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Promessa de fato de terceiro.

Contrato com
pessoa a nomear
Direito Civil III
Prof. Dr. Fábio Bezerra
Promessa de fato de terceiro
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e
danos, quando este o não executar.

Pactua-se que a prestação não será realizada pelo promitente, mas sim por
terceiro.

O terceiro será o prestador, ao contrário da estipulação em favor de terceiro


(que será beneficiário).

Pessoas envolvidas:
Promitente: aquele que promete fato de terceiro.
Promissário: aquele que receberá a prestação de terceiro.
Terceiro: aquele que realizará a prestação.
Promessa de fato de terceiro
Fato de terceiro é prestação realizada por terceiro:
Qualquer que seja, desde que lícita, possível e determinada.

EXEMPLO: cursinho que coloca na programação do curso que as aulas


serão com o professor ROSENVALD, e este não vai.

O terceiro não é obrigado a ir, porque não participou do contrato.

Mas quem prometeu arca com perdas e danos, caso o professor não vá.

Por que não tem tutela específica?


Promessa de fato de terceiro
E se o terceiro (professor) tiver consentido com a promessa do fato?
Promessa de fato de terceiro
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por
outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.

No exemplo do cursinho, se o professor tiver se comprometido a ir, ele


se responsabiliza exclusivamente.

Então, pelo CC, o promitente (dono do cursinho) não se responsabiliza.


Promessa de fato de terceiro
E o CDC?

O professor deixa de ser terceiro porque consentiu?


Art. 14, § 3°, II, CDC: O fornecedor de serviços só não será
responsabilizado quando provar: II - a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro.

Há solidariedade entre o cursinho e o professor?


Solidariedade é expressa para VÍCIO DO PRODUTO. Art. 18.
Art. 7°, § 3°, CDC?
Promessa de fato de terceiro
E se o terceiro (professor) for cônjuge do promitente (dono do
cursinho)? E não tiver consentido.

O promitente não será responsabilizado, caso a indenização recaia


sobre o patrimônio do casal.

Art. 439. (...) Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o


terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o
ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a
indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Promessa de fato de terceiro
“A promessa, feita durante a construção do Shopping Center a
potenciais lojistas, de que algumas lojas-âncoras de grande
renome seriam instaladas no estabelecimento para incrementar a
frequência de público, consubstancia promessa de fato de terceiro
cujo inadimplemento pode justificar a rescisão do contrato de locação,
notadamente se tal promessa assumir a condição de causa
determinante do contrato e se não estiver comprovada a plena
comunicação aos lojistas sobre a desistência de referidas lojas, durante
a construção do estabelecimento”. (STJ, REsp 1259210 / RJ, RELATOR
Ministro MASSAMI UYEDA, RELATORA PARA ACÓRDÃO Ministra
NANCY ANDRIGHI, T3 - TERCEIRA TURMA, 26.06.2012, DJe
07/08/2012).
Promessa de fato de terceiro
É exceção ao princípio da relatividade subjetiva do contrato?
Promessa de fato de terceiro
É exceção ao princípio da relatividade subjetiva do contrato?

“A promessa de fato de terceiro é tradicionalmente apresentada como


uma exceção ao princípio da relatividade dos contratos, em posição
simétrica à estipulação em favor de terceiro. No entanto,
hodiernamente, a doutrina lhe nega esse caráter excepcional, pois
quem se obriga é o promitente, e não o terceiro, que somente passa a
se vincular perante o promissário quando expressa o seu
consentimento”

(TEPEDINO, Gustavo et al. (orgs.). Código civil interpretado conforme a


Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, V. II. p. 58).
Contrato com pessoa a declarar
“Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes
reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e
assumir as obrigações dele decorrentes”.

O então terceiro (pessoa nomeada) assume a posição contratual do


nomeador, que sai inteiramente do contrato.

“Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos


antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes
do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado”.

O nomeado deve aceitar (art. 470, I).


Pessoas envolvidas
Estipulante:
pactua a seu favor a faculdade de indicar o seu substituto.

Nomeado (eleito):
aquele que, após indicado, aceita.

Promitente:
assume o compromisso de reconhecer o nomeado como seu
contraparte.
Etapas
Na conclusão do contrato, o nomeador diz que vai indicar terceiro para sua
posição.
A nomeação do terceiro será feita em cinco dias da conclusão do contrato.
Pode ser definido outro prazo (prazo decadencial).
Aguarda-se a manifestação do nomeado.
Havendo concordância, ele assume a posição.
Deve ser a mesma forma que as partes usaram.
O contrato continuará com o nomeador:
Caso não haja indicação ou o nomeado discorde.
Se o nomeado estiver insolvente, e a outra pessoa desconhecia.
Se o nomeado era incapaz ou insolvente no momento da nomeação.
Exemplos
Nos compromissos de compra e venda, o promissário comprador atribui-se
a faculdade de indicar terceiro para figurar na escritura definitiva.

Quando a compradora é uma pessoa jurídica, ainda não existente, mas que
será constituída.

Quando se quer manter em sigilo a identidade do comprador final do


imóvel.
Questões de concorrência.
Para não haver especulação.

Utilizado quando se intenta revender logo em seguida.


Contrato com pessoa a

declarar

É exceção ao princípio da relatividade subjetiva do contrato?


Contrato com pessoa a

declarar
"Constituindo-se, de certo ponto de vista, em mais uma exceção ao princípio
clássico da relatividade dos efeitos do contrato (projeta efeitos na esfera
jurídica de quem não foi parte inicialmente), invocando a tendência à
despersonalização da relação obrigacional".

(TEPEDINO, Gustavo et al. (orgs.). Código civil interpretado conforme a


Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, V. II. p. 105).
Contrato com pessoa a

declarar

Não se confunde com CESSÃO DE CONTRATO.

Na pessoa a declarar, o contrato com a mudança da posição contratual.

Ao passo que na cessão do contrato foram gerados efeitos com os


primeiros contratantes e depois um deles cede a sua posição para terceiro.

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