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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – 3

Profa. Érika de Andrade


FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

Para Flávio Tartuce,


existem 4 fases para a
formação dos contratos: 1.
negociação preliminar ou
fase de puntuação; 2.
proposta, policitação ou
oblação; 3. contrato
preliminar; 4. contrato
definitivo. 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 NEGOCIAÇÃO PRELIMINAR (FASE PRÉ-


CONTRATUAL OU DAS TRATATIVAS
PRELIMINARES) – “CARTA DE INTENÇÕES”

Esta é a primeira fase na formação de um contrato. É apenas


uma conversa, um diálogo entre as partes manifestando a
vontade de celebrar um contrato, seja preliminar ou final.
Esta fase de formação do contrato não está expressa no Código
Civil e, em tese, NÃO vincula as partes quanto à celebração do
contrato definitivo; porém, existem alguns autores que alegam
haver responsabilidade contratual caso tal fase seja
desrespeitada (quebra das negociações), por conta de se gerar
uma “legítima expectativa de contratar”, levando à obrigações
de lealdade e confiança pela aplicação do princípio da boa-fé
objetiva.  
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

É após a negociação preliminar que as partes vão


geralmente fazer uma proposta ou “oferta” (que
equivale à proposta – art. 429 CC.).
É a segunda fase na formação de um contrato: no
momento em que o proponente ou policitante faz a
proposta, essa proposta é também chamada de
“policitação”. Digamos que a outra parte manifeste sua
aceitação; a parte que aceita é chamada de aceitante ou
oblato. Da convergência entre proposta e aceitação
nasce o consentimento.  
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

A proposta é uma declaração de vontade


“receptícia” (automática), que OBRIGA o
proponente ou policitante a assumir a
responsabilidade quanto à sustentação e validade do
negócio: ou seja, reveste-se de força vinculante,
produzindo efeitos ao ser aceita ou recebida pelo
oblato/aceitante.
O proponente não pode retirá-la imotivadamente,
sob pena de responder por perdas e danos.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO


Essa regra da obrigatoriedade da proposta NÃO É
ABSOLUTA, contendo exceções (art. 427 CC.): a./ se
contiver cláusula expressa que lhe retire a força
vinculante, sendo considerada um simples “convite a
contratar”, quer dizer, se a falta de obrigatoriedade
for evidenciada pelo próprio proponente; b./ se o
contrário não resultar da natureza do negócio, que é o
caso das ofertas ao público (art. 429 CC.), onde
informa-se o “até durarem os estoques”, e, por fim, c./
pelas circunstâncias do caso (v. hipóteses do art. 428
CC.).
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

OBS.: devemos diferenciar proposta de contrato entre “presentes” e


entre “ausentes”.
A proposta de contrato entre presentes se dá quando EXISTE
contato direto e simultâneo entre as partes, de maneira que se
elas estiverem no telefone, videoconferência, messenger do
Facebook ou no WhattsApp , Teams, Meet ou Zoom, e a proposta for
feita por ai, é considerada entre presentes porque é direto e
simultâneo.
 Na proposta entre ausentes, entre as partes NÃO EXISTE
contato direto e simultâneo, não sendo possível garantir que a
proposta chegará ao destinatário no mesmo instante. É o que ocorre
na proposta feita por carta (ainda que com AR), e-mail, telegrama,
sedex , WhattsApp (escrito) e fac-símile.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO


Quando uma proposta deixa de ser obrigatória
(art. 428 CC.):

I – nessa primeira hipótese, a proposta é entre


presentes (considerada feita “pessoalmente”) e sem
prazo: se no instante em que foi ofertada a proposta, o
aceitante ou oblato manifestou-se pela não
aceitação, o proponente ou policitante não ficará
obrigado a esperar, ficando livre para negociar com
outrem.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

II – esta hipótese refere-se a pessoa ausente: se a


proposta for feita à uma pessoa ausente e sem prazo,
e tiver decorrido tempo suficiente para chegar a
resposta, sem sucesso, o proponente não estará
obrigado a aguardar mais, ficando desobrigado
quanto à proposta, devendo presumir sua não
aceitação. A doutrina entende que o “prazo
suficiente” para a resposta é variável conforme as
circunstâncias.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

III – nessa terceira hipótese, a proposta é feita à pessoa


ausente, estabelecendo-se prazo para a resposta: se esta
não for expedida dentro do prazo dado, o proponente a
partir de então ficará desobrigado – afinal, o oblato
precisa dizer se aceita ou não.
OBS.: se a resposta de aceitação da proposta foi postada no
correio pelo oblato dentro do prazo dado pelo proponente,
mas recebida por este após a data fixada, também NÃO
HAVERÁ obrigatoriedade, exceto se constar expressamente
que se levará em conta a “data da postagem” pelo oblato, e
não a do “recebimento” da resposta pelo proponente.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

IV – essa quarta hipótese dispõe que o


proponente/policitante poderá retratar-se,
retirando a proposta formulada, e não ficará
obrigado desde que a referida manifestação de
vontade ocorra antes que o oblato receba a
proposta ou simultaneamente ao recebimento desta
pelo oblato.
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 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

De acordo com o art. 430 CC., se a aceitação chegar


ao conhecimento do proponente fora do prazo, por
circunstâncias imprevistas (contra a vontade do oblato),
o proponente o comunicará imediatamente a respeito
do atraso para se eximir de possíveis prejuízos pela não
conclusão do contrato. Se o proponente não fizer a
comunicação do atraso, e não levar adiante o
negócio, poderá responder pelos prejuízos que vier a
sofrer o oblato (perdas e danos).
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 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU
OBLAÇÃO

Exemplificando o art. 431 CC.: eu proponho que


você compre meu carro por 30 mil, em parcelas. Você
diz que aceita o carro, mas paga 20 mil à vista.
O que o oblato fez foi aceitação?
Quando a parte que recebe a proposta originária
fora do prazo a modifica no todo ou em parte, ou
a edita ou restringe, não está “aceitando”, mas
fazendo uma contraproposta, que fica condicionada
à anuência do proponente.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU
OBLAÇÃO

Já o art. 433 CC. cuida da retratação do oblato em


condições de igualdade com a retratação do
proponente (art. 428, IV, CC.), voltando atrás o
oblato na aceitação da proposta formulada. A
retratação aqui é considerada válida nas seguintes
hipóteses: a) se a retratação for recebida pelo
proponente antes da aceitação; ou b) se a retratação
do oblato for recebida pelo proponente
simultaneamente com a aceitação.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO


O caput do art. 434 CC. aduz que contratos entre
ausentes tornam-se perfeitos desde a data em que a
aceitação é expedida, “ENVIADA” pelo oblato –
regra geral da Teoria da Agnição ou Informação, na
subteoria da Expedição.
Contudo, o art. 434 CC. traz exceções à regra geral
(incisos I, II e III), onde se aplica a Teoria da
Agnição ou Informação, na subteoria da Recepção,
onde a proposta deve ser expedida pelo oblato e
“RECEBIDA” pelo proponente:
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU
OBLAÇÃO

I – este inciso é remissivo ao art. 433 do CC., que


dispõe sobre a hipótese da retratação do oblato
chegar ao proponente antes ou simultaneamente
com a aceitação. Nesses casos, considera-se
inexistente a aceitação, e válida a subteoria da
Recepção.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

 PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

II – aqui o proponente se comprometeu a aguardar


a resposta do oblato. A proposta não se
aperfeiçoará enquanto a resposta não chegar às
mãos do proponente, que deve esperá-la – ou seja,
subteoria da Recepção.

III – aqui, se a resposta não chegar no prazo


convencionado, ficará insubsistente a proposta, já
que não se atendeu ao prazo fixado – também
subteoria da Recepção.

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