réu afirmou ter prestado socorro, e também, ajudado nas
despesas para que a vítima fosse socorrida.

3.3) ELEMENTOS DO DIREITO, PRESENTES NO CASO:

(Princípios constitucionais Explícitos e Implícitos; Regras-normas- constitucionais presentes; Princípios


Gerais de Direito – infraconstitucionais; Regras de natureza civil aplicável ao caso; Posições
jurisprudenciais aplicáveis ao caso; Fundamentação doutrinária) Obs.: Consiste em, de forma redacional,
sem itens ou subitens, analisar o caso a luz do Direito Brasileiro.

A jurisprudência pátria do TJ MG já tem entendimento pacífico quanto situação de crime de acidente de trânsito, e
com as situações figuradas as consequências da vitima tornar-se paraplégica:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE


TRÂNSITO - RATIFICAÇÃO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO -
DESNECESSIDADE - RODA SOLTA DE CAMINHÃO - CAUSA DETERMINANTE -
FALTA DE USO DE CINTO DE SEGURANÇA - CONCORRÊNCIA DE CULPA
AFASTADA - VÍTIMA PARAPLÉGICA - DANOS MORAIS E ESTÉTICOS - PENSÃO
MENSAL - PERDA DE UMA CHANCE - CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE
MORA - LIDE SECUNDÁRIA - DANOS CORPORAIS - PAGAMENTO LIMITADO À
IMPORTÂNCIA SEGURADA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. De acordo com o art.
1.024, § 5º, do novo CPC, a apelação deverá ser processada e julgada se os
embargos de declaração não alterarem a conclusão do julgamento anterior. Acaso o
acidente teve como causa determinante a soltura da roda de caminhão, em razão do
uso inadequado e/ou má conservação do veículo, inexiste concorrência de culpa em
virtude de eventual falta de uso do cinto de segurança pela vítima. O fato de a roda se
soltar do caminhão não pode ser considerado caso fortuito, mas defeito do veículo,
que poderia ser previsto por seu condutor. Inviável concluir que a utilização do cinto
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amenizaria as lesões sofridas pela vítima, dada a gravidade do acidente, já que o


veículo, além de colidir com a roda do caminhão, caiu em uma ribanceira e capotou
várias vezes. A grave lesão causada por acidente de trânsito, que deixa a vítima
paraplégica, necessitando de auxílio de terceiros para suas atividades básicas,
caracteriza o dano moral, passível de reparação financeira. A fixação do valor da
indenização por danos morais pauta-se pela aplicação dos princípios da razoabilidade
e da proporcionalidade. De acordo com a Súmula nº 387 do Superior Tribunal de
Justiça, são perfeitamente cumuláveis as indenizações por dano moral e estético,
ainda que decorrentes do mesmo evento danoso. Tratando-se de responsabilidade
extracontratual, os juros de mora sobre as indenizações por danos morais e estéticos
devem incidir a partir do evento danoso. Para a fixação da pensão me nsal, deve-se
considerar a perda real de chance da vítima exercer a profissão para a qual se
habilitava, sendo razoável arbitrar a pensão em valor correspondente ao piso salarial
da categoria. As prestações já vencidas deverão ser pagas com base no valor do
salário mínimo de quando deveriam ser pagas, atualizadas monetariamente e
acrescidas de juros de mora a partir do vencimento de cada uma, por se tratar de
obrigação de trato sucessivo. Considerando que o ressarcimento pelos danos deve
ser integral, a pensão mensal deverá ser corrigida monetariamente de acordo com as
variações do salário mínimo, nos termos da Súmula 490, do STF. Não se mostra
razoável compelir os réus a arcarem de uma vez com quantia vultosa e cujo valor
exato é impossível de estabelecer, uma vez que não se pode prever até quando o
autor receberá a pensão mensal. Os danos corporais abrangem os danos morais e
estéticos se não há cláusula contratual expressa, individualizada e redigida em
destaque excluindo a cobertura. A responsabilidade da seguradora é adstrita aos
montantes contratados na apólice, observado o saldo remanescente, desde que
comprovado reembolso já efetuado pela seguradora ao denunciante pelo mesmo
acidente em outra demanda. Em decisões de natureza condenatória, os honorários
advocatícios devem ser fixados com base no valor da condenação, na forma do art .
20, § 3º, do Código de Processo Civil. Na ação de indenização por dano moral, a
condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência
recíproca (Súmula 326, STJ). Se a seguradora contestou a pretensão do denunciante
ao tentar afastar sua responsabilização por danos materiais e estéticos, deve
responder pelas verbas de sucumbência.

(TJ-MG - AC: 10074100038004001 MG, Relator: Rogério Medeiros, Data de


Julgamento: 17/03/2016, Data de Publicação: 01/04/2016)

Ademais, com a previsão do art. 301 do Código de Trânsito Brasileiro que "ao condutor de
veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em
flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela".
Além disso, o Art. 303. Define que: Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor: Penas – detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. Aumenta-se
a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo
anterior

3.4) OPINIÃO CONCLUSIVA: Avaliação crítica da solução jurídica e justa, á luz da


incidência do direito sobre o caso examinado.

Com efeito, ao prever o § 2º do art. 303 que a “pena privativa de liberdade é de reclusão de
dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz
o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de
natureza grave ou gravíssima” - criou o legislador uma modalidade incomum de crime
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agravado pelo resultado, no qual, tanto a decorrência antecedente, como a consequente,


demandam que as condutas sejam culposas.
Embora sejam tais crimes (agravados pelo resultado), de regra, ´preterdolosos´ – dolo no
antecedente e culpa no consequente –, o Código Penal já prevê exceções (por isso digo que
o modo é apenas incomum), seja permitindo a conformação do tipo qualificado em caso de
ser o desfecho realizado dolosamente, seja qualificando pelo resultado delitos culposos
(caso dos crimes contra a incolumidade pública, p. ex.).
A intenção, portanto, parece ter sido permitir que se perfectibilizasse o delito em apreço -
crime de lesões corporais (culposas), no trânsito, qualificado pela natureza das lesões -
diante da existência de duas condutas culposas.

Vale dizer, o agente deveria: (a) desrespeitar os cuidados básicos com a segurança exigidos
na direção do veículo automotor; (b) de tal conduta se originarem lesões corporais na vítima;
(c) amoldarem-se as lesões aos §§ 1º ou 2º, e seus incisos, do art. 129 do CP; (d) haver
previsibilidade objetiva, tanto do resultado antecedente, como do consequente, dependendo
do caso.
A situação em si configura o crime no trânsito, e com a verificação de perícia no que diz
respeito a embriagues, o réu deve ser condenado. Porém, a sentença acontecerá depois dos
outros procedimentos no processo penal, que vão averiguar mais fatos para concretizar a
conduta do réu.

Belém(PA), / /

_____________________________
Assinatura do(a) Estagiário(a)

__________________________________________________
Assinatura do Magistrado/Servidor responsável pela audiência

Matrícula do Servidor:________________________________

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