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Professora: Danielle Nogueira Mota Comar

Comentários à Lei de Abuso de Autoridade


Lei n. 13.869/2019

2
• Revogou expressamente a antiga Lei nº
4.898/1965
• Alterações Lei de prisão temporária,
interceptação telefônica, ECA, CP e Estatuto da
Ordem dos Advogados do Brasil
• Vigência em janeiro de 2020

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• 30 novos crimes inicialmente aprovados pelos
Congresso Nacional – 1º momento 19 vetos pelo
Presidente República
• Os vetos voltaram para o Congresso Nacional
– 23/30 crimes em vigor – novos tipos penais

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• Vai e vem
• A presidência da República vetou 19 dispositivos
e o CN derrubou 10 vetos, permanecendo 9
artigos vetados

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• Crítica – suposto ataque às instituições,
criminalizando boa parte de sua atuação
cotidiana, como forma de retaliação política pela
prisão de integrantes do Parlamento, na
operação Lava jato.

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ADI
• Entidades de classe de âmbito nacional ligadas ao
Ministério Público e à magistratura federal
questionam no Supremo Tribunal Federal (STF)
dispositivos da nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei
13.869/2019). Em comum, elas alegam que a
norma criminaliza a atuação funcional de seus
associados e fere a independência e a autonomia de
juízes, promotores, procuradores de Justiça e do
Ministério Público Federal.

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• Na ADI 6238, a Associação Nacional dos Membros
do Ministério Público (Conamp), a Associação
Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e a
Associação dos Procuradores da República (ANPR)
sustentam que, conforme a lei, é possível que
promotores sejam julgados por investigar, processar
e requerer providências judiciais. Argumentam,
entre outros pontos, que tipos penais criados pela
nova legislação “são extremamente vagos”.
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• ADI 6239 foi proposta pela Associação dos Juízes
Federais do Brasil (Ajufe), com a alegação de que os
dispositivos contestados avançam indevidamente no
espaço próprio de atuação dos membros do Poder
Judiciário mediante a criação de tipos penais que
passam a incidir sobre a sua conduta no exercício da
prestação jurisdicional.
• a Ajufe sustenta que a criminalização das condutas de
magistrados enfraquece o Poder Judiciário e viola
princípios e garantias constitucionais, a exemplo do livre
convencimento motivado.
9
• As ADIs 6238 e 6239 foram distribuídas, por
prevenção, ao ministro Celso de Mello, que já
relata outras duas ações que tratam do mesmo
assunto - a ADI 6234, ajuizada pela Associação
Nacional dos Auditores Fiscais de Tributos dos
Municípios e Distrito Federal (Anafisco), e a ADI
6236, de autoria da Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB).

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• Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de
autoridade, cometidos por agente público,
servidor ou não, que, no exercício de suas
funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do
poder que lhe tenha sido atribuído.

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Elemento subjetivo especial do tipo

• § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem


crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade específica de
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação
pessoal.
• Elemento subjetivo especial do tipo / dolo específico
(doutrina tradicional)
• Atipicidade

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Os 5 dolos específicos

• Prejudicar outrem
Sem elemento
• Beneficiar a si mesmo subjetivo
especial: Não
a terceiro
há crime
• Por mero capricho
• Por satisfação pessoal
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• § 2º A divergência na interpretação de lei ou na
avaliação de fatos e provas não configura abuso de
autoridade. Crime de hermenêutica
• Exegese, hermenêutica, diferentes interpretações de
dispositivos não caracterizam abuso de autoridade
• Natureza jurídica:
• Excludente ilicitude (?) exercício regular de direito
• Rogério Sanches Cunha (atipicidade – excludente do
dolo)
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SUJEITOS ATIVOS
• Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer
agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas
não se limitando a: (rol exemplificativo)

I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles


equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
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• Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade
abrangidos pelo caput deste artigo.
• Norma penal explicativa, conceito mais amplo de
agente público para fins penais

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• Possibilidade de coautoria e coparticipação de
particulares, já que ser agente público é
elementar do crime
• Art. 30 CP
– Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e
as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime

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• Ex: policial quer algemar um inimigo para
satisfazer um interesse pessoal.
• Pede particular colocar a algema

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Ação penal
• Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal
pública incondicionada.
• § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.
• § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6
(seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo
para oferecimento da denúncia. inércia

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COMPETÊNCIA – JUSTIÇA CASTRENSE
(MILITAR)

Código Penal Militar

Redação original Redação dada pela Lei nº


13.491/2017
Art. 9º Consideram-se crimes Art. 9º Consideram-se crimes
militares, em tempo de paz: militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste II - os crimes previstos neste
Código, embora também o Código e os PREVISTOS NA
sejam com igual definição na lei LEGISLAÇÃO PENAL, quando
penal comum, quando praticados:
praticados:

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• A Lei 13.491/2017 passa a prever que os crimes
militares são “os crimes previstos neste Código e os
previstos na legislação penal, quando praticados
(…)”.
• Assim, antes da modificação, crimes que não estavam
previstos no referido diploma não seriam julgados pela
Justiça Militar, mas sim pela Justiça Comum, como era o
caso de abuso de autoridade, ainda que no exercício das
funções militares. Com a Lei 13.491/2017, a
competência passa a ser da Justiça Castrense,
superando-se a Súmula 172 STJ.
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COMPETÊNCIA – JUSTIÇA CASTRENSE
(MILITAR)
• Superação (overruling) da Súmula 172 STJ:
Compete à Justiça Comum processar e julgar
militar por crime de abuso de autoridade, ainda
que praticado em serviço.

COMPETE À JUSTIÇA MILITAR


Da União (Forças Armadas) ou Estados (Polícia Militar)

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COMPETÊNCIA

• Se praticado por autoridades policiais, a competência


será da Justiça Federal ou Estadual, a depender do
vínculo da autoridade policial.
• Contudo, necessário ponderar que se o juiz determinar a
medida indevida, uma vez que o delito é relacionado
com as funções (AP 937/STF), deve ser observado o foro
por prerrogativa de função, sendo processado perante o
Tribunal ao qual está vinculado (TJ ou TRF).
• Contudo, dada a pena mínima prevista, entendemos que
deve ser ofertada a suspensão condicional do processo
(art. 89 da Lei nº 9099/95), desde que presentes os
demais requisitos legais.
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RITJPR – foro prerrogativa

• https://www.tjpr.jus.br/documents/13302/25121
813/REGIMENTO+INTERNO.pdf/cb80d435-aaf3-
1842-9485-fa960eb1a22d

• § 5º Apresentada a denúncia ou a queixa ao


Tribunal, far-se-á a notificação do acusado para
oferecer resposta no prazo de quinze dias.
24
RITJPR
• § 9º A seguir, o Relator pedirá dia para que o
colegiado delibere sobre o recebimento ou a
rejeição da denúncia ou da queixa, ou sobre a
improcedência da acusação, se a decisão não
depender de outras provas.
• § 10. No julgamento de que trata este artigo,
será facultada sustentação oral pelo prazo de
quinze minutos, primeiro à acusação, depois à
defesa.
25
RITJPR
• Art. 299. Recebida a denúncia ou a queixa, o
Relator designará dia e hora para o
interrogatório, mandando citar o acusado ou o
querelado e intimar o órgão do Ministério
Público, bem como o querelante ou o assistente,
se for o caso.

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• Funcionário aposentado não comete crime –
desvinculou-se funcionalmente da Administração
Pública.

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Efeitos da condenação
• Art. 4º São efeitos da condenação:
• I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na
sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
• II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou
função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
• III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
• Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do
caput deste artigo são condicionados à ocorrência de
reincidência em crime de abuso de autoridade e não são
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na
sentença.
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• I – no CPP, não há necessidade de requerimento da
vítima – art. 387, IV, CPP. O MP requer a reparação e
danos na denúncia, com oportunidade par contraditório
e fixação sem sentença.
• Na LAA, se exige requerimento do ofendido – princípio
da especialidade...
• Se a vítima não tiver feito expressamente esse
requerimento, caberá tão somente o direito de liquidar,
no juízo cível, seu título executivo judicial, vale dizer, a
sentença penal condenatória transitada em julgado
(Rogério Sanches Cunha)

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• II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou
função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
• III - a perda do cargo, do mandato ou da função
pública.
• Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III
do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de
reincidência em crime de abuso de autoridade e não são
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na
sentença
• Reincidência ESPECÍFICA
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Das Penas Restritivas de Direitos

• Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das


privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
• I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas;
• II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a
perda dos vencimentos e das vantagens;
• III - (VETADO).
• Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem
ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.

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• Pena restritiva de direito (art. 46 CP) em
condenações superiores a 6 meses

• Art. 46. A prestação de serviços à


comunidade ou a entidades públicas é
aplicável às condenações superiores a seis
meses de privação da liberdade

• Esse limite de 6 meses vai ser observado na LAA?


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• Crimes da LAA
SEM violência/grave ameaça COM violência/grave ameaça
6 meses a 2 anos 1 a 4 anos
II - suspensão do exercício do cargo, da I - prestação de serviços à comunidade
função ou do mandato, pelo prazo de 1 ou a entidades públicas.
(um) a 6 (seis) meses, com a perda dos
vencimentos e das vantagens

• Pena menor 6 meses – vai pro Inciso II


• Pena maior 6 meses, pode aplicar o Inciso I
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• Incoerência: Qual a mais grave?
• I ou II?
• I para superior a 6 meses e II para = ou inferior a 6 meses,
vai punir o mais com menos e o menos com mais grave pena
• Falta de razoabilidade e proporcionalidade.
• Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco sugerem que o piso
da pena previsto no art. 46 CP não se aplica a LAA, podendo
aplicar a restritiva independentemente do quantum.
• Ou seja, penas inferiores a 6 meses admitem prestação e
serviços a comunidade.

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DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA

• Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas


independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa
cabíveis.
• Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que
descreverem falta funcional serão informadas à autoridade
competente com vistas à apuração.
• Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são
independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a
existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido
decididas no juízo criminal.
• Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no
administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
35
DOS CRIMES E DAS PENAS

• Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em


manifesta desconformidade com as hipóteses legais:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Sujeito ativo: juiz
• Policia: representa / MP: requer
• Manifestamente ilegal: não está prevista em lei.
• O que é passível de interpretação, não entra (art. 1º, § 2º)
• Plano subjetivo é difícil comprovar

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• Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
deixar de:
• I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
• II - substituir a prisão preventiva por medida
cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória,
quando manifestamente cabível;
• III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus,
quando manifestamente cabível.’
37
• Art. 10. Decretar a condução coercitiva de
testemunha ou investigado manifestamente
descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

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• O tipo penal subjetivo é o dolo, qual seja, a conduta de decretar,
com consciência e vontade direcionada ao fim de conduzir
testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem
prévia intimação de comparecimento ao juízo.
• O que se deve considerar por condução coercitiva “manifestamente
descabida”? Este é um termo aberto criticável. Parece-me que a
baliza aqui a ser adotada deve ser o decidido na ADPF 444 do STF.
• Neste julgado, o STF reconheceu a não recepção parcial do art. 260
do CPP, que dispõe:
• Art. 260 CPP: Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.
• O STF, no julgado acima, declarou que a expressão “para o
interrogatório” não foi recepcionada pela Constituição Federal.

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• Não se pode fazer a condução coercitiva do investigado ou réu com o
objetivo de submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos. STF. Plenário. ADPF
395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13 e
14/6/2018 (Info 906).
• A nova lei disse menos do que pretendia dizer, ao não incluir como
elementar do tipo penal a figura do acusado. Caberia, assim, interpretação
extensiva para abranger também a figura da condução do acusado?
Observe-se que não à toa o legislador colocou a expressão comparecimento
ao juízo. Assim, será que a intenção do legislador era abranger a vedação
de condução também do acusado em juízo na fase processual, tal qual já
manifestado na ADPF 444?
• A técnica legislativa me parece falha. De qualquer sorte, por conta do
princípio da legalidade estrita, inviável interpretação extensiva in malam
partem. Assim, incabível a interpretação extensiva para abranger situação
não prevista em elementar do tipo penal.

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• DAS SANÇÕES JÁ PREVISTAS:
• Outra crítica que deve ser feita é quanto à maximização do Direito
Penal, quando outras searas já poderão ser provocadas em caso de
descumprimento à vedação da condução.
• Na ADPF 444, restaram estabelecidas já inúmeras sanções para caso
de descumprimento do precedente judicial. Caso seja determinada a
condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório,
cabe:
• a) responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade que determinou;
• b) ilicitude das provas obtidas;
• c) responsabilidade civil do Estado

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• Ademais, na ADPF 444, não foi analisada a condução de
outras pessoas como testemunhas, ou mesmo de
investigados ou réus para atos diversos do
interrogatório, como o reconhecimento de pessoas ou
coisas. Isso significa que, a princípio essas outras
espécies de condução coercitiva continuam sendo
permitidas.
• A condução coercitiva para interrogatório representa
uma restrição da liberdade de locomoção e da presunção
de não culpabilidade, obrigando a presença em um ato
ao qual o investigado/réu não é obrigado a comparecer.
Daí sua incompatibilidade com a Constituição Federal.
42
• CONDUÇÃO DE TESTEMUNHA:
• O CPP é claro ao prever que testemunha intimada regularmente tem o
dever de comparecer, bem como o dever de comunicar a alteração de
endereço – art. 224 do CPP (as testemunhas comunicarão ao juiz, dentro
de 1 (um) ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela
simples omissão, às penas do não comparecimento).
• À testemunha faltosa, aplica-se:
 condução coercitiva.
 crime de desobediência, nos termos do art. 219 do CPP.
 multa prevista nos arts. 458 e 436, § 2º, do CPP (multa de 1 a 10 salários
mínimos),
 pagamento das custas da diligência.
• Desta forma, em relação à testemunha, deve o juiz se acautelar e verificar
se efetivamente houve sua intimação pessoal.

43
• Art. 11. Vetado.
• Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar
prisão em flagrante à autoridade judiciária no
prazo legal: (art. 306 do CPP – 24 hs de
comunicação do flagrante)

• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)


anos, e multa.
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• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
• I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou
preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
• II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o
local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
• III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a
nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os
nomes do condutor e das testemunhas;
• IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão
temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de
internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o
alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do
preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. (prisão temporária)

45
• Antes relaxamento prisão – agora passa a ser
crime – delegado redobrar atenção.

• Ex: HC – liminar sexta-feira – imediatamente


não pode esperar próximo dia útil
• sem motivo justo e excepcionalíssimo -
jurisprudência

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• Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência,
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
• I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade
pública;
• II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
autorizado em lei;
• III - (VETADO).
• III - produzir prova contra si mesmo ou contra
terceiro: (Promulgação partes vetadas)
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo
da pena cominada à violência.

47
• Humilhação da pessoa presa fora de hipóteses
legais
• situação vexatória
• Tipos penais abertos intepretação – falta
segurança

48
• Inciso III – Ex: forçar a confessar a prática de
um crime - Se houver violência ou grave
ameaça, causando um sofrimento físico ou
mental – pode caracterizar crime de tortura

49
• Sujeito ativo: agente ou autoridade que constrange
preso ou detento.
• Sujeito passivo direto: preso ou detento
• Sujeito passivo indireto: Estado
• É possível a tentativa. Ex: agente penitenciário retira
o preso e, no caminho para apresentação aos
jornalistas, o diretor do estabelecimento impede a
exibição.
• Crime doloso
• Crime comissivo
50
• Art. 14. Vetado
• Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de
prisão, pessoa que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, deva guardar
segredo ou resguardar sigilo:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
51
• Art. 207 do CPP. São proibidas de depor as pessoas
que, em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho.

• (mesmo autorizada pela parte interessada, só depõe


se quiser. Ex: psicólogo e Código de Ética)

52
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
prossegue com o interrogatório: (Promulgação
partes vetadas)
• I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito
ao silêncio; ou
• II - de pessoa que tenha optado por ser assistida
por advogado ou defensor público, sem a presença
de seu patrono.

53
• Sujeito ativo: agente ou autoridade que
constrange pessoa ouvida ou interrogada.
• Sujeito passivo direto: pessoa que sofre o
constrangimento
• Sujeito passivo indireto: Estado
• Crime doloso
• Crime comissivo

54
• Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se
falsamente ao preso por ocasião de sua captura
ou quando deva fazê-lo durante sua detenção
ou prisão:

55
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal,
deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si
mesmo falsa identidade, cargo ou função.

56
• Destinatário: policiamento ostensivo: PM (nome
de guerra)
• Interrogatório - delegado

57
• Sujeito ativo: agente ou autoridade que efetua a
prisão ou age no ato do seu interrogatório em
sede de investigação.
• Sujeito passivo direto: preso
• Sujeito passivo indireto: Estado
• Crime doloso
• Crime comissivo ou pode ser cometido de forma
omissiva
58
• Art. 17. (VETADO).

• Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial


durante o período de repouso noturno, salvo se
capturado em flagrante delito ou se ele,
devidamente assistido, consentir em prestar
declarações:

• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,


e multa.
59
• Repouso noturno? Luz do dia? 18 às 6?
• BA período noturno

60
• Sujeito ativo: agente ou autoridade responsável pelo
interrogatório.
• Sujeito passivo direto: preso
• Sujeito passivo indireto: Estado
• Tentativa é possível: preso, no repouso noturno, é
retirado de sua cela para prestar interrogatório,
quando é surpreendido por outra autoridade que
impede a realização.
• Crime doloso
• Crime comissivo.
61
• Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o
envio de pleito de preso à autoridade judiciária
competente para a apreciação da legalidade de sua
prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
(prende ilegal e não leva o pleito ao juiz. E se a
prisão for lícita, mesmo assim deve levar ao
conhecimento)
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

62
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado
que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de
tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não
sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de
enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.

• Ex: no interrogatório, o réu fala que entregou o pleito e


não foi encaminhado, impedido de comunicar ou
encaminhar para juiz da VEP

63
• Sujeito ativo: agente ou autoridade que impede ou
retarda, injustificadamente, o envio de pleito preso
à autoridade judiciária. Parágrafo único: juiz
• Sujeito passivo direto: preso
• Sujeito passivo indireto: Estado
• Crime doloso
• Crime comissivo (impedir); omissivo (retardar, deixar
de tomar as providências, deixar de enviar pedido...)

64
• Art. 20. (VETADO).
• Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista
pessoal e reservada do preso com seu
advogado: (Promulgação partes vetadas)
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.

65
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu
advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com
ele comunicar-se durante a audiência, salvo no
curso de interrogatório ou no caso de audiência
realizada por videoconferência.
66
• Sujeito ativo: agente ou autoridade que impedir a
entrevista pessoal e reservada.
• Sujeito passivo direto: preso, réu solto ou
investigado, defensor.
• Sujeito passivo indireto: Estado
• Tentativa é possível, mas de difícil configuração.
• Crime doloso
• Impedir a conversa reservada (uso de gravador) –
ação. Não retirar o preso da cela para a entrevista
pessoal (omissão).
67
• Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na
mesma cela ou espaço de confinamento:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

68
• Mera declaração e coloca uma mulher em cela
de homem? Travesti e respeito a identidade
social, recolhido em cela feminina.
• RESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 1, DE 15 DE ABRIL
DE 2014
• Art. 1º - Estabelecer os parâmetros de
acolhimento de LGBT em privação de liberdade
no Brasil.
69
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
na companhia de maior de idade ou em
ambiente inadequado, observado o disposto na
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente).
• Caso do Acre

70
• Sujeito ativo: autoridade policial, diretor do
estabelecimento penal ou juiz
• Sujeito passivo direto: preso
• Sujeito passivo indireto: Estado
• Crime doloso
• Crime comissivo (determinar o cárcere ou
confinamento indevido); omissivo (manter)

71
• Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou
astuciosamente, ou à revelia da vontade do
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências,
ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
72
• Crime de violação de domicílio

• Art. 150 CP - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente,


ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia
ou em suas dependências:

• Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

• § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou


com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:

• Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena


correspondente à violência.

73
• Invadir = sentido de ingresso ostensivo, com o
emprego de meios violentos para o acesso ao
imóvel
• Adentrar = introduzir-se, sem violência no
imóvel alheio
• Clandestina = ingressa no imóvel sem que
ninguém percebesse
74
• § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste
artigo, quem:
• I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-
lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; (ex: revolver)
• II - (VETADO);
• III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h
(vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).
• § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou
quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do
ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.
– Crime permanente

75
• Art. 5º, XI, CF - a casa é asilo inviolável do
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;

76
RE 603.616 RONDÔNIA
• Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Repercussão geral.
2. Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, da CF. Busca e apreensão
domiciliar sem mandado judicial em caso de crime permanente.
Possibilidade. A Constituição dispensa o mandado judicial para ingresso
forçado em residência em caso de flagrante delito. No crime permanente, a
situação de flagrância se protrai no tempo. 3. Período noturno. A cláusula
que limita o ingresso ao período do dia é aplicável apenas aos casos em
que a busca é determinada por ordem judicial. Nos demais casos –
flagrante delito, desastre ou para prestar socorro – a Constituição não faz
exigência quanto ao período do dia. 4. Controle judicial a posteriori.
Necessidade de preservação da inviolabilidade domiciliar. Interpretação da
Constituição. Proteção contra ingerências arbitrárias no domicílio. Muito
embora o flagrante delito legitime o ingresso forçado em casa sem
determinação judicial, a medida deve ser controlada judicialmente.
A inexistência de controle judicial, ainda que posterior à execução da
medida, esvaziaria o núcleo fundamental da garantia contra a
inviolabilidade da casa (art. 5, XI, da CF) e deixaria de proteger contra
77
• ingerências arbitrárias no domicílio (Pacto de São José da Costa Rica, artigo 11, 2, e
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, artigo 17, 1). O controle judicial a
posteriori decorre tanto da interpretação da Constituição, quanto da aplicação da
proteção consagrada em tratados internacionais sobre direitos humanos incorporados
ao ordenamento jurídico. Normas internacionais de caráter judicial que se incorporam
à cláusula do devido processo legal. 5. Justa causa. A entrada forçada em domicílio,
sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária. Não será a constatação
de situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida. Os agentes
estatais devem demonstrar que havia elementos mínimos a caracterizar fundadas
razões (justa causa) para a medida. 6. Fixada a interpretação de que a entrada
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
dos atos praticados. 7. Caso concreto. Existência de fundadas razões para suspeitar
de flagrante de tráfico de drogas. Negativa de provimento ao recurso (STF, Rel. MIN.
GILMAR MENDES, j. 05/11/2015)
78
• Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência,
de investigação ou de processo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de
responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente
alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Cadeia de custódia?
• Ex: Perito chamado pelo irmão..., eximir irmão de
responsabilidade (beneficiar terceiro)

79
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
pratica a conduta com o intuito de:
• I - eximir-se de responsabilidade civil ou
administrativa por excesso praticado no curso de
diligência;
• II - omitir dados ou informações ou divulgar dados
ou informações incompletos para desviar o curso da
investigação, da diligência ou do processo.

80
• Modalidade especial do crime do art. 347 do CP (fraude
processual)
• Ex1: entrega de arma diversa para, submetida à perícia,
não se descobrir que dela partiu o disparo que atingiu a
vítima
• Ex2: deixar na cena do crime uma arma similar à
utilizada em uma ação criminosa, com as digitais de um
inocente
• Ex3: deixar na cena do crime uma arma de fogo
(quando foi usado um simulacro) para aumentar a pena,
incidindo a majorante.
81
Vis compulsiva
Vis absoluta

• Art. 24. Constranger, sob violência ou grave


ameaça, funcionário ou empregado de
instituição hospitalar pública ou privada a
admitir para tratamento pessoa cujo óbito já
tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou
momento de crime, prejudicando sua apuração:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa, além da pena correspondente à violência.
82
• Art. 6º CPP - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:

• I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais

• Art. 169 CPP - Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)

• Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e


discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

83
• Agente retira do local do crime o cadáver, tratando o
corpo como se fosse de vítima com vida, buscando para
a fraude uma chancela hospitalar.
• Modalidade especializada de inovação artificiosa (art. 23)
• Forçar para simular que morreu no hospital quando na
verdade já morreu
• “Esquentar cadáver” – mataram, mas tentando forçar
uma causa natural...
• Precisa o agente ter conhecimento de que é morto. Caso
ainda o considere vivo, necessitando de socorro, haverá
erro de tipo, afastando o dolo.
84
• Sujeito ativo : mirou nos agentes de segurança
pública (autoridade policial, guarda municipal,
integrantes das forças armadas)
• Sujeito passivo: funcionário ou empregados de
hospital público ou privado constrangidos pela ação
do agente.
• Estado sujeito passivo indireto.
• Elemento subjetivo: dolo
• Crime comissivo, praticado por ação.
85
• Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em
procedimento de investigação ou fiscalização, por
meio manifestamente ilícito:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
• Criminalização da obtenção dolosa da prova ilícita
• Questão do acesso a WhatsApp? Força a barra para
acessar... + elementos subjetivos dolo específico...

86
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua
ilicitude.

87
Lei processual – ilegítima
(ex: inversão ordem de inquirição -
nulidade
Prova ilegal
Violação de normas legais ou
princípios, de natureza
processual ou material
Natureza material -
prova ilícita
(ex: confissão mediante tortura –
desentranhamento e inutilização)
88
REPERCUSSÃO GERAL
• Tema 977 - Aferição da licitude da prova
produzida durante o inquérito policial relativa
ao acesso, sem autorização judicial, a
registros e informações contidos em aparelho
de telefone celular, relacionados à conduta
delitiva e hábeis a identificar o agente do
crime.
• Relator: MIN. DIAS TOFFOLI
• Leading Case: ARE 1042075

89
• Sujeito ativo: agente ou autoridade que atua na
persecução penal (investigação ou processo)
• Sujeito passivo direto: pessoa atingida pela ação
• Sujeito passivo indireto: Estado
• É possível a tentativa
• Crime doloso, com especial fim de agir (prejudicar o
investigado ou fiscalizado)
• Crime comissivo
90
• Art. 26. (VETADO).
• Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar
procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de
qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.

91
• Parágrafo único. Não há crime quando se tratar
de sindicância ou investigação preliminar
sumária, devidamente justificada.
• Justamente pra apurar o indício que precisa para
formalizar

92
• Mera notícia – investigação preliminar sobre a
viabilidade (sindicância ou investigação
preliminar)
• Evitar movimentação em vão da máquina estatal
• Diante de um mínimo de materialidade e
autoria, dever de agir.

93
• Não se confunde com o art. 339 do CP (denunciação caluniosa)
• Denunciação caluniosa

• Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de


processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém,
imputando-lhe crime de que o sabe inocente

• Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

94
• STJ – RHC 98.056/CE (04/06/2019)
• Publicação na imprensa de um fato
supostamente delituoso pode caracterizar noticia
criminis espontânea (cognição imediata ou
informal) e, portanto, é uma fonte legítima para
a instauração de investigação policial.

95
• Sujeito ativo: qualquer agente que requisitar
investigação penal, administrativa ou disciplinar.
• Sujeito passivo direto: pessoa objeto de
investigação abusiva
• Sujeito passivo indireto: Estado
• É possível a tentativa, embora de difícil configuração
• Crime doloso, com especial fim de agir (prejudicar o
investigado ou fiscalizado)
• Crime comissivo
96
• Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de
gravação sem relação com a prova que se
pretenda produzir, expondo a intimidade ou a
vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do
investigado ou acusado:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

97
• Pressupõe uma interceptação telefônica lícita e
legítima, porém, há abuso no manuseio do
conteúdo obtido com a medida.

• Caso Ex-Primeira Dama

98
• Muito criticado, objetivo a divulgação de trecho de
gravação ou integra que não tenha relação com a
prova
• Sem relação com a prova – exposição indevida
• Ex: caso amoroso
• Ou outro crime – execração pública
• Lei n. 9296/96 – se trecho não interessa,
inutilização... Ou usar em outra investigação como
crime achado.
99
• Art. 29. Prestar informação falsa sobre
procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse
de investigado:
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.
• Parágrafo único. (VETADO).
100
• Modalidade especial de falsidade ideológica, na qual
o agente, no bojo do procedimento judicia,, policial,
fiscal, administrativo, presta informação falsa no
cumprimento do seu dever

• Ex: prestar informações falsas em HC ou em AI


• Ex2: entrevista
• Ex3: relatório agente infiltrado
101
• Sujeito ativo: agente público que tem dever de prestar
informação
• Sujeito passivo direto: pessoa atingida pela informação
falsa
• Sujeito passivo indireto: Estado
• É possível a tentativa, na forma escrita.
• Crime doloso, com especial fim de agir prejudicar o
interesse
• Se age com finalidade diversa (beneficiar alguém, pode
responder por prevaricação – art. 319 do CP)
• Crime comissivo
102
• Art. 30. (VETADO).
• Art. 30. Dar início ou proceder à persecução
penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe
inocente:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

103
• Havia sido vetado pelo Presidente
• Justa causa (?) – imprecisão do elemento típico
incompatível com normas incriminadoras –
insegurança jurídica – duvidosa
constitucionalidade.

104
• “Dar início” x “proceder”

• Dar início – pune a autoridade que “ab initio” instaura a


persecução de forma abusiva, consciente de que carece
de justa causa ou da inocência da pessoa perseguida
• Proceder – pune a autoridade que, no início, agiu de
boa-fé, mas durante a persecução detectou, claramente,
a carência (superveniente) da ação ou a inocência do
imputado, mas resolve, mesmo assim, continuar a
sustentar as teses condenatórias
• Princípio da impessoalidade.
105
• Sujeito ativo: autoridade com atribuição ou competência para dar
início ou proceder a persecução penal, civil ou administrativa
• Sujeito passivo direto: pessoa atingida pela indevida persecução
• Sujeito passivo indireto: Estado
• BJP = direito e garantias fundamentais da pessoa constrangida pelo
comportamento do agente e o regular andamento da Administração
Pública, impulsionada inútil e criminosamente
• Não é possível a tentativa – a execução não admite fracionamento
• Crime doloso
• Crime comissivo

106
• Denuncia anônima – procedimento preliminar
sumário – análise prévia para
POSTERIORMENTE iniciar e instaurar a
persecução penal.

107
• Art. 31. Estender injustificadamente a
investigação, procrastinando-a em prejuízo do
investigado ou fiscalizado:
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.
• Excesso de serviço - justificativa

108
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
inexistindo prazo para execução ou conclusão de
procedimento, o estende de forma imotivada,
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou
do fiscalizado.

109
• Prazo razoável (art. 5º, LXXVIII, CF)
• “injustificadamente” e “imotivada” – análise do caso
concreto
• Demora não necessariamente configura
constrangimento ilegal
• Não basta mera operação matemática
• Proporcionalidade, complexidade da infração,
diligências, perícias, meios de prova, atuação da
defesa, etc.
110
Prazo conclusão IP
Pré-Anticrime Preso Solto
(Preso)
Geral (CPP) 10 dias (improrrogável) 10 + até 15 dias (JG) 30 dias
Lei de Drogas 30 dias 30 dias 90 dias
Inquérito Militar 20 dias 20 dias 40 dias
Economia Popular 10 dias 10 dias 10 dias
Polícia Federal 15 + 1 prorrogação 15 dias + até 15 30 dias
(Lei nº 5.010/66) de 15 dias dias (JG)

111
• Segundo a doutrina processual moderna, a
garantia da razoável duração do processo deve
ser aplicada à investigação preliminar. Este prazo
não pode ser prorrogado ad eternum.

112
STJ tranca inquérito de operação que durou 12
anos e não resultou em denúncia

113
• Sujeito ativo: responsável pela condução de procedimentos
investigatórios
• Sujeito passivo direto: pessoa atingida pela conduta abusiva
• Sujeito passivo indireto: Estado
• BJP = direito e garantias fundamentais da pessoa investigada o
regular andamento da Administração Pública
• Crime se consuma com o injustificado ou imotivado desatendimento
do prazo razoável para o encerramento das investigações
• Crime doloso
• “estender” – de forma comissiva (determinando diligências
protelatórias) ou omissiva (deixar de tomar providências para o
andamento da investigação)

114
• Art. 32. (VETADO).
• Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado
acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo
circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro
procedimento investigatório de infração penal, civil ou
administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias,
ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso,
ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo
seja imprescindível:
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

115
• Criminaliza a SV 14 STF
• Reclamação
• MS
• HC
• crime

116
• Sujeito ativo: qualquer autoridade com atribuição ou competência
para presidir investigação preliminar, TC, inquérito ou qualquer
outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou
administrativa
• Sujeito passivo direto: pessoa atingida pela indevida recusa.
• Sujeito passivo indireto: Estado
• BJP = direito e garantias fundamentais da pessoa investigada o
regular andamento da Administração Pública
• Crime se consuma quando o agente embaraça o acesso aos autos e
ao impedir a obtenção de cópias.
• Crime doloso.
• Crime é comissivo, praticado por ação

117
• Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação,
inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso
amparo legal:

• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de


cargo ou função pública ou invoca a condição de agente
público para se eximir de obrigação legal ou para obter
vantagem ou privilégio indevido.

118
• Art. 5º, II, da CF
• Ninguém pode ser compelido a fazer ou deixar
de fazer algo senão em virtude de lei
• “Exigir” = impor, ordenar, determinar
• Caso haja emprego de violência ou grave
ameaça, pode caracterizar tortura

119
Lei nº 13.869/2019 Lei n. 9.455/97
Art. 33. Exigir informação ou Art. 1º Constitui crime de tortura:
cumprimento de obrigação, inclusive o
dever de fazer ou de não fazer, sem I - constranger alguém com emprego de
expresso amparo legal: violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, e multa a) com o fim de obter informação,
declaração ou confissão da vítima ou
de terceira pessoa;
(...)
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

120
• Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de
obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não
fazer, sem expresso amparo legal: (?)
• – abertura de tipo genérico – ex: PRF – revista em
alguém obrigando-o a ficar pelado. Tudo que não
está na lei não pode obrigar a fazer – art. 5º, II, CF)
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.

121
• Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de
cargo ou função pública ou invoca a condição de agente
público para se eximir de obrigação legal ou para obter
vantagem ou privilégio indevido.
• (ex: criminalizou a carteirada... Boate)
• Conduta imoral – fere a moralidade administrativa
• Precisava penalizar? Intervenção mínima – sanção
administrativa ou improbidade já não seriam suficientes?
• Ex2: juiz com excesso de velocidade leva mãe ao hospital –
estado de necessidade e apresentação funcional não é abuso)

122
• Sujeito ativo: qualquer agente público
• Sujeito passivo direto: pessoa constrangida pela ação abusiva.
• Sujeito passivo indireto: Estado
• BJP = direito e garantias fundamentais do indivíduo que tem
liberdade de atuação e autodeterminação e o regular
andamento da Administração Pública
• Tentativa só possível quando cometido por escrito e antes de
chegar ao conhecimento do destinatário, o documento é
interceptado
• Crime doloso.
• Crime é comissivo, praticado por ação
123
• Art. 34. (VETADO).
• Art. 35. (VETADO).
• Art. 36. Decretar, em processo judicial, a
indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a
satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração,
pela parte, da excessividade da medida, deixar de
corrigi-la:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

124
• Bacenjud
• Má-fé elementos subjetivos especiais + desprezo
do alerta

125
• Sujeito ativo: magistrado
• Sujeito passivo direto: pessoa constrangida pela ação abusiva.
• Sujeito passivo indireto: Estado
• BJP = direito e garantias fundamentais do indivíduo que e o
regular andamento da Administração Pública
• Tentativa não viável. Consuma quando, demonstrado pelo
executado, a excessividade da medida, o agente deixar de
corrigir
• Crime doloso.
• Crime praticado por ação + omissão

126
• Art. 37. Demorar demasiada e
injustificadamente no exame de processo de que
tenha requerido vista em órgão colegiado, com
o intuito de procrastinar seu andamento ou
retardar o julgamento:
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.
• Tribunal – Des. ou Ministro
127
• Foro prerrogativa
• Desembargador – STJ
• Ministro - STF

128
• Sujeito ativo: integrante de órgão colegiado de julgamento
• Sujeito passivo direto: pessoa prejudicada com a omissão do
agente.
• Sujeito passivo indireto: Estado
• BJP = direito e garantias fundamentais do indivíduo e o regular
andamento da Administração Pública
• Tentativa inviável. Crime se consuma com a demora demasiada e
injustificada.
• Crime doloso.
• Crime cometido por omissão, na demora injustificada e demasiada
no exame de processo, que tenha requerido vista com intuito
procrastinatório.
129
• Art. 38. (VETADO).
• Art. 38. Antecipar o responsável pelas
investigações, por meio de comunicação,
inclusive rede social, atribuição de culpa, antes
de concluídas as apurações e formalizada a
acusação:
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.
130
• Muita calma nessa hora
• Programas policiais “vagabundo, foi ele”
• Pretensão de coibir o prejulgamento na fase pré-
processual – presunção de inocência
• O tipo não impede a publicidade da condição de
suspeito da pessoa objeto da investigação

131
• Sujeito ativo: qualquer autoridade com atribuição ou competência
para presidir investigação penal, civil ou administrativa
• Sujeito passivo direto: pessoa investigada constrangido pelo
prejulgamento.
• Sujeito passivo indireto: Estado
• BJP = direito e garantias fundamentais do indivíduo e o regular
andamento da Administração Pública
• Consumação ocorre quando o agente dá publicidade à precipitada
responsabilidade da pessoa ainda na condição de investigada.
Tentativa possível na forma escrita, admitindo fracionamento da
execução..
• Crime doloso.
• Crime comissivo, praticado por ação.

132
EOAB
• Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a
vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B:
(Promulgação partes vetadas)

• ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou


prerrogativa de advogado previstos nos incisos II, III, IV
e V do caput do art. 7º desta Lei:

• Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,


e multa.’”

133
• II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de
trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho,
de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e
telemática, desde que relativas ao exercício da
advocacia; (não é absoluto, usando advocacia pra crime,
não há imunidade absoluta pra acobertar crimes)
• III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e
reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes
se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis;

134
• IV - ter a presença de representante da OAB, quando
preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da
advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena
de nulidade e, nos demais casos, a comunicação
expressa à seccional da OAB;

• V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada


em julgado, senão em sala de Estado Maior, com
instalações e comodidades condignas, assim
reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão
domiciliar; (ADIN 1.127-8)

135
Procedimento
• Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao
julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no
que couber, as disposições do Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995.

136
• CPP e Lei nº 9099/95
• Pena máxima: até 2 anos, JECrim (sumaríssimo)
• Inferior a 4 – sumário
• Igual ou superior a 4 anos – ordinário

• Art. 394 do CPP – procedimento comum

137
Crimes da LAA
Detenção: 6 meses a 2 anos Detenção: 1 a 4 anos
Lei nº 9099/95 – JECrim CPP
Medidas despenalizadoras Rito comum ordinário (art. 394 e ss) ou
- Composição civil especial dos crimes funcionais próprios
- Transação penal (art. 512 e ss)?
- Suspensão condicional do processo Professores Rogério Sanches Cunha e
Rogério Greco: rito próprio de delitos
funcionais
- Antes de receber a acusação, notifica-
se para apresentar defesa escrita

• Atenção para o ANPP


• Quando o imputado tiver foro prerrogativa de
função?
138
Alterações em leis especiais

139
Prisão temporária
• Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação:

• “Art.2º .......................................................................................................

• § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão


temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado.
• (mas se ele não é achado quando da tentativa de cumprimento???)

• .........................................................................................................................

• § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia


deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da
prisão preventiva.

• § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão


temporária.”

140
Interceptação telefônica – Lei n. 9296/96

• Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de


comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover
escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização
judicial ou com objetivos não autorizados em lei:

• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

• Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade


judicial que determina a execução de conduta prevista no caput
deste artigo com objetivo não autorizado em lei.

141
ECA
• “Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista
no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os
crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores
públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
ocorrência de reincidência.

• Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato


ou da função, nesse caso, independerá da pena aplicada
na reincidência.”

142
• Penas baixas
• Não prende ninguém
• Dolos específicos
• Perda cargo – reincidência específica em crime
de abuso de autoridade

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