existem 4 fases para a formação dos contratos: 1. negociação preliminar ou fase de puntuação; 2. proposta, policitação ou oblação; 3. contrato preliminar; 4. contrato definitivo. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
NEGOCIAÇÃO PRELIMINAR (FASE PRÉ-
CONTRATUAL OU DAS TRATATIVAS PRELIMINARES) – “CARTA DE INTENÇÕES”
Esta é a primeira fase na formação de um contrato. É apenas
uma conversa, um diálogo entre as partes manifestando a vontade de celebrar um contrato, seja preliminar ou final. Esta fase de formação do contrato não está expressa no Código Civil e, em tese, NÃO vincula as partes quanto à celebração do contrato definitivo; porém, existem alguns autores que alegam haver responsabilidade contratual caso tal fase seja desrespeitada (quebra das negociações), por conta de se gerar uma “legítima expectativa de contratar”, levando à obrigações de lealdade e confiança pela aplicação do princípio da boa-fé objetiva. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
É após a negociação preliminar que as partes vão
geralmente fazer uma proposta ou “oferta” (que equivale à proposta – art. 429 CC.). É a segunda fase na formação de um contrato: no momento em que o proponente ou policitante faz a proposta, essa proposta é também chamada de “policitação”. Digamos que a outra parte manifeste sua aceitação; a parte que aceita é chamada de aceitante ou oblato. Da convergência entre proposta e aceitação nasce o consentimento. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
A proposta é uma declaração de vontade
“receptícia” (automática), que OBRIGA o proponente ou policitante a assumir a responsabilidade quanto à sustentação e validade do negócio: ou seja, reveste-se de força vinculante, produzindo efeitos ao ser aceita ou recebida pelo oblato/aceitante. O proponente não pode retirá-la imotivadamente, sob pena de responder por perdas e danos. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
Essa regra da obrigatoriedade da proposta NÃO É ABSOLUTA, contendo exceções (art. 427 CC.): a./ se contiver cláusula expressa que lhe retire a força vinculante, sendo considerada um simples “convite a contratar”, quer dizer, se a falta de obrigatoriedade for evidenciada pelo próprio proponente; b./ se o contrário não resultar da natureza do negócio, que é o caso das ofertas ao público (art. 429 CC.), onde informa-se o “até durarem os estoques”, e, por fim, c./ pelas circunstâncias do caso (v. hipóteses do art. 428 CC.). FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
OBS.: devemos diferenciar proposta de contrato entre “presentes” e
entre “ausentes”. A proposta de contrato entre presentes se dá quando EXISTE contato direto e simultâneo entre as partes, de maneira que se elas estiverem no telefone, videoconferência, messenger do Facebook ou no WhattsApp , Teams, Meet ou Zoom, e a proposta for feita por ai, é considerada entre presentes porque é direto e simultâneo. Na proposta entre ausentes, entre as partes NÃO EXISTE contato direto e simultâneo, não sendo possível garantir que a proposta chegará ao destinatário no mesmo instante. É o que ocorre na proposta feita por carta (ainda que com AR), e-mail, telegrama, sedex , WhattsApp (escrito) e fac-símile. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
Quando uma proposta deixa de ser obrigatória (art. 428 CC.):
I – nessa primeira hipótese, a proposta é entre
presentes (considerada feita “pessoalmente”) e sem prazo: se no instante em que foi ofertada a proposta, o aceitante ou oblato manifestou-se pela não aceitação, o proponente ou policitante não ficará obrigado a esperar, ficando livre para negociar com outrem. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
II – esta hipótese refere-se a pessoa ausente: se a
proposta for feita à uma pessoa ausente e sem prazo, e tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta, sem sucesso, o proponente não estará obrigado a aguardar mais, ficando desobrigado quanto à proposta, devendo presumir sua não aceitação. A doutrina entende que o “prazo suficiente” para a resposta é variável conforme as circunstâncias. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
III – nessa terceira hipótese, a proposta é feita à pessoa
ausente, estabelecendo-se prazo para a resposta: se esta não for expedida dentro do prazo dado, o proponente a partir de então ficará desobrigado – afinal, o oblato precisa dizer se aceita ou não. OBS.: se a resposta de aceitação da proposta foi postada no correio pelo oblato dentro do prazo dado pelo proponente, mas recebida por este após a data fixada, também NÃO HAVERÁ obrigatoriedade, exceto se constar expressamente que se levará em conta a “data da postagem” pelo oblato, e não a do “recebimento” da resposta pelo proponente. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
IV – essa quarta hipótese dispõe que o
proponente/policitante poderá retratar-se, retirando a proposta formulada, e não ficará obrigado desde que a referida manifestação de vontade ocorra antes que o oblato receba a proposta ou simultaneamente ao recebimento desta pelo oblato. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
De acordo com o art. 430 CC., se a aceitação chegar
ao conhecimento do proponente fora do prazo, por circunstâncias imprevistas (contra a vontade do oblato), o proponente o comunicará imediatamente a respeito do atraso para se eximir de possíveis prejuízos pela não conclusão do contrato. Se o proponente não fizer a comunicação do atraso, e não levar adiante o negócio, poderá responder pelos prejuízos que vier a sofrer o oblato (perdas e danos). FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
Exemplificando o art. 431 CC.: eu proponho que
você compre meu carro por 30 mil, em parcelas. Você diz que aceita o carro, mas paga 20 mil à vista. O que o oblato fez foi aceitação? Quando a parte que recebe a proposta originária fora do prazo a modifica no todo ou em parte, ou a edita ou restringe, não está “aceitando”, mas fazendo uma contraproposta, que fica condicionada à anuência do proponente. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
Já o art. 433 CC. cuida da retratação do oblato em
condições de igualdade com a retratação do proponente (art. 428, IV, CC.), voltando atrás o oblato na aceitação da proposta formulada. A retratação aqui é considerada válida nas seguintes hipóteses: a) se a retratação for recebida pelo proponente antes da aceitação; ou b) se a retratação do oblato for recebida pelo proponente simultaneamente com a aceitação. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
O caput do art. 434 CC. aduz que contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde a data em que a aceitação é expedida, “ENVIADA” pelo oblato – regra geral da Teoria da Agnição ou Informação, na subteoria da Expedição. Contudo, o art. 434 CC. traz exceções à regra geral (incisos I, II e III), onde se aplica a Teoria da Agnição ou Informação, na subteoria da Recepção, onde a proposta deve ser expedida pelo oblato e “RECEBIDA” pelo proponente: FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
I – este inciso é remissivo ao art. 433 do CC., que
dispõe sobre a hipótese da retratação do oblato chegar ao proponente antes ou simultaneamente com a aceitação. Nesses casos, considera-se inexistente a aceitação, e válida a subteoria da Recepção. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO
II – aqui o proponente se comprometeu a aguardar
a resposta do oblato. A proposta não se aperfeiçoará enquanto a resposta não chegar às mãos do proponente, que deve esperá-la – ou seja, subteoria da Recepção.
III – aqui, se a resposta não chegar no prazo
convencionado, ficará insubsistente a proposta, já que não se atendeu ao prazo fixado – também subteoria da Recepção.