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UNIDADE 6

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Profª Roberta C. de M. Siqueira

ATENÇÃO: Este material é meramente informativo e não exaure a


matéria. Foi retirado da bibliografia do curso constante no seu Plano de
Ensino. São necessários estudos complementares. Mera orientação e
roteiro para estudos.
6.1. NOÇÕES GERAIS
 Arts. 334 a 345 do CC.

 O pagamento traduz o fim natural de toda obrigação.


Todavia, existem OUTRAS formas de extinção das
obrigações, às quais a doutrina costuma denominar
pagamentos especiais ou indiretos.

 Ocorrida uma dessas modalidades de extinção


obrigacional, o devedor se eximirá de responsabilidade,
embora nem sempre o crédito haja sido plenamente
satisfeito. É o que ocorre, por exemplo, quando o credor
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“perdoa” a dívida.
 São elas:

a) consignação em pagamento;
b) pagamento com sub-rogação;
c) imputação do pagamento;
d) dação em pagamento;
e) novação;
f) compensação;
g) transação *;
h) compromisso * (arbitragem);
i) confusão;
j) remissão.

 Iniciaremos com a consignação em pagamento. 3


6.2 CONCEITO
 Se o credor se nega a receber a prestação ou surge um
outro fato qualquer obstativo do pagamento direto, pode
o devedor se valer da consignação para se ver livre da
obrigação assumida.

 É o instituto jurídico colocado à disposição do devedor


para que, ante o obstáculo ao recebimento criado pelo
CREDOR ou quaisquer outras circunstâncias
impeditivas do pagamento, exerça, por depósito da coisa
devida, o direito de adimplir a prestação, liberando-se do
liame obrigacional.
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 Art.334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o
depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa
devida, nos casos e forma legais.

 O DEVEDOR, que é o sujeito ativo da consignação é o


“consignante”.

 O CREDOR, em face de quem se consigna é o


“consignatário”.

 “Consignado” é o bem OBJETO do depósito, judicial ou


extrajudicial.
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6.3 NATUREZA JURÍDICA

 Trata-se de uma forma de extinção das obrigações,


constituindo-se em um pagamento “indireto” da
prestação avençada.

 A consignação em pagamento NÃO é um dever, mas sim


mera faculdade do devedor, que não pôde adimplir a
obrigação, por culpa do credor.

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6.4 HIPÓTESES DE OCORRÊNCIA

 O art. 335 do CC apresenta uma relação de hipóteses em


que a consignação pode ter lugar, a saber:

 se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar-se a


receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma
(inciso I). Note-se que a norma exige que a recusa seja justa,
mas a constatação da veracidade de tal justiça somente pode
ser verificada, em definitivo, pela via judicial.

 se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar,


tempo e condição devidos (inciso II).
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 se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso
perigoso ou difícil (inciso III).

 se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o


objeto do pagamento (inciso IV).

 se pender litígio sobre o objeto do pagamento (inciso V).

 Registre-se que tal rol NÃO é taxativo, pois a própria


legislação traz outras situações em que é autorizada a
consignação (arts. 341 e 342 do CC).

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Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no
lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de
acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente
receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

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Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que
deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o
devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob
pena de ser depositada.

Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao


credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de
perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor
escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como
no artigo antecedente.

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6.5 REQUISITOS DE VALIDADE

 Na forma do art. 336 “para que a consignação tenha


força de pagamento, será mister concorram, em relação
às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento”.

 Em relação às PESSOAS, a consignação deverá ser feita


pelo devedor, ou quem o represente, sob pena de não ser
considerado válida, salvo se ratificado pelo credor ou se
reverter em seu proveito, na forma dos arts. 304 e 308 do
CC
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Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode
pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios
conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não
interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo
oposição deste.

Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem


de direito o represente, sob pena de só valer depois de por
ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.

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 Em relação ao OBJETO, o pagamento deve ser feito na
integralidade, uma vez que o credor não está obrigado a
aceitar pagamento parcial.

 Quanto ao MODO, não se admitirá modificação do


estipulado, devendo a obrigação ser cumprida como foi
concebida originalmente.

 Vale lembrar que, se a dívida for querable, como é a regra


geral, o depósito será feito no domicílio do devedor; se
portable, no do credor; ou, se houver foro de eleição, no
domicílio estabelecido.

 Quanto ao TEMPO, também não se pode modificar o 13

pactuado.
6.6 LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO PELO
DEVEDOR.

 Dependendo do MOMENTO, o devedor poderá levantar


o depósito:

a) Antes da aceitação do credor ou impugnação: Trata-


se de uma FACULDADE do devedor, mas que
acarreta o ônus de pagar as despesas necessárias para o
levantamento (e extinção do processo, se o depósito
foi realizado judicialmente), bem como a subsistência
da obrigação para todos os fins de direito (art. 338 do
CC).
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Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o
depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o
levantamento, pagando as respectivas despesas, e
subsistindo a obrigação para todas as consequências de
direito.

Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não


poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de
acordo com os outros devedores e fiadores.

Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou


aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a
preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à
coisa consignada, ficando para logo desobrigados os 15

codevedores e fiadores que não tenham anuído.


b) Depois da aceitação ou impugnação do depósito
pelo credor: o depósito poderá ser levantado pelo
devedor, mas, somente com anuência do credor, que
perderá a preferência e a garantia que lhe competia
sobre a coisa consignada (ex.: preferência por
hipoteca, no concurso de credores), com liberação
dos fiadores e codevedores que não tenham anuído
(art. 340).

 Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou


aceitar o depósito, aquiescer no levantamento,
perderá a preferência e a garantia que lhe
competiam com respeito à coisa consignada, ficando
para logo desobrigados os codevedores e fiadores
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que não tenham anuído
c) Julgado procedente o depósito: o devedor já não
poderá levantá-lo, ainda que o credor consinta, senão
de acordo com os outros devedores e fiadores (art.
339).

 Art.339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não


poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de
acordo com os outros devedores e fiadores.

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6.7 CONSIGNAÇÃO DE COISA CERTA E DE
COISA INCERTA

 Se a coisa devida foi IMÓVEL ou CORPO CERTO que


deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o
devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob
pena de ser depositada (art. 341).

 O CPC, no art. 891, parágrafo único, estabelece que o


devedor poderá ajuizar a consignação no foro em que se
encontra a coisa devida, se esta for corpo que deva ser
entregue nesse local.
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Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que
deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o
devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob
pena de ser depositada.

Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao


credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de
perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor
escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como
no artigo antecedente.

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 Se a coisa certa estiver em LUGAR DISTINTO daquele
em que se pactuou a entrega (ou, no silêncio, diferente
do domicílio do devedor), correm por conta do solvens
(devedor) as despesas de transporte, salvo estipulação
em contrário.

 Todavia, se a coisa for indeterminada ou incerta (art.


342 do CC) é preciso que ocorra a concentração do
débito ou concentração da prestação devida.

 Quando a escolha cabe ao DEVEDOR, nenhum problema


se dará, pois é ele que pretende ofertar o pagamento.
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 Caso a escolha caiba ao CREDOR, deve ele ser citado para
tal fim, sob cominação de perder o direito e de ser
depositada a coisa que o devedor escolher.

 Art. 894, CPC. Se o objeto da prestação for coisa


indeterminada e a escolha couber ao credor, será este
citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias,
se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou
para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao
despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora.

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6.8 DESPESAS PROCESSUAIS

 Em caso de impugnação do pagamento pelo credor, este faz o


pagamento das despesas processuais. Estabelece o art. 343 que
“as despesas com o depósito, quando julgado procedente,
correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do
devedor”.

 Se durante a ação, o credor aceita o pagamento sem impugnação,


também arca com as despesas.

 Art. 897, CPC. Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da


revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarará extinta a
obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios. 22
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e
der quitação”.
6.9 PRESTAÇÕES PERIÓDICAS

 Nesses casos, recusando-se o credor a receber as


prestações ofertadas pelo devedor, pode este consigná-
las, na medida em que forem vencendo.

 Tal regra é expressa na legislação processual, conforme


se verifica do art. 892 do CPC, in verbis:

 Art. 892, CPC. Tratando-se de prestações periódicas, uma


vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a
consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as
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que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam
efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento.
 Copiar no caderno os artigos referentes à consignação
em pagamento (do Código Civil e do CPC) e duas
jurisprudências do Tribunal de Justiça de Goiás sobre o
assunto.

 Valor: 1,0 ponto

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