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FILOSOFIA DO DIREITO

FILOSOFIAS JURÍDICAS E AS CONTROVÉRSIAS


ATUAIS

Livro Eletrônico
FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofias Jurídicas e as Controvérsias Atuais
Prof. Pedro Henrique Costandrade

Questões de Concurso..................................................................................4
Gabarito................................................................................................... 43
Gabarito Comentado.................................................................................. 44

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Filosofias Jurídicas e as Controvérsias Atuais
Prof. Pedro Henrique Costandrade

Apresentação

Meu(minha) querido(a) futuro(a) colega de profissão,

Meu nome é Pedro Henrique e estarei com você neste curso preparatório na

disciplina de Filosofia do Direito para o Exame da OAB.

Na primeira aula, apresentei o conhecimento teórico solicitado pelo Edital e uma

breve síntese do pensamento dos principais autores da Filosofia do Direito; mas,

para fazer uma prova como a do Exame de Ordem, é preciso mais que isso. É pre-

ciso entender um pouco da banca.

A partir disso, nesta segunda aula, trago todas as questões de Filosofia do Di-

reito já apresentadas no âmbito do Exame de Ordem desde que a FGV se tornou a

banca elaboradora da prova.

Para complementar, optei por trazer também algumas questões do CEBRASPE

de Filosofia do Direito. Isso porque todas as questões já elaboradas pela FGV nesta

disciplina já constam deste material e parte da matéria ainda que tinha sido possí-

vel abordar em questões. Assim, optei por trazer, também, essas outras questões.

Espero que o estudo seja proveitoso e que, muito em breve, nos encontremos

como colegas de profissão.

Abraços,

Pedro Henrique

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1    (2020/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) É preciso sair do estado natural,

no qual cada um age em função dos seus próprios caprichos, e convencionar com

todos os demais em submeter-se a uma limitação exterior, publicamente acordada,

e, por conseguinte, entrar num estado em que tudo que deve ser reconhecido como

seu é determinado pela lei...


Immanuel Kant

A perspectiva contratualista de Kant, apresentada na obra Doutrina do Direito, sus-

tenta ser necessário passar de um estado de natureza, no qual as pessoas agem

egoisticamente, para um estado civil, em que a vida em comum seja regulada pela

lei, como forma de justiça pública. Isso implica interferir na liberdade das pessoas.

Em relação à liberdade no estado civil, assinale a opção que apresenta a posição

que Kant sustenta na obra em referência.

a) O homem deixou sua liberdade selvagem e sem freio para encontrar toda a sua

liberdade na dependência legal, isto é, num estado jurídico, porque essa dependên-

cia procede de sua própria vontade legisladora.

b) A liberdade num estado jurídico ou civil consiste na capacidade da vontade so-

berana de cada indivíduo de fazer aquilo que deseja, pois somente nesse estado o

homem se vê livre das forças da natureza que limitam sua vontade.

c) A liberdade civil resulta da estrutura política do estado, de forma que somente

pode ser considerado liberdade aquilo que decorre de uma afirmação de vontade

do soberano. No estado civil, a liberdade não pode ser considerada uma vontade

pessoal.

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d) Na república, a liberdade é do governante para governar em prol de todos os

cidadãos, de modo que o governante possui liberdade, e os governados possuem

direitos que são instituídos pelo governo.

Questão 2    (2020/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) Temos pois definido o justo e o

injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa é inter-

mediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter

demais e o outro é ter demasiado pouco.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a justiça como uma virtude e

a diferencia daquilo que é injusto.

Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve ser enten-

dido como justiça enquanto virtude.

a) Uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido que as outras virtu-

des, e sim porque se relaciona com uma quantia intermediária, enquanto a injusti-

ça se relaciona com os extremos.

b) Uma maneira de proteger aquilo que é o mais conveniente para o mais forte,

uma vez que a justiça como produto do governo dos homens expressa sempre as

forças que conseguem fazer valer seus próprios interesses.

c) O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei

como pacto que vincula todos os cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcio-

nam como pactos celebrados entre particulares e vinculam as partes contratantes.

d) Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável

para toda e qualquer pessoa e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a

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máxima de tua ação devesse tornar-se, por meio da tua vontade, uma lei univer-

sal”.

Questão 3    (2014/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) Em seu livro Levando os Direitos a

Sério, Ronald Dworkin cita o caso Riggs contra Palmer, em que um jovem matou o

próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889) julga o

caso considerando que a legislação do local e da época não previa o homicídio como

causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso, o Tribunal aplica o princípio,

não legislado, do direito que diz que ninguém pode se beneficiar de sua própria

iniquidade ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu sua herança.

Com esse exemplo podemos concluir que a jusfilosofia de Ronald Dworkin, dentre

outras coisas, pretende

a) revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um

ordenamento jurídico é responsabilidade exclusiva do legislador que deve se esfor-

çar por produzir leis justas.

b) mostrar como as cortes podem ser ativistas quando decidem com base em prin-

cípios e não com base na lei e que decidir assim fere o estado de direito.

c) defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas

características e, por isso, ambos podem ser aplicados livremente pelos tribunais.

d) argumentar que regras e princípios são normas com características distintas e

em certos casos os princípios poderão justificar de forma mais razoável a decisão

judicial, pois a tornam também moralmente aceitável.

Questão 4    (2015/FGV/XVI EXAME DE ORDEM) Rudolf Von Ihering, em A Luta pelo

Direito, afirma que “O fim do direito é a paz, o meio de atingi-lo, a luta.” Assinale a

afirmativa que melhor expressa o pensamento desse autor

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a) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais desta sociedade,

e ele resulta de uma luta de pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjeti-

vos. Por isso, o Direito é uma força viva e não uma ideia.

b) O Direito é o produto do espírito do povo que é passado de geração em geração.

Por isso, quando se fala em Direito, é preciso sempre olhar para a história e as lutas

sociais. O Direito Romano é a melhor expressão desse processo.

c) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de

luta de classes, em que a classe dominante o usa para manter o controle sobre os

dominados.

d) O Direito resulta da ação institucional do Estado, e no parlamento são travadas

as lutas políticas que definem os direitos subjetivos de uma sociedade.

Questão 5    (2015/FGV/XVII EXAME DE ORDEM) “Mister é não olvidar que a com-

preensão do direito como ‘fato histórico-cultural’ implica o conhecimento de que

estamos perante uma realidade essencialmente dialética, isto é, que não é conce-

bível senão como ‘processus’, cujos elementos ou momentos constitutivos são fato,

valor e norma (…)”

(Miguel Reale, In: Teoria Tridimensional do Direito)

Assinale a opção que corretamente explica a natureza da dialética de complemen-

taridade que, segundo Miguel Reale, caracteriza a Teoria Tridimensional do Direito.

a) A relação entre os polos opostos que são o fato, a norma e o valor, produz uma

síntese conclusiva entre tais polos.

b) A implicação dos opostos na medida em que se desoculta e se revela a aparên-

cia da contradição, sem que, com esse desocultamento, os termos cessem de ser

contrários.

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c) A síntese conclusiva que se estabelece entre diferentes termos, conforme o mo-

delo hegeliano de tese, antítese e síntese.

d) A estrutura estática que resulta da lógica de subsunção entre os três termos que

constituem a experiência jurídica: fato, norma e valor.

Questão 6    (2013/FGV/XII EXAME DE ORDEM) Considere a seguinte afirmação de

Herbert L. A. Hart:

“Seja qual for o processo escolhido, precedente ou legislação, para a comunicação

de padrões de comportamentos, estes, não obstante a facilidade com que atuam

sobre a grande massa de casos correntes, revelar-se-ão como indeterminados em

certo ponto em que a sua aplicação esteja em questão.”

(HART, Herbert. O conceito de Direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1986. p. 141.)

Hart admite um grau de indeterminação nos padrões de comportamento previstos

na legislação e nos precedentes judiciais. A respeito, assinale a afirmativa correta.

a) Trata-se do fenômeno chamado na doutrina jurídica de lacuna material do direi-

to, em que o jurista não consegue dar uma resposta com base no próprio direito

positivo para uma situação juridicamente relevante.

b) Trata-se da textura aberta do direito, expressa por meio de regras gerais de

conduta, que deve ganhar um sentido específico dado pela autoridade competente,

à luz do caso concreto.

c) Trata-se da incompletude do ordenamento jurídico que, por isso mesmo, deve

recorrer aos princípios gerais do direito, a fim de promover uma integração do di-

reito positivo.

d) Trata-se do fenômeno denominado de anomia social pelos sociólogos do direito,

em que existe um vácuo de normas jurídicas e a impossibilidade real de regulação

de conflitos juridicamente relevantes.

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Questão 7    (2013/FGV/XII EXAME DE ORDEM) O utilitarismo é uma filosofia mo-

derna que conquistou muitos adeptos nos séculos XIX e XX, inclusive no pensa-

mento jurídico. As principais características do utilitarismo são:

a) convencionalismo, consequencialismo e antifundacionalismo.

b) consequencialismo, transcendentalismo e fundacionalismo.

c) convencionalismo, materialismo e fatalismo.

d) mecanicismo, fatalismo e antifundacionalismo.

Questão 8    (2013/FGV/X EXAME DE ORDEM) A hermenêutica aplicada ao direito

formula diversos modos de interpretação das leis. A  interpretação que leva em

consideração principalmente os objetivos para os quais um diploma legal foi criado

é chamada de

a) interpretação restritiva, por levar em conta apenas os objetivos da lei, ignorando

sua estrutura gramatical.

b) interpretação extensiva, por aumentar o conteúdo de significado das sentenças

com seus objetivos historicamente determinados.

c) interpretação autêntica, pois apenas as finalidades da lei podem dar autentici-

dade à interpretação.

d) interpretação teleológica, pois o sentido da lei deve ser considerado à luz de

seus objetivos.

Questão 9    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM) A partir da leitura de Aristóteles

(Ética a Nicômaco), assinale a alternativa que corresponde à classificação de justiça

constante do texto:

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“… uma espécie é a que se manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro ou

das outras coisas que são divididas entre aqueles que têm parte na constituição

(pois aí é possível receber um quinhão igual ou desigual ao de um outro)…”

a) Justiça Natural.

b) Justiça Comutativa.

c) Justiça Corretiva.

d) Justiça Distributiva.

Questão 10    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM) O raciocínio analógico é típico do

pensamento jurídico. Esse é um tema debatido por vários teóricos e filósofos do

Direito. Para Norberto Bobbio, na obra Teoria do Ordenamento Jurídico, trata-se

de um método de autointegração do Direito. Assinale a opção que, segundo esse

autor, apresenta o conceito de analogia.

a) Subsunção de um caso (premissa menor) a uma norma jurídica (premissa maior)

de forma a permitir uma conclusão lógica e necessária.

b) Existindo relevante semelhança entre dois casos, as  consequências jurídicas

atribuídas a um caso já regulamentado deverão ser atribuídas também a um caso

não regulamentado.

c) Raciocínio em que se produz, como efeito, a extensão de uma norma jurídica

para casos não previstos por esta.

d) Decisão, por meio de recurso, às práticas sociais que sejam uniformes e conti-

nuadas e que possuam previsão de necessidade jurídica.

Questão 11    (2017/FGV/XXIII EXAME DE ORDEM) … só a vontade geral pode dirigir

as forças do Estado de acordo com a finalidade de suas instituições, que é o bem

comum…

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Jean-Jacques Rousseau

A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do Contrato So-

cial, foi fundamental para o amadurecimento do conceito moderno de lei e de de-

mocracia.

Assinale a opção que melhor expressa essa ideia conforme concebida por Rousseau

no livro citado.

a) A soma das vontades particulares.

b) A vontade de todos.

c) O interesse particular do soberano, após o contrato social.

d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças.

Questão 12    (2016/FGV/XXI EXAME DE ORDEM) Há um limite para a interferência

legítima da opinião coletiva sobre a independência individual, e encontrar esse li-

mite, guardando-o de invasões, é tão indispensável à boa condução dos negócios

humanos como a proteção contra o despotismo político.

John Stuart Mill

A consciência jurídica deve levar em conta o delicado balanço entre a liberdade

individual e o governo das leis. No livro A Liberdade. Utilitarismo, John Stuart Mill

sustenta que um dos maiores problemas da vida civil é a tirania das maiorias.

Conforme a obra citada, assinale a opção que expressa corretamente a maneira

como esse autor entende o que seja tirania e a forma de proteção necessária.

a) A tirania resulta do poder do povo como autogoverno porque o povo não é escla-

recido para fazer suas escolhas. A proteção contra essa tirania é delegar o governo

aos mais capacitados, como uma espécie de governo por meritocracia.

b) A deliberação de juízes ao imporem suas concepções de certo e errado sobre

as causas que julgam, produz a mais poderosa tirania, pois subjuga a vontade

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daqueles que estão sob a jurisdição desses magistrados. Apenas o duplo grau de

jurisdição pode proteger a sociedade desta tirania.

c) Os governantes eleitos impõem sobre o povo suas vontades e essa forma de

opressão é a única tirania da maioria contra a qual se deve buscar a proteção na

vida social, o que é feito por meio da desobediência civil.

d) A sociedade, quando faz as vezes do tirano, pratica uma tirania mais temível

do que muitas espécies de opressão política, pois penetra nos detalhes da vida e

escraviza a alma. Por isso é necessária a proteção contra a tirania da opinião e do

sentimento dominantes.

Questão 13    (2018/FGV/XXVII EXAME DE ORDEM) Algo mais fundamental do que

a liberdade e a justiça, que são os direitos dos cidadãos, está em jogo quando deixa

de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu…

(ARENDT, Hannah. As origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 2012.)

A situação atual dos refugiados no mundo provoca uma reflexão jusfilosófica no

sentido do que já havia pensado Hannah Arendt, logo após a II Guerra Mundial,

em sua obra As Origens do Totalitarismo. Nela, a autora sustenta que o mais fun-

damental de todos os direitos humanos é o direito a ter direitos, o que não ocorre

com os apátridas.

Segundo a obra em referência, assinale a opção que apresenta a razão pela qual o

homem perde sua qualidade essencial de homem e sua própria dignidade.

a) Ser privado de direitos subjetivos específicos previstos no ordenamento jurídico

pátrio.

b) Viver sob um regime de tirania que viola a liberdade de crença e limita a liber-

dade de expressão.

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c) Cumprir pena de privação da liberdade, quando executada em penitenciárias sob

condições desumanas.

d) Deixar de pertencer a uma comunidade organizada, disposta e capaz de garantir

quaisquer direitos.

Questão 14    (2018/FGV/XXV EXAME DE ORDEM) A ideia da existência de lacuna é

um desafio ao conceito de completude do ordenamento jurídico. Segundo o jusfi-

lósofo italiano Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento Jurídico, pode-se

completar ou integrar as lacunas existentes no Direito por intermédio de dois mé-

todos, a saber: heterointegração e autointegração.

Assinale a opção que explica como o jusfilósofo define tais conceitos na obra em

referência.

a) O primeiro método consiste na integração operada por meio de recursos a orde-

namentos diversos e a fontes diversas daquela que é dominante; o segundo méto-

do consiste na integração cumprida por meio do mesmo ordenamento, no âmbito

da mesma fonte dominante, sem recorrência a outros ordenamentos.

b) A heterointegração consiste em preencher as lacunas recorrendo-se aos princí-

pios gerais do Direito, uma vez que estes não estão necessariamente incutidos nas

normas do Direito positivo; já a autointegração consiste em solucionar as lacunas

por meio das convicções pessoais do intérprete.

c) O primeiro método diz respeito à necessidade de utilização da jurisprudência

como meio adequado de solucionar as lacunas sem gerar controvérsias; por outro

lado, o segundo método implica buscar a solução da lacuna por meio de interpre-

tação extensiva.

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d) A heterointegração exige que o intérprete busque a solução das lacunas nos tra-

tados e nas convenções internacionais de que o país seja signatário; por seu turno,

a autointegração está relacionada à busca da solução na jurisprudência pátria.

Questão 15    (2018/FGV/XXV EXAME DE ORDEM) Uma punição só pode ser admiti-

da na medida em que abre chances no sentido de evitar um mal maior.

Jeremy Bentham

Jeremy Bentham, em seu livro Princípios da Moral e da Legislação, afirma que há

quatro casos em que não se deve infligir uma punição.

Assinale a opção que corresponde a um desses casos citados pelo autor na obra em

referência.

a) Quando a lei não é suficientemente clara na punição que estabelece.

b) Quando o prejuízo produzido pela punição for maior do que o prejuízo que se

quer evitar.

c) Quando o juiz da causa entende ser inoportuna a aplicação da punição.

d) Quando o agressor já sofreu o suficiente em função das vicissitudes do processo

penal.

Questão 16    (2014/FGV/XIV EXAME DE ORDEM) O filósofo inglês Jeremy Bentham,

em seu livro Uma introdução aos princípios da moral e da legislação, defendeu o

princípio da utilidade como fundamento para a Moral e para o Direito.

Para esse autor, o princípio da utilidade é aquele que

a) estabelece que a moral e a lei devem ser obedecidas porque são úteis à coexis-

tência humana na vida em sociedade.

b) aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar

ou diminuir a felicidade das pessoas cujos interesses estão em jogo.

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c) demonstra que o direito natural é superior ao direito positivo, pois, ao longo do

tempo, revelou-se mais útil à tarefa de regular a convivência humana.

d) afirma que a liberdade humana é o bem maior a ser protegido tanto pela moral

quanto pelo direito, pois são a liberdade de pensamento e a ação que permitem às

pessoas tornarem algo útil.

Questão 17    (2019/FGV/XXVIII EXAME DE ORDEM) Uma das mais importantes

questões para a Filosofia do Direito diz respeito ao procedimento que define uma

norma jurídica como sendo válida. Para o jusfilósofo Herbert Hart, em O Conceito

de Direito, o  fundamento de validade do Direito baseia-se na existência de uma

regra de reconhecimento, sem a qual não seria possível a existência de ordena-

mentos jurídicos.

Segundo Hart, assinale a opção que define regra de reconhecimento.

a) Regra que exige que os seres humanos pratiquem ou se abstenham de praticar

certos atos, quer queiram quer não.

b) Regra que estabelece critérios segundo os quais uma sociedade considera válida

a existência de suas próprias normas jurídicas.

c) Regra que impõe deveres a todos aqueles que são reconhecidos como cidadãos

sob a tutela do Estado.

d) Regra que reconhece grupos excluídos e minorias sociais como detentores de

direitos fundamentais.

Questão 18    (2014/FGV/XV EXAME DE ORDEM) Ao explicar as características fun-

damentais da Escola da Exegese, o jusfilósofo italiano Norberto Bobbio afirma que

tal Escola foi marcada por uma concepção rigidamente estatal de direito. Como

consequência disso, temos o princípio da onipotência do legislador.

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Segundo Bobbio, a Escola da Exegese nos leva a concluir que

a) a lei não deve ser interpretada segundo a razão e os critérios valorativos daque-

le que deve aplicá-la, mas, ao contrário, este deve submeter-se completamente à

razão expressa na própria lei.

b) o legislador é onipotente porque é representante democraticamente eleito pela

população, e esse processo representativo deve basear-se sempre no direito con-

suetudinário, porque este expressa o verdadeiro espírito do povo

c) uma vez promulgada a lei pelo legislador, o estado-juiz é competente para in-

terpretá-la buscando aproximar a letra da lei dos valores sociais e das demandas

populares legítimas.

d) a única força jurídica legitimamente superior ao legislador é o direito natural;

portanto, o legislador é soberano tomar suas decisões, desde que não violem os

princípios do direito natural.

Questão 19    (2014/FGV/XIV EXAME DE ORDEM) O jusfilósofo alemão Gustav Ra-

dbruch, após a II Guerra Mundial, escreve, como circular dirigida aos seus alunos

de Heidelberg, seu texto “Cinco Minutos de Filosofia do Direito”, na qual afirma:

“Esta concepção da lei e sua validade, a que chamamos Positivismo, foi a que dei-

xou sem defesa o povo e os juristas contra as leis mais arbitrárias, mais cruéis e

mais criminosas.”

De acordo com a fórmula de Radbruch,

a) embora as leis injustas sejam válidas e devam ser obedecidas, as leis extrema-

mente injustas perderão a validade e o próprio caráter de jurídicas, sendo, portan-

to, dispensada sua obediência.

b) apenas a lei justa pode ser considerada jurídica, pois a lei injusta não será di-

reito.

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c) o direito é o mínimo ético de uma sociedade, de forma que qualquer lei injusta

não será direito.

d) o direito natural é uma concepção superior ao positivismo jurídico; por isso,

a justiça deve sempre prevalecer sobre a segurança.

Questão 20    (2016/FGV/XIX EXAME DE ORDEM) Segundo o filósofo Immanuel

Kant, em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a ideia de dignida-

de humana é entendida

a) como qualidade própria de todo ser vivo que é capaz de sentir dor e prazer, isto

é, característica de todo ser senciente.

b) quando membros de uma mesma espécie podem ser considerados como equi-

valentes e, portanto, iguais e plenamente cooperantes se eles possuem dignidade.

c) como valor jurídico que se atribui às pessoas como característica de sua condi-

ção de sujeitos de direitos.

d) como algo que está acima de todo o preço, pois quando uma coisa tem um preço

pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa

está acima de todo o preço, e  portanto não permite equivalência, então ela tem

dignidade.

Questão 21    (2019/FGV/XXVIII EXAME DE ORDEM) Isso pressupõe que a norma

de justiça e a norma do direito positivo sejam consideradas como simultaneamente

válidas. Tal, porém, não é possível, se as duas normas estão em contradição, quer

dizer, entram em conflito uma com a outra. Nesse caso apenas uma pode ser con-

siderada como válida.

Hans Kelsen

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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofias Jurídicas e as Controvérsias Atuais
Prof. Pedro Henrique Costandrade

Sobre a relação entre validade e justiça da norma, o jusfilósofo Hans Kelsen, em

seu livro O Problema da Justiça, sustenta o princípio do positivismo jurídico, para

afirmar que

a) a validade de uma norma do direito positivo é independente da validade de uma

norma de justiça.

b) o direito possui uma textura aberta que confere, ao intérprete, a possibilidade

de buscar um equilíbrio entre interesses conflitantes.

c) o valor de justiça do ato normativo define a validade formal da norma; por isso

valor moral e valor jurídico se confundem no direito positivo.

d) a validade de uma norma jurídica se refere à sua dimensão normativa positiva,

à sua dimensão axiológica, e também, à sua dimensão fática.

Questão 22    (2018/FGV/XXVI EXAME DE ORDEM) Em tempos de mudanças e re-

formas, é comum assistirmos a diferentes tipos de lutas sociais, especialmente vi-

sando à garantia de direitos e à conquista de novos direitos. Em A Luta pelo Direito,

o jurista alemão Rudolf Von Ihering afirma que o fim do Direito é a paz, mas o meio

de atingi-lo é a luta. Considerando essa afirmação e de acordo com o livro citado,

assinale a opção que melhor caracteriza o pensamento jusfilosófico de Ihering.

a) O Direito é sempre o produto do espírito do povo, que é passado de geração em

geração. Por isso, quando se fala em Direito é preciso sempre olhar para a história.

O Direito romano é a melhor expressão desse processo social-histórico.

b) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais dela e resulta

de uma luta de pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso,

o Direito é uma força viva, e não uma ideia.

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c) O Direito resulta exclusivamente da ação institucional do Estado. É no parlamen-

to que são travadas as lutas políticas que definem os direitos subjetivos presentes

no Direito Positivo de uma dada sociedade.

d) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta

de classes, no qual a classe dominante usa o Direito para manter o controle sobre

os dominados.

Questão 23    (2015/FGV/XVI EXAME DE ORDEM) O Art. 126 do CPC afirma que o

juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da

lei. A questão das lacunas também é recorrente no âmbito dos estudos da Filosofia

e da Teoria Geral do Direito. O jusfilósofo Norberto Bobbio, no livro Teoria do Orde-

namento Jurídico apresenta um estudo sobre essa questão. O autor denomina por

lacuna ideológica a falta de uma norma

a) legitimamente produzida pelo legislador democrático

b) justa, que enseje uma solução satisfatória ao caso concreto.

c) que atenda às convicções ideológicas pessoais do juiz.

d) costumeira, que tenha surgido de práticas sociais inspiradas nos valores vigen-

tes.

Questão 24    (2016/FGV/XIX EXAME DE ORDEM) Segundo o Art. 1.723 do Código

Civil, “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a

mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida

com o objetivo de constituição de família”. Contudo, no ano de 2011, os ministros

do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstituciona-

lidade 4.277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132, reco-

nheceram a união estável para casais do mesmo sexo.

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A situação acima descrita pode ser compreendida, à luz da Teoria Tridimensional do

Direito de Miguel Reale, nos seguintes termos:

a) uma norma jurídica, uma vez emanada, sofre alterações semânticas pela super-

veniência de mudanças no plano dos fatos e valores.

b) toda norma jurídica é interpretada pelo poder discricionário de magistrados, no

momento em que estes transformam a vontade abstrata da lei em norma para o

caso concreto.

c) o fato social é que determina a correta compreensão do que é a experiência ju-

rídica e, por isso, os costumes devem ter precedência sobre a letra fria da lei.

d) o ativismo judicial não pode ser confundido com o direito mesmo. Juízes não

podem impor suas próprias ideologias ao julgarem os casos concretos.

Questão 25    (2014/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) Segundo Chaïm Perelman, ao tra-

tar da argumentação jurídica na obra Lógica Jurídica, a decisão judicial aceitável

deve satisfazer três auditórios para os quais ela se destina.

Assinale a alternativa que indica corretamente os auditórios.

a) A opinião pública, o parlamento e as cortes superiores.

b) As partes em litígio, os profissionais do direito e a opinião pública.

c) As partes em litígio, o parlamento e as cortes superiores.

d) As cortes superiores, os organismos internacionais e os profissionais do direito.

Questão 26    (2013/FGV/X EXAME DE ORDEM) “Manter os próprios compromissos

não constitui dever de virtude, mas dever de direito, a cujo cumprimento pode-se

ser forçado. Mas prossegue sendo uma ação virtuosa (uma demonstração de vir-

tude) fazê-lo mesmo quando nenhuma coerção possa ser aplicada. A doutrina do

direito e a doutrina da virtude não são, consequentemente, distinguidas tanto por

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seus diferentes deveres, como pela diferença em sua legislação, a qual relaciona

um motivo ou outro com a lei”.

Pelo trecho acima podemos inferir que Kant estabelece uma relação entre o direito

e a moral. A esse respeito, assinale a afirmativa correta.

a) O direito e a moral são idênticos, tanto na forma como no conteúdo prescritivo.

Assim, toda ação contrária à moralidade das normas jurídicas é também uma vio-

lação da ordem jurídica.

b) A conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito, enquanto o direito é

imposto por uma ação exterior e se concretiza no seu cumprimento, ainda que as

razões da obediência do sujeito não sejam morais.

c) A coerção, tanto no direito quanto na moral, é um elemento determinante. É na

possibilidade de impor-se pela força, independentemente da vontade, que o direito

e a moral regulam a liberdade.

d) Direito e moral são absolutamente distintos. Consequentemente, cumprir a lei,

ainda que espontaneamente, não é demonstração de virtude moral.

Questão 27    (2013/FGV/XI EXAME DE ORDEM) Considere a seguinte afirmação de

Aristóteles:

“Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro,

é evidente que a ação justa é intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima

da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter demasiado pouco.”

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultu-

ral, 1973. p. 329.)

De efeito, é correto concluir que para Aristóteles a justiça deve sempre ser enten-

dida como

a) produto da legalidade, pois o homem probo é o homem justo.

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b) espécie de meio termo.

c) relação de igualdade aritmética.

d) ação natural imutável.

Questão 28    (2013/FGV/XI EXAME DE ORDEM) Boa parte da doutrina jusfilosófica

contemporânea associa a ideia de Direito ao conceito de razão prática ou sabedoria

prática.

Assinale a alternativa que apresenta o conceito correto de razão prática.

a) Uma forma de conhecimento científico (episteme) capaz de distinguir entre o

verdadeiro e o falso.

b) Uma técnica (techne) capaz de produzir resultados universalmente corretos e

desejados.

c) A manifestação de uma opinião (doxa) qualificada ou ponto de vista específico

de um agente diante de um tema específico.

d) A capacidade de bem deliberar (phronesis) a respeito de bens ou questões hu-

manas.

Questão 29    (2017/FGV/XXIV EXAME DE ORDEM) O povo maltratado em geral,

e contrariamente ao que é justo, estará disposto em qualquer ocasião a livrar-se

do peso que o esmaga.

John Locke

O Art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988 afirma que “todo o po-

der emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamen-

te”. Muitos autores associam tal disposição ao conceito de direito de resistência, um

dos mais importantes da Filosofia do Direito, de John Locke.

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Assinale a opção que melhor expressa tal conceito, conforme desenvolvido por Lo-

cke na sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil.

a) A natureza humana é capaz de resistir às mais poderosas investidas morais e

humilhações, desde que os homens se apoiem mutuamente.

b) Sempre que os governantes agirem de forma a tentar tirar e destruir a proprie-

dade do povo ou deixando-o miserável e exposto aos seus maus tratos, ele poderá

resistir.

c) Apenas o contrato social, que tira o homem do estado de natureza e o coloca na

sociedade política, é capaz de resistir às ameaças externas e às ameaças internas,

de tal forma que institui o direito de os governantes resistirem a toda forma de

guerra e rebelião.

d) O direito positivo deve estar isento de toda forma de influência da moral e da

política. Uma vez que o povo soberano produza as leis, diretamente ou por meio

de seus representantes, elas devem resistir a qualquer forma de interpretação ou

aplicação de caráter moral e político.

Questão 30    (2017/FGV/XXIV EXAME DE ORDEM) É verdade que nas democracias

o povo parece fazer o que quer, mas a liberdade política não consiste nisso.

Montesquieu

No preâmbulo da Constituição da República, os constituintes afirmaram instituir um

Estado Democrático destinado a assegurar, dentre outras coisas, a liberdade. Esse

é um conceito de fundamental importância para a Filosofia do Direito, muito deba-

tido por inúmeros autores. Uma importante definição utilizada no mundo jurídico é

a que foi dada por Montesquieu em seu Do Espírito das Leis.

Assinale a opção que apresenta a definição desse autor na obra citada.

a) A liberdade consiste na forma de governo dos homens, e não no governo das leis.

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b) A disposição de espírito pela qual a alma humana nunca pode ser aprisionada é

o que chamamos de liberdade.

c) Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem.

d) O direito de resistência aos governos injustos é a expressão maior da liberdade.

Questão 31    (2017/FGV/XXIII EXAME DE ORDEM) A igualdade de recursos é uma

questão de igualdade de quaisquer recursos que os indivíduos possuam privada-

mente.

Ronald Dworkin

A igualdade é um dos valores supremos presentes na Constituição da República e,

também, objeto de um debate profundo no âmbito da Filosofia do Direito.

Assinale a alternativa que apresenta a concepção de igualdade distributiva, defen-

dida por Ronald Dworkin em seu livro A Virtude Soberana.

a) Circunstâncias segundo as quais as pessoas não são iguais em bem-estar, mas

nos recursos de que dispõem.

b) Possibilidade de que todos os membros de uma comunidade política devem ter

de usufruir o bem-estar em condição de igualdade.

c) Igual partilha dos poderes políticos e dos direitos individuais em uma dada so-

ciedade.

d) Um conjunto de políticas que assegurem a maximização utilitária do bem-estar

em médio a longo prazo para a maior parte da população.

Questão 32    (2018/FGV/XXVI EXAME DE ORDEM) Em seu livro Levando os Direitos

a Sério, Ronald Dworkin cita o caso “Riggs contra Palmer” em que um jovem ma-

tou o próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889),

ao  julgar o caso, deparou-se com o fato de que a legislação local de então não

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previa o homicídio como causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso,

o Tribunal aplicou o princípio do direito, não legislado, que diz que ninguém pode

se beneficiar de sua própria iniquidade ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu

sua herança. Com base na obra citada, assinale a opção que melhor expressa uma

das pretensões fundamentais da jusfilosofia de Ronald Dworkin.

a) Revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um

ordenamento jurídico é exclusiva do legislador, que deve sempre se esforçar por

produzir leis justas.

b) Mostrar como as Cortes podem ser ativistas quando decidem com base em prin-

cípios, não com base na lei, e que decidir assim fere o estado de Direito.

c) Defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas

características, de forma que se equivalem; por isso, ambos podem ser aplicados

livremente pelos Tribunais.

d) Argumentar que regras e princípios são normas com características distintas,

mas igualmente vinculantes e, em certos casos, os princípios poderão justificar, de

forma mais razoável, a decisão judicial.

Questão 33    (2018/FGV/XXVII EXAME DE ORDEM) Concebo, na espécie humana,

dois tipos de desigualdade: uma que chamo de natural ou física, por ser estabe-

lecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças

do corpo e das qualidades do espírito e da alma; a outra, que se pode chamar de

desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e

que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens.

(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigual-

dade entre os homens. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.)

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Levando em consideração o trecho acima, assinale a afirmativa que apresenta a

perspectiva de Rousseau sobre como se coloca o problema da desigualdade.

a) As desigualdades naturais são a causa das desigualdades morais, uma vez que

as diferenças naturais se projetam na vida política.

b) As desigualdades naturais são inaceitáveis; por isso, o homem funda a socieda-

de civil por meio do contrato social.

c) As desigualdades naturais são aceitáveis, mas as desigualdades morais não o

são, pois consistem em privilégios de uns sobre os outros.

d) Todas as formas de desigualdade consistem num fato objetivo, devendo ser

compreendidas e toleradas, pois elas geram o progresso humano e produzem mais

bens do que males.

Questão 34    (2015/FGV/XVII EXAME DE ORDEM) Hans Kelsen, ao abordar o tema

da interpretação jurídica no seu livro Teoria Pura do Direito, fala em ato de vontade

e ato de conhecimento. Em relação à aplicação do Direito por um órgão jurídico,

assinale a afirmativa correta da interpretação.

a) Prevalece como ato de conhecimento, pois o Direito é atividade científica e,

assim, capaz de prover precisão técnica no âmbito de sua aplicação por agentes

competentes.

b) Predomina como puro ato de conhecimento, em que o agente escolhe, conforme

seu arbítrio, qualquer norma que entenda como válida e capaz de regular o caso

concreto.

c) A interpretação cognoscitiva combina-se a um ato de vontade em que o órgão

aplicador efetua uma escolha entre as possibilidades reveladas por meio da mesma

interpretação cognoscitiva.

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d) A interpretação gramatical prevalece como sendo a única capaz de revelar o

conhecimento apropriado da mens legis.

Questão 35    (2015/FGV/XVIII EXAME DE ORDEM) “A solução do conflito aparente

de normas dá-se, na hipótese, mediante a incidência do critério da especialidade,

segundo o qual prevalece a norma específica sobre a geral.”

É conhecida a distinção no âmbito da Teoria do Direito entre antinomias aparentes

(ou antinomias solúveis) e antinomias reais (ou antinomias insolúveis).

Para o jusfilósofo Norberto Bobbio, uma antinomia real se caracteriza quando es-

tamos diante

a) de duas normas colidentes que pertencem a ordenamentos jurídicos diferentes.

b) de normas que colidem entre si, porém essa colisão é solúvel mediante a apli-

cação do critério cronológico, do critério hierárquico ou do critério de especialidade.

c) de normas colidentes e o intérprete é abandonado a si mesmo pela falta de um

critério ou pela impossibilidade de solução do conflito entre os critérios existentes.

d) de duas ou mais normas que colidem entre si e que possuem diferentes âmbitos

de validade temporal, espacial, pessoal ou material.

Questão 36    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO/REAPLICAÇÃO BAHIA)

Na sua mais importante obra, a Summa Theologica, Santo Tomás de Aquino trata

os conceitos de justiça comutativa e de justiça distributiva de uma tal maneira, que

eles passariam a ser largamente utilizados na Filosofia do Direito.

Assinale a opção que apresenta esses conceitos, conforme expostos na obra citada.

a) A Justiça Comutativa regula as relações mútuas entre pessoas privadas e a Jus-

tiça Distributiva regula a distribuição proporcional dos bens comuns.

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b) A Justiça Distributiva destina-se a minorar os sofrimentos das pessoas e a Jus-

tiça Comutativa regula os contratos de permuta de mercadorias.

c) a Justiça Comutativa trata da redução ou diminuição das penas (sanção penal)

e a Justiça Distributiva da distribuição justa de taxas e impostos.

d) A Justiça Comutativa regula a relação entre súditos e governante e a Justiça

Distributiva trata das relações entre diferentes povos, também chamadas de direito

das gentes.

Questão 37    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO/REAPLICAÇÃO BAHIA)

“O direito não é uma simples ideia, é uma força viva.”

(Rudolf von Ihering)

Em seu texto “A Luta pelo Direito”, o jurista alemão Rudolf von Ihering apresenta o

conceito de direito a partir da ideia de luta social.

Assinale a afirmativa que expressa o sentido que, no trecho citado, Ihering confere

ao direito.

a) Trabalho incessante e uma luta sem tréguas nos quais participam o Poder Públi-

co e toda a população, isto é, qualquer pessoa que se veja na contingência de ter

de afirmar seu direito.

b) Uma luta permanente que é travada por parlamentares no âmbito da arena le-

gislativa, que o fazem em nome da população a partir das eleições que configuram

o processo democrático de legitimação popular.

c) O resultado dinâmico da jurisprudência que cria e recria o direito a partir das

demandas de cada caso concreto, adaptando a lei ao mundo real.

d) O produto das relações industriais e comerciais que são livremente travadas por

agentes econômicos, trabalhadores e empregadores e que definem, no contexto de

uma luta concreta, o sentido próprio das leis.

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Questão 38    (2015/FGV/XVIII EXAME DE ORDEM) Segundo o jusfilósofo alemão

Karl Larenz, os textos jurídicos são problematizáveis porque estão redigidos em lin-

guagem corrente ou em linguagem especializada, mas que, de todo modo, contêm

expressões que apresentam uma margem de variabilidade de significação. Nesse

sentido, assinale a opção que exprime o pensamento desse autor acerca da ideia

de interpretação da lei.

a) Deve-se aceitar que os textos jurídicos apenas carecem de interpretação quando

surgem particularmente como obscuros, pouco claros ou contraditórios.

b) Interpretar um texto significa alcançar o único sentido possível de uma norma

conforme a intenção que a ela foi dada pelo legislador.

c) Os textos jurídicos, em princípio, são suscetíveis e carecem de interpretação

porque toda linguagem é passível de adequação a cada situação.

d) A interpretação dada por uma autoridade judicial a uma lei é uma conclusão lo-

gicamente vinculante que, por isso mesmo, deve ser repetida sempre que a mesma

lei for aplicada.

Questão 39    (2016/FGV/XXI EXAME DE ORDEM) De acordo com o contratualismo

proposto por Thomas Hobbes em sua obra Leviatã, o contrato social só é possível

em função de uma lei da natureza que expresse, segundo o autor, a própria ideia

de justiça.

Assinale a opção que, segundo o autor na obra em referência, apresenta esta lei

da natureza.

a) Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.

b) Dar a cada um o que é seu.

c) Que os homens cumpram os pactos que celebrem.

d) Fazer o bem e evitar o mal.

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Questões de Outros Concursos

Questão 40    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

Seria incompatível com o positivismo jurídico a postura de jurista que apresentas-

se críticas ao apartheid, na medida em que esse regime era fundado em normas

positivadas pelo Estado.

Questão 41    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Em relação ao

conceito de ciência política e à legitimidade do poder político, julgue o item a seguir.

À luz da conhecida tipologia weberiana a respeito da dominação legítima, é correto

afirmar que a política contemporânea é caracterizada pelo predomínio da domina-

ção de tipo racional-legal e pela inexistência da dominação tradicional e da domi-

nação carismática.

Questão 42    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Em uma ação de

reintegração de posse, foi determinada a remoção de centenas de famílias, que ha-

via anos tinham fixado moradia no local e compartilhavam a prestação de serviços

mútuos. Antes da ocupação, o espaço era um terreno abandonado de propriedade

da massa falida de uma empresa em débito com a fazenda pública, única credora

habilitada. A  comunidade, além da mobilização junto aos governos municipal e

estadual com o objetivo de regularizar a ocupação, havia, por meio de sua asso-

ciação, procurado o órgão da DP, que, na oportunidade, ajuizou ação de desapro-

priação indireta, que ainda não havia sido julgada. Quando do cumprimento da de-

cisão de reintegração de posse, diante da resistência dos integrantes da ocupação,

registrou-se o uso desproporcional de violência pela força policial, tendo a ação

resultado em prisões, pessoas feridas e perda de objetos pessoais dos moradores.

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A respeito dessa situação hipotética e de ideias relacionadas à sociologia do direito,

julgue o item a seguir.

a) A remoção das famílias com o emprego da força policial tipifica o controle social

classificado como externo e positivo.

b) Embora seja possível contestar sua legitimidade, a ação policial em questão está

amparada no monopólio do uso da violência legal pelo Estado.

c) A decisão judicial em apreço — de reintegração de posse — é exemplo do efeito

simbólico que a norma sobre a função social da propriedade representa no ordena-

mento jurídico brasileiro.

d) Sob a perspectiva quantitativa weberiana, o espaço de moradia é uma carac-

terística que diferencia os grupos sociais e localiza os indivíduos na estratificação

social.

Questão 43    (CESPE/MPU/ANALISTA/2018) Está, pois, suficientemente esclarecido

que a virtude moral é um meio-termo entre dois vícios, um dos quais envolve ex-

cesso e o outro, deficiência, e isso porque a sua natureza é visar à mediania nas

paixões e nos atos.

Do que acabamos de dizer segue-se que não é fácil ser bom, pois em todas as coi-

sas é difícil encontrar o meio-termo.

(…)

A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o ganho. Eis aí por que as

pessoas em disputa recorrem ao juiz; e recorrer ao juiz é recorrer à justiça, pois

a natureza do juiz é ser uma espécie de justiça animada; e procuram o juiz como

um intermediário, e  em alguns Estados os juízes são chamados mediadores, na

convicção de que, se os litigantes conseguirem o meio-termo, conseguirão o que é

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justo. O justo, pois, é um meio-termo, já que o juiz o é. Ora, o juiz restabelece a

igualdade.

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. PESSANHA, José A. M. (Org.).

4. ed., v. 2, São Paulo: Nova Cultural, 1991. (com adaptações))

A partir das ideias constantes nesse fragmento de texto, julgue o item a seguir.

a) Aristóteles vincula a justiça à natureza do trabalho de juiz, cuja atuação deve

ser ética e corresponder ao exercício da própria noção de justiça.

b) Com o objetivo de promover os valores éticos para o bem da sociedade, a fór-

mula aristotélica da mediania propõe a rigorosa punição dos vícios pelos agentes

públicos, simbolizados no texto pela profissão de juiz.

Questão 44    (CESPE/DPE-TO/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) As normas

que, de acordo com a doutrina, são baseadas nas leis elaboradas pelos homens

com o intuito de reger o social, sendo vistas como reflexo das diversas formas do

comportamento humano, denominam-se normas

a) religiosas.

b) legais.

c) sociais.

d) privadas.

e) facultativas.

Questão 45    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) Ao analisar o

tema da pluralidade dos ordenamentos, na obra Teoria da norma jurídica, Norberto

Bobbio enfatiza que a teoria institucionalista

a) reafirma que o Estado e as suas instituições detém exclusividade na produção

do direito.

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b) sustenta que o Estado é a única instituição que estabelece o direito.

c) rompe com a teoria estatalista, pois rejeita a redução do direito a uma forma

estatal de expressão.

d) confunde-se com a teoria estatalista, pois enxerga no Estado a única instituição

que cria o direito

e) considera o Estado moderno como a instituição que detém o monopólio da pro-

dução jurídica.

Questão 46    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2012) Na classificação

das normas jurídicas proposta por Norberto Bobbio, em sua obra Teoria da Norma

Jurídica, encontra-se a distinção formal entre a norma “que estabelece que uma

determinada ação deve ser cumprida quando se verifica uma certa condição” e a

norma “que estabelece que uma determinada ação deve ser cumprida”. Estas nor-

mas são chamadas, respectivamente,

a) norma indefinida e norma definida.

b) norma categórica e norma eficaz.

c) norma hipotética e norma categórica.

d) norma indefinida e norma hipotética.

e) norma categórica e norma hipotética.

Questão 47    (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2018) Hans Kelsen,

em sua teoria pura do direito, define como elemento primordial para a análise cien-

tífica do fenômeno jurídico:

a) os fatos sociais.

b) as normas.

c) os valores.

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d) os princípios e as regras.

e) o poder coercitivo.

Questão 48    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2010) Em sua teoria

do ordenamento jurídico, Norberto Bobbio estuda os aspectos da unidade, da co-

erência e da completude do ordenamento. Relativamente ao aspecto da coerência

do ordenamento jurídico, “a situação de normas incompatíveis entre si” refere-se

ao problema

a) das antinomias.

b) da analogia.

c) do espaço jurídico vazio.

d) das lacunas.

e) da incompletude.

Questão 49    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) Segundo Nor-

berto Bobbio, na obra Teoria do Ordenamento Jurídico, em cada grau normativo

dos ordenamentos estatais modernos encontra-se “normas destinadas a regular a

produção de outras normas” e “normas dirigidas diretamente a regular a conduta

das pessoas”. O autor denomina estas normas, respectivamente,

a) normas de produção e normas de conduta.

b) normas de conduta e normas de estrutura.

c) normas de estrutura e normas de interação.

d) normas de produção e normas de interação.

e) normas de estrutura e normas de conduta.

Questão 50    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

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Para Kelsen, no sentido lógico-jurídico, a norma fundamental define a validade do

conteúdo das normas jurídicas positivadas no ordenamento.

Questão 51    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Na teoria pura do direito de Kelsen, a interpretação autêntica é realizada pelo órgão

aplicador do direito, ou seja, tanto pelo Poder Judiciário quanto pelo Poder Legis-

lativo.

Questão 52    (FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2018) Ao enfocar cri-

ticamente a “doutrina do direito natural”, Hans Kelsen a caracteriza como aquela

fundada

a) no dualismo entre “direito natural” e “direito positivo” que considera que a vali-

dade deste último independe da correspondência ao “direito natural”.

b) no dualismo entre “direito natural” e “direito positivo”, e considera que o “direito

natural”, em virtude de sua perfectibilidade, estaria acima do “direito positivo”, de

modo que a validade deste último dependeria de sua correspondência ao “direito

natural”.

c) em uma visão monista que sustenta que todo direito é necessariamente natural

uma vez que seu fundamento último é a natureza humana.

d) em um alto grau de cientificidade e caracterizada pela ausência de contradições

relativamente à justificação do estabelecimento do “direito positivo” ou à existência

do Estado competente para o estabelecimento do “direito positivo”

e) no dualismo dentre “direito natural” e “direito positivo” que, por toda sua coe-

rência e rigor conceitual, é professada pelo autor em sua “teoria pura do direito”.

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Questão 53    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2015) A Corte Consti-

tucional deve “entender a si mesma como protetora de um processo legislativo de-

mocrático, isto é, como protetora de um processo de criação democrática do direito,

e não como guardiã de uma suposta ordem suprapositiva de valores substanciais.

A função da Corte é velar para que se respeitem os procedimentos democráticos

para uma formação da opinião e da vontade políticas de tipo inclusivo, ou seja, em

que todos possam intervir, sem assumir a mesma o papel de legislador político”.

(Más Allá del Estado Nacional. Madrid: Trotta, 1997. p. 99)

O trecho citado, acerca da postura de um Tribunal Constitucional durante o seu

processo de interpretação da Constituição, corresponde à obra e concepção

a) substancial de Ronald Dworkin de proteção dos direitos fundamentais.

b) procedimental de Robert Alexy da teoria da argumentação e princípios.

c) procedimental de Jürgen Habermas da teoria do discurso.

d) mista de John Hart Ely de democracia.

e) procedimental de John Rawls do fórum público de princípios.

Questão 54    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Herbert Hart considera que o direito é identificado a partir de um critério de vali-

dade de regras, enquanto Ronald Dworkin entende ser o direito um conceito inter-

pretativo.

Questão 55    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

Enquanto Hart conceitua o direito como o conjunto de ordens coercitivas emanadas

da autoridade soberana, Dworkin entende que o direito é um conceito interpreta-

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tivo derivado da melhor justificação moral das regras e princípios de uma comuni-

dade política.

Questão 56    (CESPE/MPU/ANALISTA/2018) Está, pois, suficientemente esclarecido

que a virtude moral é um meio-termo entre dois vícios, um dos quais envolve ex-

cesso e o outro, deficiência, e isso porque a sua natureza é visar à mediania nas

paixões e nos atos.

Do que acabamos de dizer segue-se que não é fácil ser bom, pois em todas as coisas é
difícil encontrar o meio-termo.
(…)
A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o ganho. Eis aí por que as pes-
soas em disputa recorrem ao juiz; e recorrer ao juiz é recorrer à justiça, pois a natureza
do juiz é ser uma espécie de justiça animada; e procuram o juiz como um intermediário,
e em alguns Estados os juízes são chamados mediadores, na convicção de que, se os
litigantes conseguirem o meio-termo, conseguirão o que é justo. O  justo, pois, é  um
meio-termo, já que o juiz o é. Ora, o juiz restabelece a igualdade.

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. PESSANHA, José A. M. (Org.).

4. ed., v. 2, São Paulo: Nova Cultural, 1991 (com adaptações))

A partir das ideias constantes nesse fragmento de texto, julgue o item a seguir.

Depreende-se do texto que a decisão do juiz, apesar de ética, não necessariamente

representa o justo para os litigantes, pois um terá de perder e o outro, ganhar, para

que a justiça corretiva aconteça.

Questão 57    (CESPE/MPE-PI/ANALISTA/2018) A respeito da ética, da moral, de

valores e democracia, julgue o item a seguir.

A vida do ser humano em comunidade teve como consequência a construção e a

aquisição de valores acerca do bem e do mal, do justo e do injusto, que se tor-

naram costumes aceitos que, transmitidos de geração para geração, passaram a

constituir o domínio da ética e da moral.

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Questão 58    (CESPE/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO/2012) Considerando os concei-

tos de direito e de moral, assinale a opção correta à luz da filosofia do direito.

a) Kant desenvolveu a teoria do mínimo ético, segundo a qual o direito representa

todo o conteúdo moral obrigatório para que a sociedade possa sobreviver minima-

mente.

b) Hans Kelsen formulou a teoria da bilateralidade atributiva, asseverando que a

moral não se distingue do direito, mas o complementa por meio da bilateralidade

ou intersubjetividade.

c) Christian Thomasius propôs a distinção entre o direito e a moral, sob a inspira-

ção pufendorfiana, com base na ideia de coação.

d) Thomas Hobbes desenvolveu a teoria da atributividade, segundo a qual direito e

moral estão inter-relacionados, tendo ambos origem no direito natural.

e) Max Scheler preconizava uma espécie de moral pura, condição para a existência

de um comportamento que, guiado pelo direito e pela ética, não muda segundo as

circunstâncias

Questão 59    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Sendo fundamento da República Federativa do Brasil, conforme previsto na CF,

o princípio jurídico da dignidade da pessoa humana é considerado o mais importan-

te de todos os princípios constantes no ordenamento jurídico brasileiro.

Questão 60    (CESPE/PGE-SE/PROCURADOR ESTADUAL/2017) A adaptação de lei,

por um intérprete, às exigências atuais e concretas da sociedade configura inter-

pretação

a) histórica.

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b) sistemática.

c) sociológica.

d) analógica.

e) autêntica.

Questão 61    (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2015) Se, ao in-

terpretar a lei, o magistrado concluir que a impenhorabilidade do bem de família

deve resguardar o sentido amplo da entidade familiar, abrangendo, além dos imó-

veis do casal, também os imóveis pertencentes a pessoas solteiras, separadas e

viúvas, ainda que estas não estejam citadas expressamente no texto legal, essa

interpretação, no que se refere aos meios de interpretação, será classificada como

a) sistemática.

b) histórica.

c) jurisprudencial.

d) teleológica.

e) lógica.

Questão 62    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Quanto à sociolo-

gia jurídica, julgue o item subsequente.

O positivismo jurídico representa o conjunto das teorias da Escola da Exegese. De

acordo com essa escola, o direito só pode ser considerado como fruto do trabalho

do legislador (direito estatal) e as leis devem ser interpretadas racional e logica-

mente.

Questão 63    (CESPE/MPE-AC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) No que concerne à

interpretação do direito e ao método de interpretação pela lógica do razoável, as-

sinale a opção correta.

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a) A aplicação do direito pressupõe a utilização do logos do razoável, uma vez que

os procedimentos decisórios não obedecem a qualquer tipo de predeterminação de

seus conteúdos.

b) Ao considerarem regras e princípios, aspectos pessoais e sociais, circunstâncias

e finalidades, assim como ao analisarem o direito a ser aplicado no caso concreto,

os juízes exercem atividade dedutiva.

c) A segurança jurídica, objetivo superior da legislação, depende mais do processo

lógico de interpretação das normas jurídicas que dos princípios extraídos das nor-

mas escritas, considerando-se a roupagem mais ou menos apropriada como eles

se apresentam.

d) No que diz respeito aos resultados, a  interpretação especificadora emana da

própria lei ou ato normativo, surgindo do próprio poder que interpreta seu ato nor-

mativo.

e) A interpretação lógico-sistemática investiga a finalidade da norma, aquilo que

se busca servir ou tutelar, ou seja, consiste na investigação do fim ou da razão de

ser da lei.

Questão 64    (CESPE/DPE-TO/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) De acordo

com o método de interpretação jurídica desenvolvido por Recaséns Siches, o pro-

cesso de investigação dos fatos, na ordem jurídica vigente, assegura maior satisfa-

ção e legitimidade na solução e na interpretação jurídica. Segundo a jurisprudência,

a melhor interpretação do direito não se subordina servilmente ao texto legal nem

se vale de raciocínios artificiais para enquadrar friamente os fatos em conceitos

prefixados, mas se direciona para a solução justa. Essas definições correspondem

ao método de interpretação jurídica denominado

a) lógico-dedutivo.

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b) hipotético-condicional.

c) lógica do razoável.

d) modo final de aplicação.

e) conflito normativo.

Questão 65    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

Em termos gerais, a corrente originalista da interpretação constitucional defende

que existe um sentido correto das normas constitucionais, cuja interpretação deve

seguir o pensamento do legislador constituinte originário.

Questão 66    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca das teorias

contemporâneas da justiça, julgue o item a seguir.

De acordo com o utilitarismo, a relação sexual consentida entre homossexuais e

sem prejuízo a terceiros, ainda que vista como inadequada por um grupo social,

não configura uma questão de moralidade.

Questão 67    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

O utilitarismo é uma espécie de ética normativa segundo a qual se considera corre-

ta uma ação se ela colaborar para promover a felicidade, de modo que um indivíduo

egoísta, por exemplo, pode ser valorizado, com base nessa proposta.

Questão 68    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Segundo Rawls, idealizador do liberalismo-igualitário — proposta que relaciona os

conceitos de justiça e de equidade —, cada pessoa deve ter um direito igual ao

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sistema total mais extenso de liberdades básicas compatíveis com um sistema de

liberdade similar para todos, o que ele considera o primeiro princípio da justiça.

Questão 69    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca das teorias

contemporâneas da justiça, julgue o item a seguir.

Para o libertarismo, a defesa do livre mercado é incompatível com a política social

baseada na tributação redistributiva porque esta representa uma violação aos di-

reitos do povo.

Questão 70    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

A teoria comunitarista, que tem Charles Taylor como um dos seus principais teóri-

cos, surgiu no contexto da Guerra Fria, em oposição ao liberalismo.

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GABARITO
1. a 25. b 49. e

2. a 26. b 50. E

3. d 27. b 51. C

4. a 28. d 52. b

5. b 29. b 53. c

6. b 30. c 54. C

7. a 31. a 55. C

8. d 32. d 56. E

9. d 33. c 57. C

10. b 34. c 58. c

11. d 35. c 59. E

12. d 36. a 60. c

13. d 37. a 61. d

14. a 38. c 62. C

15. b 39. c 63. a

16. b 40. E 64. c

17. b 41. E 65. C

18. a 42. E, C, E, C 66. C

19. a 43. C, E 67. E

20. d 44. b 68. C

21. a 45. c 69. C

22. b 46. c 70. C

23. b 47. b

24. a 48. a

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GABARITO COMENTADO
Questões da OAB

Questão 1    (2020/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) É preciso sair do estado natural,

no qual cada um age em função dos seus próprios caprichos, e convencionar com

todos os demais em submeter-se a uma limitação exterior, publicamente acordada,

e, por conseguinte, entrar num estado em que tudo que deve ser reconhecido como

seu é determinado pela lei...


Immanuel Kant

A perspectiva contratualista de Kant, apresentada na obra Doutrina do Direito, sus-

tenta ser necessário passar de um estado de natureza, no qual as pessoas agem

egoisticamente, para um estado civil, em que a vida em comum seja regulada pela

lei, como forma de justiça pública. Isso implica interferir na liberdade das pessoas.

Em relação à liberdade no estado civil, assinale a opção que apresenta a posição

que Kant sustenta na obra em referência.

a) O homem deixou sua liberdade selvagem e sem freio para encontrar toda a sua

liberdade na dependência legal, isto é, num estado jurídico, porque essa dependên-

cia procede de sua própria vontade legisladora.

b) A liberdade num estado jurídico ou civil consiste na capacidade da vontade so-

berana de cada indivíduo de fazer aquilo que deseja, pois somente nesse estado o

homem se vê livre das forças da natureza que limitam sua vontade.

c) A liberdade civil resulta da estrutura política do estado, de forma que somente

pode ser considerado liberdade aquilo que decorre de uma afirmação de vontade

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do soberano. No estado civil, a liberdade não pode ser considerada uma vontade

pessoal.

d) Na república, a liberdade é do governante para governar em prol de todos os

cidadãos, de modo que o governante possui liberdade, e os governados possuem

direitos que são instituídos pelo governo.

Letra a.

Em relação a provas anteriores, esse Exame foi relativamente simples. Os autores

cobrados são clássicos e estudados em diversas disciplinas do curso de Direito, não

especificamente nas disciplinas de Filosofia. A seu turno, a questão tenta confundir

o examinando com a inclusão de alternativas que podem se referir a outros autores,

mas não ao autor proposto. A alternativa b, em verdade, corresponde ao estado de

natureza, pelo qual o indivíduo não sofre limitações que não aquelas decorrentes

do estado das coisas e de suas capacidades físicas. O próprio texto motivador da

questão ajuda a afastar essa alternativa. A alternativa c trata do Estado absolutis-

ta, em que a vontade do monarca se sobrepõe à dos demais indivíduos. Kant faz

parte do iluminismo, que representou a corrente teórica que fundamentou os ideais

liberais que derem origem às revoluções do Século XVIII. A última alternativa tem

pro referência o proposto por Rousseau em relação à noção de nação.

Questão 2    (2020/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) Temos pois definido o justo e o

injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa é inter-

mediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter

demais e o outro é ter demasiado pouco.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

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Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a justiça como uma virtude e

a diferencia daquilo que é injusto.

Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve ser enten-

dido como justiça enquanto virtude.

a) Uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido que as outras virtu-

des, e sim porque se relaciona com uma quantia intermediária, enquanto a injusti-

ça se relaciona com os extremos.

b) Uma maneira de proteger aquilo que é o mais conveniente para o mais forte,

uma vez que a justiça como produto do governo dos homens expressa sempre as

forças que conseguem fazer valer seus próprios interesses.

c) O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei

como pacto que vincula todos os cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcio-

nam como pactos celebrados entre particulares e vinculam as partes contratantes.

b) Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável

para toda e qualquer pessoa e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a

máxima de tua ação devesse tornar-se, por meio da tua vontade, uma lei univer-

sal”.

Letra a.

A alternativa B trata do estado de natureza, que, por seu estado de coisas, não

pode ser considerado justo ou injusto, apenas é. A alternativa C se refere ao con-

tratualismo, que vem muitos séculos após a obra de Aristóteles. A alternativa D se

refere ao proposto pela teoria de Kant.

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Questão 3    (2014/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) Em seu livro Levando os Direitos a

Sério, Ronald Dworkin cita o caso Riggs contra Palmer, em que um jovem matou o

próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889) julga o

caso considerando que a legislação do local e da época não previa o homicídio como

causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso, o Tribunal aplica o princípio,

não legislado, do direito que diz que ninguém pode se beneficiar de sua própria

iniquidade ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu sua herança.

Com esse exemplo podemos concluir que a jusfilosofia de Ronald Dworkin, dentre

outras coisas, pretende

a) revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um

ordenamento jurídico é responsabilidade exclusiva do legislador que deve se esfor-

çar por produzir leis justas.

b) mostrar como as cortes podem ser ativistas quando decidem com base em prin-

cípios e não com base na lei e que decidir assim fere o estado de direito.

c) defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas

características e, por isso, ambos podem ser aplicados livremente pelos tribunais.

d) argumentar que regras e princípios são normas com características distintas e

em certos casos os princípios poderão justificar de forma mais razoável a decisão

judicial, pois a tornam também moralmente aceitável.

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Letra d.

No caso citado, Dworkin aponta que existe uma contraposição entre o comporta-

mento do indivíduo e o comportamento que a sociedade deseja incentivar. Para o

autor, não pode ser considerado adequado o estímulo a homicídios com a intenção

de receber um adiantamento de herança. Por tal motivo, não se deve permitir esse

resultado no âmbito do ordenamento jurídico.

O que torna o caso atípico, para Dworkin, é o fato de que o resultado da aplicação

das regras vigentes ao caso conduziria a um resultado que estimularia outros atos

no mesmo sentido. Nesse contexto, para o autor, haveria a necessidade de chamar

à solução do litígio os princípios liberais que regem o ordenamento jurídico.

No caso específico, aplica-se a noção de ordenamento jurídico como Integridade,

o que significa que o ordenamento jurídico deve ser construído sobre bases coeren-

tes e que respeite os princípios liberais básicos. Dessa forma, o que se tem é que

os princípios devem conduzir a uma aplicação racional do ordenamento jurídico,

de forma a evitar decisões que afrontem os fundamentos liberais do ordenamento

jurídico.

a) Errada. Retira da responsabilidade do Poder Judiciário a análise da integridade

do ordenamento jurídico, deixando exclusivamente ao Poder Legislativo tal tarefa.

b) Errada. Apresenta uma crítica ao ativismo judicial, o que retiraria, tal como a

letra a, do Poder Judiciário qualquer papel na construção do ordenamento jurídico.

c) Errada. Vai frontalmente contra a proposta de Dworkin. Para ele, as regras de-

vem ser consideradas para a solução da maioria dos casos. Apenas em situações

específicas, em que a solução alcançada pelas regras seja moralmente injustificável

é que se deve utilizar os princípios para solucionar os casos postos a julgamento

perante o Poder Judiciário.

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Questão 4    (2015/FGV/XVI EXAME DE ORDEM) Rudolf Von Ihering, em A Luta pelo

Direito, afirma que “O fim do direito é a paz, o meio de atingi-lo, a luta.” Assinale a

afirmativa que melhor expressa o pensamento desse autor

a) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais desta sociedade,

e ele resulta de uma luta de pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjeti-

vos. Por isso, o Direito é uma força viva e não uma ideia.

b) O Direito é o produto do espírito do povo que é passado de geração em geração.

Por isso, quando se fala em Direito, é preciso sempre olhar para a história e as lutas

sociais. O Direito Romano é a melhor expressão desse processo.

c) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de

luta de classes, em que a classe dominante o usa para manter o controle sobre os

dominados.

d) O Direito resulta da ação institucional do Estado, e no parlamento são travadas

as lutas políticas que definem os direitos subjetivos de uma sociedade.

Letra a.

A obra de Ihering trazida na questão é uma obra fundamental para o estudante

de Direito. De fato, foi essa obra que transformou o símbolo do Direito. Até então,

o símbolo do Direito era a balança, o que representava o equilíbrio que se tentava

alcançar por meio do Direito. A partir de Ihering, como por ele proposto, a espada

passou a fazer parte desse símbolo, justamente para demonstrar que o Direito de-

pende da força coercitiva do Estado para ser aplicável, ter consequência.

Nesse contexto, o autor, nessa obra, tenta demonstrar a importância da luta para

a afirmação e manutenção dos direitos. Para ele, sempre que um direito é violado,

o indivíduo tem duas opções, lutar por ele ou desistir dele e, cada vez que desiste,

perde um pouco de sua condição de ser humano. Isso porque o que distingue o ser

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humano dos outros seres é justamente o fato de que temos direitos. Ao renunciar,

pois, a alguns desses direitos, abrimos mão também da condição de ser humano.

Nesse contexto, o direito apenas faz sentido quando violado, que é quando o in-

divíduo se vê entre essas duas opções. Como a única opção aceitável é a luta,

posto que a outra implica desistir daquele direito, a sociedade e os direitos de uma

sociedade acabam construídos a partir daqueles direitos pelos quais a sociedade

escolheu lutar.

b) Errada. Apresenta uma perspectiva evolutiva do direito, uma vez que estabe-

lece uma relação entre luta dos antepassados e surgimento do direito e passagem

para as próximas gerações. Para Ihering, essa luta deve ser cotidiana.

c) Errada. Apresenta uma perspectiva marxista do direito como meio para domi-

nação das classes sociais. Ihering não trabalha com a noção de lutas de classes em

sua obra.

d) Errada. Transfere a responsabilidade pela defesa dos direitos ao Parlamento,

o que está em desacordo com a obra de Ihering.

Questão 5    (2015/FGV/XVII EXAME DE ORDEM) “Mister é não olvidar que a com-

preensão do direito como ‘fato histórico-cultural’ implica o conhecimento de que

estamos perante uma realidade essencialmente dialética, isto é, que não é conce-

bível senão como ‘processus’, cujos elementos ou momentos constitutivos são fato,

valor e norma (…)”

(Miguel Reale, In: Teoria Tridimensional do Direito)

Assinale a opção que corretamente explica a natureza da dialética de complemen-

taridade que, segundo Miguel Reale, caracteriza a Teoria Tridimensional do Direito.

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a) A relação entre os polos opostos que são o fato, a norma e o valor, produz uma

síntese conclusiva entre tais polos.

b) A implicação dos opostos na medida em que se desoculta e se revela a aparên-

cia da contradição, sem que, com esse desocultamento, os termos cessem de ser

contrários.

c) A síntese conclusiva que se estabelece entre diferentes termos, conforme o mo-

delo hegeliano de tese, antítese e síntese.

d) A estrutura estática que resulta da lógica de subsunção entre os três termos que

constituem a experiência jurídica: fato, norma e valor.

Letra b.

A dialética é um método de construção do pensamento pelo qual dois elementos

contraditórios se reúnem para formar um terceiro, que seja capaz de reunir os

anteriores, sem negá-los e sem copiá-los. Usualmente, a dialética é construída a

partir de um enunciado axiomático, ou seja, uma frase que expressa um valor, cha-

mado de tese, por um segundo enunciado que contradiga o primeiro ou o negue,

chamado de antítese, e, finalmente, por uma terceira teoria, que seja capaz de

considerar os dois anteriores, e que é chamado de síntese.

Miguel Reale introduz a noção de Dialética da Complementariedade, pela qual a

tese e a antítese não se unem para formar a síntese, mas estabelecem, entre si,

uma relação de complementariedade, como se o primeiro axioma fosse incompleto

e, apenas a partir do segundo, é que pode se tornar completo.

a, c) Errada. Estabelecem o modelo dialético clássico, de Hegel, pelo qual tese e

antítese se unem para formar a antítese.

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d) Errada. Estabelece uma realidade estática a partir da subsunção de um axioma

ao fato, valor e norma. No entanto, se tem algo que a proposta de Reale não con-

sidera é justamente um cenário estático.

Questão 6    (2013/FGV/XII EXAME DE ORDEM) Considere a seguinte afirmação de

Herbert L. A. Hart:

“Seja qual for o processo escolhido, precedente ou legislação, para a comunicação

de padrões de comportamentos, estes, não obstante a facilidade com que atuam

sobre a grande massa de casos correntes, revelar-se-ão como indeterminados em

certo ponto em que a sua aplicação esteja em questão.”

(HART, Herbert. O conceito de Direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1986. p. 141.)

Hart admite um grau de indeterminação nos padrões de comportamento previstos

na legislação e nos precedentes judiciais. A respeito, assinale a afirmativa correta.

a) Trata-se do fenômeno chamado na doutrina jurídica de lacuna material do direi-

to, em que o jurista não consegue dar uma resposta com base no próprio direito

positivo para uma situação juridicamente relevante.

b) Trata-se da textura aberta do direito, expressa por meio de regras gerais de

conduta, que deve ganhar um sentido específico dado pela autoridade competente,

à luz do caso concreto.

c) Trata-se da incompletude do ordenamento jurídico que, por isso mesmo, deve

recorrer aos princípios gerais do direito, a fim de promover uma integração do di-

reito positivo.

d) Trata-se do fenômeno denominado de anomia social pelos sociólogos do direito,

em que existe um vácuo de normas jurídicas e a impossibilidade real de regulação

de conflitos juridicamente relevantes.

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Letra b.

Hart é um autor que, no âmbito do Direito, apresenta um pensamento um pouco

diferenciado dos demais.

Em vez de desenvolver sua teoria do Direito a partir, seja do ordenamento jurídi-

co, seja da sociedade, ou, ainda, de considerar a importância dos princípios, Hart

desenvolve sua teoria a partir do estudo da linguagem. Para ele, uma das princi-

pais características da linguagem é a sua imprecisão, mas não apenas. O uso de

determinadas expressões pode causar uma percepção negativa ou positiva sobre

determinada norma, o que vai, inclusive, alterar o processo de interpretação.

Essa questão que se está a analisar causou certa polêmica na época de sua aplica-

ção. Isso porque o autor trata da tessitura aberta da linguagem e, por consequên-

cia, da imprecisão que decorre de certas expressões. A partir disso, o que se tem

é que a linguagem, ao  ser utilizada para comunicar padrões de comportamento,

apresentam uma textura aberta, o que acaba por se comunicar à norma criada a

partir dessa linguagem.

a, c) Erradas. Tratam da existência de lacunas no ordenamento jurídico, o que não

tem correlação com o proposto por Hart.

d) Errada. Trata da ausência de normas jurídicas e sociais sobre o tema, o que

indica uma impossibilidade fática de regulação de um conflito quando se verificar

tal ocorrência, o que não está relacionado com a teoria de Hart.

b) Errada. Apesar de Hart fazer um estudo do Direito a partir da linguagem, ele

considera que as imprecisões da linguagem ao comunicar padrões de comporta-

mento acabam por se comunicar ao ordenamento jurídico, o que indica não estar

errada a correlação proposta pela alternativa.

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Questão 7    (2013/FGV/XII EXAME DE ORDEM) O utilitarismo é uma filosofia mo-

derna que conquistou muitos adeptos nos séculos XIX e XX, inclusive no pensa-

mento jurídico. As principais características do utilitarismo são:

a) convencionalismo, consequencialismo e antifundacionalismo.

b) consequencialismo, transcendentalismo e fundacionalismo.

c) convencionalismo, materialismo e fatalismo.

d) mecanicismo, fatalismo e antifundacionalismo.

Letra a.

Para buscar responder a essa questão, deve-se analisar cada uma das correntes do

pensamento filosófico apresentadas na questão, ainda que resumidamente.

A partir disso, tem-se que o convencionalismo é uma corrente da filosofia política

que reconhece que o conjunto das instituições, costumes e práticas humanas são

resultado de convenções culturais, não da natureza.

Para o consequencialismo, as consequências de um ato devem ser levadas em

consideração quando se faz juízo sobre o certo e o errado, independentemente se

existe uma relação de intencionalidade entre a conduta e o resultado.

Por sua vez, o fundacionalismo está relacionado ao pensamento de que todo o

conhecimento humano se baseia em algumas poucas crenças básicas, enquanto o

antifundacionalismo se opõe a essa ideia de que é possível reduzir a alguns poucos

fundamentos base para o conhecimento e construção da sociedade.

O transcendentalismo defende a percepção a partir de uma consciência intuitiva,

nos termos do proposto por Kant.

O materialismo é uma abordagem filosófica para a compreensão de todas as coi-

sas a partir da interação com bens materiais.

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O fatalismo é a corrente filosófica que defende que o que tiver que acontecer vai

acontecer, independentemente de qualquer coisa que se faça para evitar aquele

resultado.

Na Filosofia, o  mecanicismo é a corrente que pressupõe a existência de Deus

como mecanismo de sustentação do mecanismo do universo.

Para o utilitarismo, uma ação é justa se o resultado for o melhor possível para

toda a coletividade, o  que implica uma posição consequencialista. Além disso,

o utilitarismo parte do pressuposto de que existe uma convenção social pela busca

do bem comum. O  utilitarismo não parte do transcendentalismo. De fato, ele

admite a redução do bem-estar de um indivíduo com a intenção de aumentar o

bem-estar de outro. Quanto ao materialismo, o  utilitarismo parte da noção de

bem-estar, que não se extrai apenas dos aspectos materiais de uma relação. Por

outro lado, o utilitarismo nega o fatalismo, na perspectiva que reconhece a possi-

bilidade de atitudes para incremento do bem-estar geral.

Questão 8    (2013/FGV/X EXAME DE ORDEM) A hermenêutica aplicada ao direito

formula diversos modos de interpretação das leis. A  interpretação que leva em

consideração principalmente os objetivos para os quais um diploma legal foi criado

é chamada de

a) interpretação restritiva, por levar em conta apenas os objetivos da lei, ignorando

sua estrutura gramatical.

b) interpretação extensiva, por aumentar o conteúdo de significado das sentenças

com seus objetivos historicamente determinados.

c) interpretação autêntica, pois apenas as finalidades da lei podem dar autentici-

dade à interpretação.

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d) interpretação teleológica, pois o sentido da lei deve ser considerado à luz de

seus objetivos.

Letra d.

Entre os métodos clássicos de interpretação, destacam-se os seguintes:

I Método gramatical ou filosófico: analisa cada palavra que compõe a lei, individu-

almente e em conjunto com as demais palavras;

II Método lógico-sistemático: leva em conta o ordenamento no qual a lei está

inserida, a relação dessa lei com as demais leis que integram esse mesmo ordena-

mento jurídico, bem como os princípios que informam esse ordenamento;

III Método Histórico: leva em consideração os aspectos históricos que definiram a

existência daquela lei, como as dificuldades e os anseios da sociedade que condu-

ziram à criação de tal norma.

IV Método comparativo: considera a existência de outros ordenamentos que em

seus Estados têm a mesma finalidade da lei analisada;

V Método teleológico: preocupa-se com o fim a que a norma se dirige. Assim,

o  intérprete deve considerar valores sociais fundamentais, como a justiça, ética,

liberdade, igualdade, bem comum, entre outros.

VI Método Sociológico: esse método parte de considerações sobre os motivos que

levaram à edição da norma e seus efeitos para que se mostre possível estender o

sentido da norma a novas relações, a partir da verificação do alcance original da

norma e sua correspondência ao momento atual da sociedade.

Por sua vez, tem-se que a interpretação autêntica decorre de um critério de classifi-

cação quanto à pessoa que interpreta e admite outros dois tipos, a não autêntica e

a sociedade aberta dos intérpretes. Pela interpretação autêntica, tem-se a atuação

dos órgãos e pessoas responsáveis por editar e aplicar a norma. A interpretação

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não autêntica, por sua vez, se dá por aqueles que não têm a atribuição de editar e

aplicar a norma. Quanto à sociedade aberta dos intérpretes, trata-se de uma cor-

rente proposta por Peter Häberle pela qual todos os que devem se comportar de

acordo com a norma estão habilitados a ser seu intérprete.

Quanto à interpretação extensiva e restritiva, tem-se uma classificação de acordo

com os efeitos do ato de interpretar e admite, ainda, como tipo a interpretação

declaratória.

Questão 9    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM) A partir da leitura de Aristóteles

(Ética a Nicômaco), assinale a alternativa que corresponde à classificação de justiça

constante do texto:

“… uma espécie é a que se manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro ou

das outras coisas que são divididas entre aqueles que têm parte na constituição

(pois aí é possível receber um quinhão igual ou desigual ao de um outro)…”

a) Justiça Natural.

b) Justiça Comutativa.

c) Justiça Corretiva.

d) Justiça Distributiva.

Letra d.

A questão demanda, basicamente, que se interprete o texto e relacione com al-

gumas teorias de Justiça existentes na literatura. A teoria da Justiça Natural está

intrinsecamente relacionada ao Direito Natural e, para ela, apenas quando o direito

positivo reflete o direito natural é que ele é justo. Assim, qualquer norma que não

busque o bem comum é injusta.

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A Justiça Comutativa está relacionada ao equilíbrio entre uma prestação e uma

contraprestação e, portanto, apenas ocorre quando ambos os indivíduos, simulta-

neamente, dão e recebem.

Enquanto a Justiça Comutativa estabelece a existência de um mero equilíbrio,

a Justiça Corretiva estabelece uma relação de igualdade. O ganho e a perda em

uma relação jurídica devem ser iguais.

Por fim, a Justiça Distributiva é aquela que admite resultados desiguais, desde

que decorrentes de uma desigualdade anterior. A partir do exposto, tem-se que o

texto trata da Justiça Distributiva.

Questão 10    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM) O raciocínio analógico é típico do

pensamento jurídico. Esse é um tema debatido por vários teóricos e filósofos do

Direito. Para Norberto Bobbio, na obra Teoria do Ordenamento Jurídico, trata-se

de um método de autointegração do Direito. Assinale a opção que, segundo esse

autor, apresenta o conceito de analogia.

a) Subsunção de um caso (premissa menor) a uma norma jurídica (premissa maior)

de forma a permitir uma conclusão lógica e necessária.

b) Existindo relevante semelhança entre dois casos, as  consequências jurídicas

atribuídas a um caso já regulamentado deverão ser atribuídas também a um caso

não regulamentado.

c) Raciocínio em que se produz, como efeito, a extensão de uma norma jurídica

para casos não previstos por esta.

d) Decisão, por meio de recurso, às práticas sociais que sejam uniformes e conti-

nuadas e que possuam previsão de necessidade jurídica.

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Letra b.

Questão interessante, mas que, para responder, não há necessidade de conhecer a

teoria apresentada por Bobbio sobre o tema.

a) Errada. Apresenta-se um caso de adequação direta do caso à norma, o  que

afasta a integração por analogia.

c) Errada. Apresenta-se um caso que está relacionado à hipótese de aplicação da

norma, tratando-se de mero reconhecimento interpretativo de adequação da hipó-

tese à norma, ainda que por extensão do conteúdo ali presente. Difere da analogia

quando essa, para ocorrer, necessariamente desborda os limites da norma, passan-

do-se a aplicar a caso que não está previsto na norma, mas que, por semelhança,

acaba-se por aplicar. Na interpretação extensiva, tem-se hipótese, tão somente, de

ampliação do sentido da norma.

d) Errada. Dispensa comentários, uma vez que está completamente destoante da

hipótese apresentada na questão.

Questão 11    (2017/FGV/XXIII EXAME DE ORDEM) … só a vontade geral pode dirigir

as forças do Estado de acordo com a finalidade de suas instituições, que é o bem

comum…

Jean-Jacques Rousseau

A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do Contrato So-

cial, foi fundamental para o amadurecimento do conceito moderno de lei e de de-

mocracia.

Assinale a opção que melhor expressa essa ideia conforme concebida por Rousseau

no livro citado.

a) A soma das vontades particulares.

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b) A vontade de todos.

c) O interesse particular do soberano, após o contrato social.

d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças.

Letra d.

Rousseau apresenta a noção de contrato social pelo qual a sociedade delega par-

celas de sua liberdade a um ente encarregado de buscar a satisfação do interesse

coletivo.

Apesar de não ser o primeiro ou o único contratualista da nossa história, Rousseau

tem grande importância por desenvolver o conceito de nação.

Para ele a nação não se confunde com a soma dos indivíduos que habitam um de-

terminado território e, tampouco, tem sua vontade dirigida por eles.

Na verdade, essa nação, enquanto ficção jurídica, também possui vontade própria,

distinta da vontade dos particulares e que não corresponde à vontade média da

sociedade ou à vontade dos indivíduos somadas.

É um ser independente e com interesses próprios. Os interesses da nação são o

interesse comum. Esse interesse comum é representado pela base comum a todos

os indivíduos daquela comunidade.

Questão 12    (2016/FGV/XXI EXAME DE ORDEM) Há um limite para a interferência

legítima da opinião coletiva sobre a independência individual, e encontrar esse li-

mite, guardando-o de invasões, é tão indispensável à boa condução dos negócios

humanos como a proteção contra o despotismo político.

John Stuart Mill

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A consciência jurídica deve levar em conta o delicado balanço entre a liberdade

individual e o governo das leis. No livro A Liberdade. Utilitarismo, John Stuart Mill

sustenta que um dos maiores problemas da vida civil é a tirania das maiorias.

Conforme a obra citada, assinale a opção que expressa corretamente a maneira

como esse autor entende o que seja tirania e a forma de proteção necessária.

a) A tirania resulta do poder do povo como autogoverno porque o povo não é escla-

recido para fazer suas escolhas. A proteção contra essa tirania é delegar o governo

aos mais capacitados, como uma espécie de governo por meritocracia.

b) A deliberação de juízes ao imporem suas concepções de certo e errado sobre

as causas que julgam, produz a mais poderosa tirania, pois subjuga a vontade

daqueles que estão sob a jurisdição desses magistrados. Apenas o duplo grau de

jurisdição pode proteger a sociedade desta tirania.

c) Os governantes eleitos impõem sobre o povo suas vontades e essa forma de

opressão é a única tirania da maioria contra a qual se deve buscar a proteção na

vida social, o que é feito por meio da desobediência civil.

d) A sociedade, quando faz as vezes do tirano, pratica uma tirania mais temível

do que muitas espécies de opressão política, pois penetra nos detalhes da vida e

escraviza a alma. Por isso é necessária a proteção contra a tirania da opinião e do

sentimento dominantes.

Letra d.

Questão complexa e de difícil resolução. Ainda assim, parece possível resolvê-la

por eliminação das alternativas. O enunciado da questão pede que se analise o que

seria a tirania da maioria de acordo com um determinado autor e que se apresente

uma forma de defesa contra essa tirania.

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a) Errada. Sugere que o governo do povo forma uma tirania por falta de capaci-

dade do povo e que a defesa seria a formação de uma oligarquia. Parece estranha

a correlação entre governo do povo e tirania da maioria.

b) Errada. Trata de uma tirania de poucos em relação a muitos, de uma tirania de

uma elite intelectual. A questão pede para que se apresente hipótese de tirania da

maioria.

c) Errada. Trata da tirania dos governantes eleitos, que impõem sua vontade ao

povo. Para complicar, apresenta a menção a uma tirania da maioria. A defesa con-

tra ela seria a desobediência civil.

d) Certa. Trata de uma tirania realizada pela sociedade, ou seja, da maioria contra

a minoria. Além disso, a proteção apresentada parece ter correlação com a temá-

tica da alternativa.

A despeito disso, deve-se tratar brevemente da teoria de John Stuart Mill sobre as

ameaças à liberdade individual na sociedade moderna. De fato, o que se tem é que

John Stuart Mill se apresenta como um teórico da liberdade. Suas obras se dedicam

justamente a essa temática e, como não podia deixar de ser, ele se propõe a anali-

sar as principais ameaças a essa liberdade, que, na sociedade atual, seriam duas: a

tirania da maioria e a interferência ilegítima da sociedade e do estado na liberdade.

Quanto ao segundo, registre-se, inicialmente, que a interferência deve ser ilegítima

e para qualificar essa interferência como ilegítima, para o autor, deve haver uma

punição ao indivíduo, restringindo sua liberdade, mesmo quando sua conduta não

tenha potencial danoso aos interesses de terceiros.

Por outro lado, a tirania da maioria, em contraposição a tiranias perpetradas pelo

Estado, não vem apoiada por penalidades aplicadas pelo Estado e, de fato, pune

não no âmbito externo ao indivíduo, mas pela penalização da alma por meio de pe-

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nalidades sociais. Trata-se da tirania da opinião, em que a maioria exerce controle

moral sobre os interesses da minoria.

Questão 13    (2018/FGV/XXVII EXAME DE ORDEM) Algo mais fundamental do que

a liberdade e a justiça, que são os direitos dos cidadãos, está em jogo quando deixa

de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu…

(ARENDT, Hannah. As origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 2012.)

A situação atual dos refugiados no mundo provoca uma reflexão jusfilosófica no

sentido do que já havia pensado Hannah Arendt, logo após a II Guerra Mundial,

em sua obra As Origens do Totalitarismo. Nela, a autora sustenta que o mais fun-

damental de todos os direitos humanos é o direito a ter direitos, o que não ocorre

com os apátridas.

Segundo a obra em referência, assinale a opção que apresenta a razão pela qual o

homem perde sua qualidade essencial de homem e sua própria dignidade.

a) Ser privado de direitos subjetivos específicos previstos no ordenamento jurídico

pátrio.

b) Viver sob um regime de tirania que viola a liberdade de crença e limita a liber-

dade de expressão.

c) Cumprir pena de privação da liberdade, quando executada em penitenciárias sob

condições desumanas.

d) Deixar de pertencer a uma comunidade organizada, disposta e capaz de garantir

quaisquer direitos.

Letra d.

Hannah Arendt é uma filósofa política que dedica sua obra a tratar da violência.

Para ela, nenhuma forma de violência é legítima, nem mesmo a estatal. O Estado

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surge para garantir direitos, não para legitimar a violência sobre os indivíduos.

A autora é a responsável, ainda, por construir a noção de dignidade da pessoa hu-

mana que utilizamos no nosso cotidiano de estudo do Direito.

Nesse contexto, um dos aspectos que acaba por ser tratado na obra As Origens

do Totalitarismo é justamente o direito à cidadania. Nesse contexto, a autora ana-

lisa o contexto pós Primeira Guerra Mundial, em que aumentou enormemente a

quantidade de pessoas que viviam à margem do Estado, como um problema não

considerado.

No caso dos apátridas, Hannah Arendt afirmou que o grande problema para eles

não era a igualdade perante as leis do Estado, uma vez que, para eles, sequer

existiam leis, posto que estavam à margem desse sistema. Nesse contexto, a au-

tora acaba por definir a cidadania como o direito a ter direitos. Em outras palavras,

o pertencimento a uma comunidade politicamente organizada é que era responsá-

vel por garantir aos indivíduos os direitos e o não pertencimento o relegava a uma

categoria esquecida e sem direitos.

A partir disso, tem-se que a letra a trata apenas da privação de direitos especí-

ficos, enquanto que o debate proposto por Hannah Arendt parte da negativa de

todos os direitos. A alternativa restringe a questão a duas liberdades: a de crença

e a de expressão; o que também não se aplica ao caso em análise.

A letra c limita a questão apenas ao cumprimento de penas privativas de liberda-

de. Ainda que Hannah Arendt reconheça que a violência do Estado é ilegítima, não

se trata da questão posta no enunciado.

Questão 14    (2018/FGV/XXV EXAME DE ORDEM) A ideia da existência de lacuna é

um desafio ao conceito de completude do ordenamento jurídico. Segundo o jusfi-

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lósofo italiano Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento Jurídico, pode-se

completar ou integrar as lacunas existentes no Direito por intermédio de dois mé-

todos, a saber: heterointegração e autointegração.

Assinale a opção que explica como o jusfilósofo define tais conceitos na obra em

referência.

a) O primeiro método consiste na integração operada por meio de recursos a orde-

namentos diversos e a fontes diversas daquela que é dominante; o segundo méto-

do consiste na integração cumprida por meio do mesmo ordenamento, no âmbito

da mesma fonte dominante, sem recorrência a outros ordenamentos.

b) A heterointegração consiste em preencher as lacunas recorrendo-se aos princí-

pios gerais do Direito, uma vez que estes não estão necessariamente incutidos nas

normas do Direito positivo; já a autointegração consiste em solucionar as lacunas

por meio das convicções pessoais do intérprete.

c) O primeiro método diz respeito à necessidade de utilização da jurisprudência

como meio adequado de solucionar as lacunas sem gerar controvérsias; por outro

lado, o segundo método implica buscar a solução da lacuna por meio de interpre-

tação extensiva.

d) A heterointegração exige que o intérprete busque a solução das lacunas nos tra-

tados e nas convenções internacionais de que o país seja signatário; por seu turno,

a autointegração está relacionada à busca da solução na jurisprudência pátria.

Letra a.

A questão é razoavelmente simples e demanda apenas que o examinando conheça

os conceitos de heterointegração e autointegração. Ainda que não conheça a obra

de Bobbio, a questão não traz maiores complicações.

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Enquanto que a autointegração busca a solução no âmbito do próprio ordena-

mento jurídico, ainda que por diferentes meios, a heterointegração encontra so-

lução em ordenamentos jurídicos distintos.

Nesse contexto, tem-se que integra o ordenamento jurídico os princípios gerais de

direito, os  costumes, a  jurisprudência, entre outros. A  interpretação é apenas

um meio de buscar o sentido da norma. Por outro lado, outros ordenamentos

jurídicos podem ser ordenamentos não estatais, como o Direito Internacional,

ordenamentos de outros Estados e a outras fontes não usualmente utilizadas para

a aplicação do Direito.

b) Errada. Ao indicar a utilização dos princípios gerais de direito como heteroin-

tegração está errada, bem como ao indicar as convicções do intérprete como fonte

para a solução de lacunas no ordenamento jurídico.

c) Errada. Ao considerar a jurisprudência como fonte externa ao ordenamento ju-

rídico está inadequada, bem como ao considerar a interpretação como mecanismo

para a solução de lacunas.

d) Errada. Está parcialmente correta ao indicar como potencial fonte da autoin-

tegração a jurisprudência e da heterointegração o ordenamento jurídico interna-

cional. No entanto, erra ao determinar que o intérprete deve buscar a solução no

Direito Internacional.

Questão 15    (2018/FGV/XXV EXAME DE ORDEM) Uma punição só pode ser admiti-

da na medida em que abre chances no sentido de evitar um mal maior.

Jeremy Bentham

Jeremy Bentham, em seu livro Princípios da Moral e da Legislação, afirma que há

quatro casos em que não se deve infligir uma punição.

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Assinale a opção que corresponde a um desses casos citados pelo autor na obra em

referência.

a) Quando a lei não é suficientemente clara na punição que estabelece.

b) Quando o prejuízo produzido pela punição for maior do que o prejuízo que se

quer evitar.

c) Quando o juiz da causa entende ser inoportuna a aplicação da punição.

d) Quando o agressor já sofreu o suficiente em função das vicissitudes do processo

penal.

Letra b.

Espero que você, estudante, nesse ponto, já tenha conseguido perceber uma ten-

dência das questões do Exame de Ordem. Boa parte das questões pode ser resol-

vida por eliminação e essa não é diferente. O enunciado trata de hipóteses em que

não se deve punir. Além disso, o texto informativo traz a noção de a punição apenas

faz sentido quando surge para prevenir um mal maior.

a) Errada. Afirma que não deve haver punição quando a lei não é clara sobre qual

a punição aplicável. Nesse caso, não se tem, por óbvio, a desnecessidade da puni-

ção, mas maior liberdade do julgador na aplicação da penalidade.

b) Errada. Afirma que não deve haver punição quando o prejuízo causado pela

pena for superior ao prejuízo que se quer evitar, o que parece adequado.

Outra forma de resolver a questão é conhecer a teoria de Jeremy Bentham. O autor

se enquadra na escola utilitarista, o que significa dizer que ele busca o incremento

da satisfação geral da sociedade, do bem-estar geral. Nesse contexto, a punição

não deve ser imposta quando:

I ela não for capaz de impedir que o prejuízo ocorra;

II ela for ineficaz para a prevenção de um prejuízo;

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III quando o prejuízo resultante dela for superior ao prejuízo que se pretende evi-

tar; e

IV quando o prejuízo puder ser impedido ou interrompido sem a punição.

Isso porque a punição gera um prejuízo não apenas ao indivíduo, mas também à

sociedade, o que afasta a sua necessidade quando for ineficaz, ineficiente, inútil ou

desnecessária.

c) Errada. Fala genericamente de ser a aplicação da pena inoportuna.

d) Errada. Afirma que não é necessária a punição quando o processo penal já tiver

criado embaraços suficientes ao indivíduo. O processo penal surge como mecanis-

mo para assegurar as garantias do indivíduo e para isso podem ser criados certos

embaraços, mas isso não é suficiente para afastar a necessidade de pena.

Questão 16    (2014/FGV/XIV EXAME DE ORDEM) O filósofo inglês Jeremy Bentham,

em seu livro Uma introdução aos princípios da moral e da legislação, defendeu o

princípio da utilidade como fundamento para a Moral e para o Direito.

Para esse autor, o princípio da utilidade é aquele que

a) estabelece que a moral e a lei devem ser obedecidas porque são úteis à coexis-

tência humana na vida em sociedade.

b) aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar

ou diminuir a felicidade das pessoas cujos interesses estão em jogo.

c) demonstra que o direito natural é superior ao direito positivo, pois, ao longo do

tempo, revelou-se mais útil à tarefa de regular a convivência humana.

d) afirma que a liberdade humana é o bem maior a ser protegido tanto pela moral

quanto pelo direito, pois são a liberdade de pensamento e a ação que permitem às

pessoas tornarem algo útil.

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Letra b.

Trata-se de outra questão sobre a teoria de Bentham; mas, diferente da anterior,

é necessário conhecer um mínimo sobre o utilitarismo para responder à questão.

O utilitarismo é uma corrente filosófica que tem por objeto o incremento do bem-

-estar geral da sociedade ainda que, para isso, seja necessário reduzir o bem-estar

de um indivíduo. Em outras palavras, é legítima a tributação para distribuição de

riquezas, apenas se o resultado final da distribuição for maior do que o prejuízo

causado ao indivíduo que precisou pagar o tributo e teve sua renda reduzida. Nesse

contexto, o que o utilitarismo busca é um resultado social positivo. Outra forma de

enunciar esse bem-estar está justamente na busca por felicidade.

Nesse contexto, o que se tem é a letra b é a mais adequada para refletir o que

propõe o utilitarismo na medida em que afirma que o utilitarismo tem como conse-

quência a aprovação ou desaprovação da conduta a depender do resultado positivo

ou negativo geral em termos de felicidade geral.

a) Errada. Tenta utilizar a noção de utilidade para o senso comum, não a noção

filosófica.

c) Errada. Não tem nenhuma relação com o utilitarismo.

d) Errada. Faz um jogo de palavras e chega ao resultado de que a liberdade de

ação e pensamento permite que as pessoas exerçam sua criatividade, o que, tam-

bém, não está relacionado ao utilitarismo.

Questão 17    (2019/FGV/XXVIII EXAME DE ORDEM) Uma das mais importantes

questões para a Filosofia do Direito diz respeito ao procedimento que define uma

norma jurídica como sendo válida. Para o jusfilósofo Herbert Hart, em O Conceito

de Direito, o  fundamento de validade do Direito baseia-se na existência de uma

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regra de reconhecimento, sem a qual não seria possível a existência de ordena-

mentos jurídicos.

Segundo Hart, assinale a opção que define regra de reconhecimento.

a) Regra que exige que os seres humanos pratiquem ou se abstenham de praticar

certos atos, quer queiram quer não.

b) Regra que estabelece critérios segundo os quais uma sociedade considera válida

a existência de suas próprias normas jurídicas.

c) Regra que impõe deveres a todos aqueles que são reconhecidos como cidadãos

sob a tutela do Estado.

d) Regra que reconhece grupos excluídos e minorias sociais como detentores de

direitos fundamentais.

Letra b.

Questão simples e superficial sobre a teoria de Herbert Hart.  Basicamente, Hart

distingue regras primárias das secundárias.

• As regras primárias, também chamadas de regras de obrigação, estabe-

lecem a obrigatoriedade de condutas ou a abstenção de determinados atos,

o que se dá de forma dissociada da vontade do sujeito.

• Por sua vez, as regras secundárias dizem respeito às regras primárias e es-

tabelecem o procedimento de criação, alteração, extinção ou substituição de

regras primárias. Por sua vez, as regras secundárias podem ser de três tipos:

– As regras de reconhecimento estabelecem critérios pelos quais as nor-

mas são identificadas e consideradas válidas.

– As regras de alteração conferem poderes para que as regras primárias

sejam modificadas, corrigidas ou criadas.

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– As regras de julgamento são as que dão poder para certos indivíduos

proferirem determinações para o caso concreto acerca da aplicação da nor-

ma primária.

Assim, as letras c e d em nada têm relação com a temática da questão. A letra a

trata de uma regra primária.

Questão 18    (2014/FGV/XV EXAME DE ORDEM) Ao explicar as características fun-

damentais da Escola da Exegese, o jusfilósofo italiano Norberto Bobbio afirma que

tal Escola foi marcada por uma concepção rigidamente estatal de direito. Como

consequência disso, temos o princípio da onipotência do legislador.

Segundo Bobbio, a Escola da Exegese nos leva a concluir que

a) a lei não deve ser interpretada segundo a razão e os critérios valorativos daque-

le que deve aplicá-la, mas, ao contrário, este deve submeter-se completamente à

razão expressa na própria lei.

b) o legislador é onipotente porque é representante democraticamente eleito pela

população, e esse processo representativo deve basear-se sempre no direito con-

suetudinário, porque este expressa o verdadeiro espírito do povo

c) uma vez promulgada a lei pelo legislador, o estado-juiz é competente para in-

terpretá-la buscando aproximar a letra da lei dos valores sociais e das demandas

populares legítimas.

d) a única força jurídica legitimamente superior ao legislador é o direito natural;

portanto, o legislador é soberano tomar suas decisões, desde que não violem os

princípios do direito natural.

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Letra a.

A questão refere-se mais à Escola da Exegese do que ao proposto por Bobbio. Nes-

se contexto, para a escola, o Direito, por excelência, é revelado pelas leis.

A Escola da Exegese, iniciada em fins do Século XIX, se estabelece justamente

como a corrente jusfilosófica que deu origem ao positivismo jurídico. Para essa

Escola do pensamento jurídico, o fundamento da atuação do ordenamento jurídico

é um argumento de autoridade, qual seja, que o legislador, pelo exercício de sua

vontade, estabeleceu aquela norma jurídica e que, por isso, deve essa norma ser

cumprida.

Nesse contexto, o Estado mostra-se como a única fonte legítima do direito. Por ou-

tro lado, a interpretação deve buscar a mens legis, ou a vontade da lei.

A partir disso, as letras b, c e d apresentam visões diferentes de jusnaturalismo;

mas, em todas, o direito positivo está subordinado a outras normas, do que decorre

a incorreção das alternativas.

Questão 19    (2014/FGV/XIV EXAME DE ORDEM) O jusfilósofo alemão Gustav Ra-

dbruch, após a II Guerra Mundial, escreve, como circular dirigida aos seus alunos

de Heidelberg, seu texto “Cinco Minutos de Filosofia do Direito”, na qual afirma:

“Esta concepção da lei e sua validade, a que chamamos Positivismo, foi a que dei-

xou sem defesa o povo e os juristas contra as leis mais arbitrárias, mais cruéis e

mais criminosas.”

De acordo com a fórmula de Radbruch,

a) embora as leis injustas sejam válidas e devam ser obedecidas, as leis extrema-

mente injustas perderão a validade e o próprio caráter de jurídicas, sendo, portan-

to, dispensada sua obediência.

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b) apenas a lei justa pode ser considerada jurídica, pois a lei injusta não será di-

reito.

c) o direito é o mínimo ético de uma sociedade, de forma que qualquer lei injusta

não será direito.

d) o direito natural é uma concepção superior ao positivismo jurídico; por isso,

a justiça deve sempre prevalecer sobre a segurança.

Letra a.

A questão trata do manifesto de Radbruch distribuído a seus alunos após a Segun-

da Guerra Mundial.

Ainda que, em um primeiro momento, seus escritos tenham representado uma

adesão ao Positivismo de Kelsen, esse manifesto representou um retorno ao jus-

naturalismo e ainda é utilizado como base para o estudo atual dessa concepção

teórica.

O texto é estruturado em minutos.

• No primeiro minuto, o autor critica o positivismo como a fonte de justificação

do nazismo.

• No segundo minuto, critica o dogma do nacional-socialismo de que o Direito

deve se identificar com uma noção de utilidade popular.

• No terceiro minuto, finalmente, repudia toda e qualquer lei que carregue em

si alguma dose de injustiça.

• No quarto minuto, afirma que, ainda que não se possa retirar a juridicidade

das normas injustas, o bem como também se apresenta como uma finalidade

do direito.

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• Finalmente, no quinto minuto, defende a existência de um direito supralegal,

fundamentado em princípios e que transcende o direito positivo, com uma

retomada ao jusnaturalismo, ao que denominou de jusracionalismo.

Justamente com base no bem comum é que se justifica a desobediência a normas

que sejam extremamente injustas, de acordo com a teoria de Radbruch.

Questão 20    (2016/FGV/XIX EXAME DE ORDEM) Segundo o filósofo Immanuel

Kant, em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a ideia de dignida-

de humana é entendida

a) como qualidade própria de todo ser vivo que é capaz de sentir dor e prazer, isto

é, característica de todo ser senciente.

b) quando membros de uma mesma espécie podem ser considerados como equi-

valentes e, portanto, iguais e plenamente cooperantes se eles possuem dignidade.

c) como valor jurídico que se atribui às pessoas como característica de sua condi-

ção de sujeitos de direitos.

d) como algo que está acima de todo o preço, pois quando uma coisa tem um preço

pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa

está acima de todo o preço, e  portanto não permite equivalência, então ela tem

dignidade.

Letra d.

Apesar de Hannah Arendt desenvolver a teoria da Dignidade da Pessoa Humana,

o primeiro autor a trazer a ideia de que não é possível atribuir uma correspondência

monetária ao homem foi trazida por Kant.

Kant entendia que o ser humano tinha um fim em si mesmo que não estava su-

bordinado a outros elementos externos e, por ser um ente autônomo enquanto ser

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racional, possuía dignidade. A concepção moderna de Dignidade da Pessoa Humana

vai muito além do quê introduzido por Kant.

Não é a dignidade a fonte de direitos na teoria Kantiana, mas a esfera de deveres

morais decorrente da aplicação do Imperativo Categórico. A  dignidade residiria

apenas no reconhecimento de que não se pode atribuir um preço ao indivíduo.

A partir disso, tem-se que o erro da letra a está em atribuir a dignidade a todo ser

vivo, da letra b o condicionamento para que se trate de seres da mesma espécie

e que eles atuem cooperativamente e, da letra c, a condição para o exercício de

direitos na noção de dignidade.

Questão 21    (2019/FGV/XXVIII EXAME DE ORDEM) Isso pressupõe que a norma

de justiça e a norma do direito positivo sejam consideradas como simultaneamente

válidas. Tal, porém, não é possível, se as duas normas estão em contradição, quer

dizer, entram em conflito uma com a outra. Nesse caso apenas uma pode ser con-

siderada como válida.

Hans Kelsen

Sobre a relação entre validade e justiça da norma, o jusfilósofo Hans Kelsen, em

seu livro O Problema da Justiça, sustenta o princípio do positivismo jurídico, para

afirmar que

a) a validade de uma norma do direito positivo é independente da validade de uma

norma de justiça.

b) o direito possui uma textura aberta que confere, ao intérprete, a possibilidade

de buscar um equilíbrio entre interesses conflitantes.

c) o valor de justiça do ato normativo define a validade formal da norma; por isso

valor moral e valor jurídico se confundem no direito positivo.

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d) a validade de uma norma jurídica se refere à sua dimensão normativa positiva,

à sua dimensão axiológica, e também, à sua dimensão fática.

Letra a.

A obra O Problema da Justiça de Kelsen, apesar de indicar uma necessária atenção

do autor para a questão da Justiça, o que parece contraditório à sua proposta de

separação do Direito da Moral, acaba por dar sustentação à Teoria Pura do Direito.

Ainda que Kelsen objetive com a obra discutir os conceitos de Justiça apresentados

por diversos autores no decorrer da história da humanidade, ao final o autor conclui

que, pela impossibilidade de estabelecimento de um conceito objetivo para a noção

de Justiça, não se deve subordinar a validade de uma norma do ordenamento jurí-

dico a uma norma de justiça, que possui alto grau de indeterminação.

Por outro lado, Kelsen não se dedica muito à análise da atividade interpretativa,

que estaria fora do escopo do estudo do Direito, o que, inclusive, é uma das princi-

pais críticas à obra de Kelsen e a base para o surgimento do Pós-positivismo.

Assim, enquanto as letras b e c estão em confronto com o proposto por Kelsen,

a letra d refere-se à teoria tridimensional da norma proposta por Miguel Reale.

Questão 22    (2018/FGV/XXVI EXAME DE ORDEM) Em tempos de mudanças e re-

formas, é comum assistirmos a diferentes tipos de lutas sociais, especialmente vi-

sando à garantia de direitos e à conquista de novos direitos. Em A Luta pelo Direito,

o jurista alemão Rudolf Von Ihering afirma que o fim do Direito é a paz, mas o meio

de atingi-lo é a luta. Considerando essa afirmação e de acordo com o livro citado,

assinale a opção que melhor caracteriza o pensamento jusfilosófico de Ihering.

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a) O Direito é sempre o produto do espírito do povo, que é passado de geração em

geração. Por isso, quando se fala em Direito é preciso sempre olhar para a história.

O Direito romano é a melhor expressão desse processo social-histórico.

b) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais dela e resulta

de uma luta de pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso,

o Direito é uma força viva, e não uma ideia.

c) O Direito resulta exclusivamente da ação institucional do Estado. É no parlamen-

to que são travadas as lutas políticas que definem os direitos subjetivos presentes

no Direito Positivo de uma dada sociedade.

d) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta

de classes, no qual a classe dominante usa o Direito para manter o controle sobre

os dominados.

Letra b.

Essa questão foi reaproveitada de Exame anterior e já analisada. Vide a questão

número 2 e seus comentários.

Questão 23    (2015/FGV/XVI EXAME DE ORDEM) O Art. 126 do CPC afirma que o

juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da

lei. A questão das lacunas também é recorrente no âmbito dos estudos da Filosofia

e da Teoria Geral do Direito. O jusfilósofo Norberto Bobbio, no livro Teoria do Orde-

namento Jurídico apresenta um estudo sobre essa questão. O autor denomina por

lacuna ideológica a falta de uma norma

a) legitimamente produzida pelo legislador democrático

b) justa, que enseje uma solução satisfatória ao caso concreto.

c) que atenda às convicções ideológicas pessoais do juiz.

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d) costumeira, que tenha surgido de práticas sociais inspiradas nos valores vigen-

tes.

Letra b.

Bobbio, ao estudar o Ordenamento Jurídico apresenta, diversas classificações para

lacunas porventura existentes em seu âmbito. Uma das classificações possíveis

está relacionada à natureza da lacuna.

Uma possibilidade se refere à existência de lacunas reais, ou seja, que decorram

da efetiva inexistência de norma aplicável ao caso concreto.

Uma segunda possibilidade é a existência de lacunas ideológicas, que decorrem

da contraposição entre o ordenamento jurídico vigente, que é o sistema jurídico

real, e aquele idealmente suposto, que seria o ordenamento jurídico justo.

Questão 24    (2016/FGV/XIX EXAME DE ORDEM) Segundo o Art. 1.723 do Código

Civil, “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a

mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida

com o objetivo de constituição de família”. Contudo, no ano de 2011, os ministros

do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstituciona-

lidade 4.277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132, reco-

nheceram a união estável para casais do mesmo sexo.

A situação acima descrita pode ser compreendida, à luz da Teoria Tridimensional do

Direito de Miguel Reale, nos seguintes termos:

a) uma norma jurídica, uma vez emanada, sofre alterações semânticas pela super-

veniência de mudanças no plano dos fatos e valores.

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b) toda norma jurídica é interpretada pelo poder discricionário de magistrados, no

momento em que estes transformam a vontade abstrata da lei em norma para o

caso concreto.

c) o fato social é que determina a correta compreensão do que é a experiência ju-

rídica e, por isso, os costumes devem ter precedência sobre a letra fria da lei.

d) o ativismo judicial não pode ser confundido com o direito mesmo. Juízes não

podem impor suas próprias ideologias ao julgarem os casos concretos.

Letra a.

A teoria tridimensional da norma está no âmbito da Gnoseologia, que é o ramo da

Filosofia que estuda como as coisas são. A partir disso, Reale desenvolveu a noção

de que a norma não existe em um plano independente, mas está efetivamente

dependente e relacionada ao mundo dos fatos e ao mundo dos valores, que se re-

lacionam para conformar-se uns aos outros.

Nesse contexto, a ocorrência de transformações no âmbito dos fatos e dos valores

tem o condão de implementar alterações semânticas na norma jurídica, que, no

entanto, não tem outra opção além de se deixar determinar pelas mudanças ocor-

ridas.

b) Errada. Estabelece a existência de um poder discricionário dos juízes no esta-

belecimento do sentido da norma.

c) Errada. Estabelece uma prevalência dos costumes sobre as normas jurídicas,

o que não está em acordo com a proposta de Reale.

d) Errada. Confunde ativismo judicial com a imposição da vertente ideológica do

julgador, o que apenas seria possível em um Judiciário em que as decisões fossem

tomadas de forma singular ou que houvesse um domínio ideológico sobre os seus

membros.

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Questão 25    (2014/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) Segundo Chaïm Perelman, ao tra-

tar da argumentação jurídica na obra Lógica Jurídica, a decisão judicial aceitável

deve satisfazer três auditórios para os quais ela se destina.

Assinale a alternativa que indica corretamente os auditórios.

a) A opinião pública, o parlamento e as cortes superiores.

b) As partes em litígio, os profissionais do direito e a opinião pública.

c) As partes em litígio, o parlamento e as cortes superiores.

d) As cortes superiores, os organismos internacionais e os profissionais do direito.

Letra b.

Chaïm Perelman defende a possibilidade de inserção de juízes de valores no racio-

cínio lógico, o que transforma a lógica da argumentação para uma lógica de valores

em que se tem a lógica do razoável ou do preferível em detrimento da lógica ma-

temática.

Para ele, a  argumentação depende da adesão. A  argumentação é bem-sucedida

quando convence o seu destinatário e, dessa forma, a finalidade da argumentação

é ter adesão.

Nesse contexto, o juiz deve estabelecer uma relação entre o ordenamento jurídico

que fundamenta a sua decisão e os valores aceitos pela sociedade, o que faz com

que a decisão seja, simultaneamente legal, razoável, equitativa e aceitável.

A partir disso, tem-se que a decisão precisa ter a adesão das partes, dos juristas e

da opinião pública para ser considerada aceitável, o que está apresentado na alter-

nativa indicada como certa.

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Questão 26    (2013/FGV/X EXAME DE ORDEM) “Manter os próprios compromissos

não constitui dever de virtude, mas dever de direito, a cujo cumprimento pode-se

ser forçado. Mas prossegue sendo uma ação virtuosa (uma demonstração de vir-

tude) fazê-lo mesmo quando nenhuma coerção possa ser aplicada. A doutrina do

direito e a doutrina da virtude não são, consequentemente, distinguidas tanto por

seus diferentes deveres, como pela diferença em sua legislação, a qual relaciona

um motivo ou outro com a lei”.

Pelo trecho acima podemos inferir que Kant estabelece uma relação entre o direito

e a moral. A esse respeito, assinale a afirmativa correta.

a) O direito e a moral são idênticos, tanto na forma como no conteúdo prescritivo.

Assim, toda ação contrária à moralidade das normas jurídicas é também uma vio-

lação da ordem jurídica.

b) A conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito, enquanto o direito é

imposto por uma ação exterior e se concretiza no seu cumprimento, ainda que as

razões da obediência do sujeito não sejam morais.

c) A coerção, tanto no direito quanto na moral, é um elemento determinante. É na

possibilidade de impor-se pela força, independentemente da vontade, que o direito

e a moral regulam a liberdade.

d) Direito e moral são absolutamente distintos. Consequentemente, cumprir a lei,

ainda que espontaneamente, não é demonstração de virtude moral.

Letra b.

Questão razoavelmente simples que não demanda um conhecimento da teoria de

Kant. A questão é resolvida por simples interpretação de texto. O enunciado traz

trecho de escrito de Kant em que relaciona o cumprimento de um dever jurídico

com o cumprimento de um dever moral. O primeiro pode ser forçado, enquanto que

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o segundo não. No entanto, existem casos em que um dever jurídico corresponde

a um dever moral, o que torna o cumprimento, mesmo na hipótese de possível co-

erção, uma atitude virtuosa.

a) Errada. Faz-se uma tentativa de igualar o direito e a moral, o que está em de-

sacordo com o excerto trazido no comando da questão.

c) Errada. Afirma que a coerção está presente na moral e é um elemento deter-

minante na regulação da liberdade, o que também está em desacordo com o texto.

d) Errada. Nega a virtude existente no cumprimento do direito espontaneamente

e nega qualquer relação entre direito e moral, o que está em desacordo com o tre-

cho trazido.

Questão 27    (2013/FGV/XI EXAME DE ORDEM) Considere a seguinte afirmação de

Aristóteles:

“Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro,

é evidente que a ação justa é intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima

da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter demasiado pouco.”

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultu-

ral, 1973. p. 329.)

De efeito, é correto concluir que para Aristóteles a justiça deve sempre ser enten-

dida como

a) produto da legalidade, pois o homem probo é o homem justo.

b) espécie de meio termo.

c) relação de igualdade aritmética.

d) ação natural imutável.

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Letra b.

Em Ética a Nicômaco, Aristóteles se propõe a estudar as virtudes e os vícios. Como

regra, Aristóteles observa que a virtude tem como extremo um vício. Assim, sem-

pre se apresenta a virtude como negação de um vício.

No caso da justiça, uma virtude moral, no entanto, Aristóteles sustenta se tratar de

tema mais tormentoso. No caso da virtude moral, que é a justiça, o que se tem é

uma régua, em que, nos extremos, constam injustiças.

A justiça, portanto, residiria no alcance do meio termo. Diferente das demais virtu-

des, a justiça só poderia ser adquirida pela experiência e caberia ao justo se aproxi-

mar ao máximo do meio termo entre as injustiças constantes dos extremos. Nesse

contexto, uma conduta justa necessariamente seria ética, posto que atenderia às

necessidades do bem comum.

Questão 28    (2013/FGV/XI EXAME DE ORDEM) Boa parte da doutrina jusfilosófica

contemporânea associa a ideia de Direito ao conceito de razão prática ou sabedoria

prática.

Assinale a alternativa que apresenta o conceito correto de razão prática.

a) Uma forma de conhecimento científico (episteme) capaz de distinguir entre o

verdadeiro e o falso.

b) Uma técnica (techne) capaz de produzir resultados universalmente corretos e

desejados.

c) A manifestação de uma opinião (doxa) qualificada ou ponto de vista específico

de um agente diante de um tema específico.

d) A capacidade de bem deliberar (phronesis) a respeito de bens ou questões hu-

manas.

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Letra d.

A questão demanda do examinando uma compreensão sobre a classificação do

conhecimento humano. Nesse sentido, tem-se que o conhecimento pode ser clas-

sificado em ciência, técnica, crença ou, ainda, senso comum.

O enunciado, a seguir, demanda do examinando a correlação com um desses qua-

tro tipos de conhecimento humano com a razão prática ou sabedoria prática.

O senso comum é o conhecimento da experiência em que um determinando enun-

ciado é válido pelo sucesso em prever um determinado evento ou seu resultado.

A alternativa que indica o senso comum é a letra d.

Questão 29    (2017/FGV/XXIV EXAME DE ORDEM) O povo maltratado em geral,

e contrariamente ao que é justo, estará disposto em qualquer ocasião a livrar-se

do peso que o esmaga.

John Locke

O Art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988 afirma que “todo o po-

der emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamen-

te”. Muitos autores associam tal disposição ao conceito de direito de resistência, um

dos mais importantes da Filosofia do Direito, de John Locke.

Assinale a opção que melhor expressa tal conceito, conforme desenvolvido por Lo-

cke na sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil.

a) A natureza humana é capaz de resistir às mais poderosas investidas morais e

humilhações, desde que os homens se apoiem mutuamente.

b) Sempre que os governantes agirem de forma a tentar tirar e destruir a proprie-

dade do povo ou deixando-o miserável e exposto aos seus maus tratos, ele poderá

resistir.

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c) Apenas o contrato social, que tira o homem do estado de natureza e o coloca na

sociedade política, é capaz de resistir às ameaças externas e às ameaças internas,

de tal forma que institui o direito de os governantes resistirem a toda forma de

guerra e rebelião.

d) O direito positivo deve estar isento de toda forma de influência da moral e da

política. Uma vez que o povo soberano produza as leis, diretamente ou por meio

de seus representantes, elas devem resistir a qualquer forma de interpretação ou

aplicação de caráter moral e político.

Letra b.

É preciso compreender que Locke é um autor que está situado no âmbito do Jus-

naturalismo e, portanto, existe uma prevalência do Direito Natural sobre o Positivo.

Nesse contexto, tem-se que a criação do Estado decorre da delegação de parcelas

da liberdade do indivíduo, pelo indivíduo, para o Estado, a partir de um pacto origi-

nal. Por conta dessa noção é que Locke também é considerado um contratualista.

No entanto, ainda que o povo ceda parcelas de sua liberdade para o Estado, tal

circunstância não implica renúncia aos seus direitos naturais.

Ao revés, o único direito do qual abre mal ao criar o Estado é o direito de fazer jus-

tiça por seus próprios meios. No entanto, outros direitos, que já seriam perfeitos

no estado de natureza, não dependeriam do reconhecimento estatal e continuaria

válido e aplicável independentemente desse Estado.

Assim, sempre que o Estado se coloque em confronto com tais direitos naturais,

o  que deve prevalecer é o direito natural, posto que perfeito em sua essência.

A  partir disso, caso o Estado venha a violar esses direitos, abre-se, ao  cidadão,

a possibilidade de resistir ao Estado. Um direito natural apresentado em exemplo

por Locke é justamente o direito de propriedade.

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a) Errada. Não tem nenhuma relação com a temática discutida por Locke.

c) Errada. Inverte o titular do direito de resistência, atribuindo-o ao soberano.

d) Errada. Apresenta uma formulação mais próxima do positivismo, em que se

nega o papel da moral na interpretação da norma jurídica.

Questão 30    (2017/FGV/XXIV EXAME DE ORDEM) É verdade que nas democracias

o povo parece fazer o que quer, mas a liberdade política não consiste nisso.

Montesquieu

No preâmbulo da Constituição da República, os constituintes afirmaram instituir um

Estado Democrático destinado a assegurar, dentre outras coisas, a liberdade. Esse

é um conceito de fundamental importância para a Filosofia do Direito, muito deba-

tido por inúmeros autores. Uma importante definição utilizada no mundo jurídico é

a que foi dada por Montesquieu em seu Do Espírito das Leis.

Assinale a opção que apresenta a definição desse autor na obra citada.

a) A liberdade consiste na forma de governo dos homens, e não no governo das leis.

b) A disposição de espírito pela qual a alma humana nunca pode ser aprisionada é

o que chamamos de liberdade.

c) Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem.

d) O direito de resistência aos governos injustos é a expressão maior da liberdade.

Letra c.

a) Errada. A primeira assertiva contrapõe a compreensão de Platão com a de Aris-

tóteles sobre o governo ideal. Enquanto Aristóteles defendia um governo de leis

impessoais, Platão defendia um governo de filósofos, com maior liberdade discri-

cionária para esses filósofos buscarem o bem comum.

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b) Errada. Confunde a concepção de Platão sobre aprisionamento da alma com

liberdade. Efetivamente Platão entende que a alma está aprisionada no corpo e sua

libertação apenas ocorrerá com a morte. No entanto, tal temática parece estar fora

do proposto no enunciado.

c) Certa. É a mais adequada à teoria de Montesquieu sobre liberdade.

d) Errada. Traz a noção de Locke sobre o direito de resistência contra governos

tiranos.

Questão 31    (2017/FGV/XXIII EXAME DE ORDEM) A igualdade de recursos é uma

questão de igualdade de quaisquer recursos que os indivíduos possuam privada-

mente.

Ronald Dworkin

A igualdade é um dos valores supremos presentes na Constituição da República e,

também, objeto de um debate profundo no âmbito da Filosofia do Direito.

Assinale a alternativa que apresenta a concepção de igualdade distributiva, defen-

dida por Ronald Dworkin em seu livro A Virtude Soberana.

a) Circunstâncias segundo as quais as pessoas não são iguais em bem-estar, mas

nos recursos de que dispõem.

b) Possibilidade de que todos os membros de uma comunidade política devem ter

de usufruir o bem-estar em condição de igualdade.

c) Igual partilha dos poderes políticos e dos direitos individuais em uma dada so-

ciedade.

d) Um conjunto de políticas que assegurem a maximização utilitária do bem-estar

em médio a longo prazo para a maior parte da população.

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Letra a.

Na obra mencionada, Dowrkin retoma o debate sobre os valores ou princípios que

fundamentam o ordenamento jurídico liberal por ele proposto. Nesse contexto, es-

tabelece a existência de liberdade, igualdade e responsabilidade individual como a

base de um ordenamento jurídico.

Por outro lado, explica a noção de igualdade distributiva, pela qual são adotadas

políticas de distribuição e modo a permitir que todos possuam os mesmos recur-

sos, no entanto o bem-estar gerado por tais recursos pode ser diferente para cada

pessoa, o que demonstra a adequação à letra a.

Questão 32    (2018/FGV/XXVI EXAME DE ORDEM) Em seu livro Levando os Direitos

a Sério, Ronald Dworkin cita o caso “Riggs contra Palmer” em que um jovem ma-

tou o próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889),

ao  julgar o caso, deparou-se com o fato de que a legislação local de então não

previa o homicídio como causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso,

o Tribunal aplicou o princípio do direito, não legislado, que diz que ninguém pode

se beneficiar de sua própria iniquidade ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu

sua herança. Com base na obra citada, assinale a opção que melhor expressa uma

das pretensões fundamentais da jusfilosofia de Ronald Dworkin.

a) Revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um

ordenamento jurídico é exclusiva do legislador, que deve sempre se esforçar por

produzir leis justas.

b) Mostrar como as Cortes podem ser ativistas quando decidem com base em prin-

cípios, não com base na lei, e que decidir assim fere o estado de Direito.

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c) Defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas

características, de forma que se equivalem; por isso, ambos podem ser aplicados

livremente pelos Tribunais.

d) Argumentar que regras e princípios são normas com características distintas,

mas igualmente vinculantes e, em certos casos, os princípios poderão justificar, de

forma mais razoável, a decisão judicial.

Letra d.

Apesar dessa questão fugir um pouco do cargo do concurso em questão, ela per-

mite analisar brevemente os ensinamentos de Ronald Dworkin acerca do conflito

entre normas e princípios.

Em geral, se há um conflito entre dois princípios, deve-se fazer um juízo de pon-

deração, pelo qual se verifica o núcleo essencial de cada um dos princípios, o que

permitirá, no caso concreto, que se opte pela aplicação de um princípio em detri-

mento de outro, posto que, fora do âmbito do núcleo essencial, admite-se o sacrifí-

cio temporário de um princípio para dar prevalência ao previsto no núcleo essencial

de outro.

Questão mais interessante está relacionada ao conflito de normas e princípios. Para

Dworkin, o ordenamento jurídico deve ser analisado a partir do paradigma da inte-

gridade e previsibilidade, com a aplicação usual das normas jurídicas, salvo quando

a aplicação da norma resultar em um confronto fundamental com um princípio fun-

dante do ordenamento, que seriam os princípios liberais na visão do autor. Nesse

caso, deve-se sacrificar a norma e aplicar o princípio.

Ocorre, no entanto, que poucos casos precisariam do recurso a princípios para a

solução, uma vez que o direito normal seria suficiente para a solução dos casos em

geral.

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Assim, pode ocorrer que, em determinado caso, a aplicação do direito viole frontal-

mente um valor ou sentimento de justiça coletivo, gerando um resultado de extre-

ma injustiça, quando, então, deve-se utilizar princípios para melhor decidir o caso

em análise.

a) Errada. Completamente ignora esse papel dos princípios na teoria de Dworkin.

b) Errada. Nega completamente a possibilidade de o Judiciário utilizar princípios

para fundamentar sua decisão na ausência de normas.

c) Errada. Apresenta uma equivalência entre normas e princípios, o que está em

desacordo com a teoria de Dworkin.

Questão 33    (2018/FGV/XXVII EXAME DE ORDEM) Concebo, na espécie humana,

dois tipos de desigualdade: uma que chamo de natural ou física, por ser estabe-

lecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças

do corpo e das qualidades do espírito e da alma; a outra, que se pode chamar de

desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e

que é estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens.

(ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigual-

dade entre os homens. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.)

Levando em consideração o trecho acima, assinale a afirmativa que apresenta a

perspectiva de Rousseau sobre como se coloca o problema da desigualdade.

a) As desigualdades naturais são a causa das desigualdades morais, uma vez que

as diferenças naturais se projetam na vida política.

b) As desigualdades naturais são inaceitáveis; por isso, o homem funda a socieda-

de civil por meio do contrato social.

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c) As desigualdades naturais são aceitáveis, mas as desigualdades morais não o

são, pois consistem em privilégios de uns sobre os outros.

d) Todas as formas de desigualdade consistem num fato objetivo, devendo ser

compreendidas e toleradas, pois elas geram o progresso humano e produzem mais

bens do que males.

Letra c.

Questão razoavelmente simples. O excerto do texto traz a noção de que existem

dois tipos de desigualdades, as naturais e as morais ou políticas.

Se você, aluno(a), sabe que na teoria de Rousseau o estado de natureza é visto

como algo bom e se deve buscar sempre um retorno a ele, então pode concluir

que, no estado de natureza, as desigualdades porventura existentes são aceitáveis,

enquanto que as desigualdades surgidas no âmbito do Estado são inaceitáveis.

Não há muito a comentar nesta questão além disso, que já é uma síntese do que

entende Rousseau sobre as desigualdades.

Questão 34    (2015/FGV/XVII EXAME DE ORDEM) Hans Kelsen, ao abordar o tema

da interpretação jurídica no seu livro Teoria Pura do Direito, fala em ato de vontade

e ato de conhecimento. Em relação à aplicação do Direito por um órgão jurídico,

assinale a afirmativa correta da interpretação.

a) Prevalece como ato de conhecimento, pois o Direito é atividade científica e,

assim, capaz de prover precisão técnica no âmbito de sua aplicação por agentes

competentes.

b) Predomina como puro ato de conhecimento, em que o agente escolhe, conforme

seu arbítrio, qualquer norma que entenda como válida e capaz de regular o caso

concreto.

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c) A interpretação cognoscitiva combina-se a um ato de vontade em que o órgão

aplicador efetua uma escolha entre as possibilidades reveladas por meio da mesma

interpretação cognoscitiva.

d) A interpretação gramatical prevalece como sendo a única capaz de revelar o

conhecimento apropriado da mens legis.

Letra c.

A grande crítica à obra de Kelsen se dá justamente na falta de uma teoria para a

interpretação das normas jurídicas. Kelsen dedica poucas páginas para tratar do

tema e, ao fim, acaba não apresentando uma proposta de como deve ser feito o

ato interpretativo.

Sua teoria sobre a interpretação se limita a reconhecer que a norma jurídica se

apresenta como uma moldura de possibilidades e que apenas os órgãos do Judi-

ciário estão autorizados a interpretar e, dessa forma, a  interpretação autêntica

apenas é feita pelos órgãos com poderes jurisdicionais. Por sua vez, a norma limita

a atividade interpretativa, no entanto no âmbito dessa moldura, qualquer das es-

colhas feitas pelo intérprete é considerada adequada.

Como deve, por sua vez, o intérprete fazer sua escolha? A partir de seus valores,

de sua formação, de suas crenças. Kelsen não detalha, apesar de reconhecer que

os valores possuem um relevante papel no momento da interpretação. Portanto,

o ato de interpretar é marcado por dois momentos.

Inicialmente, existe um ato de conhecimento, em que se analisa a norma e se es-

tabelece o seu limite normativo, a moldura. Em um segundo momento, o intérprete

autêntico, por um ato de vontade, escolhe um dos possíveis significados da norma

e fixa a interpretação.

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a, b) Erradas. Por darem prevalência a apenas um desses momentos, o ato de

conhecimento.

d) Errada. Por apresentar um método clássico de interpretação não abordado por

Kelsen em sua teoria.

Questão 35    (2015/FGV/XVIII EXAME DE ORDEM) “A solução do conflito aparente

de normas dá-se, na hipótese, mediante a incidência do critério da especialidade,

segundo o qual prevalece a norma específica sobre a geral.”

É conhecida a distinção no âmbito da Teoria do Direito entre antinomias aparentes

(ou antinomias solúveis) e antinomias reais (ou antinomias insolúveis).

Para o jusfilósofo Norberto Bobbio, uma antinomia real se caracteriza quando es-

tamos diante

a) de duas normas colidentes que pertencem a ordenamentos jurídicos diferentes.

b) de normas que colidem entre si, porém essa colisão é solúvel mediante a apli-

cação do critério cronológico, do critério hierárquico ou do critério de especialidade.

c) de normas colidentes e o intérprete é abandonado a si mesmo pela falta de um

critério ou pela impossibilidade de solução do conflito entre os critérios existentes.

d) de duas ou mais normas que colidem entre si e que possuem diferentes âmbitos

de validade temporal, espacial, pessoal ou material.

Letra c.

O principal aspecto da teoria de Bobbio refere-se à antinomia de normas, que pode

ser decorrente de uma lacuna do ordenamento jurídico ou da norma.

A maior parte dos ordenamentos nega a existência de uma lacuna no ordenamento

jurídico, o que pressupõe que ele seria capaz de resolver qualquer questão a ele

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posta. Ainda assim, as antinomias surgem quando se confrontam diferentes nor-

mas jurídicas.

As antinomias podem ser de:

I uma norma mandar fazer e a outra proibir;

II uma norma mandar fazer e a outra permitir não fazer; e

III uma norma proibir fazer e a outra permitir fazer.

Essas antinomias, por sua vez, podem ser apenas aparentes, se puderem ser re-

solvidas a partir de critérios de validade temporal, espacial, pessoal e material, ou

reais, se não puderem ser resolvidas a partir de tais critérios.

b, d) Erradas. Apresentam a mesma questão e, por isso mesmo, são complemen-

tares.

b) Errada. Apresenta os critérios de solução das antinomias. Por sua vez, se a

antinomia se dá entre normas de ordenamentos jurídicos diferentes, sequer há an-

tinomia, posto que somente deve ser aplicada aquela pertencente ao ordenamento

jurídico sob análise.

d) Errada. Apresenta os âmbitos de validade da norma.

Questão 36    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO/REAPLICAÇÃO BAHIA)

Na sua mais importante obra, a Summa Theologica, Santo Tomás de Aquino trata

os conceitos de justiça comutativa e de justiça distributiva de uma tal maneira, que

eles passariam a ser largamente utilizados na Filosofia do Direito.

Assinale a opção que apresenta esses conceitos, conforme expostos na obra citada.

a) A Justiça Comutativa regula as relações mútuas entre pessoas privadas e a Jus-

tiça Distributiva regula a distribuição proporcional dos bens comuns.

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b) A Justiça Distributiva destina-se a minorar os sofrimentos das pessoas e a Jus-

tiça Comutativa regula os contratos de permuta de mercadorias.

c) a Justiça Comutativa trata da redução ou diminuição das penas (sanção penal)

e a Justiça Distributiva da distribuição justa de taxas e impostos.

d) A Justiça Comutativa regula a relação entre súditos e governante e a Justiça

Distributiva trata das relações entre diferentes povos, também chamadas de direito

das gentes.

Letra a.

Para o autor, as leis são mandamentos da boa razão que devem respeitar os dog-

mas da Igreja. Por outro lado, quem edita a norma é o príncipe que deve fazê-lo

considerado o ato bom. A partir disso, tem-se que justa para São Tomás de Aquino

é aquela norma que tem em conta o bem.

Além disso, a justiça é uma virtude e para que algo seja virtuoso há necessidade

de que seja voluntário, estável e firme. Noutro ponto, o  autor retoma a obra de

Aristóteles para explicar o que é Justiça Comutativa e Justiça Distributiva.

A Justiça Comutativa apresenta-se como uma Justiça corretiva, que está relacio-

nada aos atos dos indivíduos em relação uns aos outros e à correção que deve ser

realizada caso se proceda em relação ao outro de forma imprópria e ilegal.

Por sua vez, a Justiça Distributiva está relacionada com a atribuição de coisas

para diferentes indivíduos a partir de sua dignidade pessoal, a partir de suas ne-

cessidades.

Questão 37    (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO/REAPLICAÇÃO BAHIA)

“O direito não é uma simples ideia, é uma força viva.”

(Rudolf von Ihering)

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Em seu texto “A Luta pelo Direito”, o jurista alemão Rudolf von Ihering apresenta o

conceito de direito a partir da ideia de luta social.

Assinale a afirmativa que expressa o sentido que, no trecho citado, Ihering confere

ao direito.

a) Trabalho incessante e uma luta sem tréguas nos quais participam o Poder Públi-

co e toda a população, isto é, qualquer pessoa que se veja na contingência de ter

de afirmar seu direito.

b) Uma luta permanente que é travada por parlamentares no âmbito da arena le-

gislativa, que o fazem em nome da população a partir das eleições que configuram

o processo democrático de legitimação popular.

c) O resultado dinâmico da jurisprudência que cria e recria o direito a partir das

demandas de cada caso concreto, adaptando a lei ao mundo real.

d) O produto das relações industriais e comerciais que são livremente travadas por

agentes econômicos, trabalhadores e empregadores e que definem, no contexto de

uma luta concreta, o sentido próprio das leis.

Letra a.

Vide comentário feito no âmbito da Questão 2.

Questão 38    (2015/FGV/XVIII EXAME DE ORDEM) Segundo o jusfilósofo alemão

Karl Larenz, os textos jurídicos são problematizáveis porque estão redigidos em lin-

guagem corrente ou em linguagem especializada, mas que, de todo modo, contêm

expressões que apresentam uma margem de variabilidade de significação. Nesse

sentido, assinale a opção que exprime o pensamento desse autor acerca da ideia

de interpretação da lei.

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a) Deve-se aceitar que os textos jurídicos apenas carecem de interpretação quando

surgem particularmente como obscuros, pouco claros ou contraditórios.

b) Interpretar um texto significa alcançar o único sentido possível de uma norma

conforme a intenção que a ela foi dada pelo legislador.

c) Os textos jurídicos, em princípio, são suscetíveis e carecem de interpretação

porque toda linguagem é passível de adequação a cada situação.

d) A interpretação dada por uma autoridade judicial a uma lei é uma conclusão lo-

gicamente vinculante que, por isso mesmo, deve ser repetida sempre que a mesma

lei for aplicada.

Letra c.

Trata-se de questão simples de interpretação de texto. O enunciado da questão é

a chave para resolver a questão. O enunciado afirma que os textos jurídicos têm

margem de variação de significado em razão da linguagem. A partir disso, deve-se

identificar a alternativa que, de acordo com o autor mencionado, deve ser a postura

interpretativa do agente por ela responsável.

a) Errada. Afirma que apenas quando o texto não for claro ou for obscuro ou

contraditório é que se deve interpretá-lo, o que parece estar em desacordo com o

próprio enunciado.

b) Errada. Afirma existir um único sentido possível para a norma, o que está em

desacordo com o enunciado.

c) Certa. Afirma que toda norma, a princípio, deve ser interpretada.

Essas duas últimas alternativas não podem ser de plano descartadas e se deve co-

nhecer um pouco do que afirma Karl Larenz. O autor afirma que o juiz, ao decidir

por uma interpretação, deve ter em mente a segurança jurídica e escolher aquela

que permita aplicação a casos futuros, no entanto, para o autor, essa interpretação

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não fixa interpretações futuras, que podem tomar novos rumos sempre que for

considerado mais adequado o abandono daquela interpretação e o estabelecimento

de uma nova, o que afasta a letra d.

d) Errada. Sustenta que a interpretação representa uma vinculação que deve ser

repetida sempre que a norma for aplicada.

Questão 39    (2016/FGV/XXI EXAME DE ORDEM) De acordo com o contratualismo

proposto por Thomas Hobbes em sua obra Leviatã, o contrato social só é possível

em função de uma lei da natureza que expresse, segundo o autor, a própria ideia

de justiça.

Assinale a opção que, segundo o autor na obra em referência, apresenta esta lei

da natureza.

a) Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.

b) Dar a cada um o que é seu.

c) Que os homens cumpram os pactos que celebrem.

d) Fazer o bem e evitar o mal.

Letra c.

Para Hobbes, o  estado de natureza é intrinsecamente mal, uma vez que, nele,

os indivíduos convivem num estado de guerra de todos contra todos. Nesse estado

de natureza, o indivíduo se mostra incapaz de conviver uns com os outros e, dá, em

troca de uma segurança normativa, cede parcelas de sua liberdade.

Note-se que a palavra-chave aqui é a segurança normativa e, nesse contexto,

Hobbes constrói a noção de que Justiça é o respeito aos acordos firmados, uma vez

que, no Estado de Natureza, não existe justiça ou injustiça como decorrência do

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estado de guerra de todos contra todos. Superar, pois, esse estado, significa cum-

prir os pactos celebrados.

a) Errada. Apresenta uma frase relacionada à igualdade geométrica de Aristóteles.

b) Errada. Apresenta, parcialmente, o conceito de Justiça para Platão.

d) Errada. Apresenta a noção de Santo Agostinho para o que se deve buscar nas

interações humanas.

Questão 40    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

Seria incompatível com o positivismo jurídico a postura de jurista que apresentas-

se críticas ao apartheid, na medida em que esse regime era fundado em normas

positivadas pelo Estado.

Errado.

O item retrata uma concepção superficial e comum sobre o positivismo jurídico.

É bastante usual encontrar aqueles que entendem que o positivismo é a completa

separação entre ordenamento jurídico e moral. No entanto, como demonstrado por

Kelsen na obra O Problema da Justiça, a questão não é a separação estanque entre

ordenamento jurídico e valores morais, mas a subjetividade que reside na questão

do sentimento de justiça.

De fato, ao estudioso do Direito resta, não a análise sobre a justiça da norma, mas

a verificação de sua validade, o que, a seu turno, não impede que se faça qualquer

consideração sobre a adequação de um instituto a valores morais e sociais.

Na verdade, quando trata da interpretação das normas, Kelsen afirma que os tais

valores, inclusive, são um dos instrumentos utilizados para a fixação do significado

da norma, o que não se confunde com a postura do estudioso do Direito, que deve

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ater-se, na sua atividade, ao estudo do ordenamento jurídico e das relações hierár-

quicas estabelecidas entre eles.

Por outro lado, ao considerar o que se convencionou chamar de positivismo brando

proposto por Herbert Hart, tem-se a possibilidade de consideração de princípios e

valores como um relevante para o estudo do Direito, do que se extrai a possibilida-

de de críticas a um modelo que viole tais fundamentos de origem moral.

Questão 41    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Em relação ao

conceito de ciência política e à legitimidade do poder político, julgue o item a seguir.

À luz da conhecida tipologia weberiana a respeito da dominação legítima, é correto

afirmar que a política contemporânea é caracterizada pelo predomínio da domina-

ção de tipo racional-legal e pela inexistência da dominação tradicional e da domi-

nação carismática.

Errado.

A teoria de Weber sobre os tipos de dominação encontra na origem da obediência

a fonte de explicação de cada tipo. Assim, se a obediência decorre do cumprimento

das normas legais, tem-se a dominação legal, se a obediência se deve pela crença

nas qualidades superiores do agente dominador ou, em outras palavras, no carisma

e na pessoa do dominador, tem-se a dominação carismática.

Por fim, nos casos em que a dominação surge dos costumes sociais, tem-se a do-

minação tradicional. Todas essas formas de dominação são legítimas, uma vez que

fundamentadas em fontes regulares de poder.

No entanto, não se pode afirmar hoje que a dominação tradicional e a carismática

deixaram de ocorrer atualmente, ao contrário, além de ainda existir esse tipo de

dominação, cada vez mais, a Sociologia tem se voltado para seu estudo.

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Questão 42    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Em uma ação de

reintegração de posse, foi determinada a remoção de centenas de famílias, que ha-

via anos tinham fixado moradia no local e compartilhavam a prestação de serviços

mútuos. Antes da ocupação, o espaço era um terreno abandonado de propriedade

da massa falida de uma empresa em débito com a fazenda pública, única credora

habilitada. A  comunidade, além da mobilização junto aos governos municipal e

estadual com o objetivo de regularizar a ocupação, havia, por meio de sua asso-

ciação, procurado o órgão da DP, que, na oportunidade, ajuizou ação de desapro-

priação indireta, que ainda não havia sido julgada. Quando do cumprimento da de-

cisão de reintegração de posse, diante da resistência dos integrantes da ocupação,

registrou-se o uso desproporcional de violência pela força policial, tendo a ação

resultado em prisões, pessoas feridas e perda de objetos pessoais dos moradores.

A respeito dessa situação hipotética e de ideias relacionadas à sociologia do direito,

julgue o item a seguir.

a) A remoção das famílias com o emprego da força policial tipifica o controle social

classificado como externo e positivo.

b) Embora seja possível contestar sua legitimidade, a ação policial em questão está

amparada no monopólio do uso da violência legal pelo Estado.

c) A decisão judicial em apreço — de reintegração de posse — é exemplo do efeito

simbólico que a norma sobre a função social da propriedade representa no ordena-

mento jurídico brasileiro.

d) Sob a perspectiva quantitativa weberiana, o espaço de moradia é uma carac-

terística que diferencia os grupos sociais e localiza os indivíduos na estratificação

social.

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E, C, E, C

a) Errada. Quanto ao primeiro item, a Sociologia classifica o controle social em:

I positivo ou negativo;

II formal ou informal;

III interno ou externo; e

IV institucional ou de grupo.

A primeira classificação refere-se ao tipo de reforço utilizado. Caso o reforço

seja por meio de ação que tenha a finalidade de orientação do comportamento com

recompensas, prêmios, instrução, sugestão, exemplo, entre outros, tem-se o con-

trole positivo. No entanto, caso o controle se manifeste por meio de punições ou

proibições, tem-se o controle negativo.

A segunda classificação refere-se ao tipo de ato que dá origem ao controle. Se

há um ato formal de uma instituição, tem-se o controle formal; no entanto, se esse

controle surge de atos heterógenos e não focais, tem-se o controle informal.

A terceira classificação à origem do controle. Se o controle tem origem no pró-

prio indivíduo, trata-se de controle interno, mas se tem origem em outras institui-

ções ou na sociedade, tem-se o controle externo.

Por fim, o controle pode ter origem em uma instituição ou no grupo, o que caracte-

riza a quarta classificação. A partir disso, tem-se que o ato de controle indicado

no item pode ser classificado como negativo (i), formal (ii), externo (iii) e institu-

cional (iv), o que torna o item errado.

b) Certa. A noção moderna de Estado e sua relação com o Direito pressupõe que

o monopólio do uso da força tenha sido concentrado nas mãos do Estado, o que

torna eventual violência cometida por particulares, salvo situações específicas pre-

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vistas no ordenamento jurídico, ilícitos a serem punidos de acordo com o ramo do

ordenamento para o qual se tem um relevante jurídico.

Por outro lado, ainda que tenha havido o uso desproporcional da força, o que se

discute não é a existência de autorização para o uso da força, mas a legitimidade

do uso no caso concreto.

c) Errada. Quanto ao terceiro item, tem-se que toda norma possui, efetivamente,

um efeito simbólico, cuja finalidade é apenas política, com a reafirmação de valores

sociais de determinada parcela da população sem uma busca real de efetividade da

norma em questão.

A norma simbólica aparece com uma linguagem mais imprecisa e com sentido

mais aberto, justamente com o objetivo de oferecer uma aparência de solução. Em

contraposição à norma simbólica, tem-se a norma instrumental, pela qual se busca

uma ação concreta e eficaz na solução do problema em apreço.

No caso do item em análise, tem-se a utilização de um instituto que, não apenas

possui um claro sentido simbólico, mas um efeito prático para resguardar efetiva-

mente o direito porventura violado, o que torna o item incorreto.

d) Certa. Tem-se as duas possibilidades de classificação e estratificação de classes

sociais.

A primeira está relacionada à teoria marxista e tem uma perspectiva qualitativa,

que é a propriedade dos bens de produção como mecanismo de verificação da exis-

tência de diferença de classe.

A segunda é a weberiana, pela qual se adota o método quantitativo, em que a di-

ferença de renda é que indica a existência de uma diferença de classe.

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Questão 43    (CESPE/MPU/ANALISTA/2018) Está, pois, suficientemente esclarecido

que a virtude moral é um meio-termo entre dois vícios, um dos quais envolve ex-

cesso e o outro, deficiência, e isso porque a sua natureza é visar à mediania nas

paixões e nos atos.

Do que acabamos de dizer segue-se que não é fácil ser bom, pois em todas as coi-

sas é difícil encontrar o meio-termo.

(…)

A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o ganho. Eis aí por que as

pessoas em disputa recorrem ao juiz; e recorrer ao juiz é recorrer à justiça, pois

a natureza do juiz é ser uma espécie de justiça animada; e procuram o juiz como

um intermediário, e  em alguns Estados os juízes são chamados mediadores, na

convicção de que, se os litigantes conseguirem o meio-termo, conseguirão o que é

justo. O justo, pois, é um meio-termo, já que o juiz o é. Ora, o juiz restabelece a

igualdade.

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. PESSANHA, José A. M. (Org.).

4. ed., v. 2, São Paulo: Nova Cultural, 1991. (com adaptações))

A partir das ideias constantes nesse fragmento de texto, julgue o item a seguir.

a) Aristóteles vincula a justiça à natureza do trabalho de juiz, cuja atuação deve

ser ética e corresponder ao exercício da própria noção de justiça.

b) Com o objetivo de promover os valores éticos para o bem da sociedade, a fór-

mula aristotélica da mediania propõe a rigorosa punição dos vícios pelos agentes

públicos, simbolizados no texto pela profissão de juiz.

C, E

A questão está, muito mais, para uma busca pela interpretação de texto, do que

para uma verificação do conhecimento do candidato sobre a teoria de Aristóteles

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sobre a Justiça. Esse fato é indicado pelo próprio enunciado em que consta que, “A

partir das ideias constantes nesse fragmento de texto”, os itens devem ser julga-

dos.

Nesse contexto, quanto ao primeiro item, tem-se que o texto efetivamente des-

taca a posição do juiz como uma função cuja atuação deva ser ética e que corres-

ponde ao próprio sentido de justiça.

Por outro lado, quanto ao segundo item, além de o fragmento de texto apresenta-

do não tratar de punição por desvios éticos, a teoria aristotélica também não o faz.

Questão 44    (CESPE/DPE-TO/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) As normas

que, de acordo com a doutrina, são baseadas nas leis elaboradas pelos homens

com o intuito de reger o social, sendo vistas como reflexo das diversas formas do

comportamento humano, denominam-se normas

a) religiosas.

b) legais.

c) sociais.

d) privadas.

e) facultativas.

Letra b.

A questão parece ter uma solução razoavelmente simples, mas ela tem algumas

implicações dignas de nota para você, candidato(a), que está a se preparando para

a próxima prova da Defensoria Pública do Distrito Federal.

O enunciado pede para que o candidato identifique, dentre as alternativas, as nor-

mas que “são baseadas nas leis elaboradas pelos homens com o intuito de reger o

social, sendo vistas como reflexo das diversas formas do comportamento humano”.

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a) Errada. Tem-se efetivamente que as normas religiosas são criadas pelos ho-

mens, no entanto o são com a finalidade de reger a relação com as instituições

religiosas, outros fiéis e, mais importante, com a deidade porventura adorada por

aquela religião. A finalidade das normas religiosas não é reger as relações sociais,

nos termos do enunciado.

c) Errada. Normas sociais, tem-se que elas não são produto do intelecto criativo

do ser humano, mas uma consequência de interações sociais reiteradas, que es-

tabelecem normas de trato social com certo grau de previsibilidade e, ainda, com

certo grau de controle, ainda que um controle estritamente social. Além disso, além

de não serem criadas pelos homens com a finalidade de reger as interações sociais,

elas são, efetivamente, fruto das próprias interações sociais.

d) Errada. Tem-se que as normas privadas são criadas para reger situações es-

pecíficas e o seu grau de eficácia vai depender do permissivo existente no ordena-

mento jurídico para o estabelecimento de tais normas.

e) Errada. O enunciado trata de normas estabelecidas com o objetivo de reger as

interações sociais, o que não pode ser atingido por normas de observância faculta-

tiva. Nesse contexto, a alternativa que indica se tratar de normas legais é a certa,

posto que, efetivamente, mostram-se frutos da atividade criativa humana e se es-

tabelecem com a finalidade de regular comportamentos.

Questão 45    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) Ao analisar o

tema da pluralidade dos ordenamentos, na obra Teoria da norma jurídica, Norberto

Bobbio enfatiza que a teoria institucionalista

a) reafirma que o Estado e as suas instituições detém exclusividade na produção

do direito.

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b) sustenta que o Estado é a única instituição que estabelece o direito.

c) rompe com a teoria estatalista, pois rejeita a redução do direito a uma forma

estatal de expressão.

d) confunde-se com a teoria estatalista, pois enxerga no Estado a única instituição

que cria o direito

e) considera o Estado moderno como a instituição que detém o monopólio da pro-

dução jurídica.

Letra c.

Essa questão traz um desafio particular para o estudioso do Direito.

É que, além de considerar uma teoria não tão difundida sobre o ordenamento ju-

rídico, exige que o candidato supere a compreensão em geral enraizada nos estu-

dantes de Direito desde o primeiro semestre de que o Estado é a única fonte legíti-

ma de normas, que representa a abordagem feita pela corrente estatalista.

Por outro lado, a  teoria institucionalista reconhece o que a Sociologia denomina

Pluralismo Jurídico, segundo o qual não se pode afirmar a existência de um único

ordenamento jurídico vigente em um determinado espaço e aplicável a determina-

do grupo de pessoas.

De acordo com o Pluralismo Jurídico, nos espaços de convivência social, múltiplas

normas jurídicas, com diferentes graus de coercibilidade, vigem simultaneamente,

dentre as quais, um reduzido grupo, representa o ordenamento jurídico estatal.

Nesse contexto, além do Estado como fonte de produção normativa, outras insti-

tuições também o fazem, além da própria sociedade.

A partir disso, tem-se que a letra a apresenta ambas as correntes como voltadas

para o reconhecimento apenas das normas estatais como jurídicas, o que também

se observa nas letras b, d e e, restando apenas a letra c como certa.

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Questão 46    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2012) Na classificação

das normas jurídicas proposta por Norberto Bobbio, em sua obra Teoria da Norma

Jurídica, encontra-se a distinção formal entre a norma “que estabelece que uma

determinada ação deve ser cumprida quando se verifica uma certa condição” e a

norma “que estabelece que uma determinada ação deve ser cumprida”. Estas nor-

mas são chamadas, respectivamente,

a) norma indefinida e norma definida.

b) norma categórica e norma eficaz.

c) norma hipotética e norma categórica.

d) norma indefinida e norma hipotética.

e) norma categórica e norma hipotética.

Letra c.

Em sua obra Teoria Geral do Direito, Bobbio propõe várias classificações possíveis

para as normas jurídicas, dentre as quais destacam-se a classificação quanto à for-

malização (i), quanto à abstração (ii), quanto ao tipo de proposição (iii) e quanto

ao tipo de ação previsto na norma (iv).

Quanto à formalização (i), as  normas podem ser classificadas em universais,

voltadas para uma classe composta por vários membros; ou singulares, quando

aplicável a um único indivíduo.

Quanto à abstração (ii), as  normas podem ser abstratas, que tratam de ações

de uma determinada classe; ou genéricas, quando se aplicam a uma multítude de

indivíduos.

Quanto ao tipo de proposição (iii), as normas podem ser afirmativas ou negativas

a depender da contrariedade a uma forma de enunciação.

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Por fim, as normas, quanto ao tipo de ação previsto (iv) podem ser classificadas

em categóricas e hipotéticas, que é o objeto do questionamento.

As normas categóricas são aquelas que determinam que uma determinada ação

deve ser realizada, enquanto as normas hipotéticas estabelecem que, cumprida de-

terminada condição, uma determinada conduta deve ser realizada. Assim, a letra

c é a indicada.

Questão 47    (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2018) Hans Kelsen,

em sua teoria pura do direito, define como elemento primordial para a análise cien-

tífica do fenômeno jurídico:

a) os fatos sociais.

b) as normas.

c) os valores.

d) os princípios e as regras.

e) o poder coercitivo.

Letra b.

Apesar de a questão proposta não estar diretamente relacionada com a temática

da distinção estrutural entre regras e princípios, a questão permite a abordagem

do tema.

A questão demanda do candidato conhecimento do paradigma utilizado por Hans

Kelsen para o estabelecimento do Direito como conhecimento científico e, entre as

alternativas, indica a questão dos princípios e regras.

O autor moderno que usualmente é utilizado para tratar dessa temática é Robert

Alexy, para quem o Direito está estritamente vinculado aos preceitos morais vigen-

tes em uma determinada sociedade. O autor faz a distinção entre regras e princí-

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pios de acordo com o grau. Enquanto as regras possuem determinações, os princí-

pios enunciam mandatos de otimização.

Note-se que é possível afirmar que a grande distinção estrutural entre princípios

e regras reside, justamente, no nível de abstração e generalidade da norma. En-

quanto a regra tem aplicação mais específica e centrada em determinadas con-

dutas, possuindo, pois, menores níveis de generalidade e abstração, os princípios

enunciam comandos genéricos a serem integrados no ordenamento jurídico pela

atuação do intérprete.

Em retorno à teoria kelseniana para o Direito, tem-se que os princípios, tal como

os valores, pelo seu conteúdo relacionado à moral, não pode ser objeto de estudo

do Direito enquanto ciência, que deve se ater às normas. Por outro lado, os fatos

sociais devem ser objeto de estudo da Sociologia, enquanto que o poder coercitivo

monopolizado pelo Estado apresenta-se como pressuposto para o estudo do Direi-

to.

Questão 48    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2010) Em sua teoria

do ordenamento jurídico, Norberto Bobbio estuda os aspectos da unidade, da co-

erência e da completude do ordenamento. Relativamente ao aspecto da coerência

do ordenamento jurídico, “a situação de normas incompatíveis entre si” refere-se

ao problema

a) das antinomias.

b) da analogia.

c) do espaço jurídico vazio.

d) das lacunas.

e) da incompletude.

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Letra a.

A questão remete o candidato à temática da completude do ordenamento jurídico.

Bobbio, que tem a teoria sobre o conflito entre normas como uma de suas reali-

zações mais conhecidas, estabelece que, nesses casos de conflito, mostra-se pre-

sente uma antinomia. Isso porque os ordenamentos jurídicos modernos partem de

uma ficção jurídica para se justificarem.

Assim, a maior parte dos ordenamentos nega a existência de uma lacuna no orde-

namento jurídico, o que pressupõe que ele seria capaz de resolver qualquer ques-

tão a ele posta. A partir disso, surgem questões relacionadas a lacunas, que podem

ser do próprio ordenamento jurídico, ou apenas da norma.

Nos casos em que o ordenamento jurídico funciona a partir da ficção da comple-

tude, eventual lacuna reside apenas no campo aparente das normas e pode ser

resolvido por regras de eliminação do que Bobbio chama de antinomias.

Essas antinomias seriam as contradições porventura verificadas em uma determi-

nada norma quando em confronto com outra. As antinomias podem ser de:

I uma norma mandar fazer e a outra proibir;

II uma norma mandar fazer e a outra permitir não fazer; e

III uma norma proibir fazer e a outra permitir fazer.

A solução das antinomias repousaria nos critérios de validade temporal, espacial,

pessoal e material da norma.

b) Errada. Refere-se a um mecanismo de integração do ordenamento jurídico no

caso de lacuna normativa.

c, e) Erradas. Referem-se justamente à teoria da completude do ordenamento

jurídico, pela qual não existe incompletude.

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d) Errada. Refere-se às lacunas, que podem ser normativas ou do ordenamento

jurídico. No entanto, o enunciado trata de normas que sejam incompatíveis entre si.

Questão 49    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) Segundo Nor-

berto Bobbio, na obra Teoria do Ordenamento Jurídico, em cada grau normativo

dos ordenamentos estatais modernos encontra-se “normas destinadas a regular a

produção de outras normas” e “normas dirigidas diretamente a regular a conduta

das pessoas”. O autor denomina estas normas, respectivamente,

a) normas de produção e normas de conduta.

b) normas de conduta e normas de estrutura.

c) normas de estrutura e normas de interação.

d) normas de produção e normas de interação.

e) normas de estrutura e normas de conduta.

Letra e.

Além das classificações de normas apresentadas em outras obras, em sua Teoria

do Ordenamento Jurídico.

A partir do tipo de norma, Bobbio afirma existirem normas que regulam a produção

de outras normas, que seriam as normas de produção, e normas que regulariam

diretamente as condutas dos indivíduos a ela submetidas, que seriam as normas

de conduta.

A questão não oferece maior complexidade do que o conhecimento da distinção.

Questão 50    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

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Para Kelsen, no sentido lógico-jurídico, a norma fundamental define a validade do

conteúdo das normas jurídicas positivadas no ordenamento.

Errado.

Para entender o positivismo de Kelsen, deve-se compreender o momento histórico

pelo qual passava o conhecimento científico.

No final do século XIX, August Comte havia publicado sua obra em que defendia

a necessidade de que um ramo do conhecimento humano, para ser considerado

ciência, tenha objeto de pesquisa próprio e único em relação aos demais ramos do

conhecimento, além de uma metodologia própria.

Ao aplicar sua proposta às ciências chamadas de sociais, concluiu que, em última

análise, todas representavam formas de estudo da sociedade, que era objeto de

estudo da Sociologia, e que o método empregado por essas ciências era o método

sociológico.

Nesse contexto, para Comte, não fazia sentido ter tais ramos do conhecimento

como ciências independentes, posto que todas vinculadas ao objeto e ao método

da Sociologia.

A sua proposta de abordagem do conhecimento humano ganhou grande repercus-

são e adeptos e, como consequência de sua aplicação, o Direito não mais poderia

ser considerado conhecimento científico.

Para endereçar essa questão, Kelsen propõe a sua Teoria Pura do Direito, em que

analisa a diferença entre as ciências naturais e as ciências sociais e defende um ob-

jeto de estudo próprio e uma metodologia própria para o Direito enquanto ciência.

Como dito anteriormente, esse objeto e esse método não poderia aproveitar-se

da Sociologia, sob pena de ser considerado apenas parte dessa ciência, não uma

ciência autônoma.

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A partir disso, Kelsen propõe que o objeto de pesquisa do Direito é o ordenamento

jurídico e que o método é o hierárquico, pelo qual a validade lógico-jurídica das

normas é verificado pela compatibilidade com as normas hierarquicamente supe-

rior.

O problema, então, decorrente dessa proposta metodológica residiria na norma

que seria superior ao texto constitucional. Para endereçar esse problema, Kelsen

afirmou que não havia necessidade de uma norma jurídica superior, mas apenas

uma norma hipotética, que, em seu conteúdo, constasse a determinação de criação

de uma constituição como requisito de validade lógica da constituição.

Note-se que tal norma está fora do ordenamento jurídico e, portanto, o seu estudo

não caberia ao Direito e, além disso, ela não empresta validade jurídica à Consti-

tuição; mas, quando muito, legitimidade, que também não é objeto de pesquisa da

ciência jurídica.

Nesse contexto, a afirmação de que a norma hipotética conferiria validade jurídica

às normas positivadas está errado.

Questão 51    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Na teoria pura do direito de Kelsen, a interpretação autêntica é realizada pelo órgão

aplicador do direito, ou seja, tanto pelo Poder Judiciário quanto pelo Poder Legis-

lativo.

Certo.

Kelsen, diferentemente de outros autores que tratam da interpretação autêntica e

não autêntica, distingue a fonte da interpretação a partir da capacidade do ente de

realizar a aplicação da norma no caso em concreto ou de criar a norma.

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Assim, se o órgão ou entidade que realiza a interpretação tem o poder de aplicar

ao caso concreto ou de criar norma jurídica, tem-se a interpretação autêntica. Por

sua vez, caberia aos particulares a interpretação não autêntica, incluído, aí, a in-

terpretação doutrinária.

A partir disso, pode-se afirmar que os órgãos responsáveis pela atividade legisla-

tiva, pela atividade judiciária e pela atividade administrativa do Estado realizam,

nos seus atos de aplicação ou criação de direito, interpretação autêntica da norma

jurídica.

Questão 52    (FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2018) Ao enfocar cri-

ticamente a “doutrina do direito natural”, Hans Kelsen a caracteriza como aquela

fundada

a) no dualismo entre “direito natural” e “direito positivo” que considera que a vali-

dade deste último independe da correspondência ao “direito natural”.

b) no dualismo entre “direito natural” e “direito positivo”, e considera que o “direito

natural”, em virtude de sua perfectibilidade, estaria acima do “direito positivo”, de

modo que a validade deste último dependeria de sua correspondência ao “direito

natural”.

c) em uma visão monista que sustenta que todo direito é necessariamente natural

uma vez que seu fundamento último é a natureza humana.

d) em um alto grau de cientificidade e caracterizada pela ausência de contradições

relativamente à justificação do estabelecimento do “direito positivo” ou à existência

do Estado competente para o estabelecimento do “direito positivo”

e) no dualismo dentre “direito natural” e “direito positivo” que, por toda sua coe-

rência e rigor conceitual, é professada pelo autor em sua “teoria pura do direito”.

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Letra b.

A questão demanda que o candidato compreenda a crítica que Kelsen faz aos de-

fensores do jusnaturalismo. Em outras palavras, pede ao candidato o conceito de

jusnaturalismo de acordo com Kelsen.

Para a Teoria Pura de Kelsen, o  estudo do Direito não pode estar subordinado a

questões que estariam fora do âmbito do ordenamento jurídico. Isso porque, como

já visto anteriormente, o  momento histórico vivido no âmbito da ciência jurídica

demandava um objeto e método próprios de abordagem do fenômeno jurídico.

A partir disso, subordinar o estudo e a validade do direito a um direito natural ex-

terno se mostraria um erro.

Nesse contexto, para Kelsen, os defensores do Direito Natural partiriam da noção

de que o direito natural é, em sua essência, perfeito, mas o intelecto humano limi-

tado não conseguiria alcançar completamente esse direito natural. Para solucionar

esse distanciamento, o  direito positivo surgiria como um meio termo, como um

guia comportamental para os indivíduos.

No entanto, esse direito positivo, por ser fruto do intelecto humano limitado, seria

incapaz de estabelecer normas perfeitas, como o seriam as normas do direito na-

tural e, portanto, sempre que uma norma de direito positivo violar uma norma de

direito natural, aquela deve ceder espaço para essa.

Além do positivismo científico, que demanda um objeto e uma metodologia de pes-

quisa própria, a abordagem do direito natural acrescenta um grau de insegurança

jurídica e de falta de previsibilidade das decisões muito grande, o  que deve ser

combatido, ao menos de acordo com a teoria de Kelsen.

Com essas considerações, tem-se que a alternativa que adequadamente expressa

a compreensão que Kelsen faz dos defensores do jusnaturalismo é a letra b.

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a) Errada. Para o jusnaturalismo, não seria possível uma norma positiva perfeita.

c) Errada. Tem-se que haveria uma absorção do direito positivo pelo natural,

o que não foi defendido pelo jusnaturalismo.

d) Errada. Kelsen nega o caráter científico do Direito Natural, inclusive quando

demonstra a diferença entre as ciências causais, naturais, e as ciências sociais.

e) Errada. Tem-se que Kelsen nega o dualismo proposto e, de qualquer forma, não

corresponde o enunciado proposto na alternativa à visão de Kelsen sobre o Direito

Natural.

Questão 53    (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2015) A Corte Consti-

tucional deve “entender a si mesma como protetora de um processo legislativo de-

mocrático, isto é, como protetora de um processo de criação democrática do direito,

e não como guardiã de uma suposta ordem suprapositiva de valores substanciais.

A função da Corte é velar para que se respeitem os procedimentos democráticos

para uma formação da opinião e da vontade políticas de tipo inclusivo, ou seja, em

que todos possam intervir, sem assumir a mesma o papel de legislador político”.

(Más Allá del Estado Nacional. Madrid: Trotta, 1997. p. 99)

O trecho citado, acerca da postura de um Tribunal Constitucional durante o seu

processo de interpretação da Constituição, corresponde à obra e concepção

a) substancial de Ronald Dworkin de proteção dos direitos fundamentais.

b) procedimental de Robert Alexy da teoria da argumentação e princípios.

c) procedimental de Jürgen Habermas da teoria do discurso.

d) mista de John Hart Ely de democracia.

e) procedimental de John Rawls do fórum público de princípios.

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Letra c.

A questão traz o debate sobre Democracia Procedimental e Democracia Substanti-

va.

Dworkin se propõe a debater a forma como os juízes devem decidir nos chamados

hard cases, para os quais não existiria uma norma satisfatória aplicável ao caso

e haveria a necessidade de recorrer aos princípios conformadores do Direito, cuja

teoria da decisão se baseia na criação de um juiz mítico, a quem denomina de Hér-

cules.

Em outras palavras, Dworkin busca debater a Legitimidade do processo decisório

do Poder Judiciário quando, por vezes, parece existir um caso sem solução ou para

o qual as normas positivadas não parecem oferecer solução. Como se vê, o  que

Dworkin propõe é um Judiciário com uma atuação mais efetiva na realização dos

princípios de um Estado baseado em uma concepção liberal.

Dworkin, no entanto, não é o único autor que trata do tema. Alexy, após apontar

que o liberalismo é, ao mesmo tempo, um dos conceitos práticos mais fundamen-

tais e menos objetivos pela sua aplicação ser quase ilimitada, por ser considerada

uma palavra que reflete algo deleitável ao ser humano.

Na análise de Alexy, tudo que estiver ao redor ou associado à liberdade, conduzirá

a uma reflexão filosófico-jurídica, social e moral. Nesse contexto, o que se tem é a

busca por uma maior efetivação dos direitos fundamentais a partir de uma teoria

que permita ao Judiciário atuar positivamente na realização destes direitos.

A essa concepção de Democracia, a doutrina tem chamado de Democracia Subs-

tantiva, na qual o Judiciário se torna um agente de destaque, com o deslocamento

do debate político das esferas tradicionais para o Judiciário.

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De fato, a noção de Democracia Substantiva parte do pressuposto de que a regra

da maioria, apesar de dar a forma do funcionamento possível do Estado democrá-

tico, não representa a própria determinação do que seria esse Estado democrático.

Apenas a observância do princípio majoritário como forma de decisão não conduz

necessariamente à efetividade da democracia, que depende, também, de princípios

de decisão, como seria o caso da liberdade e da igualdade.

A Democracia Procedimental, por sua vez, tem como base o cumprimento do prin-

cípio majoritário, pelo qual se devem respeitar as decisões políticas tomadas na

sede adequada.

A partir disso, o que se tem é que a Democracia Procedimental se fundamenta na

legitimação pelo processo de tomada de decisão, independentemente do resulta-

do alcançado pela vontade da maioria. Em outras palavras, pode-se afirmar que,

para os defensores desta concepção de Democracia, não existe a preocupação com

um bem moral ou um bem comum, mas, apenas se o procedimento previamente

estabelecido foi seguido. Essa concepção está adequada ao modelo do Positivismo

Jurídico, pelo qual o que importa é a adequação hierárquica das normas, tanto pela

origem, quando pelo fundamento.

Para Habermas, defensor da democracia procedimental, deve-se buscar “um mo-

delo procedimental de democracia, o qual é incompatível com conceito da socieda-

de centrada no Estado, e pretende ser neutro aos projetos de vida concorrentes”,

o que permitiria que os indivíduos satisfizessem suas necessidades, sem uma tutela

do Estado.

Por sua vez, Rawls adota uma postura contratualista ao propor em sua obra o ex-

perimento mental do véu de ignorância como base para a construção dos princípios

constitucionais de justiça. A proposta do experimento é determinar quais seriam

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os princípios de justiça que seriam escolhidos de forma unânime a partir de uma

posição original.

Ainda que a proposta de uma posição original possa apresentar problemas de de-

monstração empírica, ajuda o pesquisador a compreender a necessidade de es-

tabelecimento de um conjunto de princípios conformadores da noção de justiça,

despido de pré-compreensões e de um enviesamento.

Em um segundo momento, Rawls endereça o problema da unanimidade e a subs-

titui pela noção de consenso significativo, pelo qual os princípios de justiça seriam

endossados por cada ponto de vista razoável.

A Legitimidade das Instituições decorreria, pois, dos princípios de justiça que fun-

damentariam o seu estabelecimento serem conformados por um consenso signi-

ficativo. O que se tem é que a Legitimidade proposta por Rawls estimula a coope-

ração a partir do estabelecimento de concepções de justiça que sejam partilhadas

por todos ou, pelo menos, que fosse esperada por todos, o que colaboraria para

que determinados comportamentos fossem realizados em detrimento de outros,

permitindo uma espécie de compartilhamento das informações necessárias para o

convívio em sociedade.

Outro ponto digno de nota é que a proposta de Legitimidade estabelecida por Rawls

se fundamenta em uma noção liberal. Esse pretenso liberalismo não pode ser con-

fundido com política de direita ou de esquerda, mas com a prevalência da liberdade

como valor socialmente aceito e dominante. A liberdade, enquanto fundamento de

tal sociedade, é o que permitiria o surgimento do consenso significativo.

Hart, por sua vez, esboça sua teoria sobre a Democracia Procedimental ao limitar

a atuação do Judiciário à utilização de critérios objetivos para a regulação do pro-

cesso democrático, com o poder político centralizado no Legislativo. A partir disso,

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tem-se que Dowrkin, Alexy e Rawls fazem uma abordagem Substantiva da Demo-

cracia, enquanto Habermas e Hart uma abordagem Procedimental.

O erro da letra a reside na suposta proteção proposta por Dworkin para os direitos

fundamentais. Na verdade, o que Dworkin propõe proteger são os princípios libe-

rais fundantes do ordenamento jurídico.

Questão 54    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Herbert Hart considera que o direito é identificado a partir de um critério de vali-

dade de regras, enquanto Ronald Dworkin entende ser o direito um conceito inter-

pretativo.

Certo.

O item expressa a contraposição entre a abordagem Procedimental de Hart e a

abordagem Substantiva de Dworkin. Enquanto o primeiro faz uma abordagem do

ordenamento jurídico baseada em critérios objetivos de validade como mecanismo

de aplicação da norma jurídica, Dworkin considera o Direito como um sistema de-

corrente da interpretação das normas, cuja justificação reside nas regras e princí-

pios de uma comunidade política.

Questão 55    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

Enquanto Hart conceitua o direito como o conjunto de ordens coercitivas emanadas

da autoridade soberana, Dworkin entende que o direito é um conceito interpreta-

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tivo derivado da melhor justificação moral das regras e princípios de uma comuni-

dade política.

Certo.

Vide comentários feitos na questão anterior.

Questão 56    (CESPE/MPU/ANALISTA/2018) Está, pois, suficientemente esclarecido

que a virtude moral é um meio-termo entre dois vícios, um dos quais envolve ex-

cesso e o outro, deficiência, e isso porque a sua natureza é visar à mediania nas

paixões e nos atos.

Do que acabamos de dizer segue-se que não é fácil ser bom, pois em todas as coisas é
difícil encontrar o meio-termo.
(…)
A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o ganho. Eis aí por que as pes-
soas em disputa recorrem ao juiz; e recorrer ao juiz é recorrer à justiça, pois a natureza
do juiz é ser uma espécie de justiça animada; e procuram o juiz como um intermediário,
e em alguns Estados os juízes são chamados mediadores, na convicção de que, se os
litigantes conseguirem o meio-termo, conseguirão o que é justo. O  justo, pois, é  um
meio-termo, já que o juiz o é. Ora, o juiz restabelece a igualdade.

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. PESSANHA, José A. M. (Org.).

4. ed., v. 2, São Paulo: Nova Cultural, 1991 (com adaptações))

A partir das ideias constantes nesse fragmento de texto, julgue o item a seguir.

Depreende-se do texto que a decisão do juiz, apesar de ética, não necessariamente

representa o justo para os litigantes, pois um terá de perder e o outro, ganhar, para

que a justiça corretiva aconteça.

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Errado.

Da mesma forma que uma questão anteriormente apresentada, o item está mais

relacionado com interpretação de texto do que com a teoria aristotélica de justiça.

Sobre o tema, transcrevo o que foi comentado no âmbito da questão 25:

Em Ética a Nicômaco, Aristóteles se propõe a estudar as virtudes e os vícios. Como


regra, Aristóteles observa que a virtude tem como extremo um vício. Assim, sempre
se apresenta a virtude como negação de um vício. No caso da justiça, uma virtude
moral, no entanto, Aristóteles sustenta se tratar de tema mais tormentoso. No caso da
virtude moral, que é a justiça, o que se tem é uma régua, em que, nos extremos, cons-
tam injustiças. A  justiça, portanto, residiria no alcance do meio termo. Diferente das
demais virtudes, a justiça só poderia ser adquirida pela experiência e caberia ao justo
se aproximar ao máximo do meio termo entre as injustiças constantes dos extremos.
Nesse contexto, uma conduta justa necessariamente seria ética, posto que atenderia às
necessidades do bem comum.

A despeito disso, note-se que o texto nada fala de justiça corretiva ou de relativida-

de da justiça. Para Aristóteles, a justiça não se apresenta como algo relativo, o que

demonstra a incorreção da assertiva.

Questão 57    (CESPE/MPE-PI/ANALISTA/2018) A respeito da ética, da moral, de

valores e democracia, julgue o item a seguir.

A vida do ser humano em comunidade teve como consequência a construção e a

aquisição de valores acerca do bem e do mal, do justo e do injusto, que se tor-

naram costumes aceitos que, transmitidos de geração para geração, passaram a

constituir o domínio da ética e da moral.

Certo.

Note-se inicialmente que, diferentemente de questões anteriormente apresenta-

das, aqui não há uma referência a uma teoria em específico, o que torna a tarefa

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de analisar a correção da assertiva um pouco mais difícil. Nesses casos, sugere-se

ao candidato que separe a assertiva em partes menores.

A partir disso, considerada a primeira parte “A vida do ser humano em comunida-

de teve como consequência a construção e a aquisição de valores acerca do bem e

do mal, do justo e do injusto”, tem-se que, considerada, inclusive, uma perspectiva

rousseauniana de bom selvagem, que, apenas quando o indivíduo passa a viver

em comunidade, é que surge uma preocupação com esses valores. O indivíduo, no

estado de natureza, não tem esse tipo de preocupação, por ser naturalmente bom.

A segunda parte, a  seu turno, qual seja, “se tornaram costumes aceitos que,

transmitidos de geração para geração, passaram a constituir o domínio da ética e

da moral”, trata do processo de transformação de atitudes aceitas pela comunida-

de em geral e que se transferem para as gerações posteriores. Ressalte-se, nesse

ponto, que tais costumes, apesar de não serem dotados de coercibilidade estatal,

são reforçadas a partir de outras fontes, principalmente a social. Além disso, tais

costumes são responsáveis por trazer certa previsibilidade para as relações sociais,

simplificando a vida em sociedade.

Por fim, deve-se tratar dos domínios da ética e da moral, conforme mencionado

na assertiva. A ética pode ser conceituada como o estudo racionalizado da moral.

Ou seja, a ética tem como objeto de estudo a moral, que, por sua vez, tem uma

natureza essencialmente individual, ainda que, em um segundo momento, possa

ser formada por valores que sejam compartilhados pela comunidade. Nota-se, pois,

que a assertiva está certa.

Questão 58    (CESPE/DPE-RO/DEFENSOR PÚBLICO/2012) Considerando os concei-

tos de direito e de moral, assinale a opção correta à luz da filosofia do direito.

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a) Kant desenvolveu a teoria do mínimo ético, segundo a qual o direito representa

todo o conteúdo moral obrigatório para que a sociedade possa sobreviver minima-

mente.

b) Hans Kelsen formulou a teoria da bilateralidade atributiva, asseverando que a

moral não se distingue do direito, mas o complementa por meio da bilateralidade

ou intersubjetividade.

c) Christian Thomasius propôs a distinção entre o direito e a moral, sob a inspira-

ção pufendorfiana, com base na ideia de coação.

d) Thomas Hobbes desenvolveu a teoria da atributividade, segundo a qual direito e

moral estão inter-relacionados, tendo ambos origem no direito natural.

e) Max Scheler preconizava uma espécie de moral pura, condição para a existência

de um comportamento que, guiado pelo direito e pela ética, não muda segundo as

circunstâncias

Letra c.

A questão confunde diversos autores e suas contribuições para o estudo da moral.

Kant foi responsável pela construção da noção de Imperativo Categórico, que im-

põe ao indivíduo a necessidade moral de realização do bem coletivo. A norma é,

então, um imperativo de conduta, que coage os indivíduos a se comportarem de

uma maneira preestabelecida.

Por outro lado, quem propôs a teoria do mínimo ético foi Jeremy Bentham, mas

quem a desenvolveu foi Georg Jellinek, para quem o Direito seria um conjunto mí-

nimo de regras morais obrigatórias para a sobrevivência da sociedade.

Por sua vez, a noção de bilateralidade atributiva aparece na obra de Miguel Reale,

para quem o direito cria, ao mesmo tempo, um direito a um sujeito e um dever a

outro sujeito.

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Quanto ao entendimento de Kelsen sobre a moral, em um primeiro momento ele

distingue o âmbito de regulação de cada norma, a moral atuaria no âmbito subje-

tivo e a norma no âmbito externo ao indivíduo; no entanto, mesmo essa distinção,

para ele, encontra limitações, uma vez que a moral também pode atuar no âmbito

externo.

O problema, pois, residiria na relatividade da moral, enquanto o direito, despido da

moralidade, poderia ser aplicado de forma indistinta, independentemente de consi-

derações subjetivas. Quanto a Hobbes, ele não faz uma relação direta entre Direito

e Moral. Para ele, o ser humano é um animal social que cria o Estado a partir de

um contrato, uma vez que precisa refrear seus instintos naturais, pelos quais cabe

ao indivíduo fazer tudo o que for necessário para preservar sua vida e liberdade.

Em um estado de natureza, o homem é incapaz de conviver com seus semelhantes,

por isso ele abre mão de parcelas de sua liberdade em troca de uma segurança

normativa que permitirá a convivência humana. A partir disso, justiça significa res-

peitar os acordos firmados (contratos), enquanto que no estado de natureza não

existe justiça ou injustiça.

Quanto a Max Scheler, em sua obra, ele se propõe justamente a criticar a forma

pura da ética kantiana e busca estabelecer um sistema ético próprio dos valores

materiais. A partir disso, Scheler propõe uma ética material estabelecida a partir

da experiência.

Por fim, tem-se que Thomasius, com outros autores, Grotius, Pufendorf e Wolf,

mostram-se fundamentais para o estabelecimento de um jusnaturalismo baseado

na racionalidade. Para tanto, propõe a distinção entre direito e moral a partir da

força de coação existente em cada um destes ramos. Para ele, o Direito estabelece

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obrigações coativas, que se materializam no âmbito externo ao indivíduo, enquanto

que a Moral apenas se manifesta no âmbito interno.

Questão 59    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Sendo fundamento da República Federativa do Brasil, conforme previsto na CF,

o princípio jurídico da dignidade da pessoa humana é considerado o mais importan-

te de todos os princípios constantes no ordenamento jurídico brasileiro.

Errado.

Em obra, pendente de publicação, de autoria do comentador destas questões, a te-

mática sobre a natureza jurídica da dignidade da pessoa humana foi explorada de

forma bastante elucidativa para os objetivos desta questão. Assim, opta-se por

transcrever o seguinte trecho da obra:

Ocorre, neste tópico que a noção de Dignidade da Pessoa Humana tem aparecido em
diversos julgados e em trabalhos acadêmicos e doutrinários como um princípio que
permeia todos os demais direitos previstos, não apenas na Constituição, como também
no ordenamento jurídico como um todo, influenciando, inclusive, nas relações privadas.
A despeito disso, é muito difícil conceituar e explicitar qual seria o conteúdo da noção de
dignidade da pessoa humana, seja por ser uma noção razoavelmente nova no âmbito
jurídico brasileiro, seja pela sua própria posição no texto constitucional. O fato é, não
existe uma única possível abordagem para o tema dignidade da pessoa humana.
Por outro lado, não se mostra difícil para o estudioso do Direito considerar a necessi-
dade de observância da Dignidade da Pessoa Humana no âmbito jurídico. Resta, pois,
compreender o que seria essa tal Dignidade da Pessoa Humana. Em uma análise inicial,
pode-se, inclusive, afirmar que essa tal Dignidade extrapolaria os limites do Direito e
abrangeria as relações humanas como um todo, o que, sem dúvida, dá a ela uma certa
característica de preceito ético.
Entretanto, no âmbito jurídico, essa análise e construção não vem de forma tão sim-
ples. Em verdade, a noção de dignidade da pessoa humana, em questões jurídicas, tem
demandado do intérprete, por vezes, alguns malabarismos jurídicos com o objetivo de
consagrar uma ou outra visão sobre essa dignidade. De fato, a noção de dignidade da
pessoa humana pode ser utilizada, tanto para defender o direito ao aborto, como ma-
nifestação da dignidade da mulher, quanto a vedação ao aborto, como representação

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simbólica da dignidade do feto, que, por sua condição peculiar, não teria meios para se
defender.
Independentemente da posição que se tem em relação ao aborto, os debates, invaria-
velmente, tendem a alcançar esse ponto, em que um lado defende uma determinada
posição a partir da noção de dignidade da pessoa humana e o outro defende a posição
contrária também fundamentada na mesma noção. A partir disso, o que se tem é que a
noção de dignidade da pessoa humana vem para colaborar com o intérprete, mas, mais
do que isso, para estabelecer uma abordagem ética para o Direito. É o que se pode ex-
trair, inclusive, da topografia dessa noção no texto constitucional.
O art. 1º da Constituição Federal de 1988 estabelece que o Brasil é um Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos:
i) a soberania;
ii) a cidadania;
iii) a dignidade da pessoa humana;
iv) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e
v) o pluralismo político. Em uma leitura apressada, no entanto, pode parecer que não
há uma relação ética entre esses itens apresentados no dispositivo.
Por outro lado, o art. 3º vem estabelecer objetivos para a República Federativa do Bra-
sil e o 4º trata de princípios que regem as relações do Brasil com outros países. Todos
esses dispositivos estão em um título inicial da Constituição que recebe a designação de
Princípios Fundamentais.
Partindo da noção de que não existem palavras vazias ou desprovidas de intencionalida-
de no texto constitucional, essa escolha do legislador em colocar a Dignidade da Pessoa
Humana, não como um direito ou garantia fundamental, mas como um fundamento do
próprio Estado brasileiro deve ter uma finalidade, um objetivo. Resta, pois, buscar com-
preender esse motivo.
Para tanto, ao analisar os demais itens do art. 1º da Constituição, deve-se buscar algo
que una estes diversos fundamentos, o que os torna coeso. Qual a relação entre sobe-
rania e pluralismo político, ou entre livre iniciativa e cidadania. Sem grandes dificulda-
des, é possível notar que o conteúdo de cada uma destas expressões se distingue uns
dos outros e, dessa forma, a escolha do constituinte originário de localizar esses temas
como fundamentos não decorre de um liame material, de uma motivação quanto ao
conteúdo.
Por outro lado, a leitura do inciso IV do art. 1º dá um indicativo do que se está tratan-
do. Nesse inciso consta a eleição dos “valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”
como fundamento do Estado Democrático de Direito. Note-se, além disso, que não há
uma relação direta entre os valores sociais do trabalho e os valores da livre iniciativa,
no entanto, ambos são valores.
Ocorre, entretanto, que os valores se apresentam como a matéria prima da ética e,
dessa forma, o que se tem é que são os valores que permitem o estudo dos compor-
tamentos a partir de uma racionalidade. Essa análise dos comportamentos a partir de
valores é a tarefa da ética.

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A partir disso, pode-se afirmar que o que une os termos apresentados pelo constituinte
originário, no âmbito do art. 1º da Constituição, é o fato de que todos eles se apresen-
tam como valores morais. Essa ideia é reforçada pelo próprio preâmbulo constitucional,
pelo qual o constituinte estabeleceu que o Estado brasileiro teria o objetivo de “assegu-
rar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos”.
Esse trecho do preâmbulo da Constituição indica que existe um valor que foi considera-
do quando da elaboração do texto constitucional que é a busca por assegurar o exercício
dos direitos previstos no texto constitucional, com a finalidade de formar uma sociedade
“fraterna, pluralista e sem preconceitos”.
A Dignidade da Pessoa Humana, nesse contexto, apresenta-se como um valor moral que
foi erigido pelo Constituinte Originário como um valor fundante da ordem constitucional
brasileira e, a partir desse, e dos demais valores ali estabelecidos, é que a ordem cons-
titucional deve ser interpretada.
Em outras palavras, não há que se falar em liberdade (art. 5º, IV, da Constituição), se
não for uma liberdade que garanta a Dignidade da Pessoa ou, ainda, que se falar em
atividade econômica (art. 170 da Constituição), sem que sejam respeitados os valores
sociais do trabalho, ou, ainda, de um sistema partidário (art. 17 da Constituição) que
desrespeite o valor do pluralismo político.
Nesse contexto, a Dignidade da Pessoa Humana não se apresenta no texto constitucio-
nal como um direito ou como um princípio, mas como um valor. E esse valor se consubs-
tancia em uma diretriz ética de interpretação dos direitos e garantias fundamentais. Não
há direito individual ou coletivo sem respeito à dignidade da pessoa humana.
Portanto, é justamente na ética que se fundamenta a interpretação do Direito na atua-
lidade, mais notadamente nos casos dos Direitos e Garantias Fundamentais e sua asso-
ciação com a noção de dignidade da pessoa humana. Entretanto, a Dignidade não pode
ser considerada isoladamente, mas o deve ser em conjunto com os demais conceitos
conformadores da ética.
Assim, em conjunto com a Dignidade da Pessoa Humana, surgem os valores da benefi-
cência, da autonomia, da justiça e da não maleficência. Entretanto, os valores previstos
pelo Constituinte no âmbito do texto constitucional não limitam a apenas esses. A soli-
dariedade, por exemplo, está estabelecida como diretriz no texto constitucional, entre
outros.
Esse tipo de previsão positiva de preceitos éticos vem como uma resposta ao que se
experimentou no mundo durante a ascensão e consolidação do nazismo como um mo-
delo político e de controle social. Não mais é suficiente a norma escrita, tampouco os
valores dos magistrados resolvem as questões a cargo do Direito, também, cada vez
mais, valores fundantes, valores éticos da sociedade aparecem para compor melhor o
quadro de direitos e estabelecer uma base para a interpretação e análise das normas
jurídicas postas.

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É nesse arcabouço que o mundo atual está. As questões éticas ultrapassam o mero de-
bate social ou o estabelecimento de códigos profissionais, mas acabam por ser a base
da própria estrutura social, cabendo a cada grupo ou sociedade estabelecer os seus
valores morais mais relevantes.
Além disso, a ética também tem influenciado outras disciplinas e relações sociais. Todo
o debate em torno das cotas raciais tem por trás, em verdade, uma questão ética, o de-
bate sobre igualde de gênero, o debate sobre a aceitação das pessoas com deficiência,
a busca pelo fim do racismo, entre outros. Todas estas questões são, de fato, questões
que perpassam debates éticos e que, em um segundo momento, acabam por ingressar
na agenda legislativa e, finalmente, inovam o ordenamento jurídico.

A partir disso, pode-se afirmar que a incorreção da assertiva está em inserir a dig-

nidade da pessoa humana como princípio.

Questão 60    (CESPE/PGE-SE/PROCURADOR ESTADUAL/2017) A adaptação de lei,

por um intérprete, às exigências atuais e concretas da sociedade configura inter-

pretação

a) histórica.

b) sistemática.

c) sociológica.

d) analógica.

e) autêntica.

Letra c.

Entre os métodos clássicos de interpretação, destacam-se os seguintes:

I Método gramatical ou filosófico: analisa cada palavra que compõe a lei, indi-

vidualmente e em conjunto com as demais palavras;

II Método lógico-sistemático: leva em conta o ordenamento no qual a lei está

inserida, a relação dessa lei com as demais leis que integram esse mesmo ordena-

mento jurídico, bem como os princípios que informam esse ordenamento;

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III Método Histórico: leva em consideração os aspectos históricos que definiram

a existência daquela lei, como as dificuldades e os anseios da sociedade que con-

duziram à criação de tal norma.

IV Método comparativo: considera a existência de outros ordenamentos que em

seus Estados têm a mesma finalidade da lei analisada;

V Método teleológico: preocupa-se com o fim a que a norma se dirige. Assim,

o  intérprete deve considerar valores sociais fundamentais, como a justiça, ética,

liberdade, igualdade, bem comum, entre outros.

VI Método Sociológico: esse método parte de considerações sobre os motivos

que levaram à edição da norma e seus efeitos para que se mostre possível estender

o sentido da norma a novas relações, a partir da verificação do alcance original da

norma e sua correspondência ao momento atual da sociedade.

Quanto às letras d e e, tem-se que o que ali se pôs não se mostra métodos de

interpretação. A  analogia apresenta-se como um método de integração do orde-

namento jurídico para a solução de antinomias, enquanto que a interpretação au-

têntica é uma classificação feita a partir daquele que faz a interpretação. A partir

disso, letra c.

Questão 61    (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2015) Se, ao in-

terpretar a lei, o magistrado concluir que a impenhorabilidade do bem de família

deve resguardar o sentido amplo da entidade familiar, abrangendo, além dos imó-

veis do casal, também os imóveis pertencentes a pessoas solteiras, separadas e

viúvas, ainda que estas não estejam citadas expressamente no texto legal, essa

interpretação, no que se refere aos meios de interpretação, será classificada como

a) sistemática.

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b) histórica.

c) jurisprudencial.

d) teleológica.

e) lógica.

Letra d.

Sugere-se considerar os comentários feitos na questão anterior. Além deles, impor-

ta esclarecer que não existe uma classificação da interpretação como jurispruden-

cial. Pode-se classificar como autêntica, a depender do autor, a interpretação feita

pelo Poder Judiciário, no entanto, não existe um método de interpretação baseado

nos precedentes jurisdicionais. Quando muito, poder-se-ia falar em uma busca por

respeito aos precedentes, mas, no Brasil, essa busca ainda é recente e remonta ao

Código de Processo Civil de 2015.

Questão 62    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Quanto à sociolo-

gia jurídica, julgue o item subsequente.

O positivismo jurídico representa o conjunto das teorias da Escola da Exegese. De

acordo com essa escola, o direito só pode ser considerado como fruto do trabalho

do legislador (direito estatal) e as leis devem ser interpretadas racional e logica-

mente.

Certo.

A Escola da Exegese, iniciada em fins do Século XIX, se estabelece justamente

como a corrente jusfilosófica que deu origem ao positivismo jurídico. Para essa Es-

cola do pensamento jurídico, o fundamento da atuação do ordenamento jurídico é

um argumento de autoridade, qual seja, que o legislador, pelo exercício de sua von-

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tade, estabeleceu aquela norma jurídico e que, por isso, deve essa norma ser cum-

prida. Nesse contexto, o Estado mostra-se como a única fonte legítima do direito.

Questão 63    (CESPE/MPE-AC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) No que concerne à

interpretação do direito e ao método de interpretação pela lógica do razoável, as-

sinale a opção correta.

a) A aplicação do direito pressupõe a utilização do logos do razoável, uma vez que

os procedimentos decisórios não obedecem a qualquer tipo de predeterminação de

seus conteúdos.

b) Ao considerarem regras e princípios, aspectos pessoais e sociais, circunstâncias

e finalidades, assim como ao analisarem o direito a ser aplicado no caso concreto,

os juízes exercem atividade dedutiva.

c) A segurança jurídica, objetivo superior da legislação, depende mais do processo

lógico de interpretação das normas jurídicas que dos princípios extraídos das nor-

mas escritas, considerando-se a roupagem mais ou menos apropriada como eles

se apresentam.

d) No que diz respeito aos resultados, a  interpretação especificadora emana da

própria lei ou ato normativo, surgindo do próprio poder que interpreta seu ato nor-

mativo.

e) A interpretação lógico-sistemática investiga a finalidade da norma, aquilo que

se busca servir ou tutelar, ou seja, consiste na investigação do fim ou da razão de

ser da lei.

Letra a.

A lógica do razoável foi proposta pelo autor mexicano Luís Recaséns Siches. Ele

propõe a superação da lógica formal por uma lógica do razoável. Pela lógica formal,

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dado um determinado fato, ocorre uma dada consequência. Trata-se de uma forma

de estabelecimento de relações entre causa e consequência.

Ainda na lógica formal, no âmbito do Direito, não se mostra possível a utilização de

um conectivo que estabeleça uma relação obrigatória de causalidade, substituindo-

-se o modelo da causa e consequência por uma lógica do deve ser uma consequ-

ência para uma dada conduta. Essa lógica formal foi o modelo utilizado por Kelsen

no desenvolvimento de sua Teoria Pura.

Por outro lado, a proposta da lógica do razoável, para o qual deve haver uma lógica

de congruência a partir dos valores apropriados para uma determinada situação.

Em um segundo momento, deve-se considerar quais valores devem ser prestigia-

dos e, a seguir, verificar quais são os propósitos que são concretamente factíveis.

Finalmente, deve-se analisar quais são os meios convenientes eticamente admissí-

veis e eficazes para que se alcance o objetivo estabelecido na etapa anterior.

A partir disso, a alternativa que adequadamente estabelece a apresentação da ló-

gica do razoável é a letra a.

b) Errada. Tem-se a consideração de normas e princípios, enquanto que, para a

lógica do razoável, não se discute a aplicação de princípios, mas de valores, que

devem ser considerados na solução do caso concreto.

c) Errada. Tem-se a aplicação da lógica formal.

d) Errada. A proposta vai de encontro ao que proposto pela lógica do razoável,

uma vez que, para ela, deve ser considerado o caso concreto, não apenas a norma

abstratamente considerada.

e) Errada. Trata-se de aplicação de modelo tradicional da interpretação do direito

já analisada anteriormente.

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Questão 64    (CESPE/DPE-TO/DEFENSOR PÚBLICO ESTADUAL/2013) De acordo

com o método de interpretação jurídica desenvolvido por Recaséns Siches, o pro-

cesso de investigação dos fatos, na ordem jurídica vigente, assegura maior satisfa-

ção e legitimidade na solução e na interpretação jurídica. Segundo a jurisprudência,

a melhor interpretação do direito não se subordina servilmente ao texto legal nem

se vale de raciocínios artificiais para enquadrar friamente os fatos em conceitos

prefixados, mas se direciona para a solução justa. Essas definições correspondem

ao método de interpretação jurídica denominado

a) lógico-dedutivo.

b) hipotético-condicional.

c) lógica do razoável.

d) modo final de aplicação.

e) conflito normativo.

Letra c.

Sugere-se considerar os comentários feitos na questão anterior. Acrescente-se que

as demais alternativas apenas apresentam outras formas de aplicação da lógica

formal tradicional, que pretende ser superada por Recasens Siches.

Questão 65    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Tendo como refe-

rência as diversas teorias da filosofia do direito, julgue o item a seguir.

Em termos gerais, a corrente originalista da interpretação constitucional defende

que existe um sentido correto das normas constitucionais, cuja interpretação deve

seguir o pensamento do legislador constituinte originário.

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Certo.

O originalismo entende que não cabe ao Poder Judiciário criar, emendar ou rejeitar

leis, uma vez que essa tarefa foi atribuída ao Poder Legislativo.

Assim, ao Judiciário cabe apenas considerar na interpretação constitucional a inten-

ção original do texto o que impede que se assegure qualquer direito não previsto

no texto constitucional.

Em sentido oposto, o principialismo propõe-se a utilizar os princípios como forma

de reflexão. A partir disso, o principialismo busca reconectar o direito e a moral na

solução dos casos no âmbito jurídico.

Questão 66    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca das teorias

contemporâneas da justiça, julgue o item a seguir.

De acordo com o utilitarismo, a relação sexual consentida entre homossexuais e

sem prejuízo a terceiros, ainda que vista como inadequada por um grupo social,

não configura uma questão de moralidade.

Certo.

Para o utilitarismo, deve-se conciliar a felicidade do indivíduo com o bem-estar co-

letivo, o que faz com que se estabeleça uma lógica de utilidade das ações. Se uma

determinada ação traz prazer e contribui para o incremento da felicidade individual,

sem que se prejudique o bem-estar coletivo, tal ação deve ser considerada certa.

Nesse contexto, tem-se que o utilitarismo se apresenta como uma lógica de resul-

tados. O que importa não é a ação em si, mas o bem-estar decorrente dessa ação.

Logo, quaisquer atos que levem ao prazer ou à felicidade são certas, em contrapo-

sição a ações que levem ao sofrimento ou à dor.

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Assim, na análise da ação proposta no item em análise, o que importa verificar é

se o seu resultado é benéfico, tanto no âmbito individual, quanto no da sociedade,

ou, pelo menos, neutro em um dos casos. Em sendo positiva a conclusão, então

existe uma adequação da ação, ainda que, no aspecto da moral individual, essa

ação possa ser reprovada.

Questão 67    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

O utilitarismo é uma espécie de ética normativa segundo a qual se considera corre-

ta uma ação se ela colaborar para promover a felicidade, de modo que um indivíduo

egoísta, por exemplo, pode ser valorizado, com base nessa proposta.

Errado.

O egoísmo baseia-se na noção de que apenas se deve buscar a satisfação pessoal,

enquanto que o utilitarismo defende a busca por um bem-estar coletivo, o que in-

dica estarem as teorias em direções opostas.

Ainda que, em algumas situações, o resultado alcançado pelo egoísmo e pelo uti-

litarismo sejam idênticos, não se deve confundir os dois. O utilitarismo está pre-

ocupado com a coletividade, enquanto o egoísmo está preocupado apenas com o

indivíduo.

Questão 68    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2015) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

Segundo Rawls, idealizador do liberalismo-igualitário — proposta que relaciona os

conceitos de justiça e de equidade —, cada pessoa deve ter um direito igual ao

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sistema total mais extenso de liberdades básicas compatíveis com um sistema de

liberdade similar para todos, o que ele considera o primeiro princípio da justiça.

Certo.

Rawls estabelece sua teoria do liberalismo igualitário a partir da noção de igualda-

de de oportunidades. Todos os indivíduos devem ter acesso às liberdades básicas

estabelecidas em um determinado sistema jurídico, bem como à possibilidade de

acesso à qualquer classe social. A partir disso, tem-se que todos possuem direitos

iguais, o que faz com que negue a prevalência da posição original como meio para

o estabelecimento de arbitrariedades.

Questão 69    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca das teorias

contemporâneas da justiça, julgue o item a seguir.

Para o libertarismo, a defesa do livre mercado é incompatível com a política social

baseada na tributação redistributiva porque esta representa uma violação aos di-

reitos do povo.

Certo.

O libertarismo propõe a expansão das liberdades individuais, tanto econômicas,

quanto sociais. Para o libertarismo, a atuação do Estado na distribuição de riquezas

é uma violação dos direitos do indivíduo, que deve ser regido exclusivamente pelo

livre mercado.

Para o libertarismo, as questões tratadas pelo Estado e seu ordenamento jurídico

seriam adequadamente endereçadas em um ambiente sem Estado, o que tornaria

o Estado desnecessário e, mais, um ente violador dos direitos de propriedade.

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A partir disso, tem-se a incompatibilidade entre uma política tributária, qualquer

que seja, e a aplicação das regras do livre mercado.

Questão 70    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Com relação à filo-

sofia do direito, julgue o próximo item.

A teoria comunitarista, que tem Charles Taylor como um dos seus principais teóri-

cos, surgiu no contexto da Guerra Fria, em oposição ao liberalismo.

Certo.

Ainda que, em sua essência, o comunitarismo não seja uma oposição ao liberalis-

mo, mas uma forma diferenciada de abordar as relações entre indivíduo e socieda-

de, Taylor estabelece como base de sua proposta teórica uma crítica ao liberalismo.

Enquanto o liberalismo centra-se no indivíduo, o  comunitarismo centra-se na

comunidade e vê na comunidade a solução para os problemas que afligem os indi-

víduos.

Assim, para o comunitarismo, não é no indivíduo que estão as soluções, mas na

comunidade. Por outro lado, ainda que o comunitarismo também se baseie na liber-

dade, como o liberalismo, no comunitarismo a liberdade adquire novos contornos.

Enquanto no liberalismo a liberdade apresenta-se numa perspectiva negativa,

como ausência de obstáculos à realização do indivíduo, no comunitarismo a liber-

dade apresenta-se sobre uma perspectiva positiva, pela qual a ação só é legítima

se refletir o que o indivíduo realmente deseja.

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