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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


FACULDADE DE DIREITO

ALEX MARCUS BRAGA TOURINHO


ENZO MENDES CHAVES
JOÃO PEDRO TOSCANO SIMÕES
POAN MURILO MEDEIROS PINHEIRO

FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO

BELÉM
2023
ALEX MARCUS BRAGA TOURINHO
ENZO MENDES CHAVES
JOÃO PEDRO TOSCANO SIMÕES
POAN MURILO MEDEIROS PINHEIRO

FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO

Monografia apresentada à Matéria Teoria das


Obrigações/ Universidade Federal do Pará/ Instituto
de Ciências Jurídicas/ Faculdade de Direito, como
requisito para obtenção de avaliação 2023.4.

Orientador: Prof. Denis Leite Rodrigues.

BELÉM
2023
SUMÁRIO

1 CONCEITO JURÍDICO DE PAGAMENTO .............................................................. 1

2 ESPÉCIES DE PAGAMENTO ................................................................................. 1

3 FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO.................................................................. 1

3.1 PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO..................................................................... 1

3.1.1 CONCEITO ........................................................................................................ 1

3.1.2 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................ 2

3.1.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS ................................................................................. 3

3.1.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO .................................................. 4

3.2 PAGAMENTO COM SUBROGAÇÃO................................................................... 5

3.2.1 CONCEITO ........................................................................................................ 5

3.2.2 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................ 5

3.2.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS ................................................................................. 6

3.2.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO .................................................. 6

3.3 DAÇÃO EM PAGAMENTO ................................................................................... 7

3.3.1 CONCEITO ........................................................................................................ 7

3.3.2 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................ 7

3.3.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS ................................................................................. 7

3.3.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO .................................................. 8

3.4 NOVAÇÃO ............................................................................................................ 8

3.4.1 CONCEITO ........................................................................................................ 8

3.4.2 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................ 9

3.4.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS ............................................................................... 10

3.4.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO ................................................ 10

3.5 COMPENSAÇÃO ................................................................................................ 10

3.5.1 CONCEITO ...................................................................................................... 10


3.5.2 PREVISÃO LEGAL .......................................................................................... 10

3.5.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS ............................................................................... 12

3.5.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO ................................................ 12

3.6 CONFUSÃO ........................................................................................................ 13

3.6.1 CONCEITO ...................................................................................................... 13

3.6.2 PREVISÃO LEGAL .......................................................................................... 13

3.6.3 SUJETOS ENVOLVIDOS ................................................................................ 14

3.6.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO ................................................ 14

3.7 REMISSÃO ......................................................................................................... 15

3.7.1 CONCEITO ...................................................................................................... 15

3.7.2 PREVISÃO LEGAL .......................................................................................... 15

3.7.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS ............................................................................... 17

3.7.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO ................................................ 17

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 18


1

1 CONCEITO JURÍDICO DE PAGAMENTO

As obrigações possuem um processo de existência, sendo extinguidas, então,


com os seus cumprimentos. Nessa lógica, para o Código Civil, tal cumprimento é
denominado de “pagamento” e tem o sentido técnico jurídico de execução de qualquer
espécie de obrigação. Dessa forma, pagamento conceitua-se pelo cumprimento ou
adimplemento de qualquer obrigação, não sendo, necessariamente, um valor
monetário.
Ao pagamento, portanto, é aplicável dois princípios fundamentais, sendo o
primeiro o da boa-fé (ou diligência moral), o qual exige que ambas as partes se
comportem de forma correta durante a tratativa, a formação e o cumprimento do
contrato. Tal princípio guarda relação com outra máxima, a de que ninguém pode
beneficiar-se da própria torpeza. Ademais, o segundo princípio relacionável ao
cumprimento de uma obrigação é o da pontualidade, o qual abrange não só quesitos
de prazo, mas também, que a prestação seja cumprida de forma integral, no lugar e
modo devido.

2 ESPÉCIES DE PAGAMENTO

O pagamento pode ser caracterizado em duas espécies, sendo elas o


pagamento direto e o indireto. O primeiro conceitua-se pelo cumprimento obrigacional,
o qual segue essencialmente os termos do que foi acordado entre o credor e o
devedor. O segundo, entretanto, caracteriza-se pelo adimplemento de uma obrigação
de forma adversa à forma acordada originalmente entre os sujeitos envolvidos.

3 FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO

3.1 PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO

3.1.1 CONCEITO

O pagamento em consignação conceitua-se como o depósito feito pelo devedor


da coisa devida para se eximir da obrigação assumida com um determinado credor.
Tal depósito pode ser realizado em uma instituição bancária ou em consignação
judicial. O objeto, portanto, a “coisa devida”, pode ser um bem móvel ou imóvel.
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3.1.2 PREVISÃO LEGAL

No que diz respeito ao instituto do “Pagamento em Consignação”, este está


previsto nos artigos 334 ao 345 do Código Civil.

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial


ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento,
ou dar quitação na devida forma;
II - Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;
III - Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente,
ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento;
V - Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

O Código Civil, portanto, destaca que o pagamento em consignação pode ser


requerido somente quando a relação obrigacional entre credor e devedor se enquadre
nos requisitos instituídos no código.
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem
os quais não é válido o pagamento.
Para que a consignação tenha valor de pagamento, há certos requisitos de
validade, como as pessoas envolvidas, as quais ramificam-se em um pagamento feito
por um devedor capaz a um verdadeiro credor igualmente capaz.
Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que
se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado
improcedente.
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas
despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências de direito.
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Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo,


embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito,
aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam
com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e
fiadores que não tenham anuído.
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no
mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-
la, sob pena de ser depositada.
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele
citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa
que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo
antecedente.
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à
conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação,
mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio,
assumirá o risco do pagamento.
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se
pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.

3.1.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS

No pagamento em consignação há os mesmos dois sujeitos envolvidos nas


relações de obrigação, o devedor e o credor, o que muda, porém, é a denominação
dada a tais sujeitos, especificamente, no pagamento em consignação, sendo,
respectivamente, o consignante e o consignatário. Além disso, há também instituições
que intermediam o pagamento em dinheiro, como o estabelecimento bancário
(extrajudicialmente) e o ajuizamento (judicialmente).
Consignante ou Devedor: Aquele que deve prestação de coisa devida a outrem
e para eximir-se da obrigação realiza um depósito (consignação) ao credor.
Consignatário ou Credor: Aquele, o qual a coisa devida é relacionada e,
portanto, o sujeito que, no caso do pagamento em consignação, receberá o depósito.
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3.1.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO

O instituto do pagamento em consignação, de acordo com o Art. 334 do CC, é


distinguido em duas espécies de procedimento, o extrajudicial e o judicial. Em ambas
as espécies, em resumo, há uma recusa por parte do credor em receber o pagamento
do devedor, certo empecilho para se efetivar o pagamento, ou quando há incerteza
sobre quem deva realmente receber o pagamento. Dessa forma, o devedor realiza um
depósito para o credor, com o intuito de se eximir da obrigação. Dentro desse
contexto, a partir desse ponto as espécies começam a se diferenciar.
O pagamento em consignação por meio de um procedimento extrajudicial ou
judicial, como dito antes, se iniciam da mesma maneira, entretanto, para que a
consignação seja válida em ambos os casos e, principalmente, tenha força de
adimplemento, a primeira tentativa de pagamento direto, feita antes, deve observar
todos os requisitos previstos no Art. 336 do CC (como lugar e tempo). Nesse contexto,
caso o credor não comparecer no lugar estabelecido para o pagamento, for incapaz
de receber, residir em local perigoso ou caso haja duvida sobre quem legitimamente
deva receber o objeto do pagamento, como diz o Art. 335 do CC, então o devedor
poderá recorrer ao instituto do pagamento em consignação, onde deve realizar o
depósito em instituições bancárias ou por meios legais, e, portanto, afastando-se da
incidência de juros e de riscos da dívida (Art. 337 CC). A partir deste momento do
depósito, fixa-se um prazo de 10 dias para o credor se manifestar, caso o credor aceite
o depósito do devedor, o segundo está isento de demais obrigações e, além disso, há
o fim procedimento extrajudicial. Porém, caso o credor recuse, o devedor terá um
prazo de 30 dias para propor a competente ação de consignação de forma judicial
(Art. 539 CPC).
Continuando com o procedimento judicial, após a realização do depósito,
segundo o Art. 338, caso o credor não informar se aceita ou impugna a consignação,
o devedor pode levantar o depósito, mas caso haja demais devedores, tal
levantamento só poderá ser feito em consentimento de todos (Art. 339). Nesse viés,
caso o credor aceite o depósito ou o conteste e o devedor peça o levantamento de tal
de depósito e, por sua vez, o credor aceite, os relacionados estão desobrigados (Art.
340). Dentro deste ajuizado ocorrerá então o acordo entre os sujeitos por intermédio
judicial e caso a ação seja julgada procedente, o credor (réu) deverá arcar com as
despesas do depósito judicial, entretanto, caso a ação seja julgada improcedente, as
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despesas cairão sob o devedor (Art 343 CC). Após o cumprimento da decisão judicial,
as relações de obrigação estarão adimplentes.

3.2 PAGAMENTO COM SUBROGAÇÃO

3.2.1 CONCEITO

O conceito de pagamento com subrogação é uma forma de transferência de


crédito que ocorre quando um terceiro, que não fazia parte da relação jurídica original,
paga ao credor e, posteriormente, assume o seu lugar na cobrança da dívida. Dessa
forma, o terceiro subroga-se nos direitos e nas garantias do credor original, podendo
exigir do devedor o cumprimento da obrigação anteriormente definida entre os
primeiros no negócio jurídico.
A origem do pagamento com subrogação remonta ao direito romano, onde era
conhecido como “cessio nominum” ou “cessão de créditos”. Esse instituto permitia que
um credor transferisse a um terceiro o seu direito de cobrar uma dívida, mediante o
pagamento de um preço. O terceiro, então, passava a ser o novo credor e podia exigir
do devedor o cumprimento da obrigação.

3.2.2 PREVISÃO LEGAL

Os artigos do Código Civil que tratam do pagamento com subrogação:


Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que
paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga
a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser
privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela
qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Art. 347. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e
os fiadores.
Art. 348. Na sub-rogação convencional expressa, é lícito ao credor receber do
terceiro que paga a dívida, ainda que sem consentimento expresso do devedor, a
importância que deste houver recebido em pagamento da mesma dívida, salvo se o
terceiro preferir ficar sub-rogado nos direitos do credor.
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Art. 349. A sub-rogação não pode prejudicar os interesses e as garantias dos


outros credores do devedor; mas estes podem exercer contra o sub-rogado as
exceções que lhes competirem contra o cedente.
Art. 350. O credor originário, só em parte pago pelo terceiro sub-rogado, pode
exigir o restante da dívida ao devedor primitivo até o concorrente valor dos bens que
este possuía ao tempo da sub-rogação; mas não tem direito à restituição da parte já
recebida.

Art. 351. O pagamento parcial feito pelo devedor e a remissão por ele obtida
aproveitam aos co-devedores na proporção de suas partes na dívida; mas o
pagamento parcial feito por um dos co-devedores e a remissão por ele obtida não
aproveitam aos outros co-devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou
relevada.

3.2.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS

Além disso, o pagamento com subrogação possui 3 agentes claros:


subrogante, ou credor primitivo, subrogado, o terceiro a entrar na relação e o devedor
original. O primeiro é aquele que recebe o pagamento de um terceiro e transfere a ele
os seus direitos sobre a dívida. Ele se desvincula da obrigação e não pode mais cobrar
do devedor original. Por sua vez, o segundo é aquele que paga a dívida do devedor
ao credor primitivo e assume o seu lugar na relação jurídica. Ele adquire os mesmos
direitos, ações, privilégios e garantias do credor anterior. Já o terceiro, é aquele que
deve a obrigação ao credor primitivo e que não a cumpriu. Ele continua obrigado
perante o terceiro que pagou a dívida e que se sub-rogou nos direitos do credor.

3.2.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO

Por fim, em tal pagamento, há dois tipos de formas legais de procedimento. A


subrogação legal ocorre quando o pagamento é feito por um terceiro que tem interesse
na dívida, sem o conhecimento ou contra a vontade do devedor. Nesse caso, o terceiro
se subroga, isto é, assume os direitos do credor de forma automática,
independentemente da manifestação de vontade das partes, previsto no art. 346 do
Código Civil. Já a convencional: ocorre quando o pagamento é feito por um terceiro
que não tem interesse na dívida, mas que obtém o consentimento expresso ou tácito
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do credor para se sub-rogar nos seus direitos. Nesse caso, o terceiro se sub-roga nos
direitos do credor por meio de um acordo entre as partes.

3.3 DAÇÃO EM PAGAMENTO

3.3.1 CONCEITO

O conceito de Dação em pagamento é, resumidamente, uma forma de extinguir


uma obrigação mediante a entrega de um bem ou serviço diferente do que foi
originalmente pactuado entre o credor e o devedor no negócio jurídico. O credor deve
aceitar expressamente ou tacitamente a substituição da prestação, que pode ser de
valor igual, maior ou menor do que a dívida.
A dação em pagamento transfere a propriedade do bem ou serviço dado ao
credor, que se torna o novo titular dos direitos e obrigações sobre ele. A dação em
pagamento é uma forma de solucionar uma dívida sem a necessidade de dinheiro.
Além disso, as origens da dação em pagamento também remontam ao direito romano,
onde era conhecida como “datio in solutum” ou “datio pro soluto”. Esse instituto
permitia que o devedor entregasse ao credor um bem ou serviço diferente do que foi
originalmente pactuado, com o objetivo de extinguir a obrigação.

3.3.2 PREVISÃO LEGAL

Os artigos do Código Civil que falam sobre a dação em pagamento são:


Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é
devida.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre
as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Art. 358. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-
se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos
de terceiros.
Art. 359. Se for nula a obrigação a que se opuser a exceção, ou se ela estiver
extinta, não poderá o devedor exonerar-se da que contraíra em substituição àquela.

3.3.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS

Quanto aos agentes da relação, há o credor ou datário: é aquele que recebe


do devedor um bem ou serviço diferente do que foi originalmente pactuado, para
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extinguir a obrigação. Ele deve aceitar expressa ou tacitamente a substituição da


prestação. Por sua vez, o devedor ou solvens é aquele que entrega ao credor um bem
ou serviço diferente do que foi originalmente pactuado, para extinguir a obrigação. Ele
deve ter capacidade e legitimidade para dispor do bem ou serviço dado.

3.3.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO

A forma legal de procedimento da dação em pagamento depende da natureza


da dívida e do bem ou serviço dado. Existem duas situações principais: o devedor
pode oferecer um imóvel livre e desembaraçado de todas as obrigações para quitar
uma dívida com a União e a Dação em pagamento de bens móveis ou serviços para
extinção de qualquer dívida, nesse caso, o devedor pode oferecer um bem móvel ou
um serviço diferente do que foi originalmente pactuado para quitar uma dívida com
qualquer credor. O bem ou serviço deve ter valor compatível com a dívida e o credor
deve aceitar a substituição da prestação.

3.4 NOVAÇÃO

3.4.1 CONCEITO

A respeito do conceito de novação, Ebert Chamoun (Instituições de Direito


Romano, 5ª edição, pág. 318) considera que a novação pode ser conceituada como
a substituição de uma obrigação por outra. Ainda na mesma obra, Chamoun afirma
que se a nova obrigação fosse nula, ainda assim a anterior cessava de existir. No
direito justiniânio é possível novar uma obrigação natural. Para Roberto de Ruggiero
(Instituições de direito civil, volume III, 1973, tradução Ary dos Santos, pág. 137), a
novação é uma transformação de uma obrigação existente noutra que toma o seu
lugar e a extingue.
A novação objetiva dá-se quando o devedor contrai com o credor nova dívida,
para extinguir e substituir a primeira. Pouco importa que se trate de obrigação de
natureza diferente, como no caso de novar o devedor uma obrigação de fazer com
uma de dar; ou se o dever de reparar o dano ex delicto é novado pela emissão de um
título cambial. Essa novação objetiva abrange tanto casos de substituição do objeto
como os de mudança de título ou de causa jurídica.
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Verifica-se, também, a novação subjetiva, quando um novo devedor é


substituído ao antigo, que fica libertado pelo credor, ou quando por força de uma nova
obrigação um novo credor é substituído antigo, para com que o devedor fica liberto.

3.4.2 PREVISÃO LEGAL

Quanto à previsão legal desta forma de pagamento indireto, O Código Civil de


2002 assim define novação e trata a matéria:
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir
a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,
ficando o devedor quite com este.
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito, mas inequívoco, a
segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada
independentemente de consentimento deste.
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou,
ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que
não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o
penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a
terceiro que não foi parte na novação.
Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários,
somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e
garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato
exonerados.
Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com
o devedor principal.
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto
de novação obrigações nulas ou extintas.
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3.4.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS

Quanto aos sujeitos envolvidos na novação, tem-se o credor e o devedor. O


credor é o sujeito que detém o direito de receber algo. O devedor, por sua vez, é quem
tem a obrigação de pagar por algo.

3.4.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO

Sobre as formas legais do procedimento, pode-se considerar a seguinte


situação: dois sujeitos, A e B, firmam um contrato de aluguel no qual A é o credor e B
é o devedor. Nessas circunstâncias, B se torna inadimplente e, portanto, contrai uma
dívida para com A. Os dois sujeitos se reúnem e decidem, formalmente, estipular um
novo valor para a dívida dos aluguéis o qual substituirá (e ao mesmo tempo será
equivalente) os valores atrasados passados. Dá-se, nesse momento, uma novação.
Em alguns outros casos hipotéticos de acordo entre dois sujeitos, o devedor pode ser
substituído por outro que assumirá suas dívidas. Ou então, em último caso, caso dois
sujeitos formalizem um contrato e o credor desse acordo é substituído por outros,
fazendo, assim, com que o devedor, esteja quitado com o primeiro credor.

3.5 COMPENSAÇÃO

3.5.1 CONCEITO

A compensação é um modo indireto de extinção de obrigações entre pessoas


que se tornam credoras e devedoras uma da outra ao mesmo tempo. Este instituto
possui o objetivo de eliminar a circulação de moedas ou de produtos de mesma
qualidade fazendo com que as obrigações sejam extintas até o ponto em que se
possam compensar.

3.5.2 PREVISÃO LEGAL

O instituto da compensação, previsto no artigo 368 ao 380 do Código Civil,


necessita de quatro requisitos para que possa ser efetivada: reciprocidade do
crédito/débito; prestações a serem compensadas devem ser fungíveis e de mesma
qualidade; liquidez das prestações; e que as dívidas estejam vencidas.
Existem três espécies de compensação: a convencional, a judicial e a legal. A
convencional ocorre quando os próprios contratantes decidem extinguir os créditos
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que possuíam um em relação ao outro, desde que os requisitos para a compensação


estejam presentes. Já a judicial se caracteriza pelo pedido feito em juízo para que as
dívidas sejam compensadas, ocorrendo, por exemplo, em uma reconvenção. E a legal
se opera de forma automática, independentemente de qualquer ação dos
contratantes, devendo somente ser observados os pressupostos que autorizam a
compensação.
A previsão legal desta forma de pagamento indireto se encontra no Código Civil
brasileiro, de 2002:
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da
outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando
especificada no contrato.
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe
dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam
a compensação.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - Se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - Se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - Se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a
excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa
dívida com a que o credor dele lhe dever.
Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a
terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes
da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido
notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra
o cedente.
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se
podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
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Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis,
serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do
pagamento.
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O
devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não
pode opor ao exequente a compensação, de que contra o próprio credor disporia.

3.5.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS

Na forma de pagamento indireto, há dois sujeitos envolvidos nessa relação:


credor e devedor. No entanto, tal relação é caracterizada justamente pela
simultaneidade em que uma pessoa ocupa a posição tanto de devedora quanto de
credora, isto é, cumpre as duas obrigações ao mesmo tempo durante a vigência da
relação.

3.5.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO

Uma forma clássica de compensação espontânea pode ser percebida na


relação entre um motorista de ônibus e seu respectivo passageiro: o motorista é
devedor da obrigação de conduzir o passageiro ao lugar desejado e é credor quanto
ao recebimento do pagamento pelo trajeto do ônibus; ao passo que o passageiro
também é devedor, pois deve ao motorista o pagamento da passagem do ônibus, e
credor, pois deve "receber" do motorista a condução até o lugar desejado.
Há também um exemplo clássico de uma forma legal de compensação judicial:
a renovação, que ocorre quando um réu A pede o direito à ter acesso a algum crédito
envolvendo o acusador B. Nesse caso, A, que, no processo, já seria devedor de B,
torna-se, em alguma medida, também credor de B, devido ao crédito existente e
autorizado durante o curso do processo. B, que por sua vez já era credor de A, passa
a ser também devedor de A, devendo o equivalente ao crédito que A conquistou ao
longo do processo.
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3.6 CONFUSÃO

3.6.1 CONCEITO

O conceito da terminologia de “confusão” para o Direito Civil Brasileiro se refere


à derivação do latim “confusion”, “onis”, cujo significado é mescla, mistura, desordem
— o qual bebe da fonte, também, do Direito das Coisas.
Sob as lentes de Carlos Roberto Gonçalves, no que tange ao Direito das
Obrigações, são necessários dois pólos: o credor e o devedor. Portanto, se ambas as
qualidades estiverem concentradas em uma só pessoa, forma-se, então, a “confusão”
— o que, por sua vez, extingue a obrigação.
Para fins de identificação, a confusão pode ser de caráter total ou parcial em
relação à extinção da dívida, podendo-se originar tanto da unidade da relação
obrigacional e da reunião, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor
quanto da ausência de separação dos patrimônios — espraiando em contextos de
transmissão universal de patrimônio, como o exemplo da causa mortis, em que o filho,
que é devedor e sucessor de seu genitor, tem transferido para si os créditos após a
morte de seu pai. No entanto, a confusão também poderá ocorrer por ato Inter vivos,
como, por exemplo, o casamento com comunhão universal de bens onde marido e
mulher, antes das núpcias, eram credor e devedor, resultando então após a comunhão
de bens a extinção da relação obrigacional .Por último, havendo situações associadas
a um título singular, tal como legado de crédito, sub-rogação ou cessão de crédito.

3.6.2 PREVISÃO LEGAL

O instituto da “Confusão” está previsto nos artigos 381 a 384 do Código Civil.
De maneira inicial, o artigo 381 do CC deixa claro que: “Extingue-se a obrigação,
desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor."
Já o artigo 382 do CC ratifica as espécies de confusão civil: “A confusão pode
verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.” Isto é, em matéria de
penhor e confusão parcial, vide § 2º do artigo 1.436 do Código Civil, enquanto para a
finalidade de extinção de demanda judicial, a confusão entre autor e réu deve ser da
totalidade do direito sub judice, não bastando que seja apenas parcial.
No que concerne ao Artigo 383 do Código Civil, os efeitos citados abaixo
decorrem, com naturalidade, das regras atinentes à solidariedade (CC, arts. 264 a
285). “A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a
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obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo


quanto ao mais a solidariedade.”
Contudo, o artigo 384 diz respeito ao restabelecimento da obrigação uma vez
que cessada a confusão: “Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos
os seus acessórios, a obrigação anterior.”
Logo, o dispositivo em questão trata das hipóteses em que o fato gerador da
confusão não se convalide ou não seja de caráter definitivo, levando, desse modo, à
cessação da confusão. O exemplo clássico da doutrina é o caso de anulação de
testamento que teria gerado a confusão entre credor (falecido) e devedor (herdeiro).
Nessa hipótese, com a anulação do ato, a obrigação revigora-se retroativamente,
inclusive com todas as garantias, como se a confusão nunca houvesse ocorrido. A
despeito de a obrigação ser restaurada por inteira na hipótese prevista no artigo, sob
a máxima de Caio Mário da Silva Pereira, as garantias reais e os direitos de terceiros
devem ser respeitados, quando foram constituídos ou adquiridos na pendência da
confusão. Assim, exemplifica que eventual inscrição que tenha sido feita em matrícula
do imóvel anteriormente hipotecado, na pendência da confusão que veio a cessar,
deverá ter preferência sob a garantia que se revigora.

3.6.3 SUJETOS ENVOLVIDOS

No âmbito civil, os sujeitos envolvidos na “confusão” — de forma geral — são


credores e devedores, explica isso, pois, não há sentido em cobrar a si mesmo.
Mas quando se aprofunda para além da esfera macro, tais sujeitos podem
ganhar contornos concretos de:
Sócio e Sociedade: em casos de sociedades, se um sócio se torna o credor de
sua própria sociedade, isso pode levar à confusão.
Herdeiro e Herança: após a herança ser aceita, o herdeiro torna-se o
proprietário dos bens da herança, o que pode resultar em confusão se ele também for
devedor da herança.

3.6.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO

A lei prevê automaticamente a extinção da obrigação quando ocorre a


confusão. Dessa forma, não é necessário acionar um procedimento legal adicional
para que a confusão tenha efeito. O reconhecimento da confusão e a extinção da
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obrigação são automáticos quando os requisitos legais para a confusão são


atendidos, ou seja, quando o devedor e o credor se tornam uma única pessoa, como
em casos de fusão de empresas, por exemplo.
Assim, não há procedimentos legais específicos para a confusão civil, pois a lei
já estabelece que a obrigação é extinta quando essa situação ocorre.

3.7 REMISSÃO

3.7.1 CONCEITO

A Remissão Civil é um instituto voltado ao perdão da dívida, concedido pelo


credor ao devedor — de modo que ao ser aceita pelo devedor, extingue a obrigação,
mas sem prejuízo de terceiros. Dito de outro modo, sob à ótica de Carlos Roberto
Gonçalves, o instituto da remissão configura como liberalidade efetuada pelo credor,
consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação. O jurista alerta
também para o cuidado à devida distinção para com a remição da dívida ou de bens,
de natureza processual, prevista no art. 651 do Código de Processo Civil.

3.7.2 PREVISÃO LEGAL

No que concerne ao instituto da “Remissão”, este está previsto nos artigos 385
a 388 do Código Civil.
Art. 385. “A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas
sem prejuízo de terceiro.”
Dessa forma, a remissão é meio de extinção da obrigação consistente na
liberação direta do devedor pelo credor, configurando-se uma espécie de renúncia.
Ademais, inexiste forma específica para sua realização, valendo destacar que, se
houver outro negócio jurídico envolvido e que exija algum requisito forma específico,
estes devem ser cumpridos. Com o intuito ilustrativo, se houver garantia hipotecária,
a remissão deverá constar de instrumento hábil para cancelamento da inscrição.
A remissão deve ser gratuita, pois, do contrário, seria caracterizada como uma
transação — configurada nos artigos 840 a 850 do Código Civil.

Como requisito das partes para a remissão, basta que o credor tenha aptidão
para dispor do direito. A esse respeito, há que se lembrar que a lei traz diversos casos
em que credores não poderão dispor de seu direito.
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Entre eles, pode-se citar, a título de ilustração, o incapaz de alienar (e, portanto,
de remitir) e o tutor (que não pode alienar, gratuitamente, os bens do tutelado). A
remissão, desse modo, qualifica-se como ato unilateral, não sendo necessária a
manifestação de vontade do devedor para que se opere; basta apenas que este não
se oponha - por se tratar de um favor, o devedor poderá rejeitá-lo, caso tenha razões
jurídicas a tanto. Por se tratar de ato unilateral, a remissão pode ser revogada pelo
credor, desde que ainda não tenha gerado um direito contrário, como, por exemplo,
no caso de o devedor já ter recebido a remissão.
Vale destacar que apenas direitos patrimoniais de caráter privado podem ser
objeto de remissão. Direitos que envolvam ordem pública jamais poderão ser
perdoados. Com tal, pode-se mencionar, a título de exemplo, a restrição a que o pai
renuncie do pátrio poder ou que o credor de alimentos renuncie a essa obrigação
perante o devedor — embora possa perdoar prestações já vencidas e não pagas.
Para fins classificatórios, a remissão será expressa, quando constar, por
escrito, de instrumento público ou particular, com a declaração de perdão da dívida
pelo credor; ou tácita, quando decorrer de atitude do credor incompatível com a
qualidade creditória. Além disso, podendo ser ainda total, com a extinção integral do
débito, ou parcial, quando houver a extinção de apenas uma parte da dívida.
Art. 386. “A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito
particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz
de alienar, e o devedor capaz de adquirir.”
Conforme o artigo 386 do CC, para a validade e eficácia dessa espécie de
renúncia, é fundamental a análise dos seguintes fatores: a tradição do título; a efetiva
entrega do título ao devedor pelo credor ou seu representante; e a voluntariedade da
entrega. Ou melhor, trata-se de uma presunção relativa de remissão, a qual pode,
portanto, ser elidida pelo devedor.
Art. 387. “A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do
credor à garantia real, não a extinção da dívida.”
Ou seja, a restituição da garantia implica na remissão de tal direito, de maneira
semelhante ao que se passa com a restituição de título da obrigação — conforme o
artigo 386 do Código Civil. Portanto, para que seja válido e eficaz, deverá atender aos
mesmos requisitos de referida forma de remissão.
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Art. 388. “A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na


parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade
contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.”
Entende-se, assim, que, havendo mais de um credor, os demais poderão exigir
a dívida dos demais codevedores, com o desconto da parcela daquele que foi
perdoado.
Nos casos de obrigação indivisível e pluralidade de credores, a remissão por
um dos credores não extingue a obrigação. Logo, os credores poderão cobrar o débito,
mas deverão ressarcir o devedor da parcela renunciada.

3.7.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS

Os sujeitos envolvidos na remissão civil são:


Credor, isto é, a pessoa ou entidade que detém o direito de receber o
pagamento da dívida é o credor. Quando o credor concede a remissão, ele está
perdoando a dívida, renunciando ao seu direito de recebê-la.
Devedor, nesse caso, é a pessoa ou entidade que está obrigada a pagar a
dívida ao credor. Quando a remissão é concedida, o devedor se beneficia do perdão
da dívida e é liberado da obrigação de pagamento.
De modo geral, a remissão civil envolve o credor perdoando a dívida do
devedor, o que leva à extinção da obrigação. Do exposto, é válido salientar que a
remissão é um ato voluntário por parte do credor e não requer ação judicial, em síntese
pode ser realizada por meio de um acordo entre as partes ou de forma unilateral pelo
credor.

3.7.4 FORMA(S) LEGAL(IS) DE PROCEDIMENTO

A remissão civil não requer procedimentos legais complexos, nesse sentido, as


formas legais de procedimento de realização desta podem incluir:
1- A formalização por meio de um acordo por escrito entre o credor e o devedor
— devendo-se especificar claramente que a dívida em questão está sendo perdoada.
2- Através de um instrumento particular, documento redigido pelas partes
envolvidas, no qual o credor declara perdoar a dívida.
3- Mediante um instrumento Público, elaborado por um tabelião ou notário
público.
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4- Ação Judicial, verificada em situações mais complexas, sendo parte de um


processo judicial no qual o credor abre mão da dívida como parte de um acordo ou
transação.
5- Em alguns contratos, as partes podem estipular que a dívida será perdoada
se determinadas condições forem cumpridas. Quando essas condições são
satisfeitas, a dívida é automaticamente perdoada.
Por final, é fulcral a preocupação de que a remissão deve ser clara e inequívoca
para que seja válida, em um contexto em que as partes envolvidas devem ter a
capacidade legal de celebrar o acordo.

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Obrigações - Volume 2. 19ª edição. São Paulo. Saraiva. 2022.

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em: https://www.juridicos.com.br/dacao-em-pagamento/. Acesso em: 30 out. 2023.
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MOTA, Marcel Moraes. O instituto da confusão no Direito Comparado das


Obrigações. Revista Jurídica Luso-brasileira, ano 4, nº 5, p. 5, 1175-1231, 2018.

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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Teoria Geral das Obrigações, Rio de Janeiro:
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ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil - Obrigações (Volume 2). 17ª edição.
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RUGGIERO, Roberto de. Instituições de direito civil, vol. I, tradução da 6ª edição


italiana de Ary dos Santos, 3ª ed., São Paulo: Saraiva, 1971.

SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. 6ª edição.


Saraiva. 2023.

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SOUZA, Letícia. Pagamento com Subrogação. 2020. Disponível em:


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rogacao-como-funciona/1156920819>. Acesso em: 25 out. 2023.
20

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, Volume Único. 5ª edição. São Paulo.
Editora Método. 2014.
TJSP, AI n. 1111877, Relator Des. Walter Zeni, 12.7.2007.

Verbete n. 284 da Súmula do STF. Matéria de prova. Reexame defeso em sede


especial. Enunciado n. 7 da Súmula do STJ” (RSTJ 83/258).

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